O olhar dele queimava-lhe a nuca, e ela sabia que não podia virar para trás apenas para vê-lo. Seria idiotice. Mas o que não era idiotice durante uma guerra? Virou-se do mesmo jeito. E, como esperava, ali estava ele. Os cabelos loiros platinados e olhos azuis cinzentos iluminados vez ou outra pelo fulminar de um feitiço que passava ao seu lado. Estava mais pálido do que o normal, e muito mais magro. Porém não deixava de ser forte. Os músculos definidos podiam ser vistos por detrás das roupas negras.

Aproximou-se, vendo que ele também estava se aproximando. Tocou sua face fria, que começava a ruborizar levemente. Um sorriso travesso apareceu nos lábios do rapaz.

- Há quanto tempo não me toca? – perguntou roucamente.

Hermione respirou fortemente, e colocou o rosto em seu peito, escutando as batidas suaves do coração que batia junto com o seu. "um, dois, três, quatro..." Por quanto tempo mais ele iria bater?

- Sabe que eu estarei aqui para sempre, não é? – Draco voltou a falar.

Ela apenas assentiu. Segurou sua nuca com força, e beijou-o. Havia tempos que não sentia os lábios do Ex-Sonserino junto aos seus, mas era como se nunca tivessem se separado. Uma lágrima caiu do olho da garota, que parecia pequena demais perto dele.

- Tempo. –ela sussurrou- Precisamos apenas de tempo.

As lágrimas caiam de seus olhos com ainda mais intensidade, e Draco sabia que de nada adiantaria secá-las.

- Não temos tempo, Hermione. Não mais.

- Algum dia tivemos?

- Temo que não.

E então se soltaram. Cada um para um lado. Cada face voltada para sua própria tristeza. Eles nunca mais se veriam. Não naquele estado. Nem mesmo com aquele propósito. Encontrar-se-iam novamente anos mais tarde. Quando Malfoy apareceria em sua casa com seu filho, esperando para conhecer a noiva do mesmo, que estaria esperando pacientemente dentro dos braços da mãe.

E nesse dia, os dois sorririam calados. E quando ninguém mais estivesse vendo, tocariam nas mãos um do outro, apenas para confirmarem que estavam ali. Olhariam dentro dos olhos castanhos ou cinzentos, e moveriam os lábios ao mesmo tempo: um, dois, três, quatro. Eles diriam sem nenhuma palavra.

Os dois nunca tiveram tempo.