Disclaimer: Harry Potter é propriedade de J. K. Rowling, da Warner Brothers e afiliadas. Sem fins lucrativos.


Tempus Veranus

Se Cedric ainda estivesse vivo — ela diz isso para si sem chorar pela primeira vez —, ele poderia atestar a qualquer um que Cho sempre observava mais do que deveria. Seus olhos raramente enxergavam os detalhes, as redes que se formavam naquele castelo, mas ela nunca sentiu necessidade dos olhos para realmente ver. Ela ouvia, ela sentia, a intuição era tão parte dela quanto sentir-se compassiva pelo que observava.

Cedric não está lá, mas Harry sim. Harry que a deixou um pouco mais feliz sem perceber, Harry que simbolizava um início melhor do que ela podia imaginar, Harry que era a solução, o que ela precisava, o calor de uma nova estação. Ela odeia sentir que não consegue observar os detalhes dele como fazia com o namorado, mas percebe que ninguém pode ser capaz de entendê-lo realmente, nenhum deles pode sentir tamanha empatia. É o que diz para si mesma, é o que diz para os rumores que saem das colunas de Rita Skeeter, é o que quase disse para Hermione Granger uma vez. Se a coragem não lhe faltasse, teria dito.

E não seria necessário.

Seus olhos observadores estiveram por muito tempo ocupados, por muito tempo olhando para dentro, para que notassem o que realmente estava ocorrendo. Os singulares momentos de felicidade sempre lhe chamaram a atenção, gostava de vê-los. Sentiu-se tola por nunca ter observado os dois melhores amigos de Harry antes.

Eles estavam conversando sobre algo aparentemente sério, o sol forte que atingia suas faces os deixava meio deformados, meio inatingíveis. Cho pensou que isso também havia ocorrido a eles, alguns minutos e eles já estavam mais soltos, alguns sorrisos tentativos e seus ombros quentes roçando de leve, dissolvendo todos os problemas. Por um momento, ela pensou que eles seriam capazes de fugir de tudo aquilo, de conseguir o que quisessem.

E, se fosse assim, ela também.