Disclaimer: Bleach não me pertence.

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Mas nada vai conseguir mudar o que ficou
Quando penso em alguém só penso em você
E aí, então, estamos bem

Por Enquanto – Cássia Eller

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Saquê

Matsumoto nunca soube ao certo como se denominava a relação entre ela e Gin. Amor? Não. Não fazia o tipo de Gin, com seu sorriso cínico e suas ironias. Afeto? Apenas naqueles momentos entre quatro paredes. Atração física? Talvez, estava bem perto... mas havia algo mais. Tinha que ter. Ou todas as noites em claro, com boas doses de saquê, seriam sem fundamento. Todas aquelas noites, sofrendo, perguntando-se o porque de Gin ter feito aquilo. Traído a Soul Society. Traído ela. Indo para longe. Indo para longe dela.

Perguntara, e tentou numerar diversos motivos para Gin ter ido junto com Aizen... mas assuntos da Seireitei não entravam junto com eles naquele quarto. Lá, ele era apenas Ichimaru Gin, e ela, Matsumoto Rangiku. Duas pessoas que uniam seus lábios fervorosamente, cheios de desejo, arrancando as roupas um do outro, sendo amantes desesperados para receber calor, os toques, carícias, beijos, dormindo juntos até o outro dia aparecer, saírem do quarto, e irem ao trabalho, sendo o capitão do 3º Esquadrão e a tenente do 10º Esquadrão.

É tecnicamente um crime você se relacionar com traidores. Gostar deles, fora de questão. Esquecer seria o caminho mais viável. Esquecer Gin, com o sorriso irritantemente presente em seu rosto, sua voz tranqüila, suas palavras tão irônicas, seus beijos deliciosos, suas mãos tão perspicazes, era impossível, ela tinha certeza disso. Afinal, quem não tem certeza após beber dez garrafas de saquê e não adiantar em nada?

Tentara seguir o conselho de tantas pessoas. O de Hitsugaya era esquecer e tratá-lo como um inimigo; o de Kira, lembrar com carinho daqueles momentos, pensando como uma aventura que tivera; o de Renji, guardar aqueles momentos, mas sendo justa e tratando Gin agora como um inimigo. Mas também pensou nos exemplos; não era apenas ela que sofreu com tudo aquilo. Hinamori quase foi morta por Aizen, sendo este a pessoa a quem a tenente mais admirava, brigando com todos, principalmente Hitsugaya; Shuuhei, que via em Tousen um exemplo de vida, o exemplo que seguiria em sua carreira, em seu esquadrão.

"Matsumoto, depois do trabalho. Eu sei que hoje você sai cedo." Sussurrava Gin ao ouvido da loira.

Sentia-se perdida. Enfeitiçada, sem saber o que fazer, dizer, mesmo sendo tão comunicativa. E, o pior de tudo: ela não sabia dizer não para Ichimaru. Simplesmente, não conseguia.

O olhar do capitão a hipnotizava, em conjunto com seu sorriso, suas palavras carregadas de desejo, convites atrevidos. A maciez do seu cabelo, a sua pele tão suave...

Pensou se um dia ela pudesse vê-lo mais uma vez. Longe daquela confusão, daquela guerra que estava próxima a vir; que, mais uma vez, pelo menos mais uma vez, eles pudessem ser apenas duas pessoas que arrancassem as roupas de ambos, e pudessem se beijar, passearem suas mãos um pelo corpo do outro, como se não houvesse traições, brigas, mortes diante do conflito que aconteceria em breve. Como se eles pudessem ficar unidos, sem lados para se posicionar, cargos, interesses.

Todos sabiam tudo que ela havia feito para tentar esquecer o capitão dos olhos rasgados. Ela havia tentado sim. Tentado, mas em vão. Nada ia conseguir mudar o que ficou. Não havia como pensar na sua vida... sem citar Gin. Não havia como não pensar nele. Não sonhar com ele.

E colocava-se a pensar, como tantas outras vezes antes e como tantas vezes depois, sobre sua relação com Gin. Quem sabe, se dessa vez, mais uma garrafa de saquê fizesse efeito...

OWARI

Imaginar a relação do Gin e da Matsumoto é, na minha opinião, bem complexo de se fazer. Bem, tentei.

Reviews, onegai.

Para Taki-imoto, aniversário dela ontem.