Disclamer: Saint Seiya e seus personagens obviamente não me pertencem. Esta fic obviamente também não tem fins lucrativos.

Comentários da Autora: esta é minha primeira aventura com o casal Afrodite&Máscara, ainda por cima em Universo Alternativo e em primeira pessoa... Loucura... portanto perdões se Dite ficou meio OOC ou se viajei demais. Espero que gostem. Por favor comentem.


Redenção

Meu passado

Eu queria escrever uma história épica, romântica, cheia de aventuras, sorriso, dor... enfim com todos os elementos capazes de atrair aqueles que porventura viessem a ler. Mas resolvi escrever sobre minha vida, pensei, pensei e não consegui grandes coisas.

Quem sou eu? Apenas um estudante, pobre, jovem, pagão, estrangeiro no pais onde hoje vivo, homossexual e tentando desesperadoramente me livrar do vício das dorgas. O quadro, eu sei, não é nada bonito e não deveria nem ao menos existir, quanto mais ser contado, mas eu preciso! Tenho uma necessidade insana de me comunicar. Colocar no papel a pobreza de minha vida e me obrigar a melhorar, a crescer, a ser alguém que valha realmente a pena. Creio que devo isso aos Deuses, aos amig

Eu nasci em um país gélido, frio. Sou belo, belo até demais. Minha família era importante e rica e eu fui um primogênito desejado, mimando. Não fiquei louco ainda, não estou delirando nem sob efeito de qualquer entorpecente – apesar de muito o desejar. Eu realmente nasci muito rico e ainda o seria se não fosse tolo, se não tivesse feito escolhas completamente inapropriadas. Hoje pago pelos meus desejos, por minha arrogância tola que sempre me fez achar que estava acima de tudo, acima de todos.

Sou ainda bastante novo, tenho apenas 25 anos, mas muitas vezes me sinto centenário, como se tivesse ressuscitado inúmeras vezes. Já conheci o Inferno e procuro pela redenção. Não voltarei! Não sofrerei as dores do Inferno novamente. Quando realmente estiver chegado a hora de ter o fio de meu destino e de minha vida realmente cortado, pretendo passar a minha eternidade realmente feliz e não sofrendo em algum dos infernos do Reino de Hades.

Já me desviei demais do fio da meada. Tenho que tomar cuidado e me policiar, caso contrário este texto ficará tão confuso quanto eu me encontro agora e posso garantir que a confusão é grande! Voltemos então a minha infância. Eu tive tudo que uma criança pode querer ou precisar e muito mais, menos a presença, o carinho e o amor de meus pais. Eu disse que fora desejado e mimado, mas nunca fora realmente amado. Eu era um bibelô a ser exposto e apreciado. O primogênito, o macho, o belo. Muitas vezes me senti um cão em exposição e podem ter certeza que não é uma sensação agradável. E, por ter sido criado por babás, empregados e tutores me tornei um pequeno tirano, um pequeno déspota absoluto.

Aos doze anos já era "dono de meu próprio nariz" sem nenhuma possibilidade de ser controlado por quem quer que seja. Saia a hora que queria, com quem queria, nunca dei satisfação a ninguém, por vezes passava dias e dias sem ao menos avisar que estava vivo. Nessa época, comecei a andar com gangues dos piores guetos de minha cidade, me envolver com todo tipo de escória. Aprendi a lutar e muitos homens que eram diversas vezes maiores que eu saiam correndo ao me ver virar a esquina. Não sei como, nem o porquê não parei de estudar. Eu gostava da escola. Minha maturidade precoce e, sem modéstia, minha inteligência fizeram com que eu pulasse diversas etapas e aos 16 anos eu já estava apto a freqüentar qualquer universidade que desejasse, mas o idiota aqui não o quis.

Adiantei-me demais no tempo novamente. É importante, ao menos para mim, gastar algumas vis palavras com o período compreendido entre meus 12 e 16 anos. Como eu já disse, desde os 12 anos eu viva conforme meu próprio desejo e mesmo sendo possuidor de uma maturidade precoce eu ainda era uma criança. Meu corpo ainda estava em formação mas eu parecia bem mais velho do que eu realmente era. Ainda usava os curtos e bem cortados de um pré-adolescente de família rica. Como eu também já disse, sou belo, extremamente belo, mas possuidor de uma beleza andrógena, diferente, muitas vezes sendo confundido com uma menina. Conheci o sexo com garotas dos mais diversos tipos e classes sociais. O "bad boy" rico que andava nos guetos, batia como poucos mas tinha cara de mulherzinha era extremamente sedutor, hoje sei que o diferente, o inacessível atrai as pessoas como mel atrai abelhas.

Eu gostava do assédio, eu estava me tornando uma lenda e isso fazia muito bem ao meu ego inflado e infantil. Meu maior prazer era seduzir as mocinhas de família e larga-las. Creio que deva ter alguns filhos espalhados pela minha terra natal. Sinceramente, pouco me importo com isso.

Podem estar pensando: "este cara está tirando sarro de nossa cara, um moleque de 13, 14 anos não é capaz de tais coisas!". Juro, por todos os Deuses que acredito, que o que conto é o mais fiel retrato da verdade. Assim foi a minha adolescência.

Em pouco tempo eu não sentia mais vontade de ter apenas o prazer da conquista, então comecei a usar o sexo como arma, para sobrepujar as pessoas, faze-las me amar e destruí-las ao meu bel prazer. Usei as pessoas para me sentir feliz e tentar tapar o buraco vazio que tinha dentro de mim. Foi nesta época que ganhei o nome que até hoje utilizo: Afrodite. O porquê desse nome? Uma deusa capaz de manipular o amor, o sexo e a sedução conforme seus próprios desejos, conforme suas próprias regras, apenas para alimentar sua própria vaidade! Foi uma alcunha deveras apropriada.

Foi mais ou menos nessa época que comecei a usar drogas. Era década de 90, uma década perdida, não produzimos ídolos, não tínhamos ideais, nada. O que foi a década de 90? Uma colcha de retalhos do saudosismo dos 30 anos anteriores, onde muita coisa aconteceu, onde o mundo e a sociedade foram particularmente sacudidos e abalados. Que objetivos nós, adolescentes dos anos 90, filhos dos hippies, poderíamos ter? Estávamos no meio do liberalismo extremo e do fundamentalismo religioso que vinha crescendo mundo a fora, movimento muito comum nos fins de milênio. .

Eu não queria saber de porra nenhuma, eu queria me divertir, beber, me drogar, ser admirado, ser temido. As drogas sintéticas vendidas nos alucinantes clubes noturnos me seduziram de maneira arrebatadora. Quanta ironia, eu, o sedutor, o destruidor de lares e corações fora seduzido e estava paulatinamente sendo destruído. Eu caminhava a passos largos para a minha derrocada e não me apercebia. Não via, ou não queria ver o óbvio ululante.

Aos 15 anos, pela primeira vez em minha vida eu fora preso. E, também pela primeira vez amaldiçoei minha beleza andrógena. Primeiro eu fora esculachado pelos policiais que me prenderam, mas o pior fora na cela... Um boneco com cara de biba, playboyzinho mimado, riquinho e drogado... Não preciso contar o que fizeram comigo, preciso? Muita gente foi parar na enfermaria, como eu disse, sei bater direitinho, mas eram muitos e pela primeira eu fui ao inferno. Jurei a mim mesmo não passar por isso novamente e não importava quanto tempo demorasse, nem o que eu tivesse que fazer, eu iria me vingar! No meu corpo só tocaria quem eu permitisse! Eu já havia dormido com homens e preciso confessar que eu os preferia às mulheres, mas ser estuprado era demais, meu corpo se recuperaria logo, mas minha alma vaidosa não!

Meus pais me tiraram rapidamente da cadeia, mas o estrago já estava feito. Tentaram me mandar para fora do país, contratar médicos e psicólogos, mas já era tarde demais e não me venham com essa conversa tola de que nunca é tarde demais. Tem momentos em nossa vida que é tarde demais sim. Eu a muito tempo deixara de ser o filho deles e passara a ser Afrodite e eles nem se aperceberam disso.

A minha promessa de vingança não foram apenas palavras ao vento num momento de desespero. Para viabiliza-la me envolvi com os piores criminosos de meu país. Hoje não mais me orgulho, mas posso dizer que tive em minhas mãos o sangue de cada filho da puta que me sodomizou na cadeia aquela fatídica noite. O prazer que senti ao ver o medo e a dor nos olhos de cada um deles me fez achar que tudo valera a pena. Naquela época os fins justificavam quaisquer meios torpes.

Aos 16 anos eu me tornara um criminoso sanguinário, procurado e conhecido. Carrego muitas mortes em minhas costas e sei que elas me perseguirão por toda minha vida e além dela, mas eu nunca havia me preocupado muito com isso. Meus pais nesse momento desistiram de vez de mim. Eu havia feito a minha escolha, eu havia traçado o meu próprio destino. Me deserdaram, tiraram seu sobrenome de meu nome e se esqueceram pura e simplesmente da minha existência. Creio que se eu morresse naquela época, meu belo corpo seria objeto de estudo de alguma faculdade de medicina de quinta. Que fim para o primogênito da mais proeminente família... Passaram a canalizar suas energias na criação de meus irmãos, espero sinceramente que não cometam com eles os erros que cometeram comigo.

Comecei a ser caçado como uma lebre e vivia pulando de esconderijo em esconderijo. Com a ociosidade produzida por essas temporadas forçadas de reclusão acabei me afundando mais ainda no prazer efêmero das drogas. Uma coisa pude garantir, nunca mais em minha vida eu fora preso. Sai do meu país e fui me refugiar na ensolarada Grécia. Estava a procura de meus Deuses, estava a procura de mim mesmo.

Conheci uma organização, uma irmandade, que se auto-intitulava os Cavaleiros do Zodíaco. Era estranho, eram jovens como eu, das mais diversas nacionalidades, credos e culturas. Devem estar se perguntando: "O que fazia, pra que servia, esta irmandade secreta?" ou "como jovens tão diferentes poderia ser reunidos?".

Não posso e não quero entrar em detalhes sobre as atividades da irmandade, eles não são relevantes agora. O que todos esses jovens tem em comum é que nenhum deles é cristão, são todos politeístas, todos acreditam que a sua maneira podem ajudar a melhorar o mundo e nenhum deles acredita nas leis e na sociedade estabelecida, principalmente a sociedade ocidental e, o mais importante, todos, de uma forma ou de outra são marginais(1) na sua sociedade de origem.

Conhece-los foi a única coisa boa que aconteceu em minha vida até os meus 18 anos. A minha redenção começara. Eu, até mesmo por toda minha experiência de vida, em pouco tempo acabei me tornando um dos membros da elite. Um dos doze cavaleiros de ouro. Posso dizer seus nomes, ou melhor seus codinomes, pois nenhum de nós usa seus verdadeiros nomes. Eu mesmo só sei o nome verdadeiro de um deles, mas isso não vem ao caso... São eles: Mu, Aldebaran, Saga e Kannon – os gêmeos, Máscara da morte, Aiória, Shaka, Mestre Ancião, Milo, Aioros, Shura, Camus e eu Afrodite.

E com eles comecei a me encontrar, a ter razões para tentar novamente...