Justamente ele. Justamente você. Malfoy. Arrogante e popular.

Eu pensava que você era um adversário. Um concorrente. E na primeira vez que o vi, ainda com essa impressão, parecia que ia ser fácil. Afinal, era só um menino mimado, puro-sangue, pálido e loiro, que devia só pensar em Quadribol. Não deveria ser difícil te superar. Você deveria achar, como Hugo achava, os livros desinteressantes e chatos.

Mas não foi. Eu era melhor que você nas matérias, verdade, mas não foi fácil. E você não se esforçava realmente. Você não se importava, e talvez só por isso que eu era a melhor aluna. Você era quieto. Era distante. Mas, mesmo assim, parecia estar a um patamar superior a todos nós, quando entrava no Salão Principal com seu uniforme verde e prata. . . Talvez tenha sido ali que eu tenha me apaixonado, na sua maneira de andar, de falar, de comer e pensar, parecendo superior, mas não querendo realmente ser. Você sempre tornou as coisas fáceis, diferente de mim. Você não levantava a mão nas perguntas, embora soubesse as respostas. Você tinha a capacidade, mas parecia não ter a oportunidade. Era um pouco chato e irritante para mim. Não queria que fosse desse jeito, queria te odiar, queria te achar um menino mimado e besta, não um garoto querido pelos outros, melhor amigo de meu primo. Não queria te amar.

Crescemos. Nossa, você era bonito! Tornou-se estrela de Quadribol. Eu não falava com você, mas você era simpático comigo. Eu ruborizava quando você passava, imaginava o que você estaria pensando sobre mim, e me sentia estúpida. Não era pra ser desse jeito, eu não era uma menina que tinha paixonites, era séria, era inteligente, era cheia de princípios, interessante. Não queria ser uma daquelas meninas calouras que te perseguiam, que tinham ódios mortais das suas namoradas. Mas eu era. Talvez você percebera rápido, ou demorara. Mas chegou ao ponto que eu sabia que você sabia, e me sentia tão idiota. Não gostava desse jeito que você me fazia sentir. Queria parar de pensar em você, mas o queria também. Você me cumprimentava sorrindo, você sabia que eu gostava de você, que o motivo de eu não falar com você era justamente esse.

Então de repente você começou a aparecer perto de mim. Talvez achasse engraçado, eu gostar de você, um garoto bonito e conhecido, um ícone na escola. . . Logo eu, uma garota certinha, monitora, incapaz de fazer mal a ninguém. Você às vezes passava, me cumprimentava. Eu só corava. Você sorria, divertido. Não vou mentir. Achava você arrogante e popular e não entendia como eu poderia gostar de alguém assim. Era algo tão não eu. Você me fazia sentir péssima.

Então, no nosso sétimo ano, teve a festa de formatura. Eu não gostava de festas, não pretendia ir. Além do que, os meninos que convidavam, e eu duvidava que seria convidada, talvez só por última opção de alguém. Nenhum garoto da nossa série ia me convidar, não a mim, a amiga de todos, boa menina, boa monitora, filhinha de papai. E eu não queria que ninguém me convidasse, porque ninguém me interessava. . . Eu só aceitaria se fosse seu. Na verdade, nem tinha tanto certeza disso. Quando você me interrompeu para conversar comigo – para novamente debochar de mim só porque gosto de você, pensei – enquanto eu lia no jardim, eu não esperava. Você sorriu de novo, e perguntou, chamando-me pelo primeiro nome – embora eu o chamasse de Malfoy – se eu iria com você no baile. Você, que teve tantas namoradas, que aproveitou a juventude da maneira que eu não fiz, simplesmente porque não era algo que eu me identificava.

Naquele momento, eu pensei em dizer não. Em perguntar, finalmente, qual era o seu feitiço para me fazer gostar de você. E então você disse, com aquela mesma voz que eu escutava na minha cabeça quando fechava os olhos: "Não pense tanto, Rose, só diga que sim." E então você sorriu de novo, tirando meu cabelo do rosto. Até hoje acho que foi isso que me fez dizer sim.

E foi ali que eu perdi pra você pela primeira, e única, vez. Foi ali que você me superou de verdade, como não fizera em nenhuma outra vez nos outros anos. Eu era apaixonada por você, eu te queria, mas eu resistia. . . E naquele dia, que eu disse que sim, eu cedi, e sabia que havia perdido. Afastar-me de você propositalmente era o meu único trunfo, a única coisa que me fazia diferente de todas as outras, que, como eu, foram encantadas por você. Maldito era esse seu charme de garoto bonito e inteligente! Ele era tão característico, tão clichê, e tão mortalmente eficaz.

Eu me arrumei toda, me produzi toda pra você. Pus meu novo vestido, usei até maquiagem, fiquei bonita. Você sorriu quando me viu descer. Quando pôs seu braço em volta de mim, percebi que seu toque era quente, e não frio, como eu imaginava antes. Quando falava, sua boca cheirava a menta, álcool e pasta de dente. Seu perfume era bom também, me lembrava cheiro de madeira com verniz e couro novo. Eu não sabia dançar, você me conduzia. Eu me sentia invejada. Eu gostava. Por um momento, me censurei quando vi o que perdi em tantos anos em que me mantive afastada. Eu odiava me censurar, e talvez por isso aquela dia, que tinha tudo para ser especial, não o foi.

Você me beijou naquele noite mesmo. Não percebi realmente quando aquilo começou a ficar físico, na verdade. Mas eu gostava, só por você ser bom. E é claro que você seria bom! Você me levou aos jardins – sempre nos jardins, ah se as flores falassem! – e me beijou nos lábios, no pescoço, nas bochechas, na orelha, no cangote, nos ombros. Eu suspirava. E aí, você, assim do nada, me chamou de bonita, falou que eu era tão linda, entre um beijo e outro.

Deveria eu ter ficado calada? Talvez. Mas não consegui. Parei e perguntei. "Você está me beijando só porque eu sou bonita?"

Olhando agora, que pergunta idiota aquela fora. Tantas beijos já foram dados por aí por esse motivo. Você me olhou primeiro com surpresa, mas depois sorriu delicadamente, como se não esperasse pela pergunta mas achara ela divertida. E disse, "Não, é porque você é diferente", você me respondeu. Mas não era o que eu queria que você falasse, porque eu não era realmente. Quando se tratava de você, Malfoy, eu era como todas as outras, louca por você, desde o começo; elas te cortejavam e queriam estar sempre ao seu lado enquanto eu te ignorava e fingia te odiar, mas era tudo, tudo pelo menos motivo, pela mesma razão tão boba e superficial de gostar de você. "Não, eu não sou." Respondi, e você olhou para mim, naqueles olhos cinzentos, e eu percebi o quanto eles eram profundos, mesmo que para um observador distante e falho pudessem parecer vazios. Tinha tantas coisas que eu não sabia sobre você, pensei.

Você não prestou realmente atenção no que significava o que eu havia dito, já que não momento seguinte não indagou a minha resposta. Tirou novamente meu cabelo do meu rosto, esse seu maldito movimento tão delicado e encantador. "Rose. Eu não vou fazer qualquer coisa que você não queira. Não sou assim. Mesmo querendo muito, muito, ficar com você, e não somente hoje, nos próximos dias também." Foi o que você disse.

Aquilo parecia tão sincero, tão doce. Algo tão não você, o Scorpius Malfoy que eu gostava. Eu me afastei. Eu realmente não te conhecia, percebi, um garoto arrogante e popular não diria aquilo. Talvez por isso, logo depois disso, me larguei dos seus braços. "Você não deveria estar aqui comigo. Eu só. . . Não vejo porquê. Me desculpe." Era assim que eu era. Eu queria fazer as coisas, mas queria entendê-las, antes. Talvez isso me faz diferente das outras, afinal. Errar era algo que eu não suportava em mim mesma. E eu não podia errar daquela vez, eu tinha que fazer tudo certo, quando sentisse que as coisas estavam corretas. Eu podia até abrir mão de estar junto de você, de sentir aquele seu cheiro, o calor do seu corpo e seu toque, como eu fiz.

Você respirou fundo, abotoando sua camisa. Eu nem havia percebido que tinha desabotoado, e somente eu poderia ter feito isso, porque lembrava muito bem por onde suas mãos haviam passado. "Você é muito complicada, Rose, teimosa demais. Eu sei que você gosta de mim, por isso te convidei. Pare de se censurar tanto. Você é interessante. Mas você só me chama pelo sobrenome e simplesmente não deixa as coisas acontecerem."

"Você não me conhece, Malfoy." Não me entenda mal. Mas a imagem de você, ali, parado na minha frente, suado e tão lindo, não me parecia real. Me parecia errado. Parecia falso. Eu não queria me envolver desse jeito, estava tudo tão fácil. . . Como poderia eu, Rose Weasley, que nunca tivera um encontro, do nada, sem esforço, sem tentar, ter conseguido pra mim o garoto mais cobiçado de Hogwarts? Se era pra ser, não era pra ser assim, pensei. Mas eu não tinha certeza se você entenderia.

Você parecia que ia dizer algo e refutar a minha afirmação, mas não o fez. Como poderia, afinal? Era a mais pura verdade, pensei, se eu, que sempre o observava, ali percebi que não o conhecia, imagina você, não deveria saber nada sobre mim.

"Mesmo que seja o caso, eu quero te conhecer. Por que você não acredita em mim? Não confia em mim, acha que nunca mais vou falar com você?"

Eu queria te dizer que não. Estava com medo de sofrer, porque percebe, Malfoy, quando um desejo se realiza e depois se quebra e acaba, é melhor que nunca tivesse acontecido. No momento, o que eu queria era mesmo continuar ali com você, beijar seus lábios e até mais. Mas será que depois eu não iria me arrepender? Eu não queria me fazer de difícil. Eu só queria entender, de verdade. Eu me conhecia bem. Nunca fui aquelas pessoas que vivem o que querem no momento. Talvez esse era o motivo por eu me censurar tanto, por ser tão pessimista. "Acho." Disse a verdade. Era isso que eu achava, mesmo que eu não o conhecia, mesmo que aquilo era cruel depois da maneira que você tinha me tratado.

Doeu, doeu muito no meu coração quando você se afastou mais ainda. Você somente me beijou na testa, me deu boa-noite, e foi embora. Parada, ali, respirando profundamente, eu não estava arrependida. Não estava mesmo. Eu sou assim. Sou complicada. Sou estúpida, sou chata, por isso as pessoas não se apaixonam por mim, por isso não parecia certo você querer ficar comigo, logo você, Malfoy. Naquele dia, naquela mesma hora, eu chorei, chorei pela primeira vez em muito tempo. Eu sabia que tinha te magoado. Você deveria me odiar naquele momento. Mas a verdade é que naquele hora eu só pensava em como você nunca seria meu. Não por causa de nossas famílias ou qualquer outra coisa do tipo, mas pelas nossas personalidades. Não conseguia ver como daríamos certo.

E só consegui quando você, de fato, virou aquilo que no começo eu achava que você era, mas nunca tinha sido de verdade.

Quando você virou meu adversário.

Eu achei engraçado no começo. Haviam se passado cinco anos desde o sétimo ano. E quando me disseram que você também queria o emprego de professor de Transfiguração, eu sorri por dentro. Mostrava que eu realmente não te conhecia, não parecia ser algo que você faria, afinal, você para mim ainda era um garoto arrogante e popular. E então, estávamos disputando. E eu tinha a peça principal. Eu era uma animaga. Tinha um motivo para eu ficar me isolando na escola, e eu finalmente havia conseguido. Eu podia virar um lince. Isso era algo que eu me orgulhava de verdade.

Mas você se importava. Você queria o emprego, podia perceber quando descobriu que eu também concorria pelo cargo. E por isso, achei que eu iria perder. Eu tirava notas maiores porque você não se importava de fato. Mas eu sabia que se você se esforçasse, eu perderia.

Porém, não foi isso que aconteceu.

Quando eu ganhei, eu me senti bem de verdade. Você sorriu. Você me cumprimentou. E ali, depois que você me abraçou, abraço surpreendentemente sincero, você me convidou de novo pra sair. "Quer ir comer alguma coisa em Hogsmeade para comemorar?" Eu congelei. Você sorria naquele sorriso de conquistador, você era, afinal, Malfoy, o Malfoy que nunca conheci mas que sempre amei. Eu estava quase te esquecendo, até. Tinha saído com outros caras, e embora nenhum tivesse dado em nada, eu estava quase esquecendo da minha paixão do colégio. Quase. E naquele momento, eu não me sentia mais aquela garota sem convite para formatura, chocada por você, Malfoy, ter me convidado para sair. Não parecia ser algo romântico, surpreendente e sem sentido, como daquela vez. Parecia ser algo amigável, espontâneo e simples. E eu respondi que sim. De novo.

Nós comemos. Conversamos, diferente da última vez, no qual só havíamos dançado e fora algo mais. . . Físico. Você me contou muitas coisas novas sobre você. E eu contei coisas sobre mim também, embora não houvesse muitas. Foi divertido. Você pôs sua mão sobre a minha. Eu não tirei, nem percebi no primeiro momento. Eu estava te conhecendo, de verdade. Eu já tinha descoberto algumas coisas. Eu sempre temi que se, quando o conhecesse mesmo, iria me sentir pior por gostar de você. Mas, quando aquilo tudo acontecia, eu só gostava de você do mesmo jeito. Até mais um pouco, acho.

E então perguntei, perguntei novamente. Eu não queria me lembrar do passado, mas eu continuava querendo saber. E parecia um encontro de amigos. Não parecia que você iria me levar a mal por perguntar. "Por quê você me convidou para o baile de formatura, Malfoy?"

Você olhou para mim. Não estava exatamente surpreso. "Quando soube que você gostava de mim, fiquei curioso, Rose. Você não fazia o tipo de gostar de mim. Eu fiquei orgulhoso no começo. Mas depois, depois, eu estava realmente curioso. E eu queria te conhecer, queria ver realmente como você era. Eu queria te mostrar, de alguma maneira, que você não era fútil por gostar de mim. E, afinal, você era inteligente e bonita. Eu pensei antes de convidar você, e mesmo assim não me arrependo. Eu te entendi, depois, de certa forma. As coisas não deveriam acontecer daquele jeito. Eu não podia obrigá-la a confiar em mim." Você sorriu e comeu mais um pedaço da torta de abóbora. Já sentia o meu rosto corar, mas você não tinha acabado de falar. "Você não acreditou, mas para mim você realmente era diferente. E me chamava atenção em tudo. Não te conhecia, mas reparava em tudo, Rose. Reparei que você nunca gostara de se arrumar muito, mas tinha as unhas sempre feitas. Que já tinha lido a série de livros que seu irmão deu de aniversário no mês anterior, mas não admitiu quando ganhou o presente. Que tinha medo do Nick quase sem cabeça, mas nunca falou nada na frente dos seus primos. Que nos domingos a tarde sempre lia livros de Animagia na biblioteca. E que toda vez que olhava pra mim de longe e eu passava a olhar de volta, religiosamente desviava o olhar. Eu sabia todas as pequenas coisas, Rose, e hoje percebo que foi porque eu sempre te quis."

Eu não sabia o que dizer. Você me queria! Scorpius Malfoy me queria! Sabia das pequenas coisas sobre mim assim como eu sabia todas sobre você, que eu poderia listar sem parar. Não era só eu que estava prestando atenção o tempo todo, afinal. Era possível? Será mesmo que você queria sair comigo pelo o que eu era de verdade? Como fora boba!, pensei.

Meus joelhos estavam moles e meu rosto quente. Estava surpresa e impressionada. Mas eu não me sentia mal por essa reação de boba apaixonada, como provavelmente me sentiria antigamente. Porque agora eu entendia o motivo de eu gostar de você. Eu estava certa, desde o começo, havia um motivo para eu te amar; não era como uma garotinha fútil, que eu sempre me acusei de ser, que gostava de você somente por que era bom em tudo. Havia motivos. E a razão pela qual você aparecia perto de mim não era por deboche. Era simplesmente por curiosidade. E reparara em tudo, assim como eu sempre tinha reparado tudo sobre você.

Eu me senti feliz por finalmente não ter que me censurar por gostar de você, afinal você não era o menino arrogante e popular que sempre achei. Muito mais além disso, você era um homem bom. Era por isso que eu gostava de você, e não havia nada, nada de errado nisso. Não era algo que me fazia sentir pior. E foi tão bom saber disso, você não sabe quanto.

Saber que não deveria ter te julgado tão errado como havia feito, só porque era o que parecia, foi um erro. E eu estava tão feliz por errar. Foi a mesma sensação de acertar todas as questões de um exame, acredite.

Não conversamos mais sobre o assunto. Já estava tarde e estávamos satisfeitos, então você me levou para casa. Eu ainda morava com meus pais. Eu iria sair em breve, mas por enquanto, o prazer de estar perto da família era mais forte, e minha mãe também me queria por perto. Disse isso e você sorriu, afirmando que também não se imaginava em sair da Mansão Malfoy tão cedo, e me convidou para ir para lá um dia. Chegou mais perto e então estávamos de mãos dadas. Seu cheiro era aquele mesmo de quando garoto e você afastava meu cabelo do meu rosto assim como antes.

Você parou na porta da minha casa. Eu olhei bem fundo nos seus olhos. Eu achava que você ia me beijar, e até desejei por um momento. Mas agora tudo era diferente, pensei, tão diferente daquela noite nos jardins na formatura. Agora parecia tão certo, tão natural, tão espontâneo e verdadeiro.

Eu senti que você iria simplesmente embora educadamente. Afinal eu já tinha te desprezado uma vez, algo que tinha certeza que nenhuma garota havia feito. Parecia que você ia dizer alguma coisa, mas nunca saberei o que era, porque simplesmente te beijei. Foi tão rápido! Eu me arrisquei pela primeira vez, sem pensar, confiando nos meus impulsos que me pediam para estar nos seus braços. Uma parte de mim temia que você se afastasse, como se fosse a vez de você negar contato. Mas, ao invés disso, você me beijou de volta com o dobro de intensidade, e tudo de repente estava acontecendo como antes, mas dessa vez nada parecia errado. O certo era estar ali com você, finalmente. Você não foi além, não demonstrou que queria mais do que um beijo, como da outra vez, embora eu teria aceitado de bom grado. Você somente sorriu quando o beijo acabou, me deu boa noite e me disse para a gente se encontrar de novo.

E eu sabia que iríamos. Eu me sentia feliz como não me sentia fazia anos, me sentia realizada. Eu era uma pessoa complicada, mas as coisas estavam simples. Como eu disse, você tornara as coisas fáceis. E eu era feliz somente por ter alguém que eu amava ao meu lado.

Quando eu fui para dentro de casa, meu pai me esperava. Ele não parecia nada feliz. Provavelmente tinha visto, pensei. Engoli um seco. Eu nunca havia feito nada que o pudesse desapontar antes, e sabia que beijar um Malfoy poderia mudar isso facilmente. "Você que faz suas próprias escolhas, Rose, sei que é inútil interferir. Mas justamente Malfoy?"

Eu olhei para meu pai, pensando em você. Talvez ele tenha reparado logo o brilho nos meus olhos, mostrando uma felicidade tão aparente como aquela no meu rosto dois meses depois, naquele domingo de manhã quando você falou eu te amo para mim. Ele parecia esperar uma resposta, sem entender o porquê. E eu só percebi isso depois, mas era a primeira vez que não te chamava pelo sobrenome. Você não era mais um estranho, afinal, que eu julgava ser arrogante e popular. Você, era, afinal, meu namorado. E eu sabia que meu pai iria aceitar, iria conhecer você também, iria entender porque eu gostava de você, como entendi, e não iria me censurar por isso, como errei em fazer. Então sorri, demonstrando claramente o quanto feliz estava, e respondi. "Sim, pai. Justamente ele. Justamente Scorpius."