Pássaros – Parte I

Eu era preso a uma gaiola chamada destino, sempre fora, até o dia em que um amigo me libertou de lá, abriu as portas para minha vida em liberdade. A partir daquele dia, sempre pensei estar assim, livre... Engano meu. Na verdade, sempre estive preso à vida, a vida em si era a enorme gaiola que me prendia, o cadeado era o mundo shinobi. Não podia fazer minhas próprias escolhas, eu devia seguir as regras que me impunham. Nunca fui livre.

A marca em minha testa era outra coisa que me prendia ao que eu era. Muitas coisas de meu interesse eram restritas a mim por causa de tal selo. Ah, que maravilha, não? Sempre acreditei que os pássaros sim eram livres. Poderiam voar para qualquer lugar, a qualquer hora, sem que ninguém os barrasse, sem que nada os impedisse.

Antigamente sempre treinei a visão contando os pássaros a minha volta. Sempre errei por um. Aparecia sempre um a mais. Era muito frustrante... Ficava desapontado comigo mesmo, foram poucas as vezes que me senti completamente orgulhoso de mim... Não fazia diferença se me chamavam de gênio... O que adiantava ser gênio para os outros se eu não me sentia capacitado para ser um? Era só mais um rótulo que não fazia tanta diferença.

Mas hoje... Foi a primeira vez que me senti livre, que senti orgulho do meu ser. Pude fazer a minha escolha, sem que nada nem ninguém me impedissem. Isso sim é liberdade. Pouco antes do escurecer total de minha visão, antes que eu apagasse, pude ver oito pássaros voando livres, mesmo com a guerra acontecendo. Finalmente contei todos os oito...

Foi o que pensei... Não eram oito, a partir daquele momento eram nove...