Disclaimer: Saint Seiya não me pertence, se fosse assim eu mataria o Seiya! Enfim, tudo que todo mundo já sabe... Essa fic não tem nenhum fim lucrativo, apenas escrevi por diversão.

Contém yaoi (relacionamento entre homens) e lemon ao longo de seus capítulos. Então, se você não curte yaoi, não leia.

Acho que é só! Boa leitura.


Acidentalmente Apaixonados

Capítulo 1: Água X Ar

O sol nascera não havia muito tempo e fortemente já iluminava o céu, clareando o azul tão vivo que tocava o mar no horizonte. Ainda não passava das oito horas, porem um silencio reconfortante pairava entre os pilares da antiga arquitetura das Doze Casas Zodiacais.

Os guardiões do antigo Santuário encontravam-se ainda adormecidos, exceto por um deles. Um dos menos familiarizados com esse esporte ocioso, estava de pé logo cedo e polia a armadura dourada que brilhava intensamente sob a luz solar.

Embora não houvesse necessidade alguma de se polir as armaduras, aquele cavaleiro continuava a seguir seus costumes antigos. Proteger Athena era antes de tudo um dever, além de que devia sua vida à Deusa que o trouxera do Hades após o encerramento das guerras.

O Santuário pertencia novamente à Athena e a jovem senhorita Saori permitira que seus protetores dourados permanecessem nas Doze Casas, desfrutando de privilégios e regalias como pagamento por terem doado suas jovens vidas anteriormente. E aquele cavaleiro procurava todas as manhãs um porquê verdadeiro pelo qual viver, agora que sua proteção não mais era requisitada.

Sentia-se confuso pela falta do dever e sinceramente esperava que algum Deus ou um louco qualquer tentasse novamente atacar sua deusa. Assim, quem sabe, ele teria suas dúvidas esclarecidas a respeito do que fazer com os anos que tinha pela frente.

Jamais planejara viver mais do que vinte anos e agora, depois de mais dois anos, encontrava-se totalmente sem rumo ou objetivo. Um forte sentimento de vazio se instalara em seu peito, desde que voltara para a Grécia e gostaria imensamente de descobrir o porque disso. Talvez precisasse apenas de alguém por quem viver.

Mas sem discípulos nem perigos, quem poderia precisar de sua companhia?

Foi pensando nisso que largou sua armadura de lado, se polisse mais nem ele mesmo conseguiria olhar para seu brilho sem sentir dor nos olhos.

Levantou-se do chão e desceu as escadas para o primeiro andar, respirando fundo ao ver o límpido azul do céu ateniense alegrá-lo um pouco. Deveria acordar um amigo preguiçoso e tomar café em sua companhia. Os outros cavaleiros já acordavam e seus vizinhos mais próximos já faziam barulho em volta.

Desceu sem pressa a escadaria, chegando até a casa desejada. Estava tão calmo e tão vazio que dava vontade de chorar. A tristeza de não ouvir barulho naquela casa apertava em seu peito de forma avassaladora e constantemente ele tentava fugir daquele sentimento e esquecer-se da realidade.

Costumava trancar-se por horas em seu quarto, escrevendo em um diário seus temores, descobertas e pesares. Manchando com lágrimas cada uma das páginas lisas ou então fazendo desenhos sem importância. Era assim que costumava passar algumas tardes.

Mas procurava com constante desespero a companhia dos outros cavaleiros, tentando assim se desligar daqueles sentimentos baratos, tal como uma perda que nem sequer existia.

O cavaleiro balançou a cabeça e riu nervosamente. Estava outra vez pensando em bobagens. Lançou um último olhar ao céu e seguiu por uma passagem lateral para as escadas que o levariam ao segundo andar.

Entrou sem esperar convite pela mal arrumada sala. Percorreu o tão conhecido corredor que o levou ate a porta de madeira que protegia o aposento, de certo, mais confortável e bagunçado, o quarto.

Girou a maçaneta e entrou sem rodeios, sabia que aquele dorminhoco estaria ainda sonhando e não se decepcionou. Ele ainda estava dormindo.

A cortina entreaberta deixava alguns raios quentes de sol entrarem e iluminarem o corpo sobre a cama. Jogado displicente sobre os lençóis brancos, nenhuma roupa cobrindo a pele morena e lisa do grego que dormia.

Era evidente que estava totalmente à vontade e nem notava que tinha companhia. Ainda estava deitado de bruços agarrado a um travesseiro, sonhando ternamente, enquanto o sol iluminava os cachos azulados que escorriam por suas costas nuas. As nádegas perfeitas e redondas à mostra, produziam um estranho efeito sobre o cavaleiro visitante.

– Como sempre... Dormindo. – Ele murmurou tão baixo que mal pode se ouvir e caminhou ate a cama pé ante pé.

Não ousou sentar sobre o colchão ou tocar de qualquer maneira o amigo. Não, não teria coragem de acordar aquele anjo, que dormia tão intensamente, dando as costas para si. Queria, mas não devia tocá-lo.

Ficou um tempo, não se sabe quanto, fitando o suave movimento que as costas desnudas faziam com a respiração lenta e suave. Parecia que o mundo fazia até sentido quando estava dentro daquele quarto. Aquele vazio triste que o invadira já tinha se esvaído e em seu lugar uma emoção estranha e quente o invadia, tornando o ar mais agradável de se respirar.

Lentamente esticou uma das mãos e se inclinou para frente, tirando um dos cachos macios do rosto adormecido do amigo e sorriu. Ele era mesmo um anjo dormindo, mas acordado era outra história. Perguntava-se se deveria mesmo provocar o gênio apimentado do grego ou deixá-lo sonhando como um bebê.

Seria um sacrilégio perder a oportunidade de ver o brilho daqueles olhos tão azuis quanto o céu. Além do mais vê-lo dormir o fazia sentir saudades da voz grave do amigo, dos sorrisos e brincadeiras. Fazia-o quase se perder em um pensamento que o levaria de volta aos tormentos que o fazia se levantar cedo todas as manhãs para polir uma inútil armadura.

Não o deixaria de olhos fechados nem mais um segundo.

Sentou-se na cama e passou os nós dos dedos pela face desacordada do grego, sussurrando seu nome baixinho. Esperou pacientemente que ele terminasse com os gemidos de desagrado e abrisse os olhos claros para puxar aquele travesseiro de suas mãos e levantasse da cama, sem dar chances ao outro de puxá-lo pelo braço, como fazia algumas vezes.

– Levante-se. O dia já começou faz tempo. – ele dirigiu-se para as cortinas, abrindo-as em um único movimento.

– Ahn... Você é tão chato... – nem os resmungos e gemidos do outro cavaleiro o faziam se arrepender de ter interrompido o silencio de sua manhã.

– Não pode passar o dia todo aí, vamos, levante-se e vamos comer alguma coisa.

O grego sentou-se mal humorado e o encarou incrédulo. Ele podia sim passar o dia todo na cama se um certo cavaleiro o deixasse dormir em paz. Mesmo assim não se zangava e sempre atendia ao pedido jeitoso do amigo, mas não sem antes se espreguiçar e sorrir malicioso só para não perder o costume de provocar todos a sua volta.

O outro apenas bufava mal humorado e cruzava os braços, esperando que levantasse de uma vez por todas da cama. Eram assim todas as manhãs desde que retornaram à vida.

– Posso te fazer uma pergunta? – o grego perguntou quebrando o silêncio mortal do quarto. O cavaleiro de pé apenas assentiu com a cabeça e aguardou – Por que vem aqui toda manhã? Não tem comida na sua casa?

– Porque gosto da sua companhia. – diante de uma pergunta tão grosseira sentiu seu estômago revirar dolorosamente e seu coração disparar de forma não muito agradável – Mas não volto mais se te incomodo.

– Longe disso. – ele sorriu daquele jeito simpático e aberto de sempre e completou – Adoro que você venha, mas deve ser cansativo descer três casas tão cedo. Devia se mudar logo para a minha casa e assim eu podia tentar te fazer dormir por mais tempo... Ao menos na minha cama não há formigas.

Aquele sorriso simpático foi substituído por um tão malicioso e impertinente que fez todos os pêlos de seu corpo se arrepiarem. Só aquele grego tinha poder para deixá-lo assim e ultimamente isso estava se tornando muito comum.

– Formigas não, mas tem escorpião. – rebateu com igual malícia, virando-se para sair do quarto rapidamente.

Acostumara-se a ver o corpo despido do amigo, mas quando este acordava era outra coisa. Não conseguia ficar no mesmo quarto quando ele não mais dormia. Parecia que o cômodo ficava pequeno demais, sufocante e quente.

Percorreu rápido a distância até a pequena cozinha, procurando na geladeira tudo que costumavam comer pela manhã. Fez café fresco, cortou morangos, deixou iogurte, queijo, pão e manteiga na mesa, tudo como o dono da casa gostava. E não demorou para que este viesse, envolvido em um robe vermelho da mais pura seda.

Era irritante saber que por baixo de tão fino tecido não se encontrava nada, além da pele morena de sol e quente do grego. Fazia novamente seu estômago se apertar e revirar.

– Bom dia pra você também, Kyu. – ele disse alegremente sentando-se em uma das cadeiras e já se servindo dos morangos com iogurte.

O outro cavaleiro demorou algum tempo para desfazer-se da sensação incômoda em seu estômago e assim que retomou sua sobriedade, sentou-se à mesa com o outro. Serviu-se da fruta também e sorriu de canto, como só fazia naquela casa.

– Meu nome não é Kyu. Já te disse inúmeras vezes.

– Está certo, chato. Mas eu já te disse inúmeras vezes que é um apelido carinhoso.

– Carinhoso? – ele perguntou com a cara fechada, não combinava muito com seu jeito sério e fechado de ser.

– Se não gosta não te chamo mais assim. Kamus está bom pra você ou prefere Cavaleiro de Aquário?

Sempre irônico em seu tom de voz, Milo conseguia levar o amigo a ultrapassar o tênue limite entre bom humor e mau humor com facilidade. Mas naquela manhã o aquariano não se deixou abater, largou a colher dos morangos e olhou fixamente para o grego. Milo até mesmo parou de comer, com medo de ser congelado antes do meio-dia.

– Olhe bem para os meus olhos, Escorpião, e me diga o que vê.

Milo olhou confuso para os lados, procurando ajuda ou alguma resposta boa o suficiente. Kamus era tão irritantemente imprevisível, que dificilmente o escorpiano acertava as respostas. Mas tinha que tentar ou seu silêncio consentiria a interpretação, constantemente errada, que o aquariano sempre guardava em seu interior.

– Eu vejo... – ele ponderou as chances de sair sem nenhum dedo congelado daquela conversa e então se decidiu pela resposta – Vejo um francês chato, mal humorado e tão branco que eu consigo ver as veias da sua testa. Se manca, Kamus! Você vem me acordar todas as manhãs e não tolera nem um apelido carinhoso? Desse jeito eu vou te pedir o divórcio!

Grave erro brincar dessa forma com assunto tão delicado e em equilíbrio precário. O rosto inexpressível do francês transformou-se em uma máscara da mais profunda melancolia e os olhos sempre tão misteriosos se tornaram frios e perdidos por instantes. Aquário levantou-se, sem coragem de encarar os olhos de Milo e dirigiu-se para a porta.

O escorpiano cabeça dura ao invés de desculpar-se pela brincadeira que jamais deveria ter feito – uma vez que conhece bem demais a precária capacidade de fazer boas interpretações de Kamus – continuou sentado lá, esperando ouvir a porta fechar às suas costas. Sabia que não deveria brincar com esse assunto, de alguma forma estranha Kamus parecia sempre se sentir infinitamente triste quando falavam em relacionamento. Mesmo este não existindo entre os dois.

Continua...

OoOoO

No próximo capítulo: Shaka pensa que está resolvendo um problema, mas acaba despertando outro, que embora seja um detalhe, ainda é uma pedra em seu caminho. Capítulo 2: Terra X Fogo.


Kyu: o apelido que eu dei ao Kamus, depois vocês ficam sabendo de onde surgiu isso. XD

N/A: Fic nova, longa e quase completa. Não pretendo demorar a postar nenhum capítulo! Por favor, mandem reviews, todos serão respondidos por e-mail! Os reviews são indispensáveis para nós, escritoras, sabermos se vocês gostam ou não do que escrevemos, então escrevam e façam críticas, por favor. Podem mandar sugestões também... Se quiserem, eu digo até quem são os outros casais.

Valeu gente! Beijos e até o próximo capítulo.

Ps: Todo mundo entendeu que Ar e Água no subtítulo fazem menção aos elementos dos signos, Aquário e Escorpião, respectivamente, certo?