Título: Taken From Me
Autora: Samantha Tiger Blackthorn
Beta: Ifurita
Casal: Aoi x Uruha
Tema Musical: Far Away - Nickelback
Classificação: NC-17
Gênero: Yaoi, Romance, Drama, Suspense, Ação.
Resumo: O aniversário de três anos de namoro seria em três dias, não fazia sentido esperar para comemorar tanta felicidade. A vida não espera e as provações só mostraram o que eles já sabiam desde o começo: Que só precisavam um do outro para serem felizes, nada mais.
Avisos: Essa é uma estória Yaoi, se não gosta não leia.
Disclaimer: Esses homens lindos e talentosos não me pertencem, o que é uma pena, apenas tomo a liberdade e o atrevimento de me divertir com eles.
Dedicatória: Primeiro Amigo Secreto do LJ do Secrets Place. Este é meu presente para Yume Vy, grande amiga que está sempre no meu coração. Querida, foi maravilhoso abrir o e-mail e ver seu nome lá! Fiquei muito feliz em poder retribuir o lindo presente do ano passado! Te amo!
TAKEN FROM ME
Capítulo 1 - Just one chance
This time, this place,
Este tempo, este lugar
Misused, mistakes
Esses desperdícios , esses erros
Too long, too late
Tanto tempo, tão tarde
Who was I to make you wait?
Quem era eu para te fazer esperar?
Just one chance, just one breath
Apenas mais uma chance, apenas mais um suspiro
Just in case there's just one left
Caso reste apenas um
'Cause you know, you know, you know...
Porque você sabe, você sabe, você sabe...
oOo
TÓKIO
17/NOVEMBRO
Sábado – 06:26 PM
Olhos verdes observavam do outro lado da rua, o corpo esbelto escondido atrás do poste, quando os dois rapazes chegaram rindo e brincando, correndo pela calçada em frente ao edifício. O olhar de esmeralda se alternava entre eles e uma velha fotografia onde se via um rapaz adolescente, loiro, bonito, de olhos chocolates, com o braço jogado sobre ombro de outro um pouco menor, moreno, cabelos castanho claros, de olhos verdes. Encostou o dedo na foto, acariciando o rosto delicado do moreno, de sorriso bonito, olhando apaixonado para o loiro que o abraçava, e limpou uma lágrima que havia caído sobre ela.
oOo
That I love you
Que eu te amo
That I have loved you all along
Eu sempre te amei
That I miss you
E eu sinto sua falta
Been far away for far too long
Estive afastado por muito tempo
I keep dreaming you'll be with me
Eu continuo sonhando que você estará comigo
And you'll never go
E você nunca irá embora
Stop breathing if I don't see you anymore
Paro de respirar se eu não te ver mais
oOo
17/NOVEMBRO
Sábado – 06:28 PM
Entraram no elevador, ofegantes pela corrida e pelas risadas, Aoi com a camiseta molhada colada ao corpo, agarrando o loiro pelos pulsos o imobilizando na parede, ao lado do painel de controle, apertando um dos botões.
- Seu safado... Esperou que eu me distraísse para me molhar e depois fugir! – Falou entre o riso, os olhos brilhando, fitando o rosto alegre e matreiro.
- Ah, Aoi! – A risada gostosa e espontânea ecoou dentro do cubículo. – É que eu acho você sexy de camiseta molhada colada assim no peito... – Mordeu o lábio inferior, fixando o olhar brilhante na malha marcada pelos biquinhos durinhos. – Huuummm... Sexy, lindo e gostoso!
- E você é descarado! – Olhou-o ameaçador, mas com o sorriso aberto desmentindo a braveza do olhar. – Olha que eu ainda posso te castigar, hein? – Ameaçou, o arrastando atrás de si quando a porta do elevador se abriu, segurando-o pelos pulsos unidos com uma única mão.
- Aaaahhhh... Issoooo... – Gemeu, o provocando, se deixando levar sem nenhuma resistência. – Me castiga que eu gosssto!
Aoi chegou à porta do apartamento gargalhando com as tiradas impudicas do loiro, que o acompanhava balançando os quadris sinuosamente, enquanto falava.
- Quem diria que meu namorado tããão casto e tímido se revelaria um verdadeiro devasso! – Girou a chave na fechadura, entrando com ele e o puxando contra si, fazendo o corpo dele se chocar contra o seu, as faces rosadas ficando a milímetros uma da outra, os lábios quase colados.
- É que... – Uruha parou, olhando fixamente os lábios cheios, aproximando a boca e tocando-os com a língua, lambendo-os sensualmente. – Huuummmm... Meu namorado gosta... Que eu seja assssiiim... – Um sorriso sem vergonha se delineou em seus lábios, os olhares se encontrando apaixonados.
- Ele deve ser um grande pervertido, isso sim... – Falou baixinho, encostando-se na porta fechada, soltando-lhe os pulsos e o enlaçando pela cintura apertando o corpo junto ao seu, segurando o lábio dele entre os dentes.
- Oh, siiimmm!!! – Pousou as mãos no peito acariciando por cima da camiseta molhada, para logo depois desvencilhar-se dos braços dele e se afastar a uma distância segura... – Você não imagina o quanto... – Subiu as mãos pelo corpo, levantando a própria camiseta com esses movimentos, esfregando-as na pele, bem sensual.
- Kou... – Aoi o comia com os olhos, seguindo cada movimento sinuoso das mãos, a voz em tom de aviso.
Ele é muuuiiito pervertido... – Foi tirando os sapatos, dando um passo atrás. – ...E lindo... – Lambeu os lábios... – ...E gostoso... – Erguendo a camiseta e passando pela cabeça e deixando-a cair aos seus pés. – ...E sexy! – Abriu o botão o zíper do jeans e deslizou a calça pelas pernas longas, retirando pelos pés e pisando sobre ela, ficando somente com a boxer vermelha. – Um graaannnde pervertido!
Uruha riu alto e correu, passando pelo corredor e entrando no quarto, sendo seguido de perto pelo moreno, que o empurrou de bruços sobre a cama caindo sobre ele.
- Hummm... – Aoi gemeu deitado sobre ele, esfregando o quadril sobre as nádegas redondinhas. – O que você quis dizer com essa ênfase no 'grande', hein? – Mordiscou a orelha dele. – Tá a fim de aumentar o seu castigo?
- Entenda como quiser... – Arrepiou-se todo com os dentes do moreno em sua pele, remexendo o quadril sob ele.
- Já entendi... – Ainda sobre ele, virou o rosto lindo e o beijou, a mão percorrendo a lateral do corpo, o quadril ondulando sobre as nádegas, ouvindo os gemidos dele.
- Hummmm... Yuuuuu... – Gemeu quando a boca deixou seus lábios e percorreu o seu pescoço e ombros, ofegando sob o peso dele. – Vem... Vem... E me castiga... Bem gostoso...
- Sei bem... – Beijava e mordia a pele macia da nuca, deixando-a vermelha e sensível. – O que você quer... – O braço se estendeu e abriu a gavetinha do criado mudo tirando de lá um tubo de lubrificante, que deixou ao lado co corpo e um par de cordinhas brancas. Com uma amarrou os dois pulsos juntos, com a outra prendeu os pulsos à cabeceira da cama.
- Você sempre sabe... Huuummmmm... – Afundou a cabeça no travesseiro, abafando os gemidos. – Mesmo quando me... Aaahhhhh... – Arqueou as costas, jogando a cabeça pra trás, com a mordida mais forte no meio da coluna. – Torturaaaahhhh....
- É assim que você gosta... – Se afastou um pouco, tirando as roupas apressadamente e atirando-as no chão ao lado da cama, colocando-se entre as pernas dele, abrindo-as um pouco mais enfiando a mão por baixo e trazendo os testículos e o pênis deixando-os expostos para si. – E que eu também gosto...
Olhou-o com luxúria e percorreu as costas de cima abaixo, lambendo e mordendo até chegar ao vão das nádegas, passando a língua ali, abrindo as polpas e lambendo lentamente, descendo mais, ouvindo os gemidos longos e langorosos... Desceu ainda mais, roçando a pele no corpo dele, chupando os testículos, adorando ouvir aquela voz necessitada, pedindo, implorando, lambendo o membro rijo, sempre devagar e com calma, deixando o loiro desesperado. Fechou os lábios sobre a pontinha sugando delicadamente, provocando arrepios de prazer.
- Aaaaahhhhhhhnnnn... Mais... Maiiissss... – Ele se contorcia sob o assédio do moreno, repuxando as mãos presas, as coxas imobilizadas pelos braços fortes de Aoi.
- Hummm... Delicioso!
Abriu a bisnaga de lubrificante, colocando um pouco nos dedos, o tocando com intimidade, os dedos indicador e médio se esfregando e brincando na entrada, só provocando, os lábios ainda na glande, sorvendo as gotas peroladas que vazavam da pequena abertura, indicando que ele estava bastante excitado. Escorregou a ponta do indicador lentamente em seu interior, colocando-o inteiro dentro dele notando o pequeno desconforto, movendo-o superficial e lentamente.
Mantinha a coxa direita dele sob sou braço, trabalhando com a língua e os lábios na glande. Trouxe o indicador para fora quase que completamente, juntando a ponta do médio e forçando os dois juntos para dentro, penetrando-o mais profundamente, mais forte, provocando reações mais desesperadas nele. Sentindo o corpo reagir involuntariamente, contraindo e relaxando, arrepiando e remexendo, gemidos e suspiros e gritos, palavras incoerentes saindo daqueles lábios que adorava beijar.
- Aoi... Aoi... Hummm... – Gemia alucinado, repuxando as mãos, tentando se virar, mas impedido pelo moreno de se mover. – Nã-não fa-az... Aaahhnnnnn... Assim... A-Aoi... Eu... Huuummmm...
Aoi parou com as chupadas no membro cada vez mais duro, continuando a mexer com os dedos, mordendo mais forte a polpa da nádega, a parte interna da coxa, os dentes roçando devagar na glande exposta. Trouxe os dedos quase inteiramente para fora juntando o anular aos outros dois, os enfiando profundamente dentro dele, parando por um instante, antes de começar a se mover forte e incisivamente, a língua lambendo o pênis de todos os lados e ângulos, da ponta à base, sem realmente tomá-lo na boca ou demonstrar a intenção de possuí-lo, sem pressa nenhuma...
- N-não... Não... AOI! Hummm...! – Gemia e gritava descontrolado, à beira da insanidade. – As-assim eu... Aaahhhmmm... YUUUU!
O moreno sorriu, repetindo as investidas fortes e profundas, distintas, saindo devagar e entrando rápida e profundamente, investidas certeiras na próstata sensível, se deliciando com o que via, os dedos longos dele se enrolando na corda, puxando com força, a reação do corpo que se arqueava a cada uma delas.
- Assim... – Pergunta com malícia e deleite. – Você o quê, Kou...?
Sabia perfeitamente o que ele queria, gemendo e se contorcendo, desesperado com aquela tortura de prazer, envolveu o pênis dele com os lábios, a glande toda na boca, sugando forte... Sentiu os músculos dele se contraindo e então... Parou. Um rosnado frustrado se fez ouvir, e um murmúrio ininteligível também.
Engatinhou sobre ele, deitando-se sobre o corpo levemente suado, o peito apoiando nas costas dele, levantando levemente o quadril, o pênis rijo encaixando-se nele, a mão apertando o quadril, a boca acariciando a nuca.
- Aaahhhhh... Aoi! – Gemia arfante, afoito... – Me possui... Vai... Aaahhhmmm... Não me castiga mais... Vem!
A mão grande de Aoi abriu a nádega, deixando o corpo pesar, entrando devagar e num movimento fluído até se encostar todo nele, ouvindo o gemido longo e levemente dolorido.
- Hummm... Assim né, amor? – Gemeu junto ao ouvido dele.
Levantou o quadril, movendo-se devagar, o vai e vem começando, mordendo e lambendo o ombro, vendo as mãos dele agarradas à corda que as prendia à cama. Continuou o movimento lento, sentindo que ele relaxava sob si e começava a mover o quadril de encontro ao seu.
- Is-sso Aoi! Isso! Mais! Huuummmm... Ma-mais f-forte!
Levantou o tronco apoiando-se num dos braços, tirando o peso de cima dele, puxando o quadril com uma das mãos, fazendo com que ele o levantasse e apoiasse nos joelhos, a cabeça ainda deitada nos travesseiros. Apoiou as mãos nos quadris dele, o apertando e intensificando as investidas, mais fortes, mais fundas, tocando a próstata.
- AAAAOOOOOIIIII!!! – Uruha gritou com o prazer que varreu sua sanidade.
O moreno sorriu, arfante e suado, os corpos se chocando com força, repetindo o mesmo movimento, tocando naquele ponto repetidas vezes, vendo-o se contrair, sentindo-o se apertar em torno de si, aumentando seu prazer infinitamente, estremecendo com as fisgadas no baixo ventre, o calor o percorrendo em ondas fortes...
- Huuummm... Aoi... A-Aoi...
- Vai... Goza amor... Hummm... Me leva com você... – Levou a mão ao membro rijo, molhado, movendo-o no mesmo ritmo frenético dos corpos...
- Aaaaaoi... Aaahhh... AAAAOOOOIIIII!!! – Seu corpo se arqueou ainda mais, empinando o quadril, gozando intensamente, molhando a mão do moreno.
- Kou... Aaahhhmmmm Kou... Aaaahhhhhhhhhh... – Gemeu alto e forte, se esvaindo no interior quente dele.
Seu corpo se retesou em êxtase, sentindo os espasmos dele em si, ainda movendo-se rápido e forte, diminuindo o ritmo aos poucos, sentindo que ele relaxava sobre o colchão. Deixou o seu corpo pesar sobre o dele, beijando os cabelos molhados, grudados no pescoço e nas têmporas, os olhos fechados, os lábios entreabertos, a respiração aos arrancos. Levou uma das mãos às cordas, desatando-as com alguma dificuldade, já que os puxões do loiro tinham apertado um pouco os nós corrediços.
- Eu te amo Kou... Completamente... – Se retirou de seu corpo, se colocando ao seu lado. – Não saberia mais o que fazer sem você do meu lado.
- Eu nunca... – Virou o rosto, ainda de bruços, o encarando com o olhar amoroso. Beijou os lábios cheios, se virando totalmente para ele, abraçando-o. – Nunca... Vou sair do seu lado... – Seus lábios se abriram num sorriso radiante, nos olhos o brilho de felicidade.
Aoi sorriu, apertando-o contra si. Então se levantou num pulo, puxando-o, obrigando-o a acompanhá-lo aos risos, brincando daquele jeito infantil só deles, entrando no banheiro e o empurrando sob o chuveiro, abrindo o registro todo, a água quase fria atingindo o loiro que arfou com o choque de temperatura. Uruha olhou de modo vingativo para o moreno, jogando água nele, puxando o moreno para junto de si sob o chuveiro, beijando-o profundamente.
Tomaram o banho, carinhosos, dizendo juras de amor, fazendo planos para o dia seguinte, enxugando e vestindo um ao outro, se deitando na cama, adormecendo abraçados.
oOo
18/NOVEMBRO
Domingo – 08:10 AM
Uruha suspirou profundamente e entreabriu os olhos, um sorriso amoroso se desenhou em seus lábios, fitando o rosto bonito à sua frente, o moreno adormecido, os cabelos negros espalhados no travesseiro, alguns fios sobre a bochecha e a boca. Levantou o pulso esquerdo, constatando que eram oito e quinze da manhã... Muito cedo para os seus padrões, mas já que estava acordado bem que podia preparar a surpresa do Aoi... Antecipadamente.
Pensou por um momento, um sorriso radiante iluminou seu rosto, o fazendo se levantar com cuidado para não acordar o moreno, abrir o guarda roupa e pegar a calça e a jaqueta de couro e colocar por cima da regata e do short de malha que usava pra dormir. Não se preocupou em se trocar, pois ia voltar logo. O artesão já tinha ligado dizendo que a guitarra estava pronta... Ia só adiantar a entrega do presente. O aniversário de três anos de namoro seria dali a três dias, na quarta feira, mas com os dois sozinhos ali seria bem mais romântico.
Fechou o zíper da jaqueta, calçou as botas e escreveu um bilhete o deixando sobre o travesseiro. Pegou a chave da moto no porta chaves e saiu, descendo pelo elevador, entusiasmado com a idéia de adiantar a surpresa. Saiu na garagem e alcançou a moto, colocando o capacete e consultando o relógio: oito e trinta e dois. – Não devo demorar mais de uma hora pra voltar... – Deu partida da moto, acelerando, saindo para a luz do dia, um lindo dia...
oOo
18/NOVEMBRO
Domingo – 8:32 AM
Olhos verdes se estreitaram dentro do carro, dando partida no motor quando viu a bela moto parar por um instante na saída da garagem, o motoqueiro todo de couro negro, o capacete prata escondendo as belas feições. Mas os olhos verdes sabiam muito bem quem estava pilotando a moto, e não ia perdê-lo de vista de jeito nenhum. Arrancou com o carro, dando alguns metros de vantagem, seguindo o ritmo que o guitarrista dava à máquina.
Afastavam-se cada vez mais do centro da cidade, a uma velocidade mediana, passando por belos bairros residenciais, depois as casas foram diminuindo, rareando, até que se viu seguindo a moto na área rural nos arredores da cidade, ao norte... Estava chegando a hora! Acelerou o carro, quase pareando com a moto, estreitou os olhos ao ver uma ponte estreita à frente, ladeada por um gradil de aço e concreto armado... Teria que dosar bem a pressão, afinal, não queria que ele caísse...
Assim que entraram na ponte, acelerou e jogou o carro contra a moto, assustando o piloto, o desequilibrando e fazendo bater contra o gradil e amassar e arranhar o tanque, freando a máquina bruscamente derrapando junto com o carro que se jogava em frente dela, quase batendo nele. Ficaram ambos parados ofegantes com a adrenalina correndo forte nas veias... O motoqueiro desmontou, se movendo tal qual um tigre enfurecido, ao mesmo tempo em que o motorista abria a porta do carro e saia também.
- POR ACASO VOCÊ É LOUCO!?!?!? – Uruha gritou furioso, tirando o capacete o jogando no chão com toda ira. – PODIA TER NOS MATADO AGIN...
Parou surpreso. Uma garota morena de olhos verdes empunhava o que parecia ser uma 765 sobre o teto do carro, apontando diretamente para ele.
- ISSO É UM SEQÜESTRO! Pare bem aí, e deite-se no chão com os punhos nas costas!
- Você só pode estar brincando... – Respondeu aturdido, com ar de caçoada.
- NO CHÃO!!! – Ela gritou, dando um tiro certeiro no capacete jogado no chão o fazendo saltar e apontando novamente para ele. – A-GO-RA!
Assustado com a precisão do tiro, não restou mais nada a Uruha, a não ser obedecer à ordem. Ajoelhou-se e apoiou as mãos enluvadas no asfalto, deitando-se de bruços, colocando as mãos para trás, mantendo a cabeça longe do chão quente, as costas reclamando da posição. A garota chegou mais perto, andando displicente, a arma agora apontada para sua cabeça, um par de algemas na mão. A única coisa que o loiro conseguia ver era o par de tênis, pretos e surrados.
- Se isso não bastar... – Encostou o cano da pistola levemente quente na bochecha do loiro. – Pense naquele moreno lindo que está te esperando... Não me force a fazer algo que vá machucá-lo. – Ameaçou sem pestanejar. – E não ouse me encarar... Ouviu? – Cutucou o rosto com a arma e fechou uma algema em cada pulso, dando a volta em torno dele, ficando de costas para o sol, para evitar que ele a olhasse. – Agora vire e se levante, vou abrir a porta do carro e você vai entrar e deitar no banco e ficar quietinho. Bem quietinho, entendeu?
O loiro virou-se, rolando no asfalto quente, mantendo a cabeça em pé, o corpo protegido pelo couro grosso, a não ser a perna direita, onde o couro rasgou, esfolando a pele que agora ardia como fogo. Levantou as pernas, dando um impulso, conseguindo sentar, com muito custo dobrar as pernas de lado e se apoiar sobre os joelhos, finalmente apoiando um pé no chão e se levantar.
Olhou para ela disfarçadamente, a cabeça baixa, do alto dos seus um metro e setenta e sete. Ela devia ser pelo menos um quinze centímetros mais baixa que ele, mas isso de nada adiantava por que quem tinha a pistola era ela. Andou bem devagar, entrando no banco traseiro do carro e se sentando. Era desconfortável com os braços para trás, mas não reclamou.
- Por que está fazendo isso...? – Perguntou vacilante. – Se for por dinh...
- Cale a boca! O porquê não interessa! – A voz juvenil pingava ódio, enquanto remexia na bolsa à procura de algo. – A culpa é sua... Toda sua... E você vai pagar! – O olhar desvairado era indício de alguma demência. – Abra a boca!
Uruha viu a mão dela com uma mordaça Ball saindo de dentro da bolsa e estremeceu, entre amedrontado e enojado.
- Nã-não... Eu fico quieto, eu...
Naquele momento, antes que pudesse falar mais alguma coisa a esfera foi enfiada em sua boca e as correias que a prendiam afiveladas em sua nuca. A sensação era sufocante, como se respirar pelo nariz não fosse suficiente. As surpresas não terminavam aí, de dentro da mesma bolsa ela tirou uma venda e uma corda não muito grossa, passando-a por baixo dos seus joelhos, amarrando-os juntos, o deixando ainda mais desconfortável. Tampou os seus olhos para desorientá-lo mais facilmente.
- Agora se deite aí e encolha as pernas. – Tendo a ordem obedecida, bateu a porta, deu a volta e entrou atrás do volante, conferindo o relógio do carro. – Muito bom... O tempo dentro do previsto. – Olhou para trás, vendo-o deitado, a respiração ofegante, a expressão apreensiva na face vendada. – Apenas dez minutos para imobilizar você! Foi muito fácil!
O carro preto saiu devagar, deu meia volta e arrancou, deixando para trás a moto junto ao gradil e o capacete jogado no chão. No meio da ponte os óculos escuros quebrado, atropelado pela moça de olhos verdes. (09:05 AM)
oOo
18/NOVEMBRO
Domingo – 11:28 AM
Lentamente a melodia vai fazendo sentido em sua mente, ainda de olhos fechados reconheceu o toque do seu celular. Deslizou a mão pelo colchão, notando que está vazio, abriu os olhos, minimamente, incomodado pela claridade que entrava pela janela. Não se lembrava de ter deixado a cortina aberta na noite anterior, mas também não se lembrava de tê-la fechado... Sorriu malicioso, se lembrando que na noite anterior pensava em outras coisas mais... Interessantes do que as cortinas.
O celular ainda estava tocando, irritando o moreno que não acordou direito, o toque indicando que era alguém da banda. Suspeitava que fosse Ruki, já que ainda era... Consultou o relógio de pulso.
- Onze e meia! Eu vou matar esse baixinho! – Encontrou o aparelho no meio de suas roupas jogadas por ali, abrindo o flip bruscamente. – Moshi moshi...
- Oi Aoi! Bom dia! Já acordou?
- Se estou falando com você... – Sorriu cinicamente. – Tinha tudo pra ser um dia excelente se não tivesse me acordado tão cedo!
- Aposto que se fosse o Uruha você não estaria de mau humor, nem gritando... – Observou malicioso. – Ao invés de gritos seriam gemidos...
- Larga de ser depravado e fala logo o que quer!
- Tô morrendo de medo... – Provocou. – Reita! Mas que mania de me tirar o brinquedo quando estou me divertindo!
- Oi Aoi! Queremos que vocês venham almoçar aqui conosco... O Kai também vem e... Argh... Ele é quem vai cozinhar...
Enquanto falava com os amigos Aoi deu uma volta pelos cômodos, procurando por Uruha. Como não o encontrou voltou ao quarto para se trocar e viu um papel dobrado sobre o travesseiro do mesmo.
- Espere um minuto Reita, acho que o Uruha saiu, achei um bilhete dele aqui. – Ele pegou o papelzinho e o leu.
Bom dia Yuu-chan!
Você estava dormindo tão gostoso
Que não tive coragem de te acordar.
Tenho uma surpresa pra você!
Volto logo,
Kou.
Aoi sorriu com o bilhetinho, nem parecia que tinha se passado três anos. Uruha continuava doce e romântico. – Mas se torna um pervertido na cama à noite... Nem parece a mesma pessoa.
- Ele deve ter ido a algum lugar aqui por perto... – Informou ao amigo. – Disse que volta logo. Tenho quase certeza de que nós vamos, mas quero consultar a opinião dele antes. Assim que ele chegar, ligo confirmando.
- Ok. Eu fico aguardando. O Kai nem chegou ainda, e até ele chegar e fazer a comida... Vamos comer pelo meio da tarde. Bye.
- Certo, até mais então. Bye bye. – Desligou o celular e se sentou na cama, ainda com o recadinho nas mãos, sorrindo como o bobo apaixonado que era.
oOo
18/NOVEMBRO
Domingo – 01:00 PM
Estava impaciente. Já estava ligando para o celular dele há meia hora. Nunca tinha acontecido algo assim, Uruha era responsável, não deixaria de atender uma ligação sua, tinha a sensação de que havia acontecido alguma coisa... O pior era que nem sabia que horas ele tinha saído. Talvez na portaria... Desceu o mais rápido possível, andando a esmo pelo cubículo fechado, impaciente. Assim que as portas se abriram, dirigiu-se ao porteiro do prédio, na guarita.
- Boa tarde Hideo-san
- Boa tarde Shiroyama-san, em que posso ajudar?
- O senhor viu o Uruha sair?
- Sim, ele saiu cedo, oito e pouco, de moto.
- Tem certeza do horário?
- Sim, eu entro as oito e foi logo depois que cheguei.
- Muito obrigado Hideo-san.
Aoi agora sentia um suor gelado percorrendo seu corpo, de puro pavor. Cinco horas! Alguma coisa tinha acontecido, ele não demoraria tanto assim sem dar notícias. Entrou no apartamento, ouvindo o toque de Ruki no celular e apressou-se em atender.
- Moshi moshi? – Atendeu ofegante.
- Hei Aoi! Podia ter nos ligado antes de começar a festinha particular, né?
- Ruki, estou preocupado, acabei de falar com o porteiro do prédio, o Uruha saiu pouco depois das oito, já são uma da tarde e ele não deu notícias até agora!
- Já ligou pra ele?
- O que acha que venho fazendo há mais de meia hora? Mas não atende! Eu acho que aconteceu... – Ouviu um bip no meio da conversa, indicando outra ligação. – Espere, tenho outra ligação, talvez seja ele...
Aperta as teclas, olhando no visor e vendo o número tão esperado, atendendo a ligação.
- URUHA! ATÉ QUE ENFIM!
- Olá... – Uma voz macia respondeu na linha. – Sentiu falta de alguém?
- QUEM É VOCÊ!? QUERO FALAR COM URUHA!
Apenas uma gargalhada se fez ouvir, seguidas de outras cada vez mais altas, mais tresloucadas, arrepiando o moreno por inteiro. Sons de passos e portas se abrindo e batendo...
- Fale com ele!
A voz soou autoritária e fria, seguida de outra insegura.
- Aoi...!
- Uruha... – O moreno se desesperou. – URUHAAA!!!
- Tsc, tsc, tsc... Sem conversa... Isso é só pra você saber que ele está aqui... Comigo!
Ao fundo o ouvia o chamando, sentia a angústia, o medo presentes na voz dele, uma porta batendo, e então o som de uma respiração acelerada.
- O QUE VOCÊ FEZ COM ELE??? EU EXIJO...
- Você não exige NADA! Por enquanto ainda não fiz... Mas não significa que não vou fazer.
- O que você quer? Dinheiro? Jóias, helicóptero, avião? Dou o que...
- Sofrimento...
- O que? – Um clique se fez ouvir. – Não... Espera! NÃO DESLIGA!
Mas já era tarde demais, só restara o silêncio. Fechou o flip, completamente esquecido da outra ligação. Deixou-se cair no sofá, desnorteado, angustiado, com medo... Só conseguia pensar em onde ele estava, como ele estava... Se estava ferido...
- Uruha foi seqüestrado...
O celular tocou novamente em sua mão. Seu olhar caiu avidamente no visor iluminado, lendo o número de Ruki. Atendeu e antes que alguém disesse alguma coisa...
- Ruki! Chame o Reita!
- Fale Aoi, sou eu, aconteceu algo? – Foi a voz do baixista que o indagou, preocupado.
- URUHA! ELE FOI SEQÜESTRADO!
oOo
Just one chance, just one breath
Apenas mais uma chance, apenas mais um suspiro
Just in case there's just one left
Caso reste apenas um
'Cause you know, you know, you know...
Porque você sabe, você sabe, você sabe...
That I love you
Que eu te amo
That I have loved you all along
Eu sempre te amei
That I miss you
E eu sinto sua falta
Been far away for far too long
Estive afastado por muito tempo
I keep dreaming you'll be with me
Eu continuo sonhando que você estará comigo
And you'll never go
E você nunca irá embora
Stop breathing if I don't see you anymore
Paro de respirar se eu não te ver mais
oOo
18/NOVEMBRO
Domingo – 12:55 PM
Seqüestrado a 4:23 hs
Seus olhos estavam fechados, tentava não pensar em nada que não fosse a imagem dele, nos cabelos castanhos, nos olhos negros como a noite, na boca sensual, os lábios cheios e vermelhos, o rosto perfeito que via ao acordar. Pensava em cada dia, cada minuto que haviam passado juntos desde que tinham se conhecido, desde que tinham formado a banda. Cada sorriso, cada discussão, cada brincadeira, cada ensaio e cada show...
Era muita coisa, mas cada momento daqueles estava gravado a ferro quente em sua memória, e era por causa deles que não se deixara sucumbir ao desespero total. Suspirou longamente antes de abrir os olhos e levantar a cabeça. Estava cansado, chegaram ali ainda pela manhã, não sabia exatamente que horas por que perdera totalmente a noção do tempo e aquela era uma situação no mínimo aterrorizante.
Quando chegaram naquele lugar algumas horas antes, ela abrira a porta do carro e o forçara a sentar, o puxando grosseiramente, suas pernas que estavam um pouco dormentes pelas amarras e pela posição encolhida em que ficara por um tempo indefinido, fora puxado pelo braço e guiado a passos trôpegos, vendado e amordaçado, da porta do carro até onde estava preso agora, com a pistola encostada contra as costelas.
Ela o colocara contra uma parede, dizendo que não reagisse a ela ou o outro guitarrista sofreria as conseqüências... Isso fez seu sangue gelar nas veias, pensar que qualquer coisa poderia acontecer com o moreno, até levar um tiro, o deixara mais apavorado do que o seqüestro em si. Então sentira que cada pulso recebia uma nova algema que estava presa a uma corrente, ouvia o barulho delas, presas na parede logo atrás de si.
Aquelas com que viera, foram retiradas assim como a mordaça e a venda o avisando mais uma vez para que ficasse quieto. Seus olhos se abriram, se acostumando com a luz e vagaram pelo cômodo, que parecia ser uma sala de estar, vazia a não ser por uma mesinha com uma cadeira. Ao seu lado esquerdo a grande janela e na parede á sua frente junto à janela a porta da sala. Ficou arrepiado, olhando a si mesmo, nas fotografias e pôsteres em diversas fases de sua carreira, pregados ali naquela parede à sua frente, ao redor da lareira. Sobre ela uma fotografia olhava para si, um jovem moreno, de olhos verdes, uns vinte e poucos anos, que parecia lhe lembrar alguém.
Agora se encontrava sentado ao chão, os braços meio para cima, afinal a finalidade das correntes era limitar sua liberdade e não facilitar, pelo menos podia coçar o rosto, sentar quando estivesse cansado, levar algo à boca, para comer ou beber, desde que 'ela' lhe desse. Sentiu o celular vibrar no bolso interno da jaqueta, de novo, ficando ansioso por que sabia que não conseguiria pegá-lo e morria de medo que 'ela' descobrisse o celular.
Ouviu o barulho da porta do carro batendo, passos no corredor lateral da casa indo até os fundos e então o silêncio novamente. – Ela chegou...! – Seu medo de que ela descobrisse que estavam ligando para ele era enorme. A cada vez que uma ligação tinha chegado, seu corpo tinha gelado de pavor, ele tinha se desesperado tentando abrir a jaqueta para pegar o aparelho, esfolando os pulsos nas algemas naquele processo, mas não tivera sucesso, e já contara quatro ligações...
A porta do corredor se abriu e ela entrou, trazendo uma bandeja contendo uma jarra com água, uma tigelinha com sopa, um pedaço de pão. Colocou sobre a mesa e voltou o olhar de ódio sobre si, andando a sua volta e o olhando de cima a baixo, captando cada detalhe de sua aparência. Chegou mais perto, sem temer qualquer reação de sua parte, olhando atentamente os machucados nos pulsos, sorrindo cruelmente.
- Você não deveria tentar se soltar... – Diz cínica e maldosa. – Além de 'se' machucar, pode causar represálias para aquele moreno lindo... – Sorri ao ver o medo estampado nos chocolates. – Ele pode ter os dedos pisados e quebrados tragicamente em um assalto, ou mesmo levar um tiro...
Aquelas palavras lhe deram arrepios. Ela deu meia volta e foi até a mesinha, pegando a bandeja com a tigela e a colher e o pedaço de pão e colocando ao seu lado, voltando para pegar o copo de água e o colocando ali ao lado da tigela.
- Já que fez tanto esforço para soltar-se a ponto de fazer isso com seus pulsos, pode fazer o mesmo esforço para comer sem a minha ajuda... – Um zumbido cortou o silêncio vindo depois de suas palavras sarcásticas, alertando de que havia uma falha na execução de seus planos. – O que é isso? – Chegou mais perto, percebendo que o barulho vinha dele.
O sorriso medonho tomou seus lábios. Notando o olhar horripilado na bela face. Abriu a jaqueta, o zumbido se tornando mais alto, e a mão dela escorregou para o bolso interno fechando-se no pequeno celular, o corpo de sua vítima paralisado causando um frenesi de satisfação nela.
- Ora, ora, ora... O que temos aqui... – Abriu o flip e viu o nome de Aoi piscando no visor do celular que continuava vibrando. – Agora entendi... – Esperou que o telefone parasse de chamar e abriu a lista das ligações não atendidas vendo que com essa última já eram cinco em pouco mais de meia hora... Dele! – Por isso os pulsos machucados... – Fitou-o, o olhar desvairado. – Menino mau... Muito mau... Vou ter que retaliar... – Encaminhou-se para a porta, o celular na mão, sem olhá-lo uma segunda vez.
- Não... Espere... Eu faço o que você quiser!!! Pode fazer tudo comigo, só...
- Cale-se! – Ela se virou ao chegar à porta do corredor. – Eu já posso fazer o que quiser com você... Posso recolocar a mordaça, posso te dar um tiro... Ou posso descontar 'nele'! Posso tudo que eu quiser!!!
Continua...
