Fogo sem fim
Mairen aprontava suas coisas para sair. Assobiava, cantava, conversava com os pássaros... certamente era a mais alegre da família Bauglir¹.
Já Moriel... era o completo contrário. Andava como se tudo fosse apreensão. Mirava o entusiasmo da irmã e balançava a cabeça, como se tudo aquilo fosse demais pra ele.
Ela, sem nem pensar nisso, virou-se para ele e disse:
- Bom dia, Moriel! Está sabendo, não é, que hoje é dia do papai e da mamãe saírem por aí pra trabalhar!
- Trabalhar... - repetia ele sem ânimo, como se debochasse. "Sei bem pro que eles vão sair!", pensou sem dizer.
- É, eles vão trabalhar! O papai tem de preparar a terra para o inverno que se aproxima. Imagine! Eles vão preparar a terra pro inverno e a mamãe vai ajudá-lo, pois pelo que me disseram ele sem a mamãe não consegue nada! Ela quem direciona a energia dele e...
- Já sei. Só tem um problema: ela redireciona a energia dele e faz "outras coisas" também!
Mairen fez que não ouviu e tomou uma guirlanda de flores para levar no tal trabalho. Já estavam todos - Mairen, Moriel e Meren - na frente de casa, apenas esperando a seus pais para iniciar a jornada. Mairen alegre e animada, Moriel taciturno e Meren... bem, Meren estava a fumar como sempre.
Não demorou muito para que Mairon e Melkor saíssem porta afora. Mairon estava em sua forma feminina, dando o braço para o companheiro. Ambos estavam vestindo roupas bastante formais, ataviadas e belas.
Mairen logo se pronunciou:
- Veja, Moriel! Não parecem tão importantes...?
O irmão mais velho sequer se comoveu.
- Importantes... só quem dorme no quarto ao lado do deles sabe como essa pose é falsa...
- Um casal tão digno! Ah, como eu os invejo, eles e a história tão sólida que construíram por todos esses anos!
- A sacanagem tão barulhenta que fez a fama deles na Arda toda como o casal que não dorme...
- Ah, não leve isso a mal! Eles apenas se entusiasmam! Mas isso não tira a parte bonita da história deles!
Moriel resolveu se calar. Não adiantava discutir com o entusiasmo sem fim da irmã. Ela depôs flores da guirlanda nos pés dos pais, num gesto de admiração, e ambos sorriram à filha. Foi Melkor quem quebrou o silêncio:
- Bem, acho que podemos ir.
Sendo assim, os cinco saíram e foram ao que deviam ir fazer. Com o tempo, como era de se esperar, Mairon e Melkor se distanciaram dos três filhos. O primogênito, é claro, foi o primeiro a notar.
- Lá se vão eles. Não vai acabar em coisa boa!
Mairen não perdeu a oportunidade e disse:
- Ou em coisa boa demais...
- Lá vem você!
Saltitando e sorrindo, a loira foi pegar mais flores a fim de fazer guirlandas. Já Meren... se distanciou para fumar.
No começo, até que Mairon e Melkor conseguiram desempenhar a função com eficiência. O vala agia com seu poder de entropia sobre todas as coisas e Mairon cuidava pra que ele não se descontrolasse. Sem aquele tipo de serviço, certamente tudo cresceria em demasia e sufocaria a tudo, sem mais poder florescer. Era necessário equilíbrio. Mas mal passaram um tempo assim e Melkor já se manifestou.
- Mairon.
- Sim?
- Sabe uma coisa na qual eu estava pensando e que não me deixa em paz?
- Qual?
- Chupar buceta.
O maia virou os olhos e suspirou.
- Só pensa nisso?!
- Não. De vez em quando penso em comer cu também.
Mais suspiros.
- Como pode?! Saímos pra trabalhar e me vem com essa!
- Vai deixar o seu maridinho com vontade...?
- Com vontade sim. Vamos trabalhar!
E assim foram. Mas no decorrer do caminho, Melkor não parava de insistir.
- Só um pouquinho, vai, Mairon...
- Não.
- Vai, enquanto ninguém tá olhando...
Aquela conversa, embora nada dissesse, mexia com o maia. Mesmo sem querer, começou a imaginar a Melkor lhe chupando no meio do mato, enquanto as folhas farfalhavam, o cheiro da relva subindo a seus narizes enquanto a língua dele trabalhava gostosamente em seus pontos de prazer...
- Tá. Mas só um pouco!
Primeiro Mairon olhou de um lado a outro. Viu que não tinha realmente ninguém, mas antes de iniciar a se despir já sentiu os braços de Melkor em torno de si, bem como sua boca habilidosa a já iniciar o serviço em seu pescoço e colo...
- Un, Melkor, espera um pouco!
- Você fazia na frente de toda a corte em Númenor, por que esse pudor repentino de te verem comigo aqui?
- Estamos em Valinor, é diferente!
O vala ignorou os apelos do consorte e continuou a beijar seu colo e pescoço, enquanto as mãos procuravam os peitos "dela", uma vez que estava em forma de mulher. Não tardou e Mairon conseguiu se desvencilhar dos braços ávidos do amante. Olhou de novo pra um lado e pra outro a fim de se certificar de que não haveria ninguém. Deitou-se na relva, tirou as roupas de baixo, suspendeu a saia e abriu as pernas, deixando a genitália toda exposta ao amante.
- Vá. Vá logo, antes que alguém venha.
- Mas nem um peitinho?
- Como assim? Não queria chupar buceta? Então, tá aí!
- Não seja tão racional até nessa hora, Mairon... vá, só um peitinho!
Já impaciente, o maia desfez a parte de cima do vestido e tirou os peitos pra fora.
- Anda. Estão aqui. Mas vá logo! Ainda temos trabalho a fazer.
Contrariando as expectativas do consorte, Melkor tomou aos peitos "dela" como se fossem duas frutas que saboreava e os chupou devagarzinho, como quem queria aproveitar ao máximo. No começo, Mairon até que se impacientou com toda aquela demora. Mas depois... ainda que estivesse só nos peitos, a língua do consorte era tão habilidosa, que "ela" passou a se render ao prazer afinal.
- Ah...!
Sentiu-se ficar molhada lá embaixo, bem como uma contração gostosa e involuntária de prazer. Sentindo o tesão da esposa no ar, o vala foi até o grelo dela, o qual já estava bem duro, e o esfregou em movimentos circulares uma, duas, três vezes...
- Ah!
Os quadris dela passaram a ondear contra os dedos dele, os quais se melecavam cada vez mais com a seiva lubrificante dela. Os lábios dele foram em direção ao ouvido dela, e sussurraram:
- Quer mais?
- Quero!
- Quer gozar na minha boca, vagabunda?
- Quero...! Ah, Melkor...!
O vala sorriu. Retirou os dedos da genitália dela e foi com a boca até lá, chupando e lambendo primeiro as coxas, depois a virilha, depois os grandes lábios e enfim... sua língua e sua boca tomaram ardorosamente ao clitóris pulsante que se apresentava diante de si.
- Ah... AH!
Mairon ondeou os quadris outra vez, dessa vez contra a boca do parceiro, e foi como imaginara antes: o cheiro de mato, o toque da grama embaixo de si, a língua deliciosa do amado a percorrer seus pontos de prazer. As contrações não tardaram a vir, enquanto os dedos dele escorregaram para dentro dela, tocando-a diversas vezes no ponto de prazer interno.
- Melkor... Melkor... isso!
Mairon já nem ligava se alguém ia aparecer. E de fato, não muito longe dali, lá estavam Moriel e Mairen colhendo flores... a loira saltitante e alegre como sempre, mas Moriel, como sempre atento, ouviu aqueles gemidos...
"De novo", pensou ele. "Não resistiram e estão fazendo - de novo!"
Tentou bloquear a mente para não se estressar, mas ouvia de qualquer forma. Decidiu se afastar. Quando Mairen ia a ele para perguntar o que era, ele disse:
- Estou indisposto, vou voltar mais cedo.
Ela sorriu, sabendo por que ele voltava.
- Espere por mim! Volto com você, mas só se me deixar pegar mais flores no meio do caminho!
Enquanto isso, a língua ágil e ao mesmo tempo carinhosa de Melkor dançava exemplarmente no montinho de carne que a consorte tinha no meio das pernas, fazendo com que sua voz cantasse de prazer. O maia estava quase atingindo o êxtase, apertando os próprios peitos com as mãos, roçando o grelo pulsante na língua do amante, quando o viu parar com tudo e direcionar as mãos para as suas calças a fim de tirar o membro pra fora.
- Não!
- Por que não, Mairon?
- Porque a gente combinou de chupar, não de meter!
- E qual a diferença? Se viram alguma coisa, já viram sacanagem o suficiente!
- Você é fogo! Fala que vai fazer uma coisa só pra me excitar a ponto de fazer outra! Não, Melkor, nem devíamos ter começado!
- Mas Mairon...
- Temos serviço a fazer! Se fosse por você, somente fazíamos isso! Vamos Melkor, tem de me ouvir ou só faz bobagem!
Foi a vez de o vala virar os olhos.
- Pois se não posso meter, também não vou te fazer gozar!
- Não faça então!
Melkor se irritou com a frieza de Mairon, o qual apesar de estar às raias de um orgasmo, conseguia interromper tudo, se recompor com as roupas como estava fazendo e simplesmente ir embora, deixando-o de pau duro.
- Você vai ver, Mairon - dizia Melkor, enquanto eles andavam já recompostos pelas matas em busca de outros lugares para lançar energia entrópica - Quando chegarmos em casa, vou te foder tanto que você nem vai conseguir levantar da cama depois!
O maia tentava ignorar, mas a tensão de não ter sido completamente satisfeito não o deixava. Sentia-se apreensivo e cada respiração de Melkor atrás de si o excitava grandemente.
Com efeito, quando chegaram em casa mais tarde, a expressão de ambos era tão afoita e tão "não satisfeita", que Moriel olhou e pensou que eles não haviam terminado o serviço na mata. E agora iam querer terminar. Por isso, foi até a porta e saiu o mais rápido que pôde.
- Onde vai, filho? - perguntou Mairon, ao vê-lo sair com tanta pressa.
- Pra casa de Lossiel. Mairen também já foi com suas guirlandas ver Maedhros, então eu também posso, não?
- Claro que pode. Mas assim, com tanta pressa?
Moriel saiu tão depressa que nem escutou essa última indagação vinda da mãe. Mas assim que os olhares de Mairon e Melkor se cruzaram, eles passaram a se beijar ardorosamente.
- Hun... Melkor...! Será que Moriel finalmente vai largar a frescura, e ele e Lossiel vão...?
- Eles eu não sei - arfava Melkor entre um beijo e outro - Mas nós... com certeza!
Sorrindo, ambos arrancaram a roupa correndo - deixando-a pelos corredores mesmo, sem querer saber se mais tarde alguém ia entrar e ver tudo esparramado. E rumaram direto pra cama, loucos de tesão e de vontade um do outro.
To be continued
OoOoOoOoOoOoO
¹Como um dos codinomes de Melkor era Bauglir, esse acabou ficando sendo o sobrenome da família nas minhas fics e nos RPGs do face.
Rsssss, mais um smut! Eita casal que não se aguenta sem... em breve atualizo!
Beijos a todos e todas!
