Abraços e permissões.

Você tem permissão para me tocar, eu tenho permissão pra te abraçar.

Sempre tive, sempre terei, mas hoje te olho e espero que você me diga o que fazer, como te tocar.

Desejo te tocar de todas as formas que existem, desejo te tocar como irmão e como amigo, como companheiro e confidente, mas acima de tudo desejo te tocar como homem.

Não sei o que fazer quando você se debruça sobre esses livros antigos e cheirando a poeira, e eu andando em volta de você precisando que você me olhe pra que eu possa voltar a respirar.

E você olha e por um momento assustador seu olhar é igual ao de sempre.

Igual ao de antes, quando você me olhava e via só aquilo que eu nasci para ser, seu irmão. Só isso.

Mas de alguma forma você percebe minha aflição e sorri de leve.

_Que foi Dean?

_Nada...

Eu respondo dando de ombros, do jeito de sempre.

Falar nunca foi fácil, não vai ser agora que isso vai mudar pra mim.

_Vem cá, senta aqui comigo.

Eu me sento.

Rígido feito um condenado no banco dos réus.

Não olho pra você, não consigo.

_Oque foi?

Seu tom é baixo e preocupado, eu tento sorrir e responder que não foi nada, mas a garganta estrangula e a voz não sai.

Você estende a mão e me toca e sua mão no meu rosto é como um bálsamo para os meus medos.

Seu olhar me prende, você inteiro é uma prisão pra mim, meu existir se concentra todo em você.

_Eu te amo!

A coisa me escapa assim sem querer, as palavras veem à minha boca e escapam de mim para você, sem que eu tenha pensado em dizer nada.

Você sorri e me beija, diz que sabe e que me ama também.

E assim fácil eu deslizo para os seus braços, para os seus beijos, para os seus abraços.

Me liberto quando você pesa sobre mim e estremece dentro do meu corpo.

Te beijo, te mordo, te toco em todos os lugares que anseio te tocar o tempo todo.

Digo todas as palavras de amor que guardo para você o tempo todo.

Finalmente livre das minhas próprias amarras.

Depois vou voltar a te olhar de longe, vou me esbarrar em você meio sem jeito, vou me aconchegar no seu corpo de noite, na cama, meio sem graça e com vergonha.

Você vai entender e vai aceitar, vai me puxar de novo para o seu peito e vai me amar mais uma vez, e outra e outra.

E vai ser assim sempre.

Eu não sei pedir, mas você sabe disso e sabe que isso não tem nada haver com o tanto que eu preciso de você.

Você me entende.

Seu corpo me concede todos os seus abraços.

Por que você me concede todas as permissões.

Finalmente, permissão pra ser feliz.