Do You Believe In Angels?
Ok, eu sei lá se essa droga tá boa ou não, então, podem me xingar a vontade kkk
Feliz Natal, Cahills! :)
CAPÍTULO 1
A senhora tinha se aproximado tão sorrateiramente que ele só a viu quando ela se sentou do seu lado. Ela tinha aproximadamente quarenta e poucos anos e se vestia de maneira simples, com um colar de asas de anjo no pescoço.
Dan Cahill olhou brevemente para ela, sem vê-la realmente. A roupa dele estava amassada e havia bolsas embaixo dos olhos dele. O cabelo estava desgrenhado e um pouco oleoso. Ele parecia que havia estudado meses para o vestibular e não conseguira passar.
— Você está bem? — a pergunta o pegara de surpresa porque ele tinha certeza que a senhora estava falando com ele. Dan a encarou por alguns segundos, perguntando-se responderia ou não. Parte dele queria fazer uma expressão inexpressiva para ela e voltar a olhar o chão ridiculamente branco do hospital, e a outra escolheu ser gentil, porque ela fora com ele.
Dan engoliu em seco.
— Não. Não estou numa boa fase, sabe? — ele esperava que a conversa terminasse ali mesmo.
A senhora o encarou com seus olhos sábios.
— Problemas com garotas?
Ele riu fracamente. Mas o som parecia com vários soluços interrompidos. Ele sentiu imediatamente as lágrimas subindo, querendo sair de seus olhos, mas ele as reprimiu. Não iria chorar.
— É, mais ou menos. — Quando a mulher não respondeu, ele levantou os olhos. — Minha esposa morreu.
Ela deu um pequeno ofegar de surpresa, e então tomou as mãos dele com as dela. Eram macias e delicadas, e o fez se sentir melhor.
— Sinto muito. Você é tão jovem — observou. — Se casaram há quanto tempo?
— Há dois meses. — A garganta dele estava insuportável de tão fechada. A qualquer momento, ele sabia, iria chorar. — Nós estávamos planejando até ter uma criança daqui a alguns meses.
— Você a amava muito — percebeu a senhora.
Dan sorriu tristemente.
— Sim. Muito. E-eu não sei o que fazer sem ela. A vida não parece ter mais sentido sem ela.
A senhora afagou carinhosamente a mão dele. Por alguma razão, o toque o fez se lembrar da sua mãe. Quando ele olhou para o seu rosto atentamente, os olhos verdes sábios dela o fizeram gaguejar:
— M-mãe?
Mas é claro que não era a sua mãe; ela estava morta. Mas a mulher o fazia se lembrar tanto da mãe, mesmo que ele quase não se lembrasse dela!
A senhora pareceu surpresa. Até recuou um pouco.
— Como?
Estúpido, Dan se repreendeu.
— Nada, foi mal. Eu... eu tenho que ir ver se a minha amiga já está saindo. — Ele foi até a recepcionista, que o informou que a consulta já devia estar terminando.
Pouco tempo depois, uma garota de cabelos castanhos saiu, abraçando o próprio corpo. Ela olhou assustada para Dan, e depois se jogou nele.
— Eu estou grávida! Grávida, Dan! — ela ainda tinha os olhos arregalados. — O que eu vou fazer? Meus pais vão me matar.
— Calma, eu tenho certeza que eles não vão te deixar na mão. Por que não vai pegar um café pra se acalmar um pouco?
A garota assentiu rapidamente e foi para a máquina de café com as mãos trêmulas.
— Você é um bom amigo — disse a senhora. — Ela tem sorte por conhecê-lo. Sua esposa também tinha.
— Obrigado. O que faz aqui?
— Minha filha está dando luz a um menino — ela sorriu, os olhos verdes brilhando.
Dan também sorriu, sem nenhuma tristeza.
— Parabéns. Tenho certeza que será uma ótima avó.
Ela riu.
— Já sou avó de dois, criança! Oh, Henry chegou. Até mais, Dan.
Foi só depois de cinco segundos que Dan percebeu que não havia dito o seu nome. Ele se virou, a boca para formar uma frase, mas a senhora já havia desaparecido.
A amiga de Dan voltou. Seu rosto estava pálido e os dedos estavam brancos por segurar o copo de café com força.
— Quem era aquela mulher?
— Sei lá — respondeu Dan. — É melhor nós irmos; você tem que falar com os seus pais.
Os olhos da garota se encheram de lágrimas.
— E como vai ser depois, Dan? As pessoas vão falar que eu sou mãe solteira. Meus pais vão ficar envergonhados demais.
— Você pode dizer que eu sou o pai da criança — ele mordeu o lábio —, se quiser.
Ela o fitou, incrédula.
— Você está falando sério? Você faria isso por mim?
Ele sorriu.
— Claro. Mas não espere que eu limpe as fraldas dele.
Dan teve um sonho estranho naquela noite. Ele sonhara que estava em um parque, sentado em um banco, observando Ariel brincando com o pequeno Daniel. Era verão e o parque estava cheio.
A senhora também estava lá. Ela estava acompanhada de um velho, um jovem casal com um bebê e mais duas crianças. Ela sorriu quando avistou Dan, que imediatamente se levantou do banco e foi até ela.
A conversa entre os dois pareceu muda para Dan. As bocas dois se mexiam, mas não saia nenhum som. Então, ele finalmente a escutou:
— Ela me parece ser uma boa garota, Dan. E o filho dela é lindo! Como você está, querido?
Dan tinha sorrido. Qualquer um que tivesse o visto na época que sua esposa morrera ficaria surpreso com o que veria: olhos brilhantes, roupas limpas e sorriso feliz.
— Bem melhor agora. Quer conhecer o Daniel?
A senhora e a família se aproximaram. Todos se cumprimentaram, e as crianças brincaram entre si por um tempo.
— Você tem um brilho diferente quando olha para ela — observou a senhora, os olhos verdes brincalhões.
Dan, contra a sua vontade, ficou vermelho.
— Tenho?
— Sim — ela fez uma pausa. — Sabe, Dan, às vezes é bom seguir em frente. Por exemplo, meu primeiro marido morreu de câncer depois de sete anos de casados. Eu fiquei totalmente arrasada. Ele foi o meu primeiro amor e meu primeiro namorado. Meu tudo. — Ela abaixou os olhos. Mas então sorriu. — Mas então eu vi o Henry. Ele é um amor. Esperou pacientemente eu sair de luto, ofereceu seu ombro várias vezes...
— Siga em frente, criança — continuou a senhora, agarrando a mão de Dan. — Encontre uma nova mulher que te faça tão feliz como a outra. Ela gostaria disso.
Dan hesitou.
— Eu... não sei se...
Ele olhou para Ariel. Seu cabelo castanho brilhava na luz do sol e ela tinha um sorriso gigantesco. De repente, a verdade ficou óbvia para ele: ele não queria sair de perto dela e do bebê. Ele não decidira ser apontado como pai de Daniel só por querer ter um filho. Provavelmente, ele se apaixonara por Ariel desde que a viu naquela noite no bar.
— Até mais, Dan. Que a vida daqui por diante sorria para você — a senhora se levantou e, no segundo seguinte, Dan acordou.
Ele tentou não se mexer muito, pois Ariel dormia ao seu lado. Se levantou, arrumou o cabelo e desceu as escadas para pegar um copo de leite.
Quando foi caminhar até a geladeira, viu uma coisa na mesa. Deu meia volta e olhou. Era um papel pequeno. Lia-se:
Você acredita em anjos?
O que..., Dan pensou.
Se sim, acredite: sua esposa está feliz por você.
O papel escorregou das mãos de Dan. Ele teve de se agarrar na bancada para não cair. "Você acredita em anjos?" Que tipo de pergunta era essa? E como alguém conseguira colocar aquilo dentro da casa dele?
Os olhos bondosos da senhora lhe vieram à mente. Ele olhou para o papel no chão. A afirmação veio com convicção:
Sim, eu acredito em anjos.
