Naruto pertence a Masashi Kishimoto.
Otowa Nekozawa me deu Apple Lady de presente, e desde então tenho pensado em algo para retribuir aquela coisa bonita. Essa aqui é toda sua, moça!
~ Rubro-Chá
Prólogo
Londres, 1853.
Era uma noite agradável, de um céu limpo e coalhado de estrelas, e a alta roda da corte britânica reunia-se num dos eventos mais apreciados da temporada social de verão. Era certo que as festas promovidas em Juuken, a suntuosa mansão do Conde Hyuuga, eram capazes de arrancar comentários até mesmo do mais austero cavalheiro.
É claro, Neji Hyuuga, o quinto Conde Hyuuga, era a personificação da austeridade. Embora ainda fosse jovem, era bem-sucedido e exalava a impressão de que tudo o que tocava virava ouro. Seu mais atual e muitíssimo bem comentado negócio era a produção do que se tornara o chá mais consumido entre a nobreza, o Sunset-Winter, Pôr-do-sol de Inverno. Ninguém sabia o segredo de bebida tão magnificamente aromatizada, ou a fonte de sua inspiração, mas o certo era que se tornara, com sutileza e rigor, parte da tão cultuada tradição.
Horas antes, a figura imponente do conde poderia ser vista movimentando-se pelo salão de bailes amplo e ricamente decorado, com seu piso de mármore bem polido, cortinas de veludo e luminárias chinesas. Com sua natural superioridade, deslizava entre os convidados, engendrando uma conversa aqui e ali. Agora, como já era de praxe, ausentara-se da festa sem despedir-se e deixara a cargo de sua bela esposa fazer as honras da casa.
A Condessa Hyuuga era uma mulher que sabia fazer-se admirável. Comandava a criadagem com notável elegância e sempre com a mesma cortesia a qual tratava seus convidados. Dona de uma beleza sem par, despertava certa inveja nas mimadas raparigas aristocratas e mesmo nas velhas matreiras ornadas de pedrarias espetaculares.
Certamente, era um casal apreciado e bem-sucedido, envolvido em elegante mistério.
A orquestra começava a tocar uma peça animada e Lady Hyuuga aproveitara a distração de seus convidados para escapulir a um canto sossegado. Suspirava distraída e sequer notou a aproximação de um certo cavalheiro.
- Cansada, milady?
Levantou a cabeça ante a voz profunda e deparou-se com um homem elegante e tão austero quanto seu marido. Endereçou-lhe um sorriso miúdo.
- Mister Sabaku! Pensei que já houvesse ido embora – disse ao homem de frios olhos verdes, tão contrário ao que seu sobrenome insinuava, ou simplesmente tão seco e gelado quanto as noites no deserto.
- Fui tomar um pouco de ar.
Havia um quê de cumplicidade no olhar dos dois que poucos deixariam escapar, tomando como uma forte amizade ou uma descarada relação extraconjugal. Entretanto, se alguém havia notado, não teve tempo de pensar a respeito. Um grito estridente de puro pavor ecoou no salão, chamando a atenção de todos. Instantes mais tarde, uma das criadas corria esbaforida em direção a Lady Hyuuga e seu acompanhante, gritando "milorde está...! milorde está...!" e, enfim, desfaleceu nos braços do cavalheiro de olhos verdes.
Este apoiou a moça numa das cadeiras e lançou um olhar à condessa.
- Fique aqui, Hinata – murmurou.
- Não, Gaara – ela disse com uma intensidade que o surpreendeu. – Eu vou com você.
Sob os olhos atentos dos nobres e novos ricos que preenchiam o salão, os dois correram na mesma direção em que veio a criada. Um sentimento de apreensão apertava o estômago de Hinata, que forçava suas pernas a acompanharem Gaara. Estava temerosa quanto ao que encontraria. Percebendo o nervosismo da condessa, Gaara agarrou-lhe o braço e a parou com brusquidão ao meio aos degraus da escada.
- Não sei o que iremos encontrar, milady. Por isso, sugiro que fique aqui.
- Por favor, Gaara. Leve-me junto.
O outro aquiesceu, contrariado, e manteve o agarre em seu braço, ajudando-a a subir os degraus de carvalho bem polido. Hinata agarrou as saias de seu vestido e orou com todas as forças para que fosse apenas uma histeria momentânea e infundada da empregada.
No entanto, quando irromperam pelo quarto que sabiam ser ocupado por Lord Hyuuga, presenciaram a mais grotesca das cenas.
Nu, entre os lençóis de seda da cama de dossel e iluminado pela chama das velas, jazia o corpo de Neji Hyuuga, o jovem conde tão apreciado e misterioso, que transformava em ouro tudo o que tocava.
Hinata olhou para o corpo ensaguentado de seu marido e, por um instante, sentiu como se não estivesse ali. Sentiu como se admirasse uma cena dantesca pintada a óleo, como aqueles desenhos que Gaara esboçava por mera diversão ou tédio. Esticou o braço, no intuito de tocar o belo rosto de Lord Hyuuga, forçando suas pernas a se moverem, mas a cama parecia que nunca se aproximava. E, por fim, o quarto escureceu.
Eu deveria mordeu minha língua, não deveria? Falo de retribuir aquela coisa bonita - que vocês deviam ler! -, mas a minha coisa já começa assim. Juro, não tem nada a ver com o capítulo de Naruto da semana passada. Na verdade, venho trabalhando nisso há meses e teria demorado mais um pouquinho, por causa dos capítulos críticos. Mas não podia perder a deixa!
Ei, moça. Isso aqui é bem diferente da vibe de Apple Lady, ou das outras fanfics que eu costumo escrever. Mas espero muito mesmo que goste. Qualquer coisa, não hesite - e eu sei que você não vai - em meter o bedelho, sim?
Até a próxima.
