Disclaimer: Esta fic foi traduzida com autorização expressa de nuripuri. Para quem quiser ler a original em inglês, /s/7604912/1/Shadow. Comentem na original quem puder, porque a Nuri é fantástica e merece!

Thank you Nuri dear for allowing me to translate your stuff! This is the first and it won't be the last, your words and sentence structures are a dream to work with. Not to mention how succinctly you manage to pour in so much characterization!


Sombra

Seus olhos sempre estiveram treinados às costas dele. Ela crescera com esfolados e hematomas, cambaleara de volta a sua casa com narizes sangrando e lábios cortados com frequência. Sua mãe lhe dava broncas por conta de roupas rasgadas e ossos quebrados, mas para acompanhar o ritmo dele, essas eram as coisas que ela sacrificava. Ele sempre estava dois passos à frente, sempre fora de seu alcance.

Ela desejava que houvesse uma maneira de segurá-lo um pouco, desejava que pudesse pedir para que ele desacelerasse por ela, para que ela pudesse alcançá-lo. E ainda assim, ela nunca o fazia, nunca disse nada a ele porque seria a pior coisa que ela poderia fazer. Ela nunca seria perdoada por tal egoísmo. Ele tinha seus próprios sonhos, era arrogante colocar os dela sobre os dele. Então ela prosseguia. Qualquer coisa que não fosse a morte não passava de um buraco na estrada. Ela ressurgiria mais forte, mais aguçada, com o orgulho e a habilidade de uma guerreira.

E ele sempre estaria adiante dela. Ele estava destinado a coisas que ela não poderia atingir.

Ele havia partido para o Santuário há quase quatro anos quando ela foi receber sua armadura. Era tudo o que ela tinha. Seus pais haviam falecido. Seu irmão estava morto. Jamir pouco a pouco minguava e não havia mais nada que a mantivesse lá.

Suas unhas rasgavam e sangravam enquanto ela escalava a face íngreme do penhasco onde se dizia que a armadura repousava, sua boca estava coberta com uma espessa camada de terra. O ar era rarefeito ali, embora ela ignorasse; morar em Jamir a havia acostumado a altitudes elevadas e ao frio. Seu pé escorregou no próximo passo, e ela enterrou seus dedos na rocha com um silvo, agarrando-se. Ela se forçou a não olhar para baixo, posto que sabia que não servia de outro propósito senão a própria tortura.

— Foco — ela rilhou os dentes, erguendo o olhar. — Foco.

Ela levou uma mão acima, segurando-se ao próximo nível. Impulsionando-se, ela relaxou quando seu pé pôde estabelecer-se com mais firmeza na rocha. Estava quase lá.

Porém, mesmo se alcançasse, ela ainda ficaria para trás, uma criança desengonçada seguindo pegadas na neve. Ele era um Santo de Ouro, algo que ela jamais sonharia em conseguir, e o fora por todo esse tempo. Quão mais à frente ele estava? Até onde a distância entre os dois havia se esticado? Ela sempre planejara segui-lo; estaria ela realmente chegando a fazê-lo, ou estaria ela simplesmente seguindo as sombras de alguém que poderia muito bem não mais existir?

Suas mãos tremeram ao que ela pressionava-se contra o penhasco, cerrando os olhos enquanto recuperava o fôlego. Sabia que bastaria mais um momento de fraqueza, bastaria relaxar os músculos por tempo o bastante para deixar o vento a balançar e derrubar. Ninguém ficaria surpreso, ela tinha certeza de que seu mestre meio que já esperava. Engoliu em seco, sentindo o gosto da terra. Então, abriu os olhos e agarrou o próximo apoio.

Este era só mais um buraco na estrada.