"Caro John,
Não sei como começar uma carta assim, na verdade nunca escrevi algo parecido, mas a verdade é que me cansei de guardar tudo pra mim, meus sentimentos, meus segredos... Queria te dizer tudo, e tenho tanto a contar...
Nunca senti nada que pudesse ser comparado ao que sinto agora, quando te sinto tão perto...
Não penso em voltar à Londres, ou talvez não queira voltar, quero estar aqui, ao seu lado, ao lado daqueles que aprendi a chamar de família. Nunca tive isso, entende, família, porto seguro, alguém em que pudesse confiar, pudesse virar as costas sem medo de ser morta.
Eu queria dizer que confio em você. Queria dizer que acredito em você, quando diz que tudo ficará bem, e na verdade, eu não sei se vai ficar, mas sei que você nunca se entregaria, e que ao seu lado tudo é bem. O medo dói, assusta, e eu tenho medo de te perder, de perder tudo o que tenho e não saber mais que caminho seguir...
Adoraria te dar a chave da minha mente, você saberia por que sou assim, saberia por que escondo o que sinto. Adoraria dizer tudo a você. Dizer que sinto sua falta quando sai para caçar, para procurar ervas ou acampar. Não posso mais lutar contra o que sinto, sei que perderei a batalha.
Estamos em um lugar onde coisas impossíveis acontecem a cada instante, e acho que é por isso que podemos ter umachance, mas e se um dia sairmos daqui? Sinto medo, vontade de te pedir para ficar aqui comigo... Para sempre.
Eu queria que soubesse que penso em você, e que às vezes sonho com você. Quero que saiba que a sua vida é mais importante para mim que a minha, e que eu desejo que seu caminho seja bom, com ou sem minha presença, seja feliz John.
Te amo, e isto é a única coisa que faz sentido para mim neste mundo, é a única coisa que faz a vida aceitável... Te amo... E agora sei o que é isto...
Obrigada,
Marguerite."
Terminou a carta e a guardou entre suas jóias, não, não poderia dizer isto a ele... Não ainda...
