Those Who Moved On
Era apenas uma criança quando ouviu falar deles. Nunca pensou realmente em encontrá-los, mas sabia que eles definiam toda a vida que vivia, sem medo, com liberdade. Tanto quanto seus cabelos ou suas roupas de segunda mão, tanto quanto seu sobrenome e suas sardas, ele era definido por viver em uma época melhor que a de seus irmãos mais velhos.
E pensaram que ele teria uma vida tranqüila, e que seria só mais um.
Pensaram tanto que o convenceram, até que acabaram por levá-lo ao caminho oposto. Sentado no trem, naquela primeira vez, tinha definido seu destino como algo muito diferente do que tranqüilo e apenas mais um. Seu caminho era ser o escudeiro, o amigo fiel, o guerreiro à direita do rei.
Passou a vida inteira lutando contra tantas sombras, que acabou por se abrigar sob mais uma delas, uma mais forte, uma mais importante, uma que o levaria até onde precisava ir.
A encarar aqueles olhos verdes e aqueles olhos vermelhos que tinham definido sua existência desde o começo.
E quando finalmente acabou, ele estava livre de todas as sombras. Sabia quem era, não precisava mais se provar. Estava definido.
O caminho que seguiria estava completamente à sua escolha, sem precisar preocupar-se com os outros.
E Ronald Billius Weasley, o mais novo de todos os irmãos, o melhor amigo de Harry Potter, o traidor se seus amigos, abaixou-se sob um joelho só.
Era o caminho que queria para si.
Era quase uma mocinha quando ouviu falar deles. Nunca pensou realmente em encontrá-los, mas sabia que eles definiam toda sua nova vida, a simples possibilidade dela existir. Tanto quanto seus pais, tanto quanto seus poderes, tanto quanto sua aparência ou sua inteligência, era definida por poder viver em uma época que quase fora extinta pela sombra.
E achou que seria apenas mais uma, e quis se destacar.
Quis tanto que arrumou problemas, mágoas e desafetos, tanto que acabou levando-a até seu caminho. Sentada no banheiro aterrorizada, seu destino tinha se definido para ser exatamente um destaque. Seu caminho era ser a conselheira, a amiga fiel, o poder a esquerda do rei.
Passou a vida inteira lutando pela notoriedade que acabou por consegui-la de formas indesejáveis. Mesmo assim, seguiu firme, pois sabia que estava no caminho que a levaria até onde precisava ir.
A encarar aqueles olhos verdes e aqueles olhos vermelhos que tinham definido sua nova existência desde o começo.
E quando finalmente acabou, não desejava mais os holofotes. Já sabia quem era e não precisava mais da aprovação dos outros. Estava completa.
O caminho que seguiria estava completamente à sua escolha, sem medos ou tensões.
E Hermione Jane Granger, nascida de pais trouxas, melhor amiga de Harry Potter, aquela que ficou para ajudar, disse sim.
Sabia que queria para si o caminho até o altar.
Não eram, afinal, dois caminhos diferentes. Seguiam juntos desde o começo, e o fariam até o fim. Estariam juntos agora como sempre estiveram.
Todas as pequenas confissões trocadas, e então os toques, e os beijos misteriosos, e as peles se encostando tão de leve que poderia mal ser verdade, exceto pelo fato que não fazia parte de um sonho ou de um pesadelo. Todos os desejos que só poderiam ser realizados por alguém que tivesse caminhado junto por tempo suficiente para entender o quanto era importante tudo aquilo, o quanto era desejável.
A solução de Ron e Hermione era que, bem, não importava o que estivera antes em seu quintal, mas o que estaria amanhã. E eles sabiam que queriam um ao outro, em quintais e cozinhas, em quartos e salas, em brigas e pazes, em uma eterna continuação daquilo tudo de positivo que tinham construído entre si. Aquele amor tão antigo e tão novo.
Quando a guerra acabou, seguiram em frente, com novo fôlego.
E juntos, resolveram dar um passo à frente, sabendo que não era apressado, era certo.
Só havia agora olhos castanhos nos azuis.
