N.A.:A cada dia que passa, me convenço que as mestras de Challenge tem um parafuso a menos! xD É, ganhei mais um, e ainda estou chocada com o resultado! Oo Eu já tinha a derrota como certa, estava concorrendo com algumas das melhores escritoras do Fórum. Mas, incrivelmente, aqui estou eu com mais um Ouro! xD 1º Lugar do I Challenge de Tragédia Romântica do Fórum 3 Vassouras! °-°
Esta fic é a minha primeiríssima Remus/Lily, o meu Shipper favorito da época dos Marotos. Eu confesso que, no começo, eu estava meio insegura em escrever esse ship, assim como eu sou insegura em escrever Severus/Lily: tenho medo de estragar! xD Mas também confesso que, de todas as fics que já publiquei, essa foi a que mais gostei de escrever. :D
Gostaria de agradecer imensamente a minha Puppy, que betou a fic pra mim e foi a primeira a derramar as suas lágrimas! °-° Adoro quando faço as pessoas chorarem! xD E gostaria de agradecer também a Thai, a mestra do Chall por ter em dado esse presente! Rs Obrigada, meninas! Enfim, também parabenizo as outras compeditoras, principalmente a Dark, de quem eu sou tão fã! °-°
Recomendo a música "Angel", de Sarah McLachlan durante toda a leitura da fic. Podem apostar que dará um clima bastante especial para a leitura, o mesmo que eu senti ao escrever a fic.
Sem mais delongas, agradeço desde já as Reviews:D
Tash...
Esboço
"O amor deles seria eternamente o esboço incompleto da mais perfeita pintura..."
Capítulo 1 – Admiração
Ela era tão bonita de se olhar... Era tão prazeroso vê-la que, se pudesse, ele ficaria ali eternamente, admirando aqueles fios de cabelos vermelhos que tocavam tão delicadamente a pele branca do rosto dela. Daria todo o dinheiro que tivesse para poder apenas deslizar os dedos pelos braços finos daquela linda mulher, sentindo sua pele macia por sob os calos que tinha nas mãos. Ah... Se ele pudesse, ele gastaria o seu último minuto de vida apenas para tocar a fina linha rosada que eram os lábios dela. Mas ele não podia. Não devia. Jamais teria nada disso...
— Remus, eu estou começando a ficar com cãibras! – Lily virou a cabeça muito sutilmente, tentando, em vão, encontrar os olhos de Remus, para que a sua bronca tivesse mais efeito. – Por que não tiramos uma foto e você pinta copiando a foto?! – sugeriu, um sorriso zombeteiro nos lábios.
— Shiiiu! – ele repreendeu, tentando parecer sério, mas não conteve um pequeno sorriso nos lábios. – Pra começar a idéia foi sua. Agora fique quieta. Estou trabalhando...
— Maldita hora em que eu fui querer que você pintasse um quadro meu... – voltou à posição original resmungando, mas com certo tom de riso na voz.
Remus Lupin também sorriu e acomodou-se melhor no banquinho que ocupava, em frente a um cavalete de madeira. Seus olhos passaram pela imagem de Lily, mas rapidamente se voltaram para a tela à sua frente, seus dedos manchados de negro rabiscando traços suaves com o carvão, aos poucos formando a imagem de um banco de madeira, sobre o qual Lily estava sentada.
Uma semana antes, quando Lily Potter aparecera na porta de sua casa e pedira que ele a pintasse, Remus sentiu uma estranha alegria invadir seu peito. Desde pequeno sempre gostara muito de desenhos e esse era o seu hobby favorito. Pintar Lily, a esposa de seu melhor amigo, a sua melhor amiga, seria um enorme prazer. Mas assim que começou os primeiros traços, Remus percebeu o quão difícil aquela tarefa seria. Pois a cada traço que o carvão deixava sobre a tela branca, os olhos de Remus se perdiam pelas curvas da mulher que desenhava, lembranças e sentimentos fortalecendo-se. Ela podia reclamar de cãibras, mas o que doía em Remus era o seu coração.
Coração este que sempre pertenceu a ela.
A mão de Remus tremeu levemente ao traçar a mão que Lily mantinha sobre o encosto do banco. Lembrava-se perfeitamente bem de quase todos os momentos em que, ainda em Hogwarts, ele ficara a observar os dedos longos e finos de Lily virarem a página de um livro... Ajeitarem uma mexa rebelde de cabelos... Prepararem uma poção. Lembrava-se de tudo sobre Lily Evans. Sua mão tremeu novamente. Potter. Lily Potter. Ele se obrigou a lembrar da dura realidade. Lembrava-se tanto de Lily que podia até dizer quantos pontinhos negros havia nas íris verdes cintilantes dela quando lhe contou sobre o seu noivado com James.
Parou de desenhar. Era o melhor ou borraria todo o trabalho já feito por se lembrar daquele maldito momento. Seus olhos voltaram a focá-la. Lily estava imóvel e completamente concentrada, não havia reparado que Remus parara de desenhar. E ele se aproveitou disso para continuar a olhá-la... Lembrá-la... Sorriu, mesmo que a sua vontade fosse chorar. As lembranças que tinha com Lily Evans eram todas sublimes. Ele se recordava da felicidade do rosto dela quando conseguia uma boa nota em um exame. Lembrava-se ainda mais claramente de quando ela dormia com um livro nas mãos, exausta de tanto estudar. Fora numa dessas ocasiões que se descobriu irremediavelmente apaixonado por ela. Lily estava adormecida exatamente na posição em que estava posando naquele momento, o livro esquecido sobre o colo...
Ela havia adormecido em meio ao estudo para os exames do quarto ano, enquanto tentava se lembrar de toda a matéria de Transfigurações. Remus, que estava sentado ao seu lado num banco de madeira nos jardins de Hogwarts, só percebeu que ela havia adormecido quando sentiu a mão dela cair sobre o seu ombro. Ele se assustou e virou-se para ela. Alguns fios de cabelo ruivo estavam sobre sua face serena, um pequeno sorriso de lado nos lábios. O olhar de Remus passeou por aquela face delicada, cada parte: os olhos, que quando abertos eram o paraíso; o nariz fino e levemente arrebitado; as bochechas cheias de sardas e os lábios, finos e rosados quase todo o tempo. Viu beleza até na respiração compassada que passava por entre aqueles lábios... E foi quando se descobriu apaixonado. Quando percebeu que cada mínimo detalhe dela, cada mínima perfeição e cada máximo defeito encantavam-no totalmente.
Mas Remus Lupin não podia se dar ao luxo de amar. Muito menos esperar ser amado. Afinal, quem amaria um monstro? Apaixonou-se sim por Lily, mas amou-a calado. Viu o seu melhor amigo apaixonar-se por ela também e viu Lily correspondê-lo. O seu coração sangrou quando isso aconteceu. Tanto que ele desejou poder arrancá-lo do peito. A covardia impediu-no de fazer isso. E conformou-se. Monstros estavam fadados a isso: ao sofrimento, à solidão. A ele restava apenas observar de longe o objeto de seus sonhos.
Um choro ao longe o trouxe de volta de suas lembranças e pensamentos, a tempo de observar Lily levantar-se do banco onde estava sentada, correndo em direção à casa. Remus suspirou e descansou o pedaço de carvão no cavalete, espreguiçando-se e olhando o esboço da pintura que estava fazendo de Lily. Se ele quisesse, poderia ter começado e terminado a pintura sem nem sequer olhar sua modelo. Os seus olhos sabiam de cor cada característica dela. Mas Remus era egoísta, e queria aproveitar aqueles momentos todos para admirar Lily Evans.
Potter. Ele sempre tinha que se corrigir.
Esticando o corpo, Remus levantou-se do desconfortável banquinho de madeira e foi se acomodar no mesmo banco de jardim onde Lily estava posando. Ela já vinha saindo da casa, com o pequeno bebê Harry nos braços. Não demorou para os dois virem se juntar à Remus. O garotinho ainda chorava, balançando os bracinhos no ar. Remus observava cada movimento que Lily fazia com o filho nos braços.
Sentiu o seu rosto corar violentamente quando ela expôs um dos seios para saciar a fome do pequeno Harry, e rapidamente desviou o olhar para o céu azul celeste do outono sulista. Mas a presença de Lily sempre o atraía e ele acabou por virar-se para ela, observando-a amamentar o filho. Um sorriso triste brotou em seus lábios. Quantas vezes, desde que ele soubera que Lily estava grávida, ele não se imaginara sendo o pai do filho dela? Mas o filho era de James. Além do que, monstros não deviam ter filhos.
— Como está ficando o quadro?
A voz dela sobressaltou-o e ele quase deu um pulo no banco de madeira. Lily sorriu, daquela maneira que ela só sorria quando conseguia assustá-lo. Aquele sorriso divertido e de canto era a única coisa de Lily que ele sabia que podia chamar de seu. Respirou fundo e sorriu, com ar profissional.
— Como você é apressada, Lily! Começamos hoje, mal fiz o esboço! – ele falou, cruzando os braços. – E se você ficar se mexendo o tempo todo, eu certamente não vou terminar até o mocinho aí entrar em Hogwarts!
— Só imagino as cãibras que vou sentir. – respondeu, rindo.
Mas, para a surpresa de Remus, o sorriso de Lily foi sumindo aos poucos dos lábios e os seus olhos verdes perderam-se no pequeno jardim da casa de Remus. Depois de quase dez anos conhecendo-a, Remus sabia que ela se perdera em pensamentos. E podia ver pelos lábios dela que não eram coisas boas. Algo que vinha acontecendo com freqüência, ele pôde reparar. Ousando como poucas vezes ousava, Remus tocou o ombro de Lily suavemente. Demorou bem mais de um segundo para ela se voltar e encará-lo.
— O que há, Lils?
Ela não respondeu imediatamente. Lily baixou a cabeça para Harry, sorrindo; ao vê-lo parar de alimentar-se, cobriu novamente o seio. Remus observava silenciosamente Lily cumprindo o seu papel de mãe, fazendo Harry arrotar, em silêncio. Ela sabia bem que Remus estava esperando por uma resposta dela. Não fora só Remus que passara dez anos conhecendo cada vez um pouco mais de Lily. Ele tinha certeza que Lily sabia bastante dele também.
Acomodando Harry nos braços e passou a niná-lo. Lily suspirou, o olhar ainda em Harry, maternal e carinhoso. Mas, quando falou, sua voz era baixa e até um pouco triste.
— São tempos difíceis, Remus.
Ele suspirou e encostou-se no encosto do banco do jardim.
— Eu sei, Lils. Voldemort está avançando cada vez... – mas a risada sarcástica que ela deu fê-lo parar imediatamente. Nunca a ouvira rir sarcasticamente.
— Não é apenas Voldemort, Remus. – sua cabeça virou-se para Remus e ele viu que os olhos dela estavam úmidos. – Há muita coisa acontecendo... comigo.
Franzindo as sobrancelhas, Remus sentou-se mais ereto. Não sabia o que poderia estar havendo com Lily que ele não soubesse. Ele sabia de cada coisa sobre ela. Lily fazia-no sempre de confidente. E mesmo que não o fizesse, ele conseguiria saber o que ela estava sentindo apenas de olhá-la nos olhos. Mas naquele momento, o que as duas esferas verdes estavam expressando era uma incógnita para Remus.
— Lily...
— Remus, eu... – ela o interrompeu, mas não completou a própria frase. Os seus olhos desviaram de Remus e ele franziu ainda mais as sobrancelhas. Havia algo de errado ali. – Você nunca percebeu, não é?
Se se sentia confuso antes, naquele momento era como se a sua mente tivesse dado um nó. Antes que ele percebesse, sua mão apertou o braço esquerdo de Lily e ela se voltou. Remus abriu a boca para falar, mas Lily cortou-o, um sorriso triste nos lábios.
— Estranho. Eu sempre achei que você percebia cada coisa de mim.
— O que eu nunca percebi? – sua voz saiu apenas um sussurro. Mas foi um grito que impediu Lily de falar.
— LILY?!
Remus soltou o braço de Lily no mesmo instante em que reconheceu a voz de James, e afastou-se um pouco dela. Secando os olhos rapidamente, ela se levantou e alteou a voz.
— Estamos no jardim!
Não foi necessário nem um minuto para James chegar até eles. Ele pulou a cerca - viva e já estava correndo em direção ao banco do jardim, o eterno sorriso maroto no rosto. Beijou os lábios da esposa – no que Remus desviou os olhos sutilmente – e pegou o bebê nos braços. Só então se virou para Remus.
— E então, Moony? Como vai?
— Ótimo. – respondeu apenas, alongando o pescoço. – A sua esposa aí é uma péssima modelo! Não pára quieta um segundo! – brincou, piscando para Lily.
— Até parece que você não a conhece, Moony. – ele riu, passando um braço pelos ombros de Lily. – Desculpe não poder ficar mais, mas ainda tenho assuntos da Ordem. Só vim pegar a Lil.
Remus levantou-se e aquiesceu levemente com a cabeça, indo até o cavalete para guardar o seu material. Naquele dia ele não tinha nenhum trabalho pela Ordem. Era o primeiro dia de Lua Cheia do mês. E sempre neste dia, todos os meses, ele tinha um compromisso ao qual não podia faltar.
— Volto na semana que vem para continuarmos, Remus. – Lily disse; mas para Remus foi apenas a voz dela, pois ele não levantou os olhos da sua caixa de materiais, que ainda fingia arrumar. Apenas moveu a cabeça afirmativamente.
— Boa sorte hoje à noite, Moony. Se Pads e eu conseguirmos sair mais cedo, vamos te dar uma força. – mais uma vez ele aquiesceu com a cabeça, sem vê-los. Ver Lily e James juntos doía.
Só se atreveu a voltar a olhá-los quando tinha certeza que já estavam de costas para ele. Queria ver Lily mais uma vez. Quando ela e James chegaram à entrada do jardim, Lily voltou a cabeça levemente para trás e Remus sentiu sobre si o seu olhar de esguelha, antes de desaparecer atrás da sebe.
Sentindo que podia voltar a respirar novamente, ele se sentou no banquinho desconfortável e virou-se para o banco de jardim, as palavras de Lily ainda vivas em sua mente. Remus fez mais alguns riscos no desenho, definindo melhor as características do rústico banco de madeira. Naquele mesmo banco, naquele dia, ele descobrira que se enganara ao pensar que sabia cada coisa dela. Havia algo que ele deixara passar. E sabia que não descansaria até saber o que era. Não apenas por causa da necessidade que ele tinha em saber tudo sobre ela, mas também porque se preocupava com ela acima de qualquer outra coisa. E algo em seu peito estava gritando que havia algum problema com Lily. Alguma coisa que ele não vira chegar.
