Disclaimer: personagens e lugares pertencem a JK Rowling e à Warner Brothers. Esta fic foi escrita sem quaisquer fins lucrativos e quaisquer semelhanças com outras histórias não passam de meras coincidências.

Produção:Dezembro, 2009

Avisos: fanfiction apropriada para toda a gente.

Spoilers: DH

Sumário: e onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração.


N/A: como já vem sendo hábito, aqui fica o meu "presente" deste Natal 2009. Desejo-vos uma óptima quadra cheia de amor, alegria, muitos docinhos e muitas prendinhas! E espero que gostem… troquei as minhas bactérias por esta fic! ^^' Feliz Natal, pessoal!

Esta fic não foi betada por falta de oportunidade de ambos os lados, mas betada será mais cedo do que pensam! XD

O sumário da fic pode ser encontrado no Deathly Hallows; é a inscrição na campa de Kendra e Ariana Dumbledore.


EM CASA

Ele acorda ainda o Sol não nasceu.

Antes do arrastar das pantufas quentes pelos corredores.

Antes das vozes alegres a proclamarem Feliz Natal.

Antes do rasgar dos papéis de embrulho.

Antes dos risos e agradecimentos.

Ele salta da cama com mil e um cuidados para não acordar ninguém. É preciso contornar os colchões espalhados pelo quarto; abrir a porta sem chiadeiras; atravessar o corredor pé ante pé; descer os degraus de madeira sem guinchos.

O tio Charlie ocupa o sofá mais comprido, mas sabe que não é o pior obstáculo – a Toca podia cair que ele não acordava. Os roncos disfarçam qualquer passo mais barulhento. O pinheiro brilha à sua frente. O presente está no topo da pilha. É sempre fácil de encontrar.

Teddy. Simplesmente Teddy.

Nunca há remetente. Não podia haver.

Ele foge para o vão da escada. É escuro, é frio, mas é o melhor. Prefere estar sozinho para o fazer. A fita magicola cede à pressão dos seus dedos, o embrulho revela os seus segredos. Da moldura trabalhada espreitam os rostos que ele aprendeu a amar no desalento de nunca os poder tocar. O Lembrador rebola para a palma da sua mão. O adesivo amarelado pelo tempo não engana: Pertença de N.T.

Sorri para eles. Pelos trabalhos de casa que ficaram por fazer. Pelos chapéus que ficaram esquecidos nas estufas. Pelas queixas do zelador que achava impossível ele ainda não ter aprendido o caminho para as aulas da manhã. Pela voz da avó: És mesmo filho da tua mãe!

"Obrigado, mãe! Obrigado, pai!"

Remus John e Nymphadora sorriem de volta. Onze anos depois, tudo o que lhes é permitido fazer é sorrir.

Ele fecha os olhos por um momento. E nesse momento tudo é diferente. A Guerra nunca aconteceu. Eles nunca saíram de casa naquela noite maldita. Os Devoradores da Morte nunca os apanharam. Os seus nomes nunca foram delineados nas lápides de um cemitério.

E quase consegue sentir o braço dele pesar nos seus ombros.

E quase consegue sentir os lábios dela deslizarem pela sua face.

Não é preciso fingir, porque, por um momento, Remus John e Nymphadora estão ali, junto a si.

Ele desperta, abre a porta. É um regresso à realidade. Há movimento na cozinha, um cheiro bom a cacau quente no ar. Do segundo piso provêm o bater das portas, os bocejos prolongados, uma miscelânea de passos arrastados e tropelias para decidir quem chega primeiro à casa de banho. A avó Molly passa por ele enquanto ameaça transformar o tio Charlie num sofá se ele não se levantar imediatamente.

A avó aproxima-se, ainda de camisa de dormir e de cabelos desgrenhados, e acocora-se à sua frente. O sorriso é estupendo e nem o brilho das lágrimas teimosas esconde o calor dos seus olhos.

O abraço é inevitável.

"Obrigado, avó! Feliz Natal!"

O beijo dela também.

"Feliz Natal, meu querido!"

Ele é o primeiro a entrar na sala, muito antes do avô Arthur transformar as escadas num escorrega e de James e Freddie se atirarem de cabeça. Já está ajoelhado sob o pinheiro quando os primos lhe saltam para cima. Já tem os seus presentes reunidos quando os tios batem à porta. Estão todos juntos quando a calmaria da manhã é rasgada pelo abrir dos embrulhos, o voar dos pedaços de papel, as exclamações de satisfação, os beijos de agradecimento.

Todos os anos o mesmo ritual.

Por isso sabia o que vinha a seguir.

Iria vestir a sua camisola Weasley quentinha e beber da caneca de cacau quente que a avó Molly andava a distribuir.

Iria despentear os cabelos negros de James e Albus e perguntar-lhes se podia ficar com os novos brinquedos deles.

Iria oferecer-se para experimentar as novas invenções que o tio George planeava colocar à disposição no Magias Mirabolantes dos Weasley no próximo ano.

Iria juntar-se a Victoire para irritarem Dominique até esta arrepelar os cabelos e acabar amuada ao colo do pai ("Caramba, meninos, nem no dia de Natal!").

Iria juntar-se a todos os outros para cantarem aquelas canções natalícias que sempre faziam a avó Molly chorar e a tia Fleur refugiar-se na casa de banho.

À hora do almoço, havia quem se sentasse à mesa, havia quem comesse de pé, uns primeiro, outros mais tarde, mas sem nunca perderem a sua sintonia. E a avó Molly iria encher-lhe o prato por três vezes, e o tio Percy iria perguntar-lhe se já era capaz de transformar fósforos em agulhas, e a tia Hermione iria aconselhá-lo a ler Hogwarts: Uma História, apesar de já lhe dizer o mesmo desde o seu oitavo aniversário.

E quando a avó dissesse que o seu pequeno Teddy era um grande feiticeiro e todos os Weasley acenassem afirmativamente com as suas cabeças ruivas, loiras e morenas, era o momento em que ele compreenderia.

O padrinho Harry sempre lhe dissera que onde estivesse o seu tesouro, aí estaria também o seu coração.

Era ali. Junto deles.

Em sua casa.

Com a sua família.

FIM