- Eu não sou obrigada a aturar suas loucuras, Edward! – Gritei tentando soltar meu braço de seu aperto de aço. – Solte-me!
- O que você me disse, Bella? – Perguntou ele, sombrio. – Você me disse que ia fazer compras, mas está aqui, nessa droga de cinema com uma de suas amigas vadias.
- Eu estou aqui com sua irmã, idiota!
- Não muda o fato de que mentiu para mim!
Levantei as sacolas de loja de grifes e bufei. Edward estreitou os olhos, balançando a cabeça.
- Por que não me ligou? – Perguntou, olhando para o lado.
- Você é louco?! – Franzi o cenho, furiosa, para ele. – Eu vim só no cinema com sua irmã, depois das compras!
- Você ainda poderia ter me ligado. – Ele sussurrou, ainda olhando para o lado.
- Você não é meu dono! – Cuspi entre dentes, tentando – inutilmente – evitar olhares curiosos das pessoas ao redor.
- Eu sou seu namorado e isso basta!
Eu sabia merda, eu sabia desde o inicio!
Suspirei longamente.
- Tudo bem! – Levantei as mãos para o alto, como alguém que se rende. É, eu estava me rendendo. – Eu vou embora!
- Ok, vamos! – Edward respondeu, parecendo aliviado.
- Eu disse: eu vou embora!
- E eu disse que "ok", nós vamos!
Droga! Eu sabia que seria mais difícil que a primeira vez, mas eu não aguentava mais.
- Não Edward, eu vou partir. – Suspirando continuei a falar. – E não irei mais voltar.
- Você não...
- Sim, eu posso e farei!
Olhei para o lado. Eu o amava loucamente e doía, doía muito, vê-lo sofrer, mas era o meu bem estar, minha qualidade de vida e minha própria vida que estavam em jogo.
- Não! – Ele disse entre dentes. – Você não pode me deixar! – Ele gritou, assustando não só a mim, mas a todos por perto.
- A mente é minha, o corpo é meu e a vida, ah sim, a vida, é minha! – Gritei. Eu já estava farta de gritar. Sussurrei sufocada:
- Eu não sou um objeto pra ser sua, Edward!
- Você é minha, eternamente minha e para sempre minha! – Ele disse com raiva. – E eu sou seu!
- Eu vou partir. – Disse simplesmente e virei às costas. Ele sempre me dava um bilhete de o 'por que' d'eu ir embora.
Ele segurou firme em meu braço esquerdo, me obrigando a virar nos calcanhares.
- Não me deixe de novo. – Ele falou sufocado, deixando uma lagrima escapar de seus olhos. – Fique!
- Eu... Não posso. – Sussurrei também sufocada.
- Eu quase morri quando você partiu, não sei se posso sobreviver se ver você ir embora novamente.
- Desculpe, mas será assim! – Anunciei olhando intensa e fixamente em seus olhos verdes. – Não há como um sobreviver sem o outro morrer. E neste caso, eu escolho a minha vida.
- Não me mate!
- Você quer que eu morra?
- Eu posso mudar. E posso salvar nossas vidas! – Disse ele com pressa.
- Você prometeu isso tantas vezes. – Sussurrei balançando a cabeça. – E em tantas vezes você não cumpriu. Como posso acreditar, agora?
- Acredite! – Edward suspirou. – Por mim, por você, por nós!
- A magia se foi, não há mais como acreditar, não há mais como crer em nosso amor.
- Por favor, por favor! – Ele implorou. Minha garganta inchou.
- Não dá mais, baby! – Pela primeira vez, disse tudo o que quis sem gritar. - Não posso, não consigo mais viver com seu ciúme, com essa... Obsessão. Isso não é amor!
- É amor! – Ele discordou exaltado.
- Não, é uma obsessão com a qual eu não posso viver e isso me mata de todas as maneiras possíveis, e mesmo que eu consiga viver com todo o resto, eu não posso lidar com isso. É demais para mim!
- Fique! – Implorou novamente.
- Eu irei partir. – Falei firme, tentando guardar o choro para quando estivesse só. – Hoje mesmo pego minhas coisas em suacasa.
- A casa é nossa!
- A casa é sua, estou lhe dando minha parte.
- Para onde você vai? – Perguntou ele em murmúrios carregados de dor.
- Voltarei para Seattle. – Respondi receosa. – Mike deve estar louco para que eu volte ao centro de pesquisas.
- Não pode ir esta noite. Durma lá em casa, pense melhor. – Ele disse esperançoso. – Fique!
- Eu vou para cara de meus pais. – Sussurrei. – Forks não é tão longe de Port Angeles.
- Eu vou com você, sabe com é, segurança! – Ele sorriu torto. O sorriso doía de se ver.
- Não! – Discordei exaltada.
- Por quê?!
- Se já dói ver-me partir, não doera mais se eu pedir – mandar, na verdade – que parta? – Perguntei, olhando o chão meio sujo. – Por que, certamente é isso que acontecerá!
- Fique!
- Pare de implorar! – Gritei cansada. – Eu vou!
- Não!
Suspirei e me aproximei dele, pegando seu rosto em minhas mãos pequenas e pálidas.
- Eu te amo. – Ele sussurrou de olhos fechados.
- Eu também. Loucamente! – Sussurrei também de olhos fechados, grudando minha testa a sua. – Cuide do que está em minhas mãos agora, porque eu nunca mais cuidarei.
- Eu vou atrás de você. – Ele murmurou depois de um minuto.
- Não vá! – Respondi sentindo a garganta inchada. Abri os olhos e ele me fitava. – Se eu voltar, partirei novamente, e isso somente significa mais dor a mim e a você!
- Então... Fique!
Beijei-o.
Eu podia sentir minhas lagrimas querendo me trair, como sempre traiçoeiras em sua missão.
A língua de Edward tocou a minha e eu senti mais dor ao deliciar-me com aquela sensação pela ultima vez.
Eu sabia que era a última a vez. Aquela despedida tinha um gosto diferente da anterior, a primeira.
Essa doía mais. Seu gosto era tão mais doloroso e tão mais delicioso quanto à primeira.
Nossas línguas mantinham-se páreo a páreo em sua batalha e eu terminei a guerra com um rápido e gostoso toque.
Dei-lhe um selinho.
- Amo-te! – Murmurei tirando minhas mãos de seu rosto glorioso.
- Fique! – Implorou Edward novamente, segurando minhas mãos.
- Se cuida! – Pedi, libertando minhas mãos das suas.
Virei às costas e caminhei lentamente.
É isso que você quer!, disse a mim mesma.
Parei.
Estava prestes a virar quando retornei aos trilhos.
Era necessário, essa era uma necessidade que era para ser atendida o quanto antes.
Permitindo-me chorar, continuei meu caminho.
