NA: Fic escrita para o XLVIII Chall Relâmpago do 6V. Acho que saí MUITO do tema, mas minha fonte de inspiração foi o clipe de Goodbye My Lover, do James Blunt.
Someone Like Me
I hope it's gonna make you notice
Someone like me
Use somebody – Kings of Leon
Ela agora era sua. Na verdade, eu acho que ela sempre foi. Mas, depois da cerimônia, do vestido branco, da festa para mil convidados, das fotos no jornal, ela passou a ser incontestavelmente sua.
Mas, mais do que ela ser sua, o que me incomodava era que você era dela. Não que realmente eu um dia pudesse ter chamado você de meu; isso era contra as regras que você tinha imposto a si mesmo tanto tempo atrás. Mas, depois daquela noite, eu jamais teria outra chance.
Perco-me pensando em cada olhar, cada palavra, cada toque, sussurro, gemido. Cada vez em que não fui eu a acordar do seu lado na cama. Imagino o caminho até o hotel, um ou dois botões de madrepérola caindo no carpete do quarto porque a vontade é grande demais. O espartilho de renda branca e azul-clara. Os grampos de cabelo enfeitados com cristais, que pertencem à família há gerações. Os brincos emprestados da irmã. Os sapatos comprados só para a festa. E a moeda de prata que cai no chão quando você os arranca dos pés dela.
E então, finalmente, ela é sua. Pertence a você, e só a você. E é o fim de tudo para mim. De todas as mulheres escolhidas, divididas, assistidas. Ela é sua. Como eu, talvez por isso, nunca mais vou poder ser.
Fantasio sobre como seria se ela soubesse. Se soubesse e aceitasse. Se aceitasse e permitisse. Fantasio sobre um lado de você que eu nunca experimentei; paciente, gentil, delicado. E, em minha mente, os cabelos loiros lentamente dão lugar aos negros, as feições delicadas tornam-se másculas, as íris azuis viram verdes num piscar de olhos, e todo o romantismo se transforma em um desespero muitas vezes agressivo.
É ela quem dorme ao seu lado essa noite, enquanto tudo o que eu faço é olhar para o teto do meu quarto e, masoquista que eu sou, esperar que ela, no mínimo, faça você ser tão feliz quanto eu sei que poderia fazer. E, se ela não fizer, eu espero que você saiba que, não importam seus limites e suas regras, eu estarei exatamente aqui. Esperando. Egoistamente torcendo para que você descubra que, na verdade, ninguém nunca se comparará a mim.
E eu espero, mesmo sabendo que isso nunca vai acontecer, que tal dia nunca vai chegar. Porque suas palavras ainda ecoam na minha cabeça como se eu as tivesse acabado de ouvir.
"Eu amo a Astoria, Potter. Entenda isso e me deixe em paz."
E tudo o que eu posso fazer é, apenas, obedecer.
