*** Em um PS, hoje é 12 de Março, meu aniversario ^.^=. Mas sou eu quem vai dar essa fic como um presentinho, para todos vocês. Espero que gostem! ^_~***

~Things I'll never Say~

Avisos:- Duo Pov, tentativa de humor, fluffy, possível angst lá pra frente, mas coisa leve...^.^=

Casais:-2+1

Spoilers:- Esse fic se passa 3 anos após Endless Waltz, portanto, pode ser que ajam algumas referências a série e aos OVAS

Disclaimer:- Ontem,chamei meu advogado em casa e perguntei para ele se eu era a dona da série Gundam. Ele jogou um livro gigante sobre direitos autorais em  minha mesa, e mandou que eu lesse...portanto, por mais que eu queira, eu ainda não sou dona dos Garotos Gundam e nem nada relacionado sobre a série. Isso aqui é um trabalho de ficção sem fins lucrativos (infelizmente T_T)

Quanto ao fic:- Mais uma vez, eu repito a fórmula que utilizei no "Blurry Arc", por que aparentemente trabalho melhor dessa forma. Esta fic é baseada nas estrofes da música "Things I'll never say" de Avril Lavigne. Porém, existem diferenças claras, por que enquanto "Blurry" é composto de vários fics que são ligados, este daqui é um fic mesmo, com uma duração aproximada de 10 capítulos,  um atrás do outro, totalmente interligados. Boa Leitura! ^_~

***Agradecimentos a Lien Li por ser uma beta na velocidade da luz e pelos ótimos comentários***

"I'm tugging at my hair
I'm pulling at my clothes
I'm trying to keep my cool
I know it shows..."

            Se algum tempo atrás alguém me dissesse que eu acabaria no lugar e posição nos quais me encontro agora eu provavelmente riria, alto e claro, apontando para a cara da pessoa em ênfase e negando com toda a força a imensa bobagem que estaria sendo dita.

            Porém, talvez por conta de ter percebido o quão errada teria sido minha atitude, encontro-me nesse exato momento com um sorriso no rosto, quase gargalhando diante de minha própria idiotice. Por sorte  possuo um senso de humor que ultrapassa os níveis considerados saudáveis.

            Sempre imaginei que quando a guerra acabasse,  passaria os dias finais de minha existência em algum lugar da Terra, morando em uma casa com aquelas típicas construções antigas, datadas de antes mesmo da época da colonização. Aquelas casas com arquitetura simples, e completamente repletas de um charme que pertence somente a elas. Talvez a casa possuísse um imenso jardim, na parte dos fundos, preferencialmente com uma árvore no meio dele. Mas não uma árvore qualquer. Precisaria ser uma árvore gigantesca, daquelas onde é necessário dar mais de dez passos antes de conseguir dar a volta em seu tronco, um tipo muito raro de se encontrar nos dias de hoje.

            Não foi exatamente assim que as coisas vieram a acontecer.

            Mas suponho que ainda não deva abandonar esse sonho, uma vez que fazem apenas três anos que a última guerra – a guerra de Marimeia , em 196 D.C. – terminou. Sim, ainda tenho tempo de sobra para planejar meus últimos dias. Ou fazer um pacto definitivo com Shinigami, e em troca, receber a imortalidade. Vou analisar minhas opções mais para frente.

            Assim, encontro-me atualmente morando em Luxemburgo, um lugar no meio do antigo continente Europeu e uma das poucas cidades que mantiveram seu nome original e estrutura básica através dos séculos, mesmo depois das guerras. Não por pura coincidência, esta é a cidade aonde localiza-se o Quartel General Principal dos Preventers, os Guardiões.

            Eu, Wufei e Trowa trabalhamos lá.

            Chang foi o primeiro a juntar-se aos defensores da paz, ocupando uma das cadeiras de agente imediatamente após o término da guerra. Eu, particularmente acho que dentre todos os cinco pilotos de Gundam, Wufei sempre foi aquele que melhor compreendeu o verdadeiro valor das batalhas.

Suponho que seja parte de sua própria personalidade, algo que não pode ser mudado, nem que houvesse esforço consciente da parte dele para fazê-lo.O que obviamente não acontece. Depois de todos estes anos, Wufei parece finalmente estar extremamente satisfeito no corpo que ocupa, e me atrevo a dizer que seu atual emprego é a causa direta disso. Eu não poderia estar mais feliz por ele.

            Trowa foi o próximo, juntando-se a organização cerca de quatro meses depois. Ele dizia estar farto da vida no circo e das viagens constantes.

            Penso eu, que após anos e anos vivendo como um mercenário, não era realmente uma surpresa que Barton tivesse desenvolvido uma certa necessidade por um lar fixo. Na verdade ele, por ser alguém naturalmente acima da média – estamos falando de um piloto Gundam aqui – demorou muito mais tempo para sucumbir a esse desejo do que qualquer outra pessoa normal . Eu mesmo teria me rendido muito antes à necessidade de ter minha própria casa e espaço.

            Por outro lado , talvez ele estivesse simplesmente cansado de bancar o palhaço. Quem pode culpá-lo? Diversos anos servindo como alvo de facas sendo jogadas em sua direção certamente devem ser uma dureza.

            Juntei-me a meus dois antigos companheiros após passar um ano trabalhando no depósito de Móbile Suits destruídos, junto com Hilde.

            Mais uma vez, acho que ninguém pode me culpar por querer largar uma vida em um lixão de metal e lata, certo? Admito que trabalhar em restauração, vivendo em contato direto e freqüente com partes de Móbile Suits destroçados, durante ambas as guerras, não me fazia nada bem. Todo o trabalho em si, remoía memórias demais. Portanto, posso dizer que não foi uma das coisas de minha vida das quais me arrependi de ter deixado para trás

            Os Preventers também jamais seriam a minha primeira opção de emprego, e caso pudesse ter sido evitado, eu o faria com toda certeza. Mas por hora, as coisas caminhavam bem para mim.

            Nós, os três ex-pilotos Gundam, juntamente a algumas outras figurinhas bastante familiares - sendo que a maioria delas pertencia também ao tempo da guerra entre a Terra e as Colônias - formávamos o grupo de, digamos, celebridades presentes nessa unidade da organização.

            A princípio era mais do que incômodo passar pelos corredores, e ter cada um de seus movimentos observados, por mais fútil ou banal que este fosse. Não era possível sequer pegar um copo d'água sem atrair uma multidão de olhos para o local. E se nós três nos encontrássemos por puro acaso no bebedouro, era possível até mesmo ouvir algumas mulheres do departamento segurarem a respiração em terror.

            Aparentemente, na cabeça daquelas pessoas, nossos planos ultra-secretos de jogar uma bomba no edifício para em seguida partir para a dominação mundial e possível escravização de todos os humanos seriam discutidos ali, no bebedouro. Logicamente não haveria lugar mais apropriado...

            Espera-se que gente que trabalhe para uma instituição do nível dos Preventers seja mais inteligente do que isso. É um erro muito comum.

            Felizmente a maioria das pessoas necessitava apenas de um pouco de tempo, aliado a volta à seus juízos perfeitos, para aceitar a idéia de nossa presença naquele ambiente. Hoje em dia a comoção que resulta de nossa presença é quase nula. Mas ainda existem alguns desconfiados remanescentes aqui e ali.  

            Eu posso somente agradecer a qualquer entidade que tenha um dedo nesse fato, já que não creio que suportaria passar mais do que alguns meses enfrentando toda aquela observação e vigilância acontecendo na porta da minha própria sala. Sim, eu tenho uma sala. Soa importante não?

             Devo admitir ainda que nossa aparência física pouco peculiar, mesmo após a passagem dos anos, contribui, em partes, para toda a atenção que recebemos.

            Somos todos mais altos agora, sendo Trowa o mais alto dos três, e Wufei o mais baixo. Ele é apenas três míseros centímetros mais baixo do que eu. Mas isso não me impede de jogar este fato todos os dias, várias vezes ao dia, em cheio na cara dele. Claro que trata-se apenas de uma provocação camarada. Apesar dele ter me beliscado em resposta uma vez ou duas. Ou três. Pensando bem, ele me belisca com uma certa freqüência, mas hey! um cara não pode se divertir enchendo um pouco o saco de um colega ex-piloto?

            Meus dois companheiros adotaram cortes de cabelo mais curtos ao longo dos anos. Wufei livrou-se do rabo-de-cavalo baixo, e agora ostenta um corte um pouco mais rente à cabeça, que eu particularmente acho que lhe cai muito bem. Fez com que ele perdesse um pouco daquele semblante constante de irritação.

Trowa ainda usa o cabelo jogado para frente, mas em um comprimento muito menor. Quem diria que havia um outro olho embaixo daquela franja?

            Eu, por minha vez, permaneci praticamente igual.

            Ok, não igual. Também cresci, tanto em altura quanto na parte superior do tronco, sendo que possuo ombros mais largos agora. Posso dizer, com uma certa quantidade de orgulho, que adquiri uma massa muscular considerável nos últimos anos. Fruto direto do meu tipo de trabalho, é claro. Sou praticamente alérgico a academias e aparelhagem atlética.

             De qualquer forma, ainda conservo minha trança. Ela ainda é tão longa quanto costumava ser, mas não muito mais do que isso. Não deixo que o comprimento ultrapasse a altura das coxas, pois do contrário, eu passaria um inferno diário para tirar todos os nós. Entenda-se, um inferno maior do que aquele pelo qual já passo, mas suporto, sem maiores problemas.

Acredito que jamais vá deixar ninguém tocar em meu cabelo. Foi assim no passado e é assim até hoje. Talvez seja um dos traços de minha personalidade que não foi alterado um milímetro sequer com a passagem do tempo. Por não confiar em outras mãos que não as minhas, para realizar a tarefa, eu mesmo faço os tratamentos e corte, quando necessários.

Aliás, meu cabelo tornou-se tão famoso dentro da organização, que em algumas ocasiões eu cortei os cabelos de algumas das garotas do departamento, como favor.

Acho que esse fato isolado faz com que possamos pular a parte onde admito que sou atraído por homens, certo?

            Não é realmente uma novidade. Na verdade, acho que sempre esteve muito claro, a partir do momento que eu mesmo tomei conhecimento desse fato. Graças a uma certa presença que fez com que eu encarasse essa realização...mas isso não vem ao caso no momento.

            Quanto aos outros pilotos, esbarrávamos ocasionalmente com informações soltas sobre seus respectivos paradeiros aqui e ali.

            Quatre havia assumido a liderança diplomática do Conjunto das Nações do Oriente Médio, um grupo que se formou depois das guerras, sendo algo como a Aliança da Esfera Terrestre, com o diferencial de ser no deserto. Corre o boato de que suas irmãs haviam tentado colocá-lo na presidência das Corporações Winner, em L4, mas ele recusou, justamente para poder assumir o papel junto a nova nação-lar dos Maguanacs.

            Eu sempre soube que ele acabaria tornando-se um tipo de Relena de calças.

            Por um momento breve vislumbrei uma bizarra imagem mental aonde apareciam Quatre em um vestido de gala azul e Relena usando nada além de calças, e tratei de apagar aquilo com a máxima rapidez possível, antes que a cena ficasse marcada nos olhos de meu cérebro e eu explodisse em gargalhadas. Ou nojo.

            E quanto a Heero...bom...não sabíamos nada a seu respeito, pois ele havia desaparecido por completo do mapa, assim como os Gundams, após o fim da segunda grande guerra dos tempos da colonização.

            Até ontem.

            Ontem, quando minha vida virou de pernas para o ar.

            Ainda não citei o fato de que apesar de trabalhar junto com Trowa e Wufei, eu não trabalho diretamente com eles.

            Chang e Barton são agentes de campo, cargo no qual também comecei uma vez dentro  dos Preventers. Mas com o tempo, vim a perceber que aquele não era o tipo de coisa que eu realmente gostaria de estar fazendo, e após algumas negociações simples, fui transferido para a área seleta de instrutores.

            Sim, eu sou um professor. E não, eu não preciso ouvir mais piadinhas sobre o assunto. Suportar toda a equipe do escritório me levando maçãs já foi gozação o suficiente.

            Mas não se engane pensando que sou um professor qualquer. Duo Maxwell não dá aulas comuns, não senhor.

            Sou responsável por lecionar técnicas avançadas de infiltração aos recrutas novatos. É uma das aulas mais difíceis e exigentes de todo o curso voltado para agentes, e antes que você pense que eu tenho orgulho disso, poupe-se do questionamento. Pode apostar que tenho. E muito.

            O tipo de treinamento pelo qual sou responsável explica a razão lógica pelo qual me encontrava a cerca de vinte e quatro horas atrás, coberto em lama e folhas além da tinta especifica para camuflagem no rosto, quando fui chamado à sala de Lady Une. Fui  interrompido, pelo pedido para me  reportar ao escritório da comandante, exatamente durante uma aula prática sobre florestas e ambientes de vegetação densa.

            E, enquanto posso apontar livremente meu trabalho como responsável por meu estado físico naquele momento, somente minha falta de sorte tão peculiar pode explicar a segunda presença que apareceu diante de meus olhos na sala da Comandante naquela tarde.

            Maldito seja o destino e suas ironias sobre colocar pessoas em trajes cobertos de lama na hora errada e no local errado. O Destino é realmente uma entidade sádica e cruel.

            A segunda presença era Heero, saído de lugar algum.

            Na verdade ele podia muito bem ter saído diretamente de dentro de um sonho, pois estava absolutamente maravilhoso. Ainda mais do que eu recordava.

            Ele havia crescido alguns centímetros a mais do que eu, e seus ombros também eram mais largos, o que não representava realmente nenhuma surpresa uma vez que ele havia sido sempre levemente maior em estrutura . O cabelo estava um pouco maior, mas na mesma desarrumação arrumada que costumava ser sua marca registrada no passado.

            Os olhos porém, continuavam os mesmos. O mesmo azul, em uma cor profunda o suficiente para mergulhar dentro.

            Droga. Eu pensava que tinha superado minha atração por ele depois de todos esses anos.

            Tive a certeza concreta que não, no momento em que os olhos dele pousaram em mim, e Heero sorriu.

            Heero Yuy sorriu. Se esse não era o mais estranho dos dias.

            Claro que não era um sorriso amplo, típico de comerciais de pasta de dente ou talvez de mim, mas era um sorriso de qualquer forma.

            Naquele momento, eu só podia agradecer pela lama e camuflagem, porque pelo menos elas cumpriam com louvor a tarefa de me esconder e cobrir a evidência clara de meu embaraço diante daquela manifestação tão incomum vinda do ex-Soldado Perfeito. A cor vermelha muito provavelmente cobria meu rosto inteiro.

            Não sei exatamente como as palavras de Lady Une foram registradas em meu cérebro. Sei que parte delas referiam-se ao fato que Heero agora faria parte da força operante no QG Central. Isso significava aqui. Nesse QG Central.

            E isso explica a razão pela qual estou hoje, um dia depois, nesse momento sentado em meu escritório, pensando exatamente no que falar para ele na próxima vez em que o encontrar, o que provavelmente vai ser muito em breve considerando que sua sala fica ao lado da minha. Eu espero que nessa ocasião eu venha a estar, preferencialmente, visível e em um estado o mais longe o possível do deplorável.

            Concluí que por hora, seria melhor voltar ao trabalho, que hoje consistia em um simples planejamento de aulas e análise de resultados obtidos. Mas mesmo sendo uma tarefa relativamente fácil, eu teria de correr para terminá-la, já que eu havia perdido a manhã inteira, absorto em pensamentos sobre a volta repentina de Heero e o significado daquele sorriso.

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FIM DO CAPÏTULO I