"Pai, quem é ele?"

"Porque ele não vem com a gente?"

"Porque ele está sozinho?"

...

"Porque ele não tem pais?"

Olhe pra essa criança.

Sim, essa criança.

Eu nunca notei que ela estava ali.

Mas ela estava.

Ela está quase sempre ocupando o balanço.

Mas ninguém balança.

Então ele fica silencioso.

Apenas sentindo o vento passar.

Sem falar.

Sem falar nunca.

Mas ela sempre esteve lá.

Mas eu nunca notei.

Nunca porque ele fazia silêncio.

Mas todas as outras vezes que eu o vi, ele gritava.

Gritava, como se quisesse mostrar aos outros que era mais feliz.

Que nunca chorou.

Nunca se machucou.

Nunca se sentiu sozinho.

Exatamente como está agora.

Olhem bem pra ele.

Ele não precisa que alguém cuide dele.

Ele sabe como viver.

Como sobreviver só de ver os outros rirem.

Ele não ganhava presentes de ninguém.

Mas via os outros ganharem.

Ele não era elogiado por ninguém.

Mas via os outros serem.

Ele não tinha carinho dos pais que nunca teve.

Mas via os outros terem.

Mas ele trabalhava para ter o que comer.

Só isso os outros não tinham.

Podia seguir sus próprias regras.

Mas mais ninguém as seguiria.

Podia se machucar sempre.

Mas ninguém viria curar as feridas.

Agora digo: olhe pra ele.

Diga exatamente o que vê.

Agora ria.

Ria para valorizar a si, por ter tudo que ele nunca teve.

Mas espere.

Pois um dia ele terá tudo que você nunca vai ter.

E ele rirá.

Mas não rirá de você.

Ele rirá de felicidade, por ter tudo aquilo que sonhava.

E então, você só irá aplaudir.

Pois ele se tornará a pessoa mais importante.

Pode negar.

Pode fingir que não é verdade.

Mas ela te seguirá para sempre.

Não mais sendo palavras em frase.

Agora, sendo realidade.

Uma nem tão distante realidade.

Você verá.

Um dia ele ganhará presentes.

Será elogiado.

Terá carinho.

E mostrará ser o que muitos pensavam que ele nunca seria.

Um herói.