Amor platônico, nunca imaginei em meus maiores devaneios que isso pudesse vir a acontecer comigo. Desde que era jovem, não havia nem ao menos entrado em Hogwarts e aberto os meus olhos definitivamente para o mundo. Sempre pensei que só existiam paixões arrebatadoras que um dia poderiam acabar em casamentos, ou em amores que surgiam de ambas as partes e que em breve tinham o mesmo destino. Era essa a minha esdrúxula opinião até que cheguei à conclusão de saber que o que sentia há tantos anos e sinto até os dias de hoje é esse amor que muitos não o conhecem, ou que já tentou bater a porta de suas vidas, mas que nunca deixaram-no entrar. Foi assim que tudo começou...

Desde a primeira vez que o vi me apaixonei, foi um amor à primeira vista, era o primeiro ano de meu irmão em Hogwarts e o vi por uns míseros minutos na estação de trem 9-3/4 indo em direção a minha futura escola, casa, família, pense como quiser. Ainda não sabia muito da vida, mas já tinha alguma noção por ter morado toda minha vida com 6 irmãos.

No ano em que entrei para Hogwarts, sempre escrevia em um diário, eu amava aquele diário, confessava tudo a ele, minhas inseguranças, meus devaneios, minhas emoções e sentimentos mais profundos e bem guardados, nunca o deixava. Até que ele começou me fazer mal. Certo dia, por culpa deste maldito diário que cheguei a ter como melhor amigo e confidente, e em que tinha a plena confiança, era muito ingênua diga-se de passagem, ele me salvou. Se não fosse por ele, o diário teria me consumido por inteira, me consumido tudo até que não me restasse mais nada, nem ao menos a vida.

Nos anos seguintes continuei com a minha paixão secreta, com aquele amor que infelizmente só seria correspondido em meus sonhos mais absurdos, porém, mesmo que eu quisesse, tentasse, eu não conseguia deixá-lo de lado.

Mudei completamente, me tornei uma nova Gina ao passar dos anos, mas nunca, nem uma única vez rejeitei os meus princípios ou a minha índole, sim, não era mais a garotinha insegura e ingênua que havia sido anos atrás, mas mesmo assim aquela coisa, aquele amor platônico que tive desde garota, permanecia em um lugar intacto, adormecido, esperando para que fosse revelado e estourasse como aqueles fogos que papai sempre insistia em estudar dos trouxas, que por sinal eram maravilhosos.

Fiquei com alguns garotos, paixões daquelas que sempre acreditei que existiam, rápidas, arrebatadoras, únicas, que ficariam para todo o sempre em minha memória, contudo nenhuma delas substituiu a que jazia quieta em meu coração.

As injustiças que estavam ocorrendo em Hogwarts me fizeram ficar mais perto dele ainda, mas sabia que não seria correspondida, portanto continuei com aquele sentimento guardado em uma das minhas mais profundas gavetas.

Veio o episódio do ministério e, as promessas de anos difíceis nos próximos tempos, as mortes, os desaparecimentos.

O próximo ano em Hogwarts me pareceu mais confuso e atribulado do que os outros anos. Até que senti aquela paixão, que me assolara a cabeça e todo o meu ser por anos e anos, voltar à tona, e o que provavelmente desencadeara e fizera tudo isso vir à tona novamente foi ele. Eu via que os olhos de Harry algo especial se formava quando se dirigia a mim. Foi quando naquele dia, após o quadribol ele simplesmente me beijou, sem presságio algum. Foi como se tivesse flutuando e ido até o pico mais alto do planeta e tivesse retornado.

Desde então eu acreditei, amor platônico existe e eu sou a prova viva disto, nunca se esqueçam disto.