Salut mes amis!

Bem, lá vou eu me aventurar novamente com meus douradinhos preferidos...

Talvez porque sejam eles a melhor definição da face do amor que eu conheço...

Como já sabem, Saint Seiya, Camus, Miro e todo o resto não me pertencem e o blá-blá-blá de sempre...

Mas eu acredito piamente, mes amis, que entendo bem como eles se sentem...

Au revoir...


Bittersweet...

Miro deixou o copo de lado, apoiado na mesa junto à poltrona...

Vazio, pela sexta vez.

As cortinas dançavam, mas não havia brisa...a luz da luminária parecia bruxulear como a chama de uma vela, mas isto não era possível.

Nada era.

Sentiu vontade de rir diante do absurdo da situação...uma reação absurda diante de uma situação absurda...

Então, levantou-se, um pouco zonzo apenas, indo em direção à estante de livros...acariciou-os com dedos trêmulos, feridos...logo deparou-se com um que lhe chamou a atenção...era de Baudelaire, o escritor preferido dele...

Fechou os olhos, tendo brevemente o livro entre os dedos...

E logo este jazia, semi-aberto, sobre as frias pedras do chão da casa de Aquário...

If I tell you
Will you listen?
Will you stay?
Will you be here forever?
Never go away?

Never thought things will change
Hold me tight
Please don't say again
That you have to go

Era um dia de sol. Camus rira pela primeira vez de uma bobagem sua, dita em uma de suas muitas tentativas de parecer interessante aos olhos dos outros...

Um revestimento de importância para quem se sentia tão insignificante diante dele.

E então...

Um pequeno sinal de vida no iceberg.

Uma pequena chama acendera-se em seu coração.

É óbvio que se exaltara com o riso, afinal não gostava que rissem dele...isso o fazia sentir-se tolo, infantil até...

Mas algo naqueles olhos glaciais o acalmara.

Acalme-se. Não precisa usar sua armadura aqui, Escorpião.

E ele soube então que jamais usaria uma armadura novamente.

Não com ele.



A bitter thought
I had it all
But I just let it go
Hold your silence
It's so violent
Since your gone

All my thoughts are with you forever
Until the day we'll be back together
I will be waiting for you

If I had told you
You would have listened?
You had stayed?
You would be here forever?
Never went away?

Sentia o peso daquele corpo tão desejado sobre o seu, forte, viril, apaixonado...

Sincronia perfeita de cheiros, gestos, corpos...

O veneno correndo nas veias, o gelo derretendo-se nele num espasmo final e sufocado;

E, na manhã seguinte, a luz entra pelo dossel, revelando a cama vazia.

Ninguém além dele e de suas lembranças.

Nenhuma palavra. Sempre o silêncio impessoal. Gélido.

Mas o cheiro nos lençóis, suas roupas no chão a esmo diziam que a noite fora real. Que o que sentiam um pelo outro era real.

E que haveria sempre uma noite seguinte.

Mas agora não haveria mais.



It would never have been the same
All our time
Would have been infame
Cause you had to go

The sweetest thought
Had it all
Cause I did let you go
All our moments
Keep me warm
When you're gone

Agora ele, Mu e Aioria batalhavam mais uma vez. Suas armaduras reluziam, mesmo danificadas pelo impacto da luta anterior. À frente deles, Radamanthys, um adversário poderoso, o maior dentre os juízes do inferno.

Era isso, então. Esse era o destino deles.

Teriam de ir ao inferno defender sua deusa, o Santuário, seu mundo.

Novamente riu. Nada mais era tão absurdo.

Estava no lugar que deveria estar. Entrando onde queria entrar há muito tempo.

Onde já estava desde que ele se fora, com seu riso, seu cheiro, seu silêncio...seu partir definitivo, deixando-o acordar todos os dias sozinho, mas sem o cheiro nos lençóis, sem a carne marcada pelas mãos dele...

Olhou para seu adversário. Então, fechou os olhos, juntando suas forças aos outros dois cavaleiros de ouro...

Em seu pensamento, um último rosto...

Doce e amargo...

Um sorriso se abriu em seus lábios.

- Já estou indo, Camus...

All my thoughts are with you forever
Until the day we'll be back together
I will be waiting for you


C'est fini!