Olá! (: Começo hoje a postar uma fanfic a mais - tantas fanfics, argh. Desculpem-me por ocupar espaços que outros autores aproveitariam melhor D:
É um vício.
Bem, vamos aos fatos.
Ternura é uma fanfic que fala sobre as relações não apenas de amor, mas de amizade e fraternidade. É a história de quatro amigos, e mais que isso, quatro irmãos.
Essa fanfic conta a tragetória não tão cheia de glórias de cada um deles. Kagome, a filha pródiga, que vai embora deixando para trás seus amigos e seu coração, apenas para voltar anos depois à procura de redenção. Sango, a melhor amiga em quem todos se apoiam, mesmo que poucos percebam que ela também precisa de apoio - a garota que se recusa a perder. Miroku, o garoto galante e de vida duvidosa que procura mais do que um acerto de contas - procura vingança. E, por fim, Inuyasha, o jovem cujo coração foi partido na partida de Kagome, e aquele que mais sofrerá também com o retorno da garota, então mulher.
Deixo aqui a ficha técnica da fanfic, para que vocês decidam se vão seguir em frente com a leitura. Espero que decidam ler (:
Título: Ternura
Autora: Thirteenth Key - Regina N. Umezaki
Shipper: Ayam x Koug x Kago x Inuy x Kiky x Nara x Kagu x Kann / Rin x Sess x Sang x Miro
Gênero: Drama - Angst, Romance, Friandship. Presença de relações homossexuais e Incesto. 'Desvirtuamento de Valores'.
Censura: 15 +
Beta-Reader: Não há beta-reader.
Disclaimer: Os personagens presentes na obra Inuyasha pertencem à Takahashi Rumiko.
Sinopse: Eles eram mais do que amigos - eram irmãos. Mas um deles foi embora e aquilo marcou fundo.
Aos que ficaram restou a dor e a missão de ir em frente. Cada um à sua maneira, eles tentam superar, esquecer, aguentar, e acima de tudo manter intacto o laço que os une, mas o tempo é um inimigo implacável e invencível. A vida joga duro, e eles começam a perder a batalha.
O tempo passa, e ela retorna, trazendo junto os problemas do passado e do presente. Quer, acima de tudo, ser aceita de volta.
Como aceitar, perdoar, seguir em frente?
Cada um por si, e todos ao mesmo tempo, eles tentam entender como tudo deu errado. Tentam fazer as pazes. Tentam viver.
Voltar ao passado é impossível, controlar o presente também. O futuro está nas mãos deles.
Mais do que o amor e a paixão, quando tudo se vai, deve restar a ternura. Para adoçar, para consolar, e acima de tudo, para que seja possível seguir em frente.
N.A.: A trilha sonora dessa fanfic envolve algumas músicas em especial. Indico principalmente No Boundaries, na voz de Adam Lambert ou Kris Allen e Shine On, por The Kooks. A primeira pela letra, a segunda pelo som.
Boa leitura.
Ternura
Thirteenth Key
Prólogo
'Você se foi, mas eu te encontrei em outra pessoa. Eu vou sobreviver. - Inuyasha'
O coração, pensou Inuyasha, vendo um avião partir ao longe, era facilmente quebrado. Talvez o ele fosse como cristal. Quando você o apreciava sem tocá-lo, ele era inútil, e quando você o apertava demais com medo deixá-lo cair no chão, ele se quebrava entre seus dedos e os pedaços machucavam suas mãos.
Suspirou. Ela tinha ido embora, sua querida Kikyou. Para um lugar onde seria feliz. Para um lugar longe dele.
O aeroporto internacional de Tókio estava lotado àquela hora do dia. Ele ajeitou a gola da blusa, puxando-a de maneira que cobrisse parte do rosto. Fazia frio. Virou-se para ir embora, e acabou esbarrando em uma pessoa que passava por ali.
Olhou-a para pedir desculpas, e ficou sem fala.
Por um instante, pensou num filme romântico qualquer em que a mocinha desiste da viagem para longe no ultimo instante, mas percebeu então que, infelizmente, não se tratava de sua amada Kikyou. Não, ele a tinha acompanhado até o último instante, na esperança de que ela desistisse, mas a mulher que ele há tanto tempo amava se fora, de qualquer maneira.
O que ele via era uma garota, tão jovem quanto ele, e com um belo sorriso. Kikyou quase não sorria, e aquilo fazia parte de seu charme.
Mas que belo sorriso tinha aquela garota!
-Você deve ser Kagome. –disse ele. Estranho reconhecê-la com tanta facilidade, mas a verdade é que a descrição dada pelo pai de Sango, sua grande amiga, era realmente precisa.
"Ela se parece com Kikyou".
Era irônico para ele perceber que uma garota tão parecida com a que ele amava chegasse justo quando seu coração se partia. Era mais irônico ainda que ele fosse a pessoa a levar uma e trazer outra em seu lugar, no mesmo dia, na mesma hora.
-Sim, sou eu. –disse ela. Que voz doce!
-Vamos. Seus pais estão te esperando.
Uma hora depois, eles estavam acomodados junto dos pais de Kagome, Inuyasha, Sango e ainda outro amigo, Miroku. Conversando, acabaram por se tornar bons amigos, os quatro.
Estranho que Miroku e Sango gostassem tão facilmente de Kagome, quando até o momento se mostravam tão agressivos em relação a Kikyou.
Irônico que Inuyasha sentisse tão pouca falta dela, mesmo que a amasse tão profundamente.
Mas o mais irônico de tudo foi perceber que antes do fim da noite, amava Kagome com tanta força quanto amara antes Kikyou.
Capítulo Um - Partida
"Eu vou embora, e isso vai te machucar, mas meu coração vai sangrar mais que o seu, então talvez você possa seguir em frente sem mim...-Kagome"
Um ano depois...
Já era noite quando os quatro adolescentes chegaram à casa de Kagome. Ela, sorridente como sempre, deixou os olhos pousarem sobre as faces de seus melhores amigos. O ano que acabava naquela noite tinha sido o melhor da vida dela, e sem dúvida também da vida de seus companheiros. Uma lágrima escorreu pelo rosto perfeito, e ela abriu a boca para falar alguma coisa, mas foi interrompida pela voz brincalhona e sedutora de Miroku.
-Foi o melhor ano que já vivi.
Ao lado dele, um rapaz de cabelos prateados sorriu em concordância. E a poucos passos deles uma garota fungou.
-Sango, o que foi? Não gostou desse ano? Foi o melhor, não negue! Simplesmente perfeito. – a voz do garoto de cabelos prateados era macia e um tanto imponente, assim como a figura dele em si.
-É claro que eu gostei desse ano. –ela viu os primeiros fogos começarem a surgir no céu já negro. Vermelho, verde, prata. As cores se misturavam, se agitavam, caíam e sumiam aos poucos, em clarões e ruídos excitantes. –É só que... Bem, deixa pra lá.
Inuyasha, o garoto imponente, começou a pedir que ela explicasse aquela atitude, mas a lágrima no rosto de Kagome se transformava aos poucos em um filete, para manchar o rosto e escorrer pelo queixo até pingar no colo.
-O que foi, Kagome? –perguntou ele, tirando a lagrimado rosto da garota e acariciando a face macia. –Porque as lágrimas?
Ela pensou no ano que se passara, na amizade profunda que conseguira compartilhar com aquelas três pessoas. Pensou na dor que sentia, pensou na dor que imporia a eles. Pensou em tudo pelo que passara, e pensou em tudo pelo que passaria. Ela tentou sorrir, tentou mentir, mas não conseguiu. Por fim, as palavras que ela temia saíram por seus lábios, sem sua permissão, e rasgando a garganta enquanto passavam.
-Eu vou embora.
Sango abraçou a si mesma, por saber que ninguém faria aquilo por ela.
Miroku pôs as mãos nos bolsos e baixou o olhar, triste, chocado, traído. E desejou saber por que sentia tanta vontade de abraçar Sango, e tirar aquele olhar triste do rosto dela.
Inuyasha passou a mão que limpara a lágrima de Kagome pelos cabelos longos e perfeitos, num ato de irritação.
-Quando? –perguntou, numa voz quase fria.
-Amanhã. –Kagome tinha parado de chorar, mas seus olhos ainda brilhavam, cheios de lágrimas que ela se recusava a deixar que caíssem.
-Por que não me contou antes? –a voz dele se tornava cada vez mais acusadora, cada vez mais amarga. –Pretendia ir embora sem se despedir?
-Não! –disse ela, procurando desesperadamente por compreensão. –Eu só não podia... Não conseguia...
-Não conseguia nos dar o direito de preparação? Não conseguia pensar em mais ninguém além de você?
Sango deu um passo à frente, pronta para defender Kagome, mas Miroku a impediu com o braço. Ele a olhou nos olhos, com um pedido silencioso. Aquela briga não era deles. Não era o segredo que incomodava Inuyasha. Era a partida iminente, era a separação imposta a ele sem a chance de preparação.
Inuyasha amava Kagome.
Um amor profundo, que enlaçava seu coração como uma corrente, que o prendia a ela com força.
Se separar dela não fazia parte de seus planos para o ano novo.
Sango compreendeu aquilo também, então parou e apenas observou. Miroku enlaçou sua cintura e a puxou para um abraço, escondendo o rosto em seus cabelos castanho-escuro brilhantes. Ela enterrou o rosto no peito do amigo, e esperou que a briga de Inuyasha terminasse.
Kagome olhava-o como se fosse a primeira vez. Nunca vira seu amigo com tanta raiva. As mãos dele, fechadas em punhos, estavam tão apertadas que cortavam a circulação de sangue, ficando brancas. Ela levantou a mão para tocá-lo no rosto como ele tinha feito com ela, para acalmá-lo e acariciar aquela face de anjo caído.
E sua mão foi afastada antes de chegar ao destino.
-Você diz que vai embora e espera que eu a deixe me acariciar como se eu fosse um animal sendo abandonado? Como se eu fosse uma criança sendo consolada?
Palavras como aquelas machucavam mais do que ela estava disposta a admitir, mas Kagome segurou as lágrimas mais uma vez. Ela baixou a mão e ergueu o rosto, empinando o nariz numa atitude quase infantil de auto-proteção.
-Se não quer que eu o toque, tudo bem. Mas não me culpe porque eu vou embora. Você não sabe meus motivos, não tem o direito de me julgar.
Por saber que ela estava certa, e por achar que seu orgulho naquele momento era mais importante do que a amizade da garota que ele amava profundamente e que partiria dali a algumas horas, Inuyasha levantou o rosto também. Não havia lágrimas, apenas frieza e distância.
-Tem razão. Eu não sei suas razões. Não sei por que você não me deu o direito de perguntar, e eu não vou pedi-lo agora. Seja feliz, Kagome. Se você conseguir.
Ele se virou, e mesmo que cada passo dado fosse uma facada em seu peito, Inuyasha foi embora. Kagome permaneceu em silêncio até que ele virou a esquina e sumiu de vista.
Sango foi até ela e a abraçou em silêncio. Miroku pôs novamente as mãos nos bolsos, sem saber como agir. Quando as duas se separaram, ele se aproximou. Mesmo que Kagome fosse sua amiga, quase sua irmã, ainda doía um pouco saber que ela esperara até a última hora para avisar que ia partir. Ele estendeu a mão para ela, pronto para uma despedida formal, mas quando ela se atirou sobre seu corpo num abraço desesperado, abraçou-a de volta como se não pudesse soltar seu corpo sem perder uma parte de si mesmo. O que de certa forma acontecia.
Não houve palavras. Depois de algumas lágrimas e mais algum tempo no abraço apertado, ele também se foi.
Sango ficou. Até de manhã, quando Kagome foi embora.
Será que Kagome sabia, naquele momento, o que se passava na cabeça da amiga? A dor que se acumulava no coração dela? A impotência que ela sentia?
Quando o sol nasceu, apesar das orações silenciosas que Sango fez, pedindo que o tempo parasse naqueles últimos momentos com sua amiga, com sua irmã, apesar de não haver laços de sangue.
Quando Kagome entrou no carro dos pais e foi embora, Sango caminhou lentamente para casa. Pensou um pouco sobre como sua vida seria, mas não conseguiu ver muito longe. Era a garota no carro o laço invisível que a unia a Miroku e Inuyasha. Não sabia quanto mais a amizade com eles duraria sem a presença alegre e carinhosa de Kagome.
Ela chegou em casa. O pai a abraçou assim que passou pela porta. Ele era amigo do pai de Kagome, e soube que eles iam embora tempos antes daquele dia triste. Sango também soubera, mas preferira esperar Kagome dizer algo. O que tornara ainda mais doloroso quando ela dissera. O fato de ela ter dito tão tarde.
Miroku acordou com vontade de se meter em problemas. Pegou o carro da mãe e saiu ainda de madrugada. Não sabia para onde ia, mas quando chegou lá, soube que estava no lugar certo. Vários carros se alinhavam numa extremidade de uma rua plana e longa. Uma corrida perfeita, de adrenalina, e rápida o bastante para que ele extravasasse a raiva e voltasse para casa antes que a mãe acordasse e desse pela falta do carro. E do filho.
Motores roncaram e ele afundou o pé no acelerador. Quase derrapou na pista, que estava molhada pela chuva que ele não sentira na noite anterior, ainda tomado pelo torpor da perda de uma grande amiga. Não ligou. A morte seria perfeita naquele instante.
Quando ele cruzou a linha de chegada, o primeiro de todos, não teve pressa em pisar no freio. Quando parou, não ouviu os elogios ou as perguntas que lhe fizeram. Quando perguntaram se ele voltaria e lhe explicaram as regras do lugar, ele apenas acenou em concordância.
Dinheiro para poder participar? Ótimo, era justo. Dinheiro se ganhasse? Melhor ainda.
Ele voltou para casa pronto para sair na manhã seguinte, ansioso por aquilo, pela velocidade e o esquecimento que ela proporcionava.
Adormeceu sem sonhos.
Inuyasha não dormiu. Ficou a noite toda de olhos abertos, ouvindo os barulhos na rua, esperando ouvir o ruído familiar dos passos de Kagome. O ritmo lento e calmante do coração doce que ele sabia ter machucado. Mas não ouviu nada, o que aumentou sua própria dor.
Ao amanhecer, ele ficou ali, olhando o teto de seu quarto e pensando na idiotice que fizera.
Nem ao menos sabia para onde ela fora.
Enterrou a cara no travesseiro e, apesar de protestar mentalmente contra aquela reação ridícula, deixou rolar uma lágrima amarga.
