What Hurts The Most
por Sophia Prince
Meus pés se moviam voluntariamente em direção a porta, levando-me para dentro do espaçoso apartamento em que você morava. A chuva violenta batia contra os vidros já embaçados da janela, fazendo um barulho ensurdecedor. Meu coração doía de ver aquele lugar vazio e saber que você jamais apareceria sorrindo com seu cigarro de canela entre os dedos e seus cabelos escuros caindo por cima dos ombros pálidos. E mais lágrimas molhavam meus cílios, e novamente eu não as escondia. Eu me fazia de forte, mas não conseguia fazê-lo quando estava dentro do nosso santuário, dentro do lugar que continha as minhas melhores lembranças.
Nós havíamos brigado naquela noite, você me pedia uma chance, dizendo que seria tudo o que eu precisava, mas eu sempre fui muito egoísta e jamais permiti que você entrasse de vez em minha vida. Nós éramos o contrário, enquanto eu era o egoísta, você era capaz de desistir de tudo só por minha causa. Hoje em seu lugar tudo o que me resta é o arrependimento por não ter permitido que você permanecesse em minha vida como tanto queria e o fato de que eu jamais saberei o que poderíamos ter sido se eu tivesse nos dado uma segunda chance. Embora você não conseguisse ver, eu tentava à todo custo te amar, como você mereceria, mas eu jamais poderia te amar de tal forma. Você, Pansy, sempre foi boa demais pra mim. Sempre foi o presente que eu nunca mereci, mas acabei ganhando. Desde o dia em que recebi a notícia, eu estive em nossos lugares preferidos e doeu no fundo da minha alma. A cada lugar que eu olhava, eu lembrava os nossos passeios, de nossas conversas. Eu lembrava de você e meu coração agonizava de dor. Mas eu não chorei. Muitos perguntavam se eu estava bem e eu mentia, usando um sorriso fingido nos lábios para que ninguém percebesse a tristeza dos meus olhos. Havia muitas pessoas a minha volta, mas eu permanecia sozinho. Eu não tinha você. E então o arrependimento aumentava a cada vez que eu acordava pela manhã e não via seu rosto. E doía.
Eu gostaria de ter a chance de dizer tudo o que estava entalado na minha garganta, de dizer tudo o que você queria ouvir, mas que eu não tinha certeza que sentia. Mas eu jamais teria. Você tinha partido pra sempre e havia me deixado aqui, sozinho, deixando-me apenas com as nossas lembranças e esse amor em meu peito.
Você estava morta e com você, eu havia morrido também.
N/A: Fiction escrita para a Miih, como presente do Amigo Secreto da DP.
