Emma consegue tirar Regina do carro, após o acidente.
– Como você está?
– Zonza...acho que tem sangue em minhas roupas...
– Você se cortou, mas não é nada grave. – Emma apoia a amiga e a conduz para a beira da estrada. – Fique aqui e vou procurar nossos celulares para pedir ajuda.
– Estou com muito frio...
Emma retira a jaqueta e a coloca nos ombros de Regina.
– Volto já.
– Tantas coisas acontecendo...só falta chover. – Regina veste a jaqueta e encolhe-se devido ao frio. Queria um banho quente e uma cama macia. Fecha os olhos e tenta controlar os temores.
Algum tempo depois, as duas caminham pela estrada, retornando o trajeto feito. Antes do acidente, haviam visto uma imensa casa e isso seria o sinal de ajuda. Alguém ali poderia dar abrigo e cuidados aos ferimentos em seus corpos. Era a esperança.
Quando se aproximam do portão, percebem que ele está trancado, envolvido por corrente e cadeado. Emma sorri e com suas habilidades de ladra, consegue abrir o cadeado e ambas aceleram seus passos, porque começa a chover.
Batem várias vezes na imensa porta de madeira esculpida e ninguém responde. A casa estava abandonada.
– Precisamos entrar, Emma...eu sinto que posso desmaiar a qualquer momento.
Emma acaricia o rosto molhado de Regina e percebe a presença de febre na amiga. Beija-lhe a testa e sem hesitar começa seu trabalho de abertura da porta.
O vento aumenta e dança em todas as direções, levando a chuva a dançar com ele. Era como se o vento quisesse apressar os movimentos de Emma e empurrá-las para dentro da casa.
Já dentro do imóvel, Emma trata de acomodar Regina em um dos sofás. Retira o lençol que protegia o móvel e acomoda a amiga ali. Sorri aliviada.
– Obrigada por cuidar de mim. – Regina sorri timidamente.
– Sabe que nossas almas estão ligadas e não poderemos ignorar isso. Jamais admitiria perder você. – ela sorri e prende os cabelos molhados num rabo de cavalo. Olha para os lados e vê a lareira e as lenhas organizadas. Trata de conseguir acender um fogo para aquecer aquele ambiente.
Regina também vasculha o local com seus olhos que ardiam e busca alguma familiaridade para confortar sua alma assustada. Começa a gostar da decoração.
Horas mais tarde, as duas estão sentadas diante da lareira, enroladas em cobertores encontrados por Emma. Haviam tirado as roupas para que se secassem ao calor do fogo.
– Esse vinho é bom demais! – Regina sorri ao beber mais um gole.
– Quando partirmos, vamos deixar algum dinheiro para pagar o vinho e os pães que encontrei na dispensa. Os moradores devem retornar em breve e não vão apreciar um assalto.
Regina sorri.
– Já que iremos deixar algum dinheiro, poderíamos procurar roupas. Deve haver blusas e calças que possamos usar.
– E se forem homens grandes e gordos? – Emma tenta descontrair.
– Então, iremos ficar bem engraçadas!
As duas riem.
– Vamos dormir?
Emma levanta-se e estende a mão para a amiga.
– Vamos dormir no mesmo quarto. Onde eu encontrei os cobertores há uma cama de casal. Precisaremos ficar juntas em caso de sermos surpreendidas pelos moradores furiosos com a invasão.
No andar de cima, um quarto é exibido aos olhos de Regina, quando a porta é aberta. Ela toca o interruptor, mas ele não produz acendimento das lâmpadas.
– Eu já tentei. Teremos de usar as velas do castiçal.
– Castiçal? Em pleno século vinte e um? Será algum rei nostálgico saído de algum conto?
A loira toca as costas da amiga e a conduz para dentro do quarto. Fecha aporta atrás de si. Queria a sua segurança e a segurança da amiga.
– Pode acomodar-se aqui. – Emma retira o lençol que protegia a cama contra a poeira. Ajeita os cobertores e indica o lugar para que Regina se deite.
– Está escuro! A luz da janela não é suficiente! Poderia acender as velas?
– Claro, Majestade! – Emma sorri e vai até um armário grande, feito em madeira ricamente talhada. Observa os desenhos por segundos e depois abre a porta, deparando-se com roupas masculinas lá dentro. Apenha duas blusas e duas calças que pareciam ser de ginástica. – O dono da casa não é tão grande e gordo. É bem alto, mas esguio. Veja!
Regina recebe as roupas e começa a vestí-las, enquanto Emma acedia as velas, trazendo o castiçal para um móvel ao lado da cama. Momentos depois, Emma já roncava e dormia profundamente como se estivesse drogada.
Observando o quarto e tentando distrair-se para conseguir cochilar, Regina acaba por decidir levantar-se e caminhar um pouco até que o sono a dominasse. Apanhando o castiçal, ela direciona-se para a por e sai do quarto em busca de aventura. Dá uma olhada em Emma babando sobre o travesseiro e acha graça na cena.
– Você nem perceberá que saí e levei as velas.
Fora do quatro, Regina decide bisbilhotar os cômodos daquele andar. Depois poderia verificar os cômodos do andar de baixo. Sentia-se como uma criança curiosa!
Abre a porta de outro quarto e usando o castiçal para iluminar o ambiente, entra ali. Levanta o objeto para direcionar a luz e imediatamente emite um grito ao deparar-se com um homem olhando para ela. Recuperada do susto, Regina percebe que não era um homem real: era uma tela. Um retrato. Um retrato oval.
