Título: A Variável na Equação
Autora:
Lab Girl
Categoria: TBBT, Shamy, 8a temporada, hurt/comfort, romance
Advertências: Um pouquinho de sofrimento emocional no começo; Spoilers do episódio 8x24
Classificação: PG
Capítulos: 2
Resumo: Sheldon sempre se orgulhou de entender e resolver equações como ninguém. Porém, em seu relacionamento com Amy, ele não previu uma variável que poderá mudar o resultado da equação.

Notas da Autora: Mais um final de temporada mexendo comigo e me fazendo escrever, para sorte ou azar de vocês, não sei bem ainda. xD Só espero que quem ler, goste (e, neste caso, por favor, tome cinco minutinhos do seu tempo para me dizer isso), e que ajude a amenizar um pouquinho da ansiedade pós season finale e em virtude do hiatus que temos pela frente.

A fic não é longa, mas resolvi dividi-la em dois capítulos. Quem não tiver visto ainda o episódio 8x24 The Commitment Determination e não quiser saber o que aconteceu neste final de temporada, melhor deixar a leitura para quando estiver em dia com a série, e aconselho parar de ler por aqui.

Para os que viram o episódio em questão, aqui eu não trato nem me preocupo em mencionar como os outros ganchos dos demais personagens foram resolvidos (Penny e Leonard se casaram ou não em Vegas? Raj terminou mesmo o namoro? Bernadette e Howard conseguiram mandar Stuart embora?). Enfim, o foco aqui é Shamy e somente Shamy. No regrets.


A Variável na Equação


O centro comercial do bairro estava especialmente menos movimentado aquela tarde. Mais uma razão por que Sheldon Lee Cooper amava ir ao shopping às quintas-feiras à tarde. Não havia tantas pessoas como nos outros dias e horários e as lojas ficavam mais livres para transitar por elas sem se preocupar em esbarrar ou ser esbarrado por alguém.

Em seu caso, tinha ido ali apenas para tomar um sorvete. Porém, sentado num banco estrategicamente posicionado, ele conseguia ver as vitrines de diferentes lojas. Enquanto saboreava uma deliciosa mistura gelada de menta com chocolate de sua sorveteria preferida e observava casacos, suéteres e acessórios para o vestuário masculino expostos com elegância em manequins, seu pensamento voltou ao apartamento 4A da Avenida Los Robles e ao casal de amigos que não conseguia marcar uma data para o próprio casamento. Sua cabeça moveu-se no mesmo instante, num gesto de incredulidade e desdém. Como Penny e Leonard podiam ser tão inconstantes? Eles achavam mesmo que eram compatíveis? A mera ideia arrancou um ronco debochado de suas narinas. Não, eles não eram. Nenhum casal conseguia ser tão compatível e estável quanto ele e sua Amy Farrah Fowler.

Pensando nela, um sorriso brotou em seus lábios gelados pelo sorvete. Amy. Ela sempre tinha esse efeito sobre ele. Mas, então, a lembrança de que a namorada estava chateada consigo fez o sorriso em seu rosto desvanecer.

Sheldon, de fato, nunca entenderia as mulheres. E muito embora soubesse que o cromossomo X extra não passava de uma mistura louca de hormônios e baboseiras hippies, não podia negar que ao menos três exemplares do gênero feminino eram importantes em seu mundo. Sua mãe, Mary. Sua avózinha. E Amy. Todas elas a sua maneira, e a última de uma bem especial.

Um suspiro lhe escapou ao relembrar como aquele desentendimento havia começado. Estavam os dois em seu sofá, na sala de seu apartamento, na noite especial em que comemoravam cinco anos de seu primeiro encontro; engajados no que ele gostava de chamar de uma sessão de contato físico apropriada para públicos a partir dos 12 anos, quando resolveu perguntar a ela se era uma boa decisão começar a assistir a série sobre seu herói favorito, o Flash. Era de se esperar que Amy ficasse lisonjeada em ser a pessoa a quem ele recorreu para uma decisão tão importante. Porém, ao contrário disso, ela ficou irritada. Acabou destruindo a atmosfera da Noite de Encontro Especial e ele, de quebra, ficou sem o amparo esperado numa importante tomada de decisão e, pior, sem mais beijos com gosto de brilho labial de morango.

Franzindo os lábios numa expressão emburrada, Sheldon atirou o copo vazio do sorvete na lixeira ao lado do banco onde estava. Desde então, Amy o estava evitando. Não era mais mistério que ela estava chateada com seu comportamento, Penny e Leonard tinham feito questão de deixar isso bem claro. Ao que parecia, existia uma espécie de convenção entre casais de não falar sobre seriados de super heróis durante um encontro, especialmente um encontro que envolvesse qualquer forma de contato físico.

Era um tanto quanto frustrante que sua namorada não compreendesse a importância que tais coisas (super heróis e seriados) tinham para ele; juntamente com a Ciência, eram o que mantinha seu foco e sua vida em ordem, assim como ela.

Amy.

A constatação fez eco em sua mente. Sim, ela era um de seus eixos centrais. Ela não sabia disso?

Bem, talvez nem ele próprio tivesse a plena consciência até então. Mas era algo tão certo, tão natural que não precisava ser dito, precisava? Lembrando-se da expressão frustrada de Amy antes de deixar seu apartamento na noite anterior, no entanto, parecia que era, sim, necessário dizer. Ou demonstrar de alguma maneira.

Naquele exato instante, seus olhos recaíram sobre a vitrine ao lado da loja de roupas masculinas. Diversos anéis, correntes e pingentes brilhavam, reluzindo através da transparência do vidro. Algo dentro de Sheldon se acendeu. Ele lembrou-se do casal de amigos. E de si mesmo e Amy. Ele definitivamente não queria ser como os outros dois.

As palavras da namorada ressurgiram, então, em sua memória…

"Você compreende a ironia da sua fixação por um homem com super velocidade enquanto, depois de cinco anos, tudo o que eu consigo de você é uma frustrada sessão de amassos num sofá?"

Talvez Amy estivesse certa. Ele tinha feito a pegunta errada. Debater sobre começar ou não a acompanhar um show de tv que poderia durar anos não era realmente a questão sobre comprometimento que ele devia estar se fazendo àquela altura de sua vida.

Erguendo-se do banco, os olhos fixos na vitrine cujas peças douradas pareciam brilhar mais forte a cada segundo, respirou fundo.

Ele e Amy não eram como Leonard e Penny. E ele definitivamente não queria que se tornassem como eles, sem a certeza e a segurança de saberem exatamente para onde estavam indo.

Não. Com ele e Amy era e seria diferente.

~.~

Os olhos de Sheldon estão fixos sobre o brilhante anel dourado, repousando, inerte, no interior da pequena caixa de veludo negro. Nem mesmo Gollum poderia lhe dizer o que fazer agora.

Com um suspiro, ele fecha a caixa, recolocando-a na gaveta, a sensação de ter perdido um trem importante na estação agora maior do que há cinco minutos atrás, quando Amy encerrou a conversa pelo computador com um adeus.

Ele não previra essa variável na equação.


Uma semana depois…

Como tem feito todos os dias nos últimos sete dias, Sheldon torna a guardar a caixinha de veludo na gaveta de sua escrivaninha depois de observá-la por alguns instantes em silêncio antes de se recolher para dormir. É como se, fazendo assim, em uma dessas vezes possa encontrar a resposta que está buscando.

Mas, como das outras sete tentativas, não obteve nenhuma esta noite também.

Deixando escapar sua frustração em forma de suspiro, ele caminha até o balcão da cozinha, pensando em preparar um chá antes de se deitar. O mero pensamento, entretanto, evoca imagens de uma certa cientista baixinha, de óculos e cabelos lisos e escuros como lama. Ele cerra os punhos ao lado do corpo, sem perceber.

Sacudindo a cabeça, como se o gesto pudesse afastar as lembranças, embora saiba que é apenas uma tola simbologia, dirige-se automaticamente ao armário, retirando a caixa de chás sortidos. Coloca água para ferver e, enquanto espera o ponto exato de ebulição, pega as canecas azul e amarela, colocando-as sobre o balcão, uma em frente a outra, como de costume.

Assim que escuta o chiado da chaleira, ele apaga o fogo e despeja a água fumegante dentro das canecas que já contêm um sachê de camomila cada. Em seguida, senta-se num dos bancos e, pegando a caneca azul, bate-a de leve na caneca amarela.

Sorvendo um gole da bebida, sente os lábios, a língua e o céu da boca arderem. Rapidamente afasta a caneca da boca, o ardor chegando aos olhos, forçando lágrimas.

"Sheldon, você está bem?"

A voz preocupada de Leonard chega-lhe aos ouvidos. Sem se importar em levantar os olhos para o companheiro de apartamento, ele apenas ergue-se do banco em que está sentado e responde mecanicamente, antes de sair correndo para o quarto.

"Queimei a boca com o chá, só isto."

Olhando para as duas canecas sobre o balcão de madeira, Leonard não consegue evitar sentir um ligeiro aperto no peito.

~.~

Deitado em sua cama, fitando o teto do quarto, a boca ainda arde pela queimadura. Mas não arde mais do que seus olhos. Piscando repetidamente, Sheldon tenta afastar a sensação incômoda.

No silêncio do quarto, seus pensamentos e lembranças parecem fazer eco em sua mente.

Sente falta da voz dela. Do cheiro do xampu anti-caspa. Dos beijos.

Sente falta dela.


~ . ~ continua ~ . ~