Mentalist não me pertence, blábláblá.

Eu simplesmente não consigo parar de escrever sobre Patrick Jane, se tornou um vício, por isso há tantas fanfics minhas aqui (Red Ocean, Red Words e acabei deletando a Red House porque não sabia se ia continuar). Entretanto é importante dizer que esta fanfic seguirá um padrão diferente das que já postei. Não será dedicada a romance. O romance aqui será tão visível quanto na série, havendo a possibilidade de algo vir a acontecer, mas ainda não tenho certeza sobre isso.


- Então, Jane estava certo de novo!

Van Pelt passou por trás do mentalista e curvou-se para pegar seu pedaço de pizza – sem abacaxi, como Cho gostava. Rigsby já estava em seu segundo quando Lisbon finalmente chegou, a tempo de ouvir a conclusão da subordinada. Tinha certo receio incompreensível em exaltar o já enorme ego de Patrick, então tratou de deixar claro que toda a equipe trabalhou duro para fechar aquele caso.

- É, claro. – havia certo tom de ironia na voz de Rigsby – Exceto pelo fato de que estávamos prendendo o cara errado.

- Mas ele nos guiou até o cara certo. – adicionou Lisbon, sem desistir jamais de estar certa e no controle.

- Mas eu já tinha detido o cara certo enquanto ele ainda estava guiando vocês. – riu Jane, com um pedaço de pizza nas mãos, e aquele olhar de quem está apreciando profundamente provocar Lisbon.

Ela deixou seu meio pedaço sobre a caixa da pizza e virou-se para ele. Os demais sabiam que vinha uma resposta raivosa em seguida. Van Pelt e Rigsby quase riram. Cho soltou um indício de sorriso.

- Desculpe-me, mas eu não chamo de uma grande vitória conseguir uma confissão através de hipnose.

- Está inteiramente desculpada. – ele respondeu, não se contendo em sorrir mais para provocá-la.

Ela ficou alguns poucos segundos naquela posição, olhando para ele, que, deitado no sofá, a encarava, como se a desafiasse a responder. Então Lisbon simplesmente negou com a cabeça, sem tirar o foco dos olhos dele, mas não conteve o sorriso.

- Vai pro inferno, Jane. – mas não havia mau humor em tais palavras, apenas a falta de outra coisa pra dizer.

E no instante seguinte o grupo voltava a comer enquanto conversavam e riam. Jane ainda se levantou e apostou que ganhava do "pedra papel e tesoura" vinte vezes seguidas. Claro que só Rigsby topou, Quanto estavam na décima terceira tentativa de ganhar uma mísera vez, Minelli entrou, e pode-se chamar de hilária a face que fez.

- Que bom que estão todos recuperados de terem presenciado duas garotas esfaqueadas.

Lisbon baixou a cabeça pra disfarçar o riso.

- Quer alguma coisa? – ela perguntou, como se a cena de Rigsby quase se espancando por não conseguir ganhar fosse normal.

- Ah, sim. Preciso falar com você.

Ela franziu o cenho, pois não entendera. Acabara de resolver um caso, não via motivos pra uma conversa agora, mas não disse nada, apenas o seguiu.

Minelli entrou primeiro, e pediu que Teresa fechasse a porta, mesmo que fosse tarde da noite e a grande maioria dos agentes já tivesse ido embora há tempos. Ele mantinha a cabeça baixa, e olhando para os próprios pés, em sua maneira de dizer que não traria boas noticias. Na verdade parecia um pouco preocupado, um pouco da reação ao saber que Jane aprontara outra das suas. Mas a coisa da hipnose não foi relatada, Lisbon acobertara o ato e não tinha como Minelli ficar sabendo. Só se ela não ficou sabendo de algo.

- Teresa, - ele começou, já dando a entender que não era nada bom, ao chamar-lhe pelo primeiro nome – quero que saiba que o que vou lhe dizer não está sob minha jurisdição e portanto não posso fazer nada a respeito.

Ela assumiu a clássica expressão de quem não podia estar entendendo menos. Mas por trás escondia um leve temor.

- Lisbon, eu escondi três assassinatos de vocês. Cometidos por Red John.

Agora ela descobrira que na verdade, na situação anterior, ela podia sim estar entendo menos. Como agora. Porém o temor mudou para irritação e indignação.

- Como assim? Red John é nosso caso.

- Eu sei, eu sei. – ele afirmou, balançando a cabeça, concordando totalmente com tal posicionamento de Lisbon – Acontece que os assassinatos não aconteceram na Califórnia. Aconteceram em Nevada. O escritório de lá não quis nos passar o caso desde o primeiro. Dois meses depois aconteceu de novo. E dois meses depois, outro. E assim, com intervalos periódicos, o governo de Nevada acredita que tem provas suficientes pra acreditar que Red John atacará novamente, este mês, e pra adquirir total conhecimento sobre o caso, me pediram os documentos que vocês guardavam aqui e nós passamos a o caso do Red John para Nevada.

- Red John… não é mais nosso? – Lisbon estava parcialmente paralisada com tal informação.

Claro que a primeira coisa que se passou em sua cabeça foi Patrick. Não tinha como não ficar preocupada com o assunto. Não era ela, afinal, que tinha uma vingança pessoal com o serial killer.

- E quanto ao Jane? – ela achou pertinente fazer tal questionamento.

- Vou oferecer a ele a chance de ser transferido. Ou melhor, você vai. Você é quem vai falar com aquele lunático. Eu já falei com o escritório de Nevada sobre isso, e eles disseram que o aceitariam com a condição de que não atrapalhasse, e eu disse que ele não faria isso. E você sabe como eu odeio mentir. Mas não o quero por aqui pirando pra se aventurar num caso que não é dele.

Ela demorou um tempo até balançar a cabeça afirmativamente, como se tivesse ficado fora do ar por alguns segundos. Então se retirou, ainda com aquele olhar chocado com tal notícia.

Quanto voltou, Rigsby ainda se recusava a pagar vinte dólares por ter perdido a aposta. Os demais riam. Só ela estava naquele humor.

Ela precisou chamar por Jane duas vezes antes que ele deixasse de tentar receber o dinheiro da aposta e se focasse nela.

- Precisamos conversar.

- O que eu fiz agora, mãe?

Os outros riram. Mas Patrick Jane era Patrick Jane, e mais um único olhar e ele percebeu que o assunto era sério e a seguiu até sua sala particular.

Lisbon então se sentiu bastante na situação de Minelli. Não sabia como começar, só pensavam em deixar claro que não tinha poder sobre a situação, antes que ele começasse a reclamar.

Apoiou-se em sua mesa e baixou a cabeça.

- O que? – ele disse – O que aconteceu? Por que está com esse olhar de pena?

- Não é olhar de pena.

- É Red John, não é? O que aconteceu? – tornara-se impaciente.

- Jane, quatro assassinatos foram ocultados de nós nos últimos oito meses.

- Quatro assassinatos? Do Red John? – ele parecia muito mais inconformado do que Teresa esperava.

- Aconteceram em Nevada e o escritório de lá não quis nos entregar a investigação.

- E Minelli escondeu isso de nós? – seus olhos estavam parcialmente fechados, a boca aberta ao terminar de falar, o pescoço esticado para frente, tentando entender a razão de tais fatos, sem sucesso – Nós estamos nesse caso, Lisbon, ele não tem o direito de…

- Jane. – ela interrompeu, assumindo um tom um pouco mais irritado – Minelli fez isso porque sabia que você faria alguma besteira se soubesse.

- Lisbon, Red John é meu. – ele disse, apontando-lhe um dedo, com os olhos raivosos, os lábios sem traços de seu sorriso – Ele não tem o direito de ocultar essas informações de mim! – Jane então colocou as mãos na cintura e olhou para cima, para baixo, passou a mão pela face. Parecia tentar conter sua raiva – Quatro assassinatos, Lisbon. Quatro mulheres mortas até que admitissem que não conseguem pegar Red John? Lisbon, quantas pistas nós perdemos? Como vamos agora juntas os pedaços desse quebra cabeça? Ele não tinha esse direito!

- Jane, escute…

- Sabe de uma coisa? – ele interrompeu. – Ele estava certo, eu ia fazer alguma besteira. Mas ia capturar Red John.

- Não tem como você ter certeza de uma coisa dessas, Jane.

- E se eles tivessem pego? – ele bradou – Como eu faria pra me vingar?

- Quer dizer que você não ficaria contente com a prisão dele?

- Achei que já tivéssemos discutido isso.

Ela suspirou e desviou o olhar.

- O caso foi entregue a eles.

- O que? – agora sua feição era da mais completa indignação possível – Tiraram Red John de nós? Lisbon, Red John é meu.

- Jane, o que te faz achar que você merece matá-lo? E os parentes das outras mulheres que ele matou? Red John não é seu, Jane.

- Eu ficaria satisfeito se todos esses parentes se juntassem e nós fizéssemos uma grande festa de tortura para ele.

- Você é doente.

Ele ergueu uma sobrancelha.

- Mas Minelli me pediu pra lhe oferecer a chance de ser transferido pra Nevada, para o departamento que pegou o caso. Apenas pense a respeito e me responda quando puder.

- Pensar a respeito? A respeito do que? É claro que eu quero ir. – a oportunidade era tão perfeita que mal acreditava.

Lisbon negou para si mesma, incrédula.

- Então é isso? Você simplesmente vai embora?

- Por que eu ficaria se não tenho mais o caso do Red John?

- Tem razão, por que ficaria? Estou discutindo com uma porta fria e sem sentimentos. – ela girou, furiosa e colocou a mão sobre a maçaneta, mas Patrick segurou seu braço – O que é agora?

- Lisbon, eu gosto de vocês, eu gosto da equipe. Mas eu não estou preparado pra colocar absolutamente nada acima de minha vingança. Não ainda.

- Ótimo, vá e consiga essa sua vingança. Mas não espere que seu novo chefe vá arriscar seu emprego por você como eu fiz tantas vezes em nome dessa vingança. Pra mim chega!

Então Lisbon se soltou e saiu, a passos largos e duros até onde os demais estavam. Jane chegou segundos depois. Os outros três os encaravam sérios, temendo por qualquer coisa.

- Jane está deixando essa unidade. – Lisbon disse em tom irônico, apontando para ele – Em nome dele mesmo, claro.

- Acha que estou sendo egoísta? – Jane começou – Por querer vingar a morte de minha esposa e filha? E o que você está sendo? Você odeia me ter por perto e está sempre reclamando que eu faço bagunça demais, e, no entanto está dando escândalo porque vou embora.

Rigsby fazia cara de quem estava diante de uma granada prestes a explodir.

- Escândalo? Você acha que isso é um escândalo? Quer saber, se você quer ir, ótimo! Nós vamos continuar fechando casos como antes.

- Exceto que agora os Estados Unidos terão uma nova unidade com recorde de casos fechados com sucesso. – ele provocou, sem dúvida, de propósito.

- Acha que sua dedução consegue superar todo treinamento de um policial federal?

- Eu não achava, mas após entrar aqui, percebi que sim.

- Ah, perdoe-me então, senhor Jane, o Sherlock Holmes da atualidade.

- Lisbon, você realmente achava que eu não ia me transferir?

- Eu sabia que ia se transferir. Só não sabia que uma decisão tão importante como essa seria tomada em meio segundo.

- Então se eu não tivesse dito nada, mas no dia seguinte dissesse que ia embora, tudo ficaria bem?

- Não ficaria tudo bem. – Van Pelt havia se intrometido na conversa, chocando a todos – Mas com certeza seria melhor para nós.

- Eu não entendo em que ponto seria diferente. – respondeu Jane, um tanto abalado em sua posição, já que percebera que a equipe parecia estar contra ele.

- Nos deixaria acreditar que você pelo menos se importa. – disse Rigsby, sério como em poucos momentos.

- Ainda que não seja verdade. – concluiu Cho.

Patrick estava chocado por tais palavras.

- Eu me importo com vocês, não é como se… como se eu não me importasse. É só que…

Cho se levantou e foi até ele. Estendeu a mão.

- Tudo bem, cara. Foi bom trabalhar com você. – e apertou a mão de Patrick.

Rigsby fez o mesmo. Van Pelt o abraçou.

- Você não percebe que a vingança não vai trazer ninguém de volta, Jane. – a ruiva dissera – E mesmo assim deixa de se preocupar com quem está bem aqui.

Lisbon apenas observou a cena, de braços cruzados, claramente furiosa.

Jane então virou-se para ela, com aquela cara de "sinto muito", e os dois ficaram frente a frente, se encarando por um tempo. Até que ele a abraçou, sem ser retribuído.

- Eu prometi que, não importa o que aconteça, eu estarei lá pra você. Essa promessa ainda é válida. – ele murmurou enquanto a abraçava. – Me desculpe, Teresa.

Então os olhos dela ficaram vermelhos, mas ela mantinha aquela expressão de durona, sem querer se entregar e dizer que sentiria falta de suas brincadeiras, de seu sorriso, que não sabia como seria o clima daquela unidade sem suas mágicas, seus truques, as apostas com Rigsby, ou mesmo que não tinha tanta certeza sobre o sucesso das próximas investigações. Acima de tudo, Lisbon não admitia que sentiria falta, pura e simplesmente, de Patrick Jane. E ele saiu do prédio da CBI naquela noite antes que ela conseguisse dizer isso.

Como viram, um início bem simples, mas potencialmente grande. Acreditem quando digo que muitas coisas vão acontecer graças a esse afastamento. A frase chave para o desenrolar dessa história é "Lar é onde o coração está".

Red John vai se divertir muito, podem acreditar.

Deixem sua opinião, por favor. E não deixem de ler também Red Ocean, plz.