N/A: FullMetal Alchemist não é de minha autoria e essa fic não tem fins lucrativos.

E depois de muito tempo (mais do que gostaria) voltei!

Espero que gostem dessa fic.

O título significa: Sangue e Amor.

A fic se passa após o fim do anime/mangá.

Divirtam-se com esse primeiro capítulo.


Blut und Liebe

- Vamos lá papai, levante-se – cansada de empurrar o Füher e não conseguir nem um movimento além dos roncos, a pequena Jane sentou-se na cama amuada.

- O que está acontecendo? – Riza entrou no quarto e foi acariciar os cabelos da filha.

- Papai prometeu me levar para passear no parque, mas não acorda! – desesperada a mocinha empurrou Roy novamente.

- Roy. – Riza disse tentando conter o riso, era evidente que seu marido estava fingindo dormir.

- Acorde papai! Já tem sol lá fora! – Jane soltou um suspiro cansado.

Mustang abriu um olho e sorriu para a esposa, esperou a filha se levantar e saltou da cama para agarra-la. Pegou a moreninha nos braços e fez-lhe cócegas até que ela pediu clemência.

- Então vamos ao parque hoje, certo? – perguntou esperando a filha recuperar a respiração.

- Sim! – com o dedo apontado para o delicado vestido amarelo, ela disse muito séria – Estou usando o vestido que tio Ed me deu, vê como estou bonita?

- Ela tem a sua humildade. – Riza declarou sorrindo para a filha.

- E tem sua beleza. – Roy tocou levemente a face da esposa, provocando um leve ruborizar na mesma.

Depois de 6 anos de casados ele ainda era capaz de causar constrangimento na melhor sniper do país, na mulher que foi seus olhos quando não podia ver.

Quando os preparativos para o passeio ao parque central de Ishibal estavam prontos, doze soldados se apresentaram para a escolta.

- Ainda acho absurdo precisarmos disso tudo para sair de casa, você é um alquimista, eu sou uma atiradora, não há necessidade do remanejamento de tantos soldados.

- São medidas básicas. – Roy também estava cansado de ser seguido todo tempo, mas sabia que como Füher, em um país que se erguia lentamente e ainda contava com alguns revoltosos, sempre correria riscos.

Ao chegarem ao parque, notaram que estava estranhamente vazio para um manhã de domingo, depois de colocar a cesta sob uma toalha embaixo de uma frondosa árvore, Riza observou seu marido e a pequena Jane rindo enquanto a moreninha corria atrás de uma borboleta azul.

Era inacreditável a forma como as coisas lentamente foram se ajeitando naqueles seis anos, primeiro a mudança pra Ishibal, depois o árduo trabalho de reconstrução, que era tanto do povo, dos prédios e da confiança da população e dos próprios soldados que participaram da primeira guerra. Após um certo estabelicimento de paz, veio o casamento, Riza ainda se pegava encantada com aquele acontecimento em particular. Embora fosse uma decisão mais lógica que emocional, já que um Füher passava mais segurança a seu povo, se ele próprio também tivesse uma família para zelar, mesmo assim ela não podia esconder as emoções que a se apossaram de seu coração quando Roy a pedira em casamento. Embora a cerimônia fosse simples e reservada a pedido de Riza, foi um dia inesquecível. Um ano depois nascia Jane Mustang, uma delicada mistura do temperamento de Roy e das feições de Hawkeye. A agora primeira dama ( e tenente coronel do Exército) não conseguia se imaginar no papel de esposa e mãe, então prosseguiu com sua carreira, sem nunca descuidar de seu pequeno tesouro.

Saindo da bruma de lembranças, a moça se acomodou sobre a grama, com cuidado para não se machucar nas armas que trazia debaixo da saia preta e do camisete creme.

- Vocês vieram só para correr? – perguntou a pai e filha que ainda tentavam alcançar a borboleta.

Era difícil acreditar que aquele homem torturado pelo assassinato de seu melhor amigo e por todas as cicatrizes da guerra, pudesse se converter em um lider tão firme e um pai tão dedicado, talvez aquelas mesmas cicatrizes e perdas o tivessem levado a enxergar o mundo de outra forma.

Nesse momento Riza notou um estranho de roupas esfarrapadas sentando-se na extremidade oposta a eles, cabelos claros, olhos vermelhos e barba incipiente, aparentava ter uns 40 anos, parecia forte e fazia questão de não olhar para o lugar onde eles estavam sentados.

- Quase pegamos a borboleta! – anunciou a pequena Jane pulando sobre a toalha.

- Que bom Jane – Riza ainda fitava o homem sentado no banco.

- O que houve? – Roy sentou-se ao seu lado e de frente para sua filha.

- Nada, apenas me distraí. – respondeu vagamente e começou a servir o purê de batatas, mas não sem antes checar mentalmente todos os coldres e as armas. Olhou rapidamente e notou que Roy trazia uma das luvas calçadas.

Como se algo preenchesse o ar, sentiu uma estranha tensão como nos tempos de guerra, onde havia sempre o perigo de ser morta tão eficazmente como matava. Respirou lentamente e tentou fechar sua mente para a conversa que seu marido e filha estavam tendo tão animadamente e prestar atenção ao que a rodeava.

Notou que Roy também se tensionava, ele se ajoelhou e localizou onde estavam seus soldados, notou que dois não estavam em seus postos, tocou levemente o braço de Riza e murmurou:

- Leve Jane.

Hawkeye tocou a arma que trazia atada à coxa e ergueu a vista para o homem do outro lado do parque, mas seu instinto gritou para que olhasse na direção oposta e então viu sair de trás de uma árvore, lugar que um dos soldados deveria estar, um homem que empunhava um Mosin-Nagant, só teve tempo de olhar para Jane que fitava apreensiva a movimentação dos adultos, saltou em direção a garotinha e usou seu corpo como escudo, no segundo seguinte o mundo explodiu em dor e gritos e novamente em mais dor.

Roy sentiu o ar lhe ser arrancado dos pulmões quando ouviu os disparos e viu Riza caída sobre sua filha, virou o rosto para onde o disparo havia vindo enquanto sua visão era nublada por uma bruma vermelha de ódio, pressionou os dedos para iniciar a transmutação e explodir o atirador, mas Hawkeye se moveu e gemeu para que parasse e ele notou que seus soldados já haviam jogado o homem e seu possível comparça no chão e os imobilizaram.

Mustang se jogou perto da tenente coronel enquanto apertava uma Jane desesperada em seus braços e tentava acalma-la. Tirou os cabelos da face de Riza e murmurou:

- Tudo vai ficar bem, vamos levá-la para o hospital.

- Jane foi ferida? Senti que uma das balas atravessou. – a loira gemeu enquanto lutava para manter os sentidos.

- Ela está bem, não está pequena? – Roy apalpou a menina que estava em choque ao ver todo aquele sangue saindo de sua mãe, o Füher não notou nenhum arranhão.

- Tragam um médico! – gritou enquanto erguia Riza nos braços, só então notou a ferida aberta no ombro e outra no abdomen, ambas sangravam muito. Vieram flashes em sua cabeça da luta contra o cientista que criara King Bradley e o momento em que quase a perdera. Havia muito sangue, talvez até mais que a primeira vez, ela estava ficando fria e pálida. – Onde está o maldito médico? – Mustang não podia correr, embora suas pernas formigassem para que fosse o mais rápido possível. Mal notou os soldados atrás dele, um deles trazia Jane no colo e os outros traziam os responsáveis.

Entrou na frente de um carro do Exército que seguia para o Quartel Central, exigiu que o oficial descesse e acomodou Riza no banco de trás.

- Faça pressão nas feridas. – ordenou ao soldado que entrara no carro também.

Dirigiu como se mil demônios o perseguissem, segundos depois estava com sua mulher nos braços adentrando bruscamente o limitado hospital do quartel.

- Quero um médico aqui agora! – procurou desesperado alguém que pudesse ajuda-lo, mas todos estavam boquiabertos enquanto o Füher trazia a esposa baleada nos braços e atras sua filha que não parava de chorar e chamar pela mãe. – Mexam-se, não há nenhum médico aqui?

Só então um médico veio correndo de um dos corredores acompanhado de dois enfermeiros, colocaram Hawkeye em uma maca e tentaram levá-la, mas ela não largou a mão de seu marido.

- Roy... – era a primeira vez que ela o chamava pelo nome na frente de soldados – peça para que alguém examine Jane. – sua voz era um murmúrio quase inaldível.

- Farei isso, resista Riza. – Roy pediu enquanto tentava acompanhar a maca.

- Resistirei senhor, fui ordenada para que não morresse. – um leve sorriso cruzou sua face antes que perdesse os sentidos, era a segunda vez que ela dissera isso e Roy tentava acreditar que ela cumpriria mais uma vez suas ordens.


Ai está, espero que tenham apreciado.

Músicas do capítulo: I Live e The Quiet Resistence - Nemesea

Reviews são sempre bem vindas.

Obrigada.