Algum tempo antes de Salazar desaparecer de Hogwarts.
Helga estava terminando de preparar o café da manhã para o dia seguinte. Já era tarde da noite e todos já estavam em suas confortáveis camas.
Não se importava.
Gostava de cozinhar por horas a fio.
Finalmente percebeu que seu corpo pedia por descanso e pegou a varinha para enfeitiçar as panelas para que se lavassem sozinhas.
Tirou o avental sujo de farinha e chocolate e o jogou no balcão.
- Amanhã eu lavo isso.
Subiu as escadas de Hogwarts e passou em frente ao quarto de cada um de seus amigos. Eles gostavam de dormir no castelo, mesmo tendo suas casas em Hogsmeade.
Godric devia estar dormindo. Aliás, ele estava DE FATO dormindo, pois podia ouvir seu ronco.
Helga deu uma risadinha abafada. Godric tinha dado aulas mais do que eles, hoje. Por isso devia estar tão cansado.
Passou pela porta de Rowena e viu, pela fresta no chão, que ela estava acordada. Provavelmente criando trabalhos, aulas, provas ou novos projetos para Hogwarts. Louca.
Quando passou em frente a de Salazar, estacou por um momento, ruborizada. Seu coração disparou e ela engoliu em seco.
Por que gostava tanto dele? Gostar não era bem a palavra...amava Salazar, apesar de toda a maldade que sabia que ele tinha. Por que?
Tentava tirar aquele sentimento, mas sempre que o via...
Como que ouvindo seus pensamentos, viu uma sombra surgiu por baixo da porta. Pensou em sair rapidamente dali, mas a porta se abriu e ele surgiu.
- Helga? Achei que tivesse ouvido mesmo seus passos.
- Como sabia que era eu? – perguntou timidamente.
- Eu sempre sei quando é você andando, respirando, chorando... – ele a puxou para perto de si. – Eu te...
- Não. Eu tenho que dormir. Amanhã teremos um longo dia. – Helga tentou se afastar, mas Salazar a puxou novamente. Olhou-a no fundo dos olhos, sem nada dizer. – Salazar...eu... – mas o homem não a deixou falar.
Seus lábios se encontraram e ele a beijou ternamente.
Ele a apertou contra seu corpo e o beijo começou a ficar mais intenso. Helga finalmente conseguiu se afastar, empurrando-o de forma delicada.
- Eu...tenho que ir dormir.
- Tudo bem. – respondeu, tristemente. – Boa noite e até amanhã. – fechou a porta e Helga ficou ainda mais alguns segundos perplexa, olhando para aquele pedaço de madeira que a separava do viking.
Foi para seu quarto, colocou sua camisola branca e deitou na cama. Ficou olhando pensativamente para o teto.
Seria assim tão mal se cedesse aos carinhos de Salazar?
Ele podia ser arrogante e não gostar de trouxas, mas devia ter algo bom nele. Era amigo de Godric, se dava bem com Rowena e a amava...tratava-a muito bem.
Além do mais, nunca ouvira falar sobre nenhuma maldade real, nenhuma morte que ele tenha cometido.
Sorriu. Que besteira! Ele jamais seria capaz de matar alguém.
Participou de guerras, sim, mas Godric também e era um homem bom. Fazia parte do trabalho que eles tinham.
Tentou virar para o lado e dormir, mas não conseguia.
Sentou-se na cama e pensou em ler um livro. Apanhou um que se chamava "Tristão e Isolda". Era uma lenda que sempre existiu e algumas pessoas gostavam de escrever sobre ela. Aquela versão fora lançada a pouco tempo e Salazar comprara para ela.
Abriu em uma página aleatória e leu um belo trecho:
"Somos como madressilva quando se enrola à volta do ramo da aveleira: uma vez a ela ligada e presa, ambas podem durar juntas eternamente, mas, se as querem separar, a madressilva morre em pouco tempo e o mesmo sucede à aveleira. Tal é o nosso caso: nem vós sem mim, nem eu sem vós!"
Seus olhos encheram-se de lágrimas e ela notou que era exatamente o que sentia por Salazar. Fechou o livro e deixou em cima da cama.
Colocou seu sapato, apanhou uma vela e foi até o quarto dele. Novamente parou em frente à porta, criando coragem. Respirou fundo e bateu.
Ele abriu de forma tão rápida, que Helga achou que tinha ficado, desde aquela hora, parado ali.
Sem nada dizer, eles se olharam. Então Helga o abraçou, enlaçando-o pelo pescoço e o beijando.
Salazar passou seus braços em sua cintura e ficaram ali por alguns minutos. Então ele a apanhou no colo e a levou até sua cama. Deitou-a delicadamente e ficou admirando sua beleza.
- És tão linda, minha flor.
Helga passou a mão em seu rosto, sentindo sua barba áspera contra sua pele macia.
- Eu te amo.
Ele sorriu.
- Eu sei, teimosa. Também te amo.
Inclinou-se sobre ela e a beijou na testa. Depois sobre os dois olhos e desceu para a boca.
Ele se afastou e começou a desabotoar sua camisola. O coração de Helga batia descompassado e ela sentiu que ruborizava.
Salazar pareceu perceber e começou a beijá-la em cada parte que deixava descoberta, para tranquilizá-la.
Quando a alva camisola foi ao chão, Salazar olhou-a apaixonadamente.
- Nunca vi uma mulher mais linda que você.
Eles estavam deitados abraçados, debaixo das cobertas. Ele acariciava seu cabelo e a admirava. Ela olhava para baixo.
- O que foi? – perguntou, sussurrando. Pegou seu queixo e levantou para ele. Notou que ela estava chorando. – O que aconteceu? Fiz algo de seu desagrado? – puxou-a para perto de si, abraçando-a fortemente.
- Não. Não mesmo. – ela retirou o rosto do tórax dele e sorriu. Uma lágrima caindo. – É só que...eu nunca me senti tão feliz.
- Eu também. – ele sorriu de volta.
- Nunca me deixe... – ela enterrou o rosto em seu peito de novo.
- Nunca.
Ela fechou os olhos e murmurou:
- Você é minha madressilva...
