Disclaimer: É tudo da JK, vocês sabem.
N/A: Não estou com espírito para atualizar a outra esta noite, mas precisava escrever... então resolvi pegar aquele trecho de a Ordem da Fênix de que tanto gosto. Depois de Albus deixar Hogwarts, antes de Minerva ser estuporada n vezes e ir parar no St. Mungus.
Só por uma noite
Ela virou a xícara lentamente, deixando o chá preto escorregar por sobre a língua, se perdendo no levíssimo nuance cítrico. Quente. Quente e encorpado. Não engoliu de imediato, deixou-se sentir o ligeiro amargor que, ao engolir, se fez mais claro por alguns curtos instantes. "Albus poria leite e quantos cubos de açúcar coubessem na xícara", pensou consigo, dando um pequeno sorriso. Encarou então o açucareiro por um momento. E, suspirando silenciosamente, adicionou um cubinho branco à sua bebida e o ficou assistindo se derreter.
– Sempre soube que às escondidas adoçava seu chá. – uma voz muito familiar, em tom de gracejo também muito familiar, veio de algum lugar, do invisível próximo, a fazendo dar uma pulo.
– Albus!
Então ele apareceu. E ela finalmente pode relaxar, suspirando agora muito mais profundamente e dando um sorriso exausto ao homem de longas barbas brancas.
– Você está bem? – ele perguntou, reparando nas olheiras e nos cabelos negros dela, agora já nem tão perfeitamente metidos no coque apertado. Viu os óculos quadrados largados sobre a mesa, próximos do bule.
– Depois de ter me deixado sozinha... com aquela mulher detestável?... – ela não conseguia ficar realmente zangada com ele – ...eu estou bem, vou ficar bem. – então ela o encarou mais profundamente - Não achei que fosse vê-lo de novo tão cedo. Soube que não apareceu em Grimmauld, e desde aquele dia que... ninguém tem notícias suas... – ela abaixou a cabeça, tentando inutilmente esconder a preocupação, a ansiedade. O fato é que nunca fora boa em mentir...
– Eu tinha alguns assuntos para acertar... – ele disse, se aproximando e se abaixando (sem dificuldade, apesar de já ser um ancião) perto da poltrona onde ela estava sentada. – ...mas não sou capaz de ficar longe tanto tempo.
Ela abriu a boca por um momento, para falar, mas hesitou, a fechou novamente, para só então decidir responder.
– Hogwarts precisa de você.
– Não enquanto você estiver aqui. – ele sorriu ternamente – E, ainda que esse castelo seja meu lar, não é por Hogwarts que eu estou aqui.
Fitaram-se por longo momento.
– Senti sua falta – ele disse, pegando a mão dela.
Ela sorriu e disse:
– Senti sua falta também. – então, de leve, apertou os dedos dele. Era muito bom tê-lo ali de novo. - Ficará por quanto tempo?
– Só por uma noite.
Então ele, largando a mão dela e se apoiando no braço da poltrona, foi se levantando devagar e se inclinando na direção da bruxa. Os narizes se tocaram. Ela sentiu o resto esquentar. Os lábios se tocaram de leve. Fecharam os olhos. As mãos dele acariciaram o rosto dela de modo gentil.
Mais tarde, com a voz rouca e entrecortada, a aconchegando em seus braços, ele prometeu voltar na próxima noite e na próxima e na próxima.
Ele não sabia, mas então ela já não estaria lá.
Fim
