Título do Fanfic : Mais do que Palavras : Guarde um Tempo para Viver .

Autores : Lexas(joaotjr@hotmail.com) & Joana Darc((fernanda_lobo@hotmail.com)

Resenha :

Amor, dor, paixão, alegria . A diferença entre ambas é muito tênue ,
mas os resultados gerados pelos rumos seguidos são fatais .
Não há nada que o tempo não cure, não há ferida que o tempo não sare
.. Não há criança que o tempo não torne adulto, não há adulto que o tempo não torne sábio .
Um novo ano . Um novo começo . Velhos alunos, novas formas de ver o
mundo, sentimentos escondidos revelados, outros ocultos, descobertos
.. Um novo período de emoção, suspense e descobertas .
A grande arvore leva dez anos para germinar, dez anos para crescer e
ser considerada como arvore, dez anos para se tornar grande, e a
vida toda crescendo ... até mesmo a maior delas já fora uma simples
semente, moldada pelas experiências da vida .


Oi, aqui quem fala é o Lexas e a Joana Darc (antiga Nanda) . Não sei se
avisamos, acho que sim, mas este fanfic é a continuação direta de "O
Poder Versus a Astúcia : Quando Corvos e Leões Se Enfrentam".
Novamente Estamos de volta a Hogwarts, para mais um ano letivo de
.... confusões ? Isso é pouco comparado ao que está por vir, pois
desta vez Yoh, o ex-desconhecido que conseguiu a façanha de quebrar
o jejum da Corvinal, depois de anos e anos ... mas ao contrário do
ano anterior, ele - e muitos outros que sequer esperavam passar por
uma vida de reviravoltas - está para sentir na pele o que é ver seu
mundo e tudo o que construiu ameaçar ruir de uma hora pra outra,
fruto unicamente de suas próprias decisões .
E, quando menos espera, a morte bate na porta de todos, mostrando
que estava mais próxima do que imaginava, pegando desprevinida uma pessoa cujo verdadeiro valor só se deram conta quando a vida da mesma chegou ao fim .
Novas aventuras . Novas confusões . Um novo estilo de Quadribol ...
e os hormônios da galera à toda !!!

Nota : Contém um pouco de Lemon(só pra dar um gostinho mesmo, depois
não diga que não avisamos ^___^) !!!


"Vejo em fim

Vejo em fim a luz
da vida , em um
beijo sem malicia;

Vejo em fim , os
amigos que sempre
estiveram ao meu
lado e aqueles que
acabaram de chegar;

Vejo em fim , um pedaço
de mim , dentro de tudo
aquilo que conquistei;

Vejo em fim , o amor que
tive , o amor que senti , o
amor que sonhei;

Vejo em fim , jovens sonhos,
jovens esperanças , nobres
palavras , para tão jovens corações;


Vejo em fim , mais do que "Poder Versus a Astúcia",
Agora sinto que é "Mais do que palavras: Guarde um tempo
para viver";

Você jamais esquecerá e verá em fim , que com o tempo
os jovens corações amadurecem , mais nunca perdem o
encanto."

Preludio : Amigos, quando morrem, morrem juntos

- Então, você veio atrás de mim ... realmente, é digno de louvores . Meus parabéns .

- Parabéns ? É tudo o que tem a me dizer ?

- Alegre-se, meu amigo . Homens melhores do que você falharam onde você teve êxito . Por isso digo parabéns . Até mesmo uma pessoa do seu nível teria dificuldades para me localizar . Mas na verdade , o que mais me surpreende foi como você foi capaz de fazer a ligação . Como deduziu que eu era o autor de tudo isso ?

- Foi difícil, velho amigo . Muito difícil . Os eventos, as tramas, os acontecimentos ... Foi mais difícil ligar tudo a você do que encontrá-lo .

- Imaginei isso . Essa sua geração de sangue-ruins não seria capaz de encontrar um de nós nem que o estivéssemos diante deles .

- Pode ser ... mas foi esse mesmo o ponto de partida que eu tive .

- Realmente ... mas você tem que admitir que é uma obra de arte, não concorda ? - o mesmo erguia a sobrancelha - até mesmo um inculto como você tem que admitir isso .

- Obra ... de arte ? - ele fechava ainda mais o semblante - seu monstro ! Chama um genocídio de "obra de arte" ? Não, aquilo foi um extermínio, um verdadeiro expurgo que não quer terminar, e tudo por sua causa !

- E dai ?

- Como "e dai " ? Para com isso, e já !

- Não .

- Não ?!?!?!?

- Não . Não o farei . Esta bem melhor do jeito que está .

- Melhor ? O que deu em você, afinal de contas ? Chama isso de "arte" ? Você nunca foi assim ! Nunca foi ! Sua revolta geralmente se manifestava em forma de passeatas, demonstrações publicar para assustar as pessoas, debates e mais debates com outras pessoas ... mas, assassinato ? Genocídio ? Você nunca foi assim ... nunca imaginei que chegaria a tal ponto .

- Mesmo ? Pois foi o que eu fiz . Surpreso ?

- Sim . Eu nunca acreditei que você chegaria a tal ponto . Ninguém acreditava . Nem mesmo Helga .

- Hunf .A tola acha que tem o direito de opinar . Será que mesmo depois de anos ela não percebeu que apenas usufruía de nossa caridade ?

- Mesmo que isso fosse verdade, forte ou fraca, todos tem seu valor .

- E o dela deveria ser bem baixo, não acha ? Francamente ... eu me pergunto onde estava com a cabeça quando aceitei a oferta de vocês, espera ... lembrei, a idéia foi sua ! "Vamos nos unir para impedir nosso extermínio", não foi o que você disse ? Lembro-me que eu havia tomado algumas doses de rum-de-ourest na ocasião ... Rowena estava linda como nunca, aliás ... depois daquela bebida, acho que até um trasgo era lindo !

- Não fui eu quem tive um feudo devastado ...

- Cale-se ! Aqueles trouxas invadiram meu território e assassinaram brutalmente todos os meus servos ... meus familiares ... meus protegidos ... meus alunos ...

- Correto . Lembro-me de que você estava muito abalado, pois sua "escola" havia sido dizimada ... mas eu nunca achei que mesmo depois de anos você ainda mantivesse um ódio assim, digo ... um ódio de tamanha magnitude !

- Sabe o que eu nunca entendi em todos esses anos ? Helga . Ela tinha que me apoiar . Devia . Teve o marido morto por trouxas, e ainda assim ...

- Trouxas não matam bruxos daquela forma ....

- Diga o que quiser, acredite no que quiser, mas esses anos todos ela se enganou, inventando mentiras para si mesma, mas ela sabia da verdade . Claro, lembro-me que em nossa enorme caridade nós a acolhemos em nosso seio, para que, se não tivesse seus herdeiros, pelo menos tivesse alguém para passar seu conhecimento . Como resultado, temos um galho fraco, um grupo de magos patéticos .

- Acha mesmo isso ? Não me lembro de termos nos unido para dominar o mundo, mas para garantir nossa sobrevivência, e isso inclui nossa cultura, nossos valores, tudo o que mais amamos e representamos . E sinceramente, acho que ela foi a mais bem sucedida de todos nesse quesito . Temos poder, velho amigo . Muito poder . Mas isto um dia acaba . Conhecimento não, ele passa de geração em geração . Nosso poder um dia irá se esvair assim como a centelha de nossas vidas, e os que vierem depois de nós terão que conseguir os seus próprios . Já o conhecimento, eles poderão continuar de onde paramos e progredirem infinitamente . Realmente, conhecimento É poder .

- Aonde quer chegar com isso ?

- Me conhecem como o frio e corajoso, e você, como o fanático por poder e disposto a utilizar todos os meios para vencer ... mas no fim, nossa cultura será preservada pelos livres de espirito, os companheiros, maduros e alegres .

- Refere-se aos alunos de Helga ? São um bando de tolos ...

- Isso segundo a sua opinião ... certo, muitos dos meus alunos também pensam assim, mas ... fazer o que , não é mesmo ? Cada um tem seu jeito de ver as coisas, de resolver os problemas . Cada um escolhe seu caminho, você escolheu o seu, eu escolhi o meu . Só por que você não seguiu o caminho que todos nós idealizamos juntos, não quer dizer que não tenha tomado sua decisão .

- Eu gostaria de saber por que você está perdendo seu tempo falando isso, mediante a situação

- Não sei . Talvez por que esteja com vontade de desabafar, talvez por que esteja querendo uma justificativa para ir contra meu coração e matar um amigo ... realmente não sei, meu caro .

- Me ... matar ? - ele dava uma risada, a qual ecoava pelos corredores do castelo - você ?

- Sim . Vim até aqui para te matar . Eu realmente lamento ter que fazer isso, do fundo do meu coração, mas você não me deixa escolha . A não ser, claro ...

- "A não ser" , o que ?

- Desfaça a maldição . Só te peço isso .

- Assim, simplesmente ?

- Sim . Só isso . Tenho fama de guerreiro, mas no fundo, vou lamentar muito ter que te ferir . Desfaça a maldição que você rogou sobre o mundo, e eu partirei . Se alguém perguntar, inventarei qualquer desculpa que tire sua culpa, mas só peço que desfaça o que fez .

Um silêncio enorme toma o local . O mesmo aguardava em silêncio a resposta . Por mais que duvidasse que aquilo funcionasse, dentro de si queria que tal coisa desse certo, que ele aceitasse sua oferta .

- Amigo ... essa é a maior de suas piadas ! Como pretende me derrotar ? Como pretende me matar ? Percebe seu estado ? Seus ferimentos ? Por isso digo que é digno de louvores, entrou em minhas terras, enfrentou todas as criaturas que a protegem ... minhas hidras, minhas harpias, meus cães infernais, meus dragões ... atravessou minha floresta, a qual estava totalmente tomada de espécies mortais de plantas, algumas tóxicas, outras carnívoras ... adentrou em meu castelo, aonde teve o desprazer de encontrar meus ogros, meus golens, meus cavaleiros fantasmas e meus espectros ... e sobreviveu . Mas seu estado atual é deprimente, meu caro . Eu nem mesmo estou com vontade de te fazer qualquer coisa, pois seria realmente uma pena levando em conta sua bravura . Prefiro deixá-lo viver para saber que um dia foi capaz de chegar tão longe !

- Eu disse que ... vim ... para ... matá-lo .

- Você está esgotado . Seu corpo está tomado por um sangramento fatal . Partes de seus órgãos ficaram pelo caminho . Um de seus olhos fora perfurado, seu melhor braço está inutilizado, você está arfando pesadamente , está cansado demais para executar um simples "Lumos" ... como pretende me matar ?

- Não vim .... sozinho ....

- Helga te acompanhou ? Diga-me, perdeu mais tempo vindo até aqui, ou livrando-a das minhas defesas ?

- Não a subestime ... apesar de ter uma aparência calma e serena, Helga é muito mais do que você imagina .

- Mesmo ? Bem, e onde ela está ? Viva, por acaso ?

- Eu a enviei para um lugar seguro ... não queria que ela visse o que iríamos fazer .

- Sua única chance ... a única chance em toda a existência que aquela tola teve de ser útil, e você a desperdiça ?

- Não a chame de ... tola . Helga é especial . Ao contrário de nós, ela sempre desejou a paz . Eu sempre fui o valente, você o ambicioso, Rowena a sábia, e ela, a justa . Mais do que qualquer um, Helga abominava a violência .

- Uma tola . Ser pacifica com os trouxas não salvou seu marido . Ela acha que ser caridosa com os trouxas daria resultados, e veja o que houve com seu marido .

- Você não é melhor do que os que fizeram isso para dizer tal coisa, meu caro - ele gesticulava os dedos e um fio de luz surgia, tomando uma forma pontiaguda a qual crescia e se encaixava na mão dele, até que estava formada uma ...

- Espada ? Pretende me matar com uma ... espada ? Ora, não me faça rir !

- Não ... e eu também não sou melhor do que você . Pois eu cometi um crime, fiz uma pacifista criar uma arma de guerra .

- Ah, então quer dizer que Helga forjou tal instrumento de morte ? Curioso, eu realmente estou impressionado, não achei que ela se interessasse por tal coisa . Diga-me ... como a convenceu ? Usou sua ladainha de sempre de "o bem versus o mal" ?

- Usei sim - ele arregalou os olhos diante da sinceridade daquele que outrora fora um de seus melhores amigos - e não é verdade ? Afinal, se o mal realmente existe, ele habita no coração do homem ... no meu, no seu ... você rogou uma maldição que atingiu todo o velho mundo, meu amigo . Pessoas estão morrendo em todos os cantos, e isso tem que parar . Perdão - ele ergue a espada e corre na direção do mesmo .

Ele não acreditava naquilo . Simplesmente não acreditava . Não era possível que ele fosse tão tolo a ponto de achar que poderia vencê-lo com uma simples espada, ainda mais uma arma criada por uma tola pacifista .

- Você foi o único bruxo que eu realmente respeitei, Godric . O único . Pena que nossos interesses nos coloquem em lados opostos - ele falava, enquanto apontava sua varinha para o mesmo .

- Eu também lamento, Salazar - Godric corria em sua direção, com a arma em punho - eu realmente lamento . Sempre tivemos nossas desavenças, mas possuíamos um ideal em comum . É uma pena . Realmente, isso é uma pena .

- Concordo . E adeus . REDUCTO ! - ele lança seu feitiço contra a arma de Godric, fazendo-a balançar - eu realmente não sinto o menor prazer em fazer isso , farei que seja o mais rápido possível ... AVADA KEDAVRA !!!!!!!

As palavras corriam livremente, enquanto lágrimas desciam pelos olhos de Salazar . Estava matando não um inimigo, mas uma parte de si mesmo, havia atacado um daqueles que fora seu amigo em outras épocas .

Amigo ... ele poderia se considerar um amigo ? Teria prazer em dividir com seu amigo os frutos de seus atos, mas o mesmo ... jamais . Nunca permitiria, tal coisa era inconcebível para ele . Juntos, criaram um local aonde gerações futuras teriam a chance de aprenderem as artes da magia em paz, sem o medo de serem caçados pelos trouxas ... mas ele sabia que tal coisa não era suficiente . Os trouxas, em sua ignorância, os perseguiriam até o fim dos tempos . Caçariam cada um dos seus, como fizeram anteriormente . Ele sofreu . Helga também . Seria preciso Rowena e Godric sofrerem o mesmo para compreender tal coisa ?

Não, Rowena não ... tudo , mesmo ela . Não iria permitir que a mesma sofresse por ele, que passasse pelo mesmo ao qual ele fora submetido ... nunca ! E se para tanto precisasse exterminar cada trouxa da face da terra ... que seja .

O mesmo dava as costas para o cadáver de Godric, imaginando o que viria depois daquilo . Não havia nenhum outro bruxo a altura do desafio, tampouco tinha convicções de que Helga fosse capaz de algo, embora cogitasse a hipótese dela vir atrás dele .

CLINC !!!!

- Hmmm ? - ele se vira, contemplando o cadáver de Godric se erguendo, apoiado na arma e ... e ... - O QUE ?!?!?!?!?

- Isso só serviu para me jogar no chão, Salazar - e continuava correndo .

- Mas ... AVADA KEDAVRA !!!!! - O ataque de Salazar atingia Godric, mas o mesmo continuava avançando - ENGORGIO !!! EXPELLIARMUS !!! AVIS !!! - Salazar mal conseguia acreditar, suas magias atingiam Godric, mas o mesmo continuava avançando e ... e ... se aproximando e .. e ...- MALDITO ! VOCÊ É UM MALDITO, GODRIC ! AMIGO OU NÃO, NÃO PERMITIREI QUE ME DETENHA, NÃO DEPOIS DE EU TER CHEGADO TÃO LONGE ! AVADA KEDAVRA !AVADA KEDAVRA ! AVADA KEDAVRA ! AVADA KEDAVRA ! AVADA KEDAVRA ! AVADA KEDAVRA ! AVADA ...

- Adeus, Salazar - o mesmo pouco pode fazer quando a lâmina da arma de Godric atinge seu braço direito, decepando-o e arremessando-o para longe ; em seguida, Godric faz um giro com o corpo e completa com um corte lateral na barriga de Salazar, fazendo o mesmo gritar tamanha é a dor de ter suas entranhas expostas, caindo de joelhos em seguida .

Godric para, observando-o . Era uma cena deplorável, algo do qual não gostaria de lembrar . E não o faria .

- Como ? - Salazar resumia suas palavras a uma pergunta, enquanto estava com a cabeça abaixada - como é possível ?

- A mais poderosa de nós te derrotou, Salazar . Tanto eu, você, Rowena e Helga sempre fomos poderosos, na verdade, equivalentes . Mas eu e você tínhamos nossa fama, essa era a principal diferença . Ninguém nunca deu nada por Helga, e veja só, a mesma derrotou o maior bruxo negro da história .

- Bruxo ... negro ?

- Sim . É como muitos estão te chamando, e alguns dos seus seguidores também . Essa espada é um presente de Helga para mim, como eu já havia dito . Na verdade, a idéia original seria dá-la a trouxas como defesa contra bruxos, por motivos óbvios .

- Louca ... argh ... depois de tudo, ela ainda quer dar uma vantagem dessas a eles ? Foi tal arma que te salvou, não é ? O Reducto deveria tê-la destruído, e o Avada Kedavra, matado-o .

- Essa espada pode bloquear qualquer magia, Salazar . Ou melhor, anular .Magia, maldição, azararão ... qualquer coisa . E quanto a dar vantagens para os trouxas ... por acaso não demos a eles motivos para tanto ? A peste que você rogou sobre a Europa, ela não é motivo para tanto ?

- Realmente a tola se superou . Uma arma de ataque com um poder de defesa ... isso sim foi surpreendente . Nada mal para uma pacifista . Nada mal, mesmo .

- Eu cometi um crime ao fazer tal mulher forjar tal arma ... desrespeitei seu espirito por completo, mesmo tendo motivos para tanto . Adeus, Salazar .

- Vá em frente - ele cuspia uma grande quantidade de sangue - sinceramente, estou um pouco feliz que tenha sido você, meu amigo . Cada um sempre teve seus sonhos, e sempre desejamos que os sonhos das pessoas mais queridas para nós se realizasse . Se vou morrer, então ao menos é bom saber que seus sonhos se realizaram ... blarg .... cuide de .. Rowena, por favor .

- Salazar ...

- Não me venha com sentimentalismo, Godric ! Não agora ! Minha morte anulará a maldição, não tenha dúvidas ! - ele fechava os olhos, pronto para aceitar o destino inevitável .

- Adeus, velho amigo - Godric erguia sua espada, preparando-se para dar um desfecho a tudo aquilo . Salazar continuava de olhos fechados, pronto para receber sua punição, quando sente algo por cima dela . Na verdade, uma força enorme o segurava, como se quisesse espremê-lo até o fim de sua vida . - Rowena ?

- Rowena ? - Salazar abria seus olhos, bem a tempo de ver os olhos daquela bela mulher e sentir os braços calorosos dela apertarem seu corpo ferido . - Saia daqui, Rowena ! Já está acabado, tenho que ir até o fim !

- Não ... Salazar, querido ... eu ... eu irei até o fim com você ...

- Pare de dizer besteiras ! Tem idéia do que está em jogo ? Eu devo morrer, Rowena . É o meu destino .

- Então eu irei com você, Salazar ! - Ela gritava, encarando Godric - por que eu sou a maior culpada de tudo isso , de sua ruína !

- Minha ... ruína ?

- Conte, Godric . Conte para ele quem fez isso ... quem te revelou o verdadeiro responsável por esse expurgo ... que te contou como chegar até aqui e o tipo de perigos que iria encontrar ... vamos, conte - ela encarava o amigo, o qual perdia suas forças .

- Você ... você fez isso, Rowena ? Mas ... mas ... por que ?

- Salazar, querido ... eu ... eu te traí ! Não espero receber seu perdão, mas ... eu tinha que fazer isso !

- Por que, Rowena ?

- Eu nunca fui tão determinada como você, a ponto de dar sua vida para seguir com seus propósitos ... mas eu não podia ficar parada, dividida entre o seu amor e todas aquelas pessoas morrendo - um silêncio enorme tomava o local, enquanto as lágrimas dela caiam por cima de Salazar - eu ... eu queria que houvesse uma alternativa, Salazar ...

- Por que ... por que não me contou ? Eu a teria ouvido e ...

- Como ? Eu não estaria sendo fiel a você , desviando-o de seus objetivos, de seu maior desejo ! Mas acabei traindo-o do mesmo jeito, eu não queria isso, eu não queria ... - ela estava soluçando, enquanto Godric já havia abaixado sua espada - eu não tenho a sua frieza ou a coragem de Godric ... tampouco a calma e a mansidão de Helga, eu ... eu só queria que isso tivesse um fim .

- Rowena - Salazar movia seu braço ao redor do pescoço dela - eu ...

- Perdão, Salazar . PERDÃO ! Eu devia ter estado ao seu lado , eu não devia tê-lo traído, eu ... eu ...

- Tudo bem - com o seu único braço inteiro, ele pegava uma lágrima que escorria dos olhos de Rowena - eu te perdôo, minha amada . Me desculpe, devia ter considerado essa parte quando comecei com meu plano . A culpa não foi sua, em verdade ela foi minha, pois não considerei que se você estaria ao meu lado, passaria por tudo o que eu iria passar . Não considerei seu espirito, como você se sentiria . Eu é que peço perdão .

- Salazar ... - ela olhava para Godric - amigo ...

- Faça, Godric . Vamos . Rowena, saia daqui, por favor .

- NÃO ! Se ele te matar, quero morrer junto com você !

- Rowena ! - Godric gritava, espantando com a declaração dela - eu não vou te matar, entendeu ?

- Então eu me mato em seguida ! Não vou suportar isso, não quero outra vida que não seja ao seu lado, meu amado !

- Minha amada ... por acaso eu realmente sou merecedor de todas as tuas lágrimas ? Me pergunto a cada momento , a cada instante que passo ao teu lado se a resposta é sim .

- Já tens suas resposta, desde o dia em que te vi pela primeira vez, desde o momento em que descobri que você era meu e que eu te pertencia, desde o instante em que nos declaramos e assumimos o que sentíamos, deixando de lado nossos medos, nossas ambições, meu amado .

- Rowena ....

- Salazar ...

- Vou te amar por toda a minha vida, minha amada .

- Vou te amar por toda a minha vida, meu amado ... - ela o abraçava com força, encostando sua cabeça no peito dele, ao passo que ele a segurava com mais força .

- Vá, Godric . Faça o que tem que fazer .

- Isso não é certo ... não é ! Estão me obrigando a matar dois amigos para .. para ...

- Você não tem escolha - falava Rowena - nenhuma . É o único caminho que você tem a seguir, velho amigo . Não se preocupe, fico feliz por partir com meu amado .

- Não é você que escolhe quem serão os seus alunos, os valentes, frios e corajosos ? Pois bem, dê o exemplo .

- Não tema . Não importa para onde iremos, pois enquanto tivermos um ao outro, estaremos bem .

- É isso mesmo que você quer, Rowena ? - perguntava Salazar .

- Eu o acompanharia até o inferno - os lábios de ambos se tocavam como em todas as outras vezes, uma paixão contagiante tomando conta deles, a qual os unia até os fim dos tempos .

- Salazar - A voz de Rowena sumia em meio a um grito .

- Rowena - a surpresa de Salazar ao sentir o corpo desvaido de sua amada, enquanto uma lâmina perfurava seu coração, pouco antes de cair .

Estava feito . Acabado .

O mesmo retira sua lâmina dos corpos de ambos, enquanto lágrimas corriam pelos seus olhos. Uma tristeza enorme o tomava . Havia uma alegria, isso era verdade, mas a tristeza era maior .

Havia feito o que tinha que fazer . O velho mundo estava a salvo, e os trouxas também .

Mas isso não era reconfortante . Ainda sentia todo aquele peso no coração, toda aquela dor, todo o desespero .

Não demora muito, e o mesmo cai de joelhos, só não se ferindo mais ainda por se apoiar na arma .

- Acho que ... é o fim - e tombava, caindo .

Estava no fim de suas forças . Atravessou labirintos, castelos, enfrentou criaturas poderosas ... e o pior, seu corpo sofreu ferimentos terríveis . Mordidas, mutilações, queimaduras, envenenamentos ...

Sua hora estava chegando, a única coisa que o manteve de pé fora o enorme desejo de por um basta aos planos de seu amigo, e nada mais .

- Godric - aquela doce voz adentrava em seus ouvidos, a qual soava como música para ele .

- Helga ... você veio, então . Eu pedi ...

- Não podia deixá-lo para morrer aqui, meu amigo . Tinha que vir aqui para ajudá-lo e reparar meu erro .

- A culpa não é sua, Helga . Nunca foi, você não é responsável por isso .

- Se pessoas boas não fazem nada, isso em si já é um grande mal .

- Você tem razão ... mas agora é tarde ... meu corpo apodrece a cada instante que se passa ... nem mesmo sua cura pode me salvar ... Salazar, Rowena ... perdão, meus amigos ... eu estou indo ... ao encontro ... de ... voc...

Helga se abaixou, verificando o estado de seu amigo . Morto . Seus ferimentos eram gravíssimos, e mesmo que ela conseguisse curá-lo por completo, ele morreria de desgosto .

A mesma se coloca de joelhos no chão e, unido as mãos, começa a rezar .

Contam as lendas que, anos mais tarde, quando outros bruxos conseguiram adentrar nas ruínas daquela que fora a fortaleza de um dos maiores bruxos que já existiram, encontraram Helga ali, ainda rezando . Os mesmos tentaram de tudo para tirá-la de lá, mas ela , impassível, apenas rezava incansavelmente . Décadas depois, uma densa floresta cobria aquele local, ao passo que novas gerações de bruxos surgiam, seguindo o sonho daquelas quatro pessoas . Tais gerações tinham a chance de aprender os mistérios da magia, de passar seu conhecimento para a geração futura em um lugar no qual não precisassem temer serem caçados como animais . Séculos se passaram, e tal local ainda estava de pé, recebendo cada vez mais novos alunos a cada ano, mantendo vivo o sonho que, em um passado distante, quatro pessoas tiveram . Pessoas iam e voltavam, famílias inteiras entravam ali, bruxos e bruxas ligadas pelos séculos adentravam naquele local, histórias se formavam e desapareciam através dos tempos .

No entanto, mesmo depois de tantos séculos, uma história ainda se mantinha . Seu conhecimento era muito, mas muito restrito, praticamente uma lenda para os poucos que a conheciam, mas amplamente conhecida pelos fantasmas que habitavam aquela escola . Era a história de que, em algum lugar longe dali, em um local que já fora uma fortaleza invencível, uma bela dama rezava incessantemente, velando pelas almas de seus amigos para que os mesmos descansassem em paz .