LEGENDA:
Itálico - pensamentos
Negrito - sonhos/lembranças
By Kinomoto Sakura
Três semanas haviam se passado desde o início do período. Algumas coisas mudaram na minha rotina, como por exemplo, eu tinha que estudar o dia todo e com isso me cansava facilmente. Tentava acompanhar os outros quando eles saíam, mas não conseguia sempre.
Passava cada vez mais tempo com Syaoran, pois ele não queria ficar de vela e acabava estudando comigo até tarde, às vezes na biblioteca e outras no apartamento dos rapazes. Eriol e Tomoyo a cada dia estavam mais juntos, mas eu continuava tendo um ótimo relacionamento com Tomoyo. Ela era uma pessoa doce, mas quando necessário, era sincera e isso às vezes era interpretado da forma errada.
Eriol continuava introspectivo, observador e um exemplo de aluno, amigo e namorado. Contudo se tinha uma coisa que eu achava engraçado, e que o fazia mostrar um lado divertido e mais parecido com os rapazes da idade dele, era quando ele se juntava com Yamazaki e eles ficavam contando estórias.
Agora quem me deixava confusa era Li Syaoran. Ele intercalava entre um amigo, um ser implicante e um cara protetor. Às vezes ele me lembrava Touya, protetor, levemente ciumento e principalmente, turrão com as palavras.
Recentemente ele andava se desentendendo com Hitashi. Segundo Syaoran, o colega de sala andava curioso demais com relação a mim e a Tomoyo, e fazendo comentários que o tiravam do sério.
Certa vez presenciei uma dessas discussões.
— Cara, para! Já está enchendo o saco! – Ouvi a voz de Syaoran e diminui o ritmo. Iríamos encontrar Eriol e Tomoyo em uma lanchonete próximo à biblioteca para almoçarmos. Reconheci Hitashi e não entendi o motivo de Syaoran estar tão exaltado.
— Ah cara! Para de enrolar e me diz logo! Ela tem os seios duros ou não? – Tinha consciência que os homens conversavam sobre isso, mas a reação de Syaoran é que me chamou a atenção.
— Merda! Eu não sei cara! Já te disse: Sakura não é minha namorada! E se você quiser saber quanto à Tomoyo, pergunte à Eriol! – Ele virou na minha direção, ficando sem reação por um segundo ao me ver. Porém, assim que voltou a si, me segurou pelo braço e me tirou dali.
Seguimos para o estacionamento em silêncio, e assim ficamos por um tempo durante o trajeto. Eu percebi que ele apertava com força demais o volante e aproveitei um sinal fechado para toca-lo no braço.
— Não se preocupe comigo. – Sorri, tentando aliviar a tensão. – Tenho um irmão mais velho, e posso te garantir, já ouvi coisa pior vindo dos amigos dele.
— Mesmo assim... – Ele balançou a cabeça de um lado para o outro, voltando a prestar atenção no trânsito. – Não é a primeira vez que ele faz esse tipo de pergunta e já estou irritado com essa insistência.
— Deixe para lá, não importa. Além do mais, peito duro só com silicone. – Comentei pensativa.
— Não necessariamente. – Olhei para ele e vi que estava corado.
— Sério? – Arqueei as sobrancelhas e franzi a testa. – Hum... Vou ter que conversar com as garotas sobre isso.
Desde então ele evitava fazer com que Tomoyo e eu fossemos ao prédio das aulas dele, para não corrermoso risco de esbarrarmos com Hitashi.
...
Era quarta de manhã. Os rapazes estavam no nosso apartamento, e todos nós estávamos conversando. Bom, pelo menos eu e Syaoran, já que Tomoyo e Eriol estavam em seus respectivos celulares tentando conseguir passagens aéreas para irem para casa. Teríamos um final de semana prolongado por conta do feriado da sexta-feira e da morte do reitor da Kyodai.
— Aceita? – Ofereci pipoca.
— É claro. – Ele pegou uma boa porção.
— O que você vai fazer com esses dias de folga? Vai para casa?
— Não. Estava em casa há quase um mês atrás, não estou com saudades da minha família ainda. E além do mais, eu tenho alguns trabalhos para o mês que vem, vou aproveitar e adiantá-los.
— Deixa de ser chato! Vai ficar aqui sozinho de quarta a domingo, só para adiantar trabalhos? Que coisa... Não sei como você consegue. Eu já estou morrendo de saudades do pessoal de lá de casa. Além de ser aniversário da minha sobrinha Pamy, amanhã, então tem que ter a família reunida, não é?
— É verdade, aniversário de criança é sempre uma festa.
— Hein... Já sei. Por que você não vai lá para casa? É melhor do que ficar aqui sozinho, já que o Eriol e a Tomoyo também não vão ficar. E lá tem como você adiantar o seu trabalho.
— Ir para a sua casa?
— É! O quê é que tem? Desde que o meu irmão se casou, tem um quarto vago lá em casa, você pode ficar nele.
— Mas, e o seu pai, ele não vai achar ruim?
— É claro que não! Meu pai sempre gostou de casa cheia e eu tenho certeza que não vai ver problema.
— Não sei, nanica. Eu não ia gostar de me sentir deslocado no meio da sua família. Ei! O quê que você está fazendo? Está ligando para quem?
— Para o meu pai. Vou ver com ele se você pode ir para lá. Agora fica quieto, está chamando. – No terceiro toque alguém atende ao telefone.
— Alô.
— Touya?
— Sakura?
— O que você está fazendo na casa de papai uma hora dessas?
— Vim aqui dar uma conferida para ver se está tudo certo. E você, está ligando uma hora dessas por quê?
— Aula vaga. Posso falar com papai?
— O que você quer com ele? O que foi que você aprontou?
— Touya, para de enrolar e passa para o papai!
— Ok. – Afastou o telefone e gritou: - Pai, Sakura quer falar com o senhor. – Depois de um tempo, uma voz muito conhecida atendeu.
— Alô, Sakura?
— Ei, pai! Que saudade do senhor! Como vai? Tudo bem?
— Também estou com saudades minha filha, estou bem sim e você como está?
— Está tudo ótimo comigo, pai. Eu só liguei para avisar que hoje ainda eu vou para casa.
— Vir para casa? Mas então você não tem aula no restante da semana?
— Não. O reitor da Kyodai morreu, parece que foi ataque cardíaco. Encontraram o corpo dele ao lado do próprio carro ontem à noite. Com isso eles cancelaram as aulas de hoje até segunda e amanhã haverá a cerimônia fúnebre. Então, eu vou para casa.
— Que Kami-Sama conforte a família dele. – Ficamos um segundo em silêncio. – Kaho comentou que estava precisando de ajuda, que bom que você vai vir. – Abri um sorriso singelo.
— É verdade. A Tomoyo e o Eriol também vão para as suas casas, só o Syaoran que vai ficar porque ele falou que quer adiantar alguns trabalhos. Vê se pode uma coisa dessas, pai! – Tentei o soar o mais divertidamente que a situação permitia.
— Oras, não vamos deixá-lo sozinho. Ele pode muito bem vir para cá junto com você, temos um quarto vago mesmo.
— É sério pai? – Pisquei para Syaoran.
— Sim, concordo que amanhã as coisas vão ficar uma bagunça aqui por causa da festa da Pamy, e que no final seus tios de Fukushima junto com seus primos vão passar a noite aqui, mas vocês podem ter algumas horas para relaxar, e um pouco de bagunça e diversão não faz mal a ninguém.
— Ah então vou falar com ele e mais tarde eu te ligo para dar a resposta papai.
— Tudo bem então. Até mais tarde, minha filha.
— Até, papai.
— Que Kami-Sama te abençoe.
— O senhor também. Te amo.
— Também te amo, tchau.
— Tchau. – Desliguei o telefone. – Pronto. Papai te chamou para passar o final de semana lá em casa, você topa?
— Não sei...
— Ai, Syaoran, deixa disso. Você vai e ponto. Já que você não decide, eu decido por você. Vou até comprar as passagens logo, antes que você questione.
— Ok, ok. Mas nós vamos no meu carro.
— Por quê?
— Porque qualquer coisa eu volto, e eu estou com saudades de viajar de carro.
— Certo. – Olhei para ele como quem diz 'cara, você é estranho', mas ele nem ligou.
— Então, que horas saímos? – Perguntou ele enquanto se levantava.
— Hã... Meio dia está bom?
— Está ótimo. Te ligo antes de irmos.
Fui para o meu quarto arrumar as coisas. Confesso que estava um pouco nervosa com o fato de Syaoran ir lá para casa, mas esperava que tudo ocorresse bem. Passou um tempo e ele me ligou perguntando se eu já estava pronta, respondi que não, ele reclamou, e pedi mais alguns minutos. Homem é tudo igual, enfia tudo dentro de uma mochila e quer que nós sejamos rápidas que nem eles.
Quando finalmente terminei de me arrumar, liguei para ele e o avisei. Me despedi de Tomoyo e Eriol. Aproveitei e liguei para o meu pai avisando que eu e Syaoran já estávamos saindo de Kyoto. Nos encontramos na recepção, onde ele estava avisando a Matsumoto-san aonde nós iríamos. Nos despedimos dela e fomos em direção ao carro dele.
...
As cinco horas de viagem foram tranquilas. Confesso que acabei dormindo logo no início e só fui acordar um pouco antes de entrarmos na cidade. Guiei ele até pararmos em frente a conhecida casinha amarela. Syaoran parou na frente da garagem e fomos em direção à porta de entrada.
Logo quando abri a porta senti aquele cheiro inconfundível de biscoito sendo assado. Aposto que papai está preparando aquele café da tarde para nós.
— Pai! Chegamos.
— Ah! Sakura, minha filha. Que saudades de você! – Meu pai exclamou enquanto saía da cozinha enxugando as mãos no avental e veio em nossa direção, logo me deu um abraço apertado.
— Saudades também, papai! – Falei encostada em seu peito. Logo me afastei para apresentar Syaoran. – Pai, esse é Li Syaoran, um dos meus amigos lá da Kyodai. Colega de quarto do namorado da Tomoyo, que é a minha colega de quarto. Syaoran, esse é Kinomoto Fujitaka, meu pai.
— É um prazer conhecê-lo, senhor. – Syaoran cumprimentou meu pai com uma reverência.
— O prazer é todo meu, meu jovem. Não precisa de todas essas formalidades, só um aperto de mão basta. – E assim o fizeram. – E então como foi a viagem? – Perguntou meu pai enquanto nos conduzia até a cozinha.
— Foi bem tranquila, papai.
— Claro, você dormiu o tempo todo. – Syaoran me dedurou. Estreitei os olhos e fiz muxoxo.
— Vocês vieram de carro? – Perguntou meu pai.
— Sim, papai. Viemos no carro do Syaoran que... – não consegui terminar a frase porque alguém começou a buzinar do lado de fora da casa. Quando olhei pela janela, Touya estava dentro do carro dele, buzinando, parado atrás do carro do Syaoran.
— É melhor você ir acalmá-lo. – Meu pai me sugeriu sorrindo.
— É... Eu já volto.
Saí de casa e fui em direção a Touya. Logo quando ele me viu me olhou com uma cara de surpresa e abaixou o vidro.
— O que você está fazendo aqui, monstrenga? Não deveria estar na Kyodai?
— Oi para você também, Touya. Está tudo ótimo comigo. Que bom que você perguntou. – Disse com toda a ironia que pude. Ele desligou o carro, veio até mim, me abraçou e começou a me rodar. Comecei a rir e ele acabou me acompanhando. Logo nós estávamos entrando em casa rindo como nos velhos tempos.
— Estou vendo que você continua pesada como sempre. Se continuar comendo do jeito que eu sei que você come, nem vai andar mais, vai sair rolando por aí. – Touya implicou comigo. O empurrei, enquanto ria. Quando chegamos à cozinha, Syaoran nos olhava de um modo diferente. Logo me apressei em apresentá-los.
— Touya, esse é Li Syaoran, um amigo lá da Kyodai. Syaoran, esse é Kinomoto Touya, meu irmão. – Quando eu terminei de apresentá-los Syaoran me olhou com uma expressão de surpresa enquanto cumprimentava Touya.
— Então o Porshe que está na frente da garagem é seu? – Perguntou Touya com um pouco de sarcasmo na voz. Dei uma cotovelada nele.
— Isso é modo de falar com a visita, Touya? – Reclamei. – Não liga para ele Syaoran, ele é assim mesmo com todo mundo. Me desculpe. - Disse balançando as mãos na frente do corpo (n/a: imagine ela fazendo que nem no anime).
— Não tem problema, ele tem razão de estar assim. Sim, o porshe é meu, e eu peço desculpas por ter atrapalhado.
— Não foi nada meu jovem. Não é Touya? – Disse meu pai tentando finalizar a discussão antes mesmo que começasse.
— É... acontece. - Disse Touya um pouco contrariado. – Bom, só passei para trazer o chá que o senhor pediu, pai, e avisar que deixei o Kero no petshop. – Disse mostrando a sacola que havia colocado na mesa logo quando entrou. – Já vou indo. Sakura, poderia me acompanhar até o carro?
— Hã... Claro. – Concordei e o acompanhei um pouco confusa. O que ele quer comigo?
Logo quando saímos da casa ele disparou:
— Ele é seu namorado?
— O quê? – Perguntei assustada. – Não... Syaoran é só um amigo, como eu já havia dito quando apresentei vocês. Por que disso?
— Ele ficou com ciúmes quando eu entrei rindo com você. – Tive que rir. Syaoran com ciúmes de mim? Ha! Vai nessa!
— Acho que você está trabalhando demais, maninho.
— Eu sou homem, sei do que estou falando.
— Você está viajando, isso sim. Mas... – falei antes que Touya falasse outra coisa – eu não vou discutir isso com você. Sabe por quê? Porque eu estou feliz. E... – o interrompi novamente – avisa a Kaho que se ela precisar de ajuda em qualquer coisa para festa da Pamy estou à disposição.
— Ok. Vou avisá-la e vou ficar de olho em vocês dois. – Disse com uma expressão de 'irmão mais velho super protetor'. Como sempre... Ai, ai, ai, Touya... Você não muda mesmo.
— Sim, senhor. – Brinquei enquanto batia continência. Ele sorriu, me deu um abraço e depois um beijo no topo da cabeça. Olhou para a casa e eu acompanhei o seu olhar, papai e Syaoran olhavam na nossa direção também.
— Esse moleque...
— Touya! – Falei enquanto o empurrava em direção ao carro. Ele entrou no automóvel e foi embora. Logo entrei em casa e fui direto para cozinha. O cheiro estava tão bom quanto a comida e após comermos enquanto conversávamos, terminando o café da tarde. Papai pediu que nós pegássemos nossas coisas e que eu mostrasse o quarto para o Syaoran.
Voltamos ao carro, pegamos nossas coisas e começamos ao tour pela casinha amarela. Como se ela fosse grande o suficiente para se perder. Logo estávamos subindo as escadas em direção aos quartos.
— Bom, aqui é o banheiro. Vê se não vai demorar muito, porque só papai tem banheiro no quarto, a gente vai ter que dividir esse aqui. - Seguimos para o próximo cômodo. – Esse é o seu quarto. Pode colocar as coisas ali ao lado da cama. – Reparei que ele ficou alguns segundos observando o quarto.
— Parece ser muito bom o quarto. – Ele disse.
— Vem! Ainda falta o resto da casa. – Disse. Mostrei a porta do quarto do meu pai e abri a porta do meu quarto. – Bom, esse aqui é o meu quarto. – Ele ficou um tempo olhando em volta quando eu voltei a falar. – Aposto que você achou que fosse rosa.
— É... achei mesmo.
— Eu prefiro os tons pasteis. São mais fáceis de decorar... – Ele entrou e passou o olho em cada canto do quarto.
— É... Você realmente me surpreendeu. Achei que o seu quarto seria todo rosa, cheio de fotos e bailarinas, mas é bege e com uma prateleira cheia de ursinhos. – Dessa eu tive que rir, ele realmente estava entre o surpreso e o decepcionado.
— Vem cá. – O chamei. Mostrei um quadro cheio de fotos que ficava em cima da mesa de estudos, comecei a explicar quem eram as pessoas nas fotos e aonde foram tiradas. E foi assim que o meu pai nos encontrou, rindo e conversando.
— Ah, vocês estão aí. Mostrando suas memórias, querida? – Perguntou meu pai.
— Sim! – Respondi enquanto tentava parar de rir.
— Eu não acredito que você fez isso, Sakura! – Syaoran ainda estava rindo da explicação de uma das fotos. Meu pai nos olhou com uma cara de curiosidade e eu resolvi contar sobre o que falávamos.
— Estava mostrando para ele, pai, a foto do dia que o senhor fez brownie pela primeira vez aqui em casa e eu derrubei o do Touya sem querer. – Quase não consegui terminar a frase. Só de lembrar a cena eu já caia na gargalhada.
— Ah sim! Você estava dançando e deu um tapa no brownie do seu irmão, que ficou tão furioso com você que correu atrás de você pela casa toda. – Lembrou o meu pai, sorrindo ao final. Na foto, eu aparecia com uma cara de 'Ops! Desculpa! Foi sem querer!' e o Touya estava sentado do sofá, olhando para baixo com uma cara que misturava incredulidade, tristeza e raiva.
— Acho que ele nunca me perdoou, porque todas as vezes que ele está com um brownie na mão ele sai de perto de mim. – Comentei um pouco ressentida. Acho que eles perceberam isso e riram mais ainda.
— Então, - disse meu pai – porque vocês não vão dar uma volta pelo bairro?
— O senhor não precisa de ajuda para preparar o jantar? – Ofereceu Syaoran.
— Não, não, não... Não preciso. Mas agradeço a oferta, meu jovem. – Syaoran concordou com a cabeça.
— Bom, se é assim, então vamos. – Terminei de falar e sai puxando Syaoran pelo braço, escada a baixo – Tchau, pai! Até depois!
— Até! Que Kami-Sama os protejam! – Ouvi meu pai dizendo antes de pegar as chaves e fechar a porta.
...
Fomos andando até uma sorveteria que ficava a alguns quarteirões de distância. Pelo caminho fomos conversando sobre banalidade e obviamente, Syaoran foi implicando comigo. Só porque eu sugeri virmos de carro. Isso não é preguiça! É otimização de tempo! Chegando lá fomos recebidos calorosamente pela senhora Suzuki.
— Kami-Sama! Sakura? Quanto tempo que eu não a vejo! – Exclamou a velha senhora enquanto quase me esmagava com seu abraço forte demais para a idade.
— É... Sou eu mesma, senhora Suzuki. – Tentava falar, mesmo com dificuldade.
— E quem é esse pedaço de mau caminho? – Ela perguntou enquanto me soltava. – Seu namorado? Ah, danadinha! – Exclamou enquanto me dava um leve empurrão. – Vai estudar em outra cidade e já volta com um namorado desses! É isso aí garota!
— O quê!? – Tive que me segurar para não gritar.
— Como assim 'o quê', querida? Posso ser viúva, mas não sou cega! Só estou dizendo a verdade.
— Não, senhora Suzuki, Syaoran não é meu namorado. Ele é um amigo da Kyodai.
— Sei... Amigo... ok. – Ela 'concordou' comigo, enquanto piscava na minha direção. Olhei desesperada para Syaoran para que ele me ajudasse, mas ele estava com as mãos nos bolsos da calça e uma cara de quem estava gostando da saia justa que eu tinha me metido. Idiota! Respirei fundo.
— Senhora Suzuki, esse é Li Syaoran. Syaoran essa é a senhora Suzuki, dona da sorveteria com o melhor sorvete caseiro do mundo. – Comecei as apresentações, tentando mudar um pouco de assunto.
— É um prazer conhecê-la, senhora Suzuki. – Disse Syaoran, todo galante enquanto a cumprimentava.
— Ora, ora. O prazer é meu, querido. – Reparei que ela ficou um pouco corada. Levantei uma sobrancelha. Ok. Desde quando ele faz isso?
Depois disso, fizemos nossos pedidos. Eu pedi um sunday de morango e Syaoran pediu um milk-shake de ovomaltine. Tentamos pagar, mas a senhora Suzuki disse que era por conta da casa. Achei estranho, mas não contestei. Quando estávamos saindo, ela piscou para mim e fez um 'ok' com os dedos, como uma espécie de aprovação pelo 'namorado' e começamos a nossa caminhada de volta para casa.
— E então, o que você me diz? É bom ou não é? – Questionei Syaoran.
— Olha, sinceridade, esse é o melhor milk-shake caseiro de ovomaltine que eu já provei. Muito bom mesmo.
— Eu não disse? É ótimo! – Disse toda convencida.
— Seu sunday é de que mesmo? – Estreitei os olhos. É impressão minha ou ele quer o meu sunday?
— Morango. Por quê? – Perguntei desconfiada.
— Porque está com uma cara muito boa.
— E...
— Não vai me oferecer?
— Sério mesmo? – Ele confirmou com a cabeça. – Ah, não! Se quisesse sunday, pedisse um para você! – Disse enquanto andava mais rápido numa tentativa de fugir.
— É só uma colherada, Sakura! Uma!
— Não mesmo! Todas as vezes que eu deixo você fazer isso, metade vai embora!
— Não vai acontecer isso! Prometo!
— Sei... – Disse desconfiada. Odeio quando ele faz essa carinha de cachorro. Droga!
— Uma... Aí eu deixo você tomar uma golada do meu milk-shake. – Não respondi. Só fiquei olhando para ele. – Faz assim, você me dá na boca. Nem vou encostar nele. – Parei.
— Sério? – O vi confirmar com a cabeça. – Bom, se for assim, sim. – Comecei a pegar um pouco do sunday.
— Ô nanica, deixa de ser mão de vaca e pega mais calda! – Ele chegou perto de mim e apoiou sua mão em minha cintura.
— Para de reclamar! Se não, eu não te dou! – Disse virando de costas e afastando o sorvete dele. Ele passou o braço em volta da minha cintura, me impedindo de me afastar.
Comecei a rir, enchi a colher e me virei para dar o sorvete a ele. Syaoran ficou parado, ainda me segurando e com a boca aberta. Ri mais um pouco, mas coloquei o conteúdo em sua boca. Quando voltei a colher ao copo de sunday ouvi aquela risada que eu nunca mais queria ouvir.
N/A: Olá pessoas!
Esses capítulos eram pra ser parte da estória original, mas achei que fugiam da normalidade da fic por ser praticamente um capítulo por dia, então resolvi criar esse 'extra' :D Espero que tenham gostado
Até o próximo! #Beijos
P.s.: revisado lindamente pela minha Beta MARAVILHOSA! Obrigada, ValentinaV! *-*
