Fim de Caso
Fanfiction de Sion Neblina
Angst - Yaoi
Disclaimer: Saint Seiya não me pertence, todos os direitos são de Masami Kurumada. Trabalho sem fins lucrativos, apenas para diversão dos fãs.
N/A: Há algumas informações que preciso passar para que essa história seja compreendida. Ela começa após uma pretensa saga de Hades e todos os cavaleiros foram ressuscitados. Durante a batalha de Asgard os guerreiros deuses não morreram. Essa fic surgiu apôs assistir o filme homônimo, e, apesar de possuir algumas idéias do filme, não chega a ser uma adaptação, foi somente uma inspiração mesmo.
Alerta: Romance homoerótico contendo descrição e insinuação de sexo e linguagem imprópria. Não recomendada a menores de 18 anos. Poderá conter spoolers. Boa leitura.
Personagens principais: Ikki e Shaka / Aiolia e Mu/ Camus e Milo
Prólogo
Eles estavam sentados sob a chuva num banco de pedras que ficava próximo ao antigo templo de cura do Santuário de Athena. Um ano se passara desde que todos foram revividos. O que se pode fazer em um ano? Tudo mudou nesse momento. O que era amor tornou-se dor e desprezo, por quê? Era o que se perguntavam os três homens sentados naquele banco de madeira sob a chuva incessante. Ao longe, as luzes das doze casas chegavam fracas aos seus olhos.
Um deles, ao menos, tinha a certeza dos sentimentos; os outros não possuíam a certeza nem dos seus; tentavam ainda entender o que era aquilo que os dominavam e sobrepujava a razão.
— Creio, meu amigo, que nunca descobriremos o que há com eles, e se algo aconteceu, nunca saberemos. Já fiz essa mesma pergunta algumas vezes. — falou a voz fria do francês.
— Eu preciso saber. — disse o loiro com os olhos perdido nas luzes fracas que oscilavam sob a chuva que já pingava por seus cílios — Não conseguirei ter paz se não souber o que aconteceu. Ao menos, um motivo válido.
— Muitas coisas estão estranhas desde que voltamos. Parece-me que quebramos algum equilíbrio cármico quando fomos trazidos do mundo dos mortos. — falou o tibetano, passando as mãos nos cabelos molhados.
— Mas, isso não justifica os atos dele, não justifica por que o amor se tornou tão impossível nessas ruínas. Vejo todos sofrendo, só sofrimento tem nos cercado e por quê?
— Todos nós temos andado estranhos, Shaka, não somos mais os mesmos... — respondeu Mu.
— Não tanto quanto ele. Eu não sei mais o que fazer para tentar entender suas atitudes. Acho que chegou o momento de esquecer.
— Eu não esquecerei. Preciso saber o que acontece, não vim do inferno para ficar sem respostas. Por que antes ele queria tanto e agora recusa o que quero lhe oferecer? — falou Camus que se mostrava mais nervoso que seu natural.
A verdade era que ali, havia três homens esgotados emocionalmente.
— Creio que algo deve ter ocorrido enquanto estivemos mortos, mas o que poderia ligar aqueles três a pontos de eles terem as mesmas atitudes em situações tão diferentes?
— Não imagino nada.
— Não são as mesmas atitudes, um foge, dois estão profundamente magoados.
— O que os levam a fugir também.
— Descobrirei, descobrirei.
— Sim, o amor tem que ser maior que qualquer mágoa ou injúria.
Perfume de lavanda e sândalo
I Capítulo
Ikki observava da entrada do jardim das árvores gêmeas, enquanto ele levitava e emanava seu cosmo, para uma platéia composta de discípulos extasiados.
O sári vermelho cobria praticamente o corpo todo, deixando a mostra, apenas um dos ombros e metade do peito magro, mas definido. Seus cabelos eram agitados pela força do cosmo; o mais poderoso cosmo dentre os cavaleiros de ouro.
Aproximou-se devagar, colhendo uma flor azul clara; os discípulos ao vê-lo, se ergueram fazendo uma reverência ao indiano, e saíram do jardim.
Permaneceram calados e embora o hindu continuasse de olhos fechados, Fênix sabia que ele o observava. Contudo, sua expressão serena não mudava, parecia até uma estátua de tão imóvel.
Ikki se aproximou mais, parando bem próximo a ele e sentindo seu cheiro; aquele cheiro que sempre ficava impregnado em seu corpo e que seria reconhecido por qualquer um que o tocasse; o cheiro, a essência, o frescor do homem mais próximo de ser um Deus.
— Em fim, você apareceu... — falou a reencarnação de Buda e Ikki colocou a flor em seus cabelos dourados. Ele ainda matinha os olhos fechados.
— Você sabe que só volto a esse santuário por sua causa, deveria se orgulhar disso...
— Orgulho... — ponderou a palavra o loiro — Embora seja um dos meus piores defeitos, eu luto o tempo inteiro para não sucumbir a ele. Aí você vem me pedir para ficar orgulhoso por você voltar ao santuário por minha causa? Bem, prefiro ficar feliz que orgulhoso.
— Puta merda! Uma única palavra, e você faz uma análise filosófica inteira, eu mereço, Shaka!
— Céus! Você não muda, vejo que embora tenha se passado seis meses, sua boca continua igualmente suja!
— Seis longos meses... — suspirou Ikki — O que andou fazendo em minha ausência?
— Eu deveria fazer essa pergunta, você sabe que a vida do santuário é sempre a mesma.
— É, eu sei... — respondeu Fênix, meio embaraçado e se recostando a árvore em que o indiano já estava encostado.
— E então, não vai me responder? — insistiu Shaka.
— Pra que você quer saber?
— Sou um ser humano apesar de tudo, e como tal, sou curioso... — sorriu ironicamente o jovem loiro.
— Estive em Asgard.
Pronto, estava dito e Ikki baixou a cabeça por instinto. Sentia muito, não queria fazer aquilo com ele, mas... era necessário, não podia correr aquele risco, não podia se envolver mais, porque o final da história, já era conhecido.
Shaka apenas suspirou:
— Você segue mesmo seus instintos, só não sei por que insiste em procurá-lo sempre que nos desentendemos. Você sabe que eu estarei aqui, esperando você e mesmo assim... — Virgem se calou, também não queria começar uma nova discussão; sabia muito bem que o leonino era daquela forma e não mudaria por sua causa.
— Talvez, somente para provocá-lo, ou você acha que eu gosto de vê-lo com Áries? — Ikki tentou ser frio, mas sua voz deixou transparecer a irritação que aquele fato lhe causava.
— Mu e eu... — falou baixo como se analisasse muito bem o que diria — Nós dois nos entendemos muito bem, e... você nunca compreenderia... Não é justo querer que eu o deixe.
— Então deve ser justo ficar com os dois, não é?
— Ikki, eu não sei se você percebe, mas nós dois não estamos juntos... não mais...
— Não? Bem, nós transamos e...
— Falaste certo, transamos e você some por meses, o Mu está sempre comigo.
O moreno engoliu a raiva que sentia e examinou que realmente não poderia fazer cobranças, foi ele a querer as coisas daquela forma.
Solitário como sua constelação, no começo achara melhor não manter laços reais com o indiano ou com outro amante qualquer. Não precisava de envolvimentos, só de um corpo quente de vez enquanto.
Contudo, o corpo de Shaka fora sempre mais atrativo que o corpo de qualquer outro homem ou mulher que tenha dormido; e isso, o assustava e ele sempre acabava fugindo dele. Porém, ao ver-se apaixonado, viciado e embriagado pelo perfume de sândalo e lavanda, parou de fugir, se atirou a ele, se entregou como nunca antes. Bem, ao menos, até tudo acontecer...
Sabia que seus sumiços e seus amantes magoavam o indiano e embora ele não demonstrasse; sempre em sua sábia pose de deus absoluto, havia momentos que ele não suportava e buscava refúgio nos braços do guardião da primeira casa. Aquilo o atormentava tanto quando a possibilidade...
— Você gosta dele? — perguntou tentando esconder ao máximo o ciúme e afastando os próprios pensamentos confusos.
— Claro que sim, você sabe que gosto!
— Ama?
Shaka se calou, perguntando-se onde aquele moleque queria chegar.
— Não me faça perguntas como essa...
— Por quê? Sei que você não precisa de mim para saber dos próprios sentimentos.
Shaka ergueu-se e começou a andar para a saída do jardim, enquanto falava:
— Não preciso, porém, não quero falar dos meus sentimentos nesse momento. E quanto a Mu e eu, você sabe que não precisa ter ciúmes.
— Ciúmes? Eu? — riu Ikki e o indiano abriu os olhos e o encarou; o que fez o rapaz parar o riso e encará-lo também.
— Sim, ciúme, você. — voltou a andar, mas Ikki o alcançou segurando-o pelo braço.
— Volta aqui, loiro, eu não vim de tão longe, para que você se negue a mim!
— Eu não sou seu prostituto, Fênix, quer sexo? Pague a qualquer um e faça; dessa vez, não será comigo! — sua voz foi totalmente indiferente apesar das palavras rudes.
Ikki o puxou pra si e o envolveu nos braços. Somente o cheiro dele era suficiente para acalmar seu coração; sentia paz, muita paz nos braços de Shaka e sabia que era em busca dessa paz que sempre voltava. Entretanto, aquilo era errado, não poderia mais se deixar guiar pelos sentimentos, e... ele sabia, não podia amar o indiano, não, teria que fugir dele sempre...
— Você sabe que não é isso que sinto por você...
— E o que seria então? — Shaka fechou os olhos, nunca conseguia resistir a ele, nunca conseguia se negar a ele, por mais que tentasse.
— Eu não sei, me sinto bem com você, gosto do seu cheiro e da forma que você faz amor... gosto dos seus beijos...
O indiano sorriu e balançou a cabeça.
— Às vezes, você é tão imaturo...
— Eu sei, mas eu só tenho vinte anos, me dê um desconto! — pediu divertido e Virgem afagou-lhe os cabelos escuros e depois o beijou.
Era sempre o jeito de fazê-lo ficar... mais um dia, mais uma hora, alguns minutos, instantes... Derretê-lo em seus braços com seus lábios quentes e sentir a determinação cega do garoto se esvair assim como o autocontrole; perdendo-se na bruma vermelha da paixão e sendo envenenado pelo seu odor de lavanda e sândalo que sabia inebriá-lo e acabar com a razão. Embora, Virgem nunca conseguisse entender por que a razão de Fênix o queria longe de seus braços, se ele sentia ferozmente o quanto ele o queria perto, dentro, perpetuado em seu ser para sempre...
Alguns versos vieram a sua mente: "Ai! não te amo, não; e só te quero; De um querer bruto e fero; Que o sangue me devora; Não chega ao coração." Seria aquilo? Querer, desejo? Não, sentia-lhe o coração, o coração tão palpitante quanto o desejo elucidado em seu corpo pulsante... ele amava-o e queria-o...
Ikki recebeu o beijo quente e ao mesmo tempo carinhoso dele. Era aquilo que o fascinava, tudo no indiano era na medida certa, quente, sensual, terno, amável. Atacou os lábios macios, aprofundando a carícia, sentindo a forma que ele se entregava e procurava seu corpo.
— Ikki, eu quero você... — sussurrou, puxando-o para o gramado embaixo das árvores. Entretanto, Fênix o deteve.
— Aqui não, Shaka, eu não gosto daqui, vamos para sua cama onde tem seu cheiro que tanto gosto...
O indiano aceitou e Ikki o puxou para dentro do quarto, tirando o broche que prendia o sári e desnudando o corpo pálido e já começando a beijar e chupar aquela pele branca e macia que revestia músculos rígidos e poderosos.
— Tenho ciúmes desse sári, porque ele envolve o seu corpo quando não estou por perto... — sussurrou deitando o indiano na cama e atacando os mamilos rosados dele, ouvindo-o gemer enquanto a língua brincava com um e os dedos com o outro.
— Você sabe que não precisa ter ciúmes de nada e nem de ninguém... — sussurrou Shaka entre os gemidos — Eu sou seu, Ikki...
— Não deveria...eu não presto... — murmurou, lambendo obscenamente o peito forte do cavaleiro loiro e arrancando-lhe um suspiro — Sou um egoísta que quer você só pra mim, mas não tenho esse direito...
Sim, ele não tinha direito, mas adorava. Adorava a entrega obscena daquele anjo fogoso que se roçava contra seu corpo sem nenhum pudor. Chegara um dia a pensar que ele fosse diferente... Ah, aparências, nunca deveria se guiar por elas e acreditar naquela aparência de santidade, dizia-se até divindade, foi seu maior erro e levou-o a noites inquietantes e solitárias até descobrir a paixão nos braços que reverenciava...
— Ikki... — gemeu Shaka — Eu tenho ciúme daquela mochila velha que você carrega e que sempre o afasta de mim...
Fênix se afastou um pouco para livrar-se da camisa preta que vestia e percebeu que o indiano o examinava detalhadamente.
— O que foi? — perguntou voltando a deitar-se sobre ele e lhe mordiscando a orelha — Que olhar é esse?
— Nada, é que... Às vezes, gosto de olhar pra você e guardar sua expressão quando me olhas assim. Às vezes, sinto que partirá e nunca mais nos veremos...
— Eu sempre volto pra você, não volto?
— Até quando? — sussurrou e seus lábios foram tomados.
Essa era sempre sua resposta. Preferia não pensar e nem prometer; promessas... Fizera uma e teria que pagar por ela para o resto da vida, essa era sua penitência, e Shaka nunca saberia. Por isso, preferia vê-lo entregue em seus braços, as suas sôfregas carícias ao invés de responder-lhe as perguntas.
Fazia questão de lamber-lhe o corpo todo, devagar, sentindo a suave penugem loira arrepia-se ao contato de sua saliva e seus lábios; o loiro se derretia em seus braços e sabia que era só em seus braços que havia toda aquela entrega e sabia a razão e, mesmo que isso apertasse seu peito; não conseguia evitar voltar sempre para ele. Precisava fugir, mas era fraco, fraco demais para aceitar que o caso deles deveria chegar ao fim, definitivamente.
E então, eles ficavam naquele impasse, nem juntos, nem totalmente separados.
Desceu os lábios devagar, brincando com seu umbigo, enquanto as mãos passeavam pelas nuca coxas grossas e firmes, subindo para apalpar as nádegas e trilhar o caminho pela curva da coluna até alcançar a e se afundar nos fios dourados.
— Vem loiro, senta... — sussurrou puxando-o pra cima, para que ficassem sentados sobre a cama. Shaka entendia o que ele queria; queria ser tocado por ele, adorava seus toques e aquilo o envaidecia e fascinava. Começou a explorar o corpo moreno com as mãos e a boca, mordiscando e lambendo o lóbulo da orelha, descendo pelo pescoço; fazendo questão de marcá-lo inteiro como seu; sim, ele era seu; não importava quantos amantes tivesse e não importava quanta dor e ciúme isso lhe causasse. Possuía a certeza estranha de que aquele homem lhe pertencia.
Atacou um dos mamilos, ouvindo-lhe os gemidos roucos e foi descendo os beijos e lambidas até chegar à ereção enorme e pulsante. Passou a língua ouvindo mais gemidos, enquanto com uma das mãos apertava a nádega firme do moreno que ficava cada vez mais ensandecido. Continuou beijando e lambendo, recolhendo o líquido que já saía da glande com a língua, antes de engolir o membro do outro cavaleiro, sensualmente, molhando-o com sua saliva, subindo e descendo devagar. Ikki se segurava para não gozar, gemendo mais alto e empurrando-se contra os lábios luxuriosos do cavaleiro de virgem.
Adorava aquilo, adorava a forma como Shaka o enlouquecia em segundos, o modo como a língua hábil se enroscava em seu falo, exigente e sensual; enquanto as mãos acariciavam suas coxas e suas nádegas.
Ele aumentava gradativamente a velocidade e depois voltava bem lentamente a passear a língua pelo pênis do amante num controle incrível das próprias ações. Não demorou e Ikki se derramou em sua boca, caindo na cama pesadamente. Shaka sorriu pra ele, engolindo todo o sêmen e lambendo os lábios sensualmente, inclinando-se sobre o moreno e começando a lamber sua virilha, descendo pelo saco, até chegar à área secreta entre suas nádegas. Ikki já começava a gemer de novo, enquanto o indiano beijava e sugava, lambuzando tudo com sua saliva e o sêmen dele próprio.
Nunca fora de se permitir tais intimidades com outros amantes, só com ele, com ele tudo era diferente, embora não permitisse que ele soubesse dos seus sentimentos, não permitiria, não mais. Lembrava-se que um dia tudo fora diferente; um dia o amara sem reservas, mas isso teve um preço, o preço da dor e da solidão. Com ele tudo era entrega, era belo e emotivo, era especial, sim, ele era sua pessoa especial... embora tivesse que negar eternamente isso, embora nunca pudesse deixá-lo saber.
O loiro começou a roçar seu membro ereto na entrada apertada do outro cavaleiro que fechou os olhos, corando e gemendo. Foi se enfiando devagar, ouvindo-o gemer mais alto, até que rompeu a resistência do anel entrando quase por inteiro.
— Ai! Porra, Shaka, devagar! — reclamou e o indiano riu se inclinando para beijá-lo.
— Ah, desculpa, mas você... não é a primeira vez fazemos isso... — disse o loiro e gemeu, era delicioso, o amante era extremamente apertado e gostoso.
— Ah, mas foram seis meses... tá legal? — gemeu Ikki começando a rebolar um pouco, ouvindo o indiano gemer mais alto e se enfiar mais em seu corpo, preenchendo-o por completo.
As estocadas já começaram intensas; o loiro praticamente se retirava dele para depois entrar até o fundo o que levava gritos doloridos e gemidos de prazer à garganta do moreno. Ele adorava o ritmo forte e agressivo que o loiro impunha, mesmo que dolorido, aquilo o deixava louco.
Shaka o estocou mais uma vez, entrando tão fundo que arrancou um grito extasiado dos lábios do amante. O loiro gozou se derramando dentro do moreno e caindo sobre seu corpo com a respiração ofegante. Olhou o amante nos olhos, percebendo claramente que ele ainda não estava satisfeito; afastou-se, saindo dele, e o puxou pra si de modo que acabou sentado no colo de Ikki. Começou a se enfiar nele, ouvindo-o gemer o que começava a excitá-lo novamente; seu pênis estava bem lubrificado o que facilitava o trabalho do indiano. Sentou-se todo nele, gemendo um pouco e começou a se movimentar enquanto Ikki segurava-lhe a cintura, cadenciando as subidas e descidas.
— Ah... assim, loiro... ah... eu te amo, meu loiro safado... — gemia Fênix e Shaka achava que aquelas palavras nada significavam; era apenas reação do momento, mesmo assim gostava de ouvi-las, talvez, gostasse de sonhar com a entrega impossível. Era uma ilusão simplesmente; Ikki era a quimera de sua vida e sabia-o necessário, embora seus sentimentos oscilassem quando pensasse a respeito daquilo.
Um dia, foram felizes só tudo isso...
Ikki gemeu mais alto, Virgem conseguia provocá-lo além do suportável; rebolando, subindo e descendo, pra frente e pra trás; torturando sem pressa o amante. Ele segurava-lhe a cintura, subia as mãos para os mamilos, os apertando entre os dedos; deslizava as mãos por suas coxas, área que era muito sensível, e observava a ereção dele que voltava a despontar preponderante a sua frente. Começou a masturbá-lo no mesmo ritmo que ele se enfiava em seu corpo; enlouquecendo o virginiano que não demorou a gozar. Logo depois era ele a ter um segundo orgasmo e cair exausto nos braços de Shaka.
Como sempre se repetia, ficavam sem nada dizer enquanto a respiração se normalizava e, muitas vezes, isso os levava a um sono tão profundo que perdiam quase o dia inteiro. Era assim, sexo intenso; relação frágil...
— Por que você me disse que foram seis meses? — começou Shaka sonolento — Não quer me convencer que não teve ninguém nesse tempo?
— Não foi isso que disse. Você sabe que só aceito ser passivo com você... — respondeu Ikki, mal humorado e o indiano corou; aquilo significava...? Não, melhor pensar que não significava nada, não era homem de ficar criando ilusões e expectativas infundadas.
Saiu de cima dele e deitou-se ao seu lado. Ikki mais uma vez repetiu o gesto singelo de lentamente se achegar ao seu peito e pousar a cabeça gentilmente, quase que inseguro, e em seguida fechar os olhos ao sentir os longos dedos do indiano passearem por seus cabelos.
— Como está Mime? — perguntou sondando e depois se arrependeu; para quê ter notícia do amante do seu amante? Sentiu-se tolo e ridículo e outras coisas que tratou de afastar, pois não se chorava por palavras ditas à única saída era um desculpa e nada mais.
— Igual... — respondeu sem vontade e Shaka sorriu com ironia.
— Deve ser o mesmo que você fala de mim, quando está com ele, não é?
O moreno segurou-lhe o queixo e rolou para o lado, para olhar o indiano nos olhos. Shaka corou porque percebia que dissera a coisa errada.
— Você não acredita mesmo em mim, não é?
— Em que eu deveria acreditar, Ikki? — perguntou desviando o olhar e se virando para o outro lado.
— Que eu... — interrompeu-se fechando os olhos fortemente — Que para mim, você não é um qualquer...
As palavras doeram em Shaka mais do que ele queria, fechou os olhos para que lágrimas não o humilhassem e pediu resignação a Buda para aceitar, afinal, estar com ele fora uma escolha sua. Lembrou-se quando era tão constante ouvir dos lábios dele... "Eu te amo, Shaka, você é minha vida..."
Mas, depois, tudo mudou...
— É melhor ir embora, eu não quero que o Mu o encontre aqui... — pediu sem forças, tentando manter a voz firme.
— Ele sabe de nós dois? — chocou-se Ikki.
Shaka virou-se para olhá-lo seriamente.
— Claro que ele sabe! Só que sabe também que não é meu dono.
— Relação esquisita essa de vocês! — exclamou o leonino, mas o loiro preferia não explicar nada, não precisava, ele não era nada além de alguém com quem dormia de vez em quando.
Ikki por sua vez, adoraria que o indiano se afastasse do cavaleiro de Áries, mas sabia que não tinha o direito de exigir tal coisa.
— Dessa vez, ficarei mais tempo... — disse sem se abalar do lugar; conhecia muito bem o virginiano e sabia que ele não queria de forma alguma que fosse embora; o envolveu nos braços o puxando pra si.
— O que isso significa?
— Terei mais tempo para tirá-lo do sério...
Shaka sorriu e o abraçou; aninhando-se naqueles braços protetores onde se sentia tão seguro, mesmo que o seu coração doesse por ser para ele, agora, só mais um amante.
Ikki aspirou o cheiro de sândalo e lavanda que sempre acabava impregnado em sua própria pele, muitas vezes por meses; embora fosse tão suave. Queria segurá-lo em si, para a próxima vez que partisse; queria poder ficar...
Aspirou profundamente o perfume do indiano enquanto as mãos brincava com seus cabelos, enrolando as lisas mexas entre os dedos; Shaka riu com o carinho e seus olhos pesaram, queria apenas sentir, não queria pensar.
— Moleque... — disse, antes de adormecer. Ikki mirou-lhe o rosto de anjo, o rosto de quem amava e suprimiu um soluço de angústia.
"O sândalo perfuma o machado que o fere...Infelizmente eu sou esse machado, meu amor..."
Continua...
N/A: Eu estava sentindo falta de uma ANGST... Então comecei a escrever duas de vez, XD!. Bem, eu não posso dar muitas pistas, essa história terá muitas reviravoltas; já comecei com lemon no primeiro capítulo, o que não é bem meu feitio, mas achei necessário. Espero que tenham gostado. Ao contrário de "Atados pelo destino" essa fic não possui nada de sobrenatural, as questões serão puramente humanas. Ok, pode ter alguma coisa de mágico, afinal é uma fic "Canon", mas nada muito exagerado.
Beijos e aguardo reviews para saber o que vocês acharam.
Abraços!
Sion Neblina 2010
