Disclaimer: Lost e seus respectivos personagens não me pertencem, esta fanfiction é totalmente sem fins lucrativos.
Censura: M.
Spoilers: Two for the road/Live toghether die alone.
Sana/ Jate
Sinopse: Ponto de partida, um certo acontecimento na floresta que irá levar Sawyer e Ana-Lucia a experimentar um por um dos sete pecados capitais.
By: Renata Holloway.
Os Sete Pecados CapitaisPrólogo
O calor na floresta àquela hora da tarde estava insuportável, e Sawyer transpirava excessivamente devido à quentura. Já estava cansado de derrubar mangas, e quando achou que tinha frutas suficientes para os próximos dois dias resolveu retornar para sua barraca no acampamento, à beira da praia.
Entretanto, enquanto refazia o caminho de volta, ouviu passos e o farfalhar de folhas indicando que alguém o seguia. Franziu o cenho, e falou cantarolando:
- Apareça, apareça, quem quer que seja!
Nenhuma resposta. Sawyer insistiu, tentando intimidar o dono dos passos:
- Sei que está aí, não me faça ir atrás de você!
Dessa vez ouviu um pigarro atrás de si e voltou-se, se deparando com Ana-Lucia, altiva, de braços cruzados sobre o peito e expressão confiante.
- Ora, ora, ora. O que temos aqui?- Sawyer falou, debochado. – A Chapeuzinho Vermelho vai seguir o grande Lobo Mau até o seu depósito de armas?
- Por que não me dá essa aí?- Ana-Lucia indagou, ríspida, apontando para a pistola que Sawyer trazia presa à calça jeans surrada.
O texano pensou consigo, "que mulher mais insistente". Há pouco ela tinha vindo até ele pedir-lhe uma arma e Sawyer ignorou o pedido dela mandando que fosse pedir ao Jack. Achou que agindo de forma grosseira, a faria desistir, porém estava enganado e mais uma vez Ana-Lucia estava na sua frente exigindo que ele lhe desse uma arma, e sem sequer dizer-lhe o motivo. Respondeu a ela no mesmo tom ríspido:
- Não vou te dar nada!
A expressão dela assumiu um ar ainda mais irritado, e Ana-Lucia descruzou os braços, caminhando intimidante em direção a ele, cerrando o punho e tentando desferir-lhe um soco na face.
- Já passamos por isso, Lucy!- disse Sawyer, se desvencilhando dela, fazendo com que perdesse momentaneamente o equilíbrio e num gesto acidental sua mão acabou indo parar no traseiro dela. Sawyer riu do que acabara de fazer, deixando-a ainda mais furiosa.
E guiada por esse sentimento de fúria, Ana-Lucia pulou em cima dele derrubando-o ao chão.
- Uow!- exclamou Sawyer surpreso, antes de seu corpo bater com força na relva.
Ana-Lucia colocou-se por cima dele, tentando tirar-lhe a arma à força, no entanto, Sawyer, elementarmente mais forte do que ela jogou seu corpo másculo por sobre o corpo pequeno de Ana e a manteve no chão, se debatendo, erguendo os braços dela acima de sua cabeça, impedindo que ela o machucasse. Nesse momento, as pernas dela estavam escarranchadas em volta do corpo dele, pressionando-o com toda a força para que a soltasse.
Aquela situação já estava indo longe demais, e Ana-Lucia pensava rápido imaginando como faria para tirar a arma dele e escapar dali depressa. Entretanto, foi incapaz de conter um arrepio pelo próprio corpo ao sentir a palma quente da mão dele segurando a sua cintura, tentando fazê-la parar de se mexer embaixo do corpo dele. A fricção do corpo de Sawyer no seu estava provocando sensações que ela não esperava. De repente, sua mente divagou e ela sentiu-se apenas uma fêmea sendo provocada pelo macho, algo absolutamente instintivo. Parou de se mexer, e seus olhos escuros travaram no profundo dos olhos azuis dele.
- E agora, o que vai fazer, muchacha?- Sawyer questionou, divertido, tendo-a totalmente em seu poder.
A essa altura, ela se sentia muito excitada com o peso daquele corpo masculino e extremamente atraente sobre o seu e a situação não pedia outra coisa, se essa era a única forma de conseguir a arma dele e aplacar aquele desejo carnal que se apoderou dela, Ana-Lucia o faria, e determinada beijou-o, de forma agressiva, petulante. Ao sentir os lábios dela nos seus, Sawyer ficou imensamente surpreso com sua audácia, fitando-a com olhos arregalados, mas antes que pudesse pensar em dizer alguma coisa, sentiu os lábios carnudos dela sobre os seus outra vez, tomando sua boca, exigindo-o para si.
Rolaram na relva, beijando-se sem parar. Ana-Lucia sentou-se sobre o quadril dele e começou a desabotoar-lhe rapidamente a camisa. Sawyer não se fez de rogado e com um movimento ajudou-a a despi-lo, em seguida tirou a regata preta dela, jogando-a longe. Voltaram a rolar outra vez, entre beijos e mordidas. Não demorou muito e Sawyer estava com as calças abaixo dos joelhos, conseqüentemente sem sua arma. Ana-Lucia não perdeu tempo em observar isso, e antes que Sawyer pudesse lembrar que estava sem sua arma, ela jogou baixo e forçou seu corpo em cima do dele, empurrando o rosto dele diretamente para seus seios morenos. Sawyer segurou seus quadris com força e sugou, mordiscando levemente os bicos dos seios dela, fazendo-a gemer alto.
Ana-Lucia aproveitou para libertá-lo da cueca boxer, e acariciou seu membro. O toque dela fez Sawyer pegar fogo e ele quase rasgou a calça jeans que ela usava, tentando tirá-la. Ela ergueu a sobrancelha maliciosa vendo o esforço dele e tirou suas botas, desafivelou o cinto e abriu o zíper de sua calça, a tirando bem rápido. Sawyer lambeu sua barriga e roçou o nariz em seu umbigo, ela fez menção de tirar a calcinha, mas ele a empurrou novamente na relva, puxando a minúscula peça dela para o lado, o suficiente para que pudesse tomá-la. Ana-Lucia mordeu os lábios, seu corpo inteiro estava pulsando pelo que estava por vir.
Olharam-se furiosamente nos olhos, nenhuma palavra foi dita, apenas seguiam o impulso incontrolável que tomara conta de seus corpos. Sawyer acariciou a intimidade dela com os dedos, se certificando de que ela estava pronta para ele, e a possuiu, sentindo o calor aconchegante do interior do corpo dela.
Ela gemeu arrepiada, ao senti-lo dentro de si, envolvendo as coxas ao redor do corpo dele, apertando o bumbum dele de forma que pudesse senti-lo mais fundo nela.
- Sawyer...Sawyer...- o nome dele escapou de seus lábios, junto com um sorriso malicioso, aquilo estava sendo melhor do que ela imaginara.
Sawyer movia-se bem devagar nela, aprofundando-se mais a cada investida, estava delirando com a sensação de sentir o corpo de uma mulher outra vez em tanto tempo. Ana-Lucia contorceu-se debaixo dele, e murmurou:
- Mais rápido...
Ele mordiscou o pescoço dela e acelerou um pouco o ritmo, mas não tão rápido que pudesse acabar logo, queria prolongar o máximo que pudesse. Ana-Lucia apertou ainda mais suas pernas ao redor do corpo dele, e beijou-o como se pudesse sugar sua alma.
- Por Deus, mulher!- ele exclamou. – Vamos com calma!
Determinada a ditar o ritmo, Ana-Lucia cruzou suas pernas sobre os quadris dele, deslizando uma perna sobre a de Sawyer e com o pé subiu fazendo carícias até alcançar o bumbum dele. Sawyer quase perdeu os sentidos:
- Safada!
Disposto a dar o troco, Sawyer segurou os joelhos dela, acima de seu quadril e continuou com os movimentos de vai e vem. Ana-Lucia gemeu, e não deixou por menos, suspendeu os quadris e arqueou as costas, flexionando as pernas e se apoiando com os pés e os ombros. Começou então a subir e descer os quadris, agarrando-se a ele. Dessa vez foi Sawyer quem gemeu, selvagem, lambeu os seios dela e entrelaçou suas mãos nas de Ana, dizendo:
- Agora fica quietinha, baby...que eu vou te levar ao céu!
Agora era o ato final, Sawyer queria enlouquecê-la, tanto quanto ela o estava enlouquecendo. Ana-Lucia olhou mais uma vez nos lhos azuis dele e ficou parada, respirando entrecortadamente, esperando para ver o que ele ia fazer. Sawyer se apoiou nos próprios braços e levantou um pouco o tronco, se movimentando profundamente dentro dela.
- Oh, así, así, dejame loca!- ela começou a murmurar em español.
Ela não agüentou mais e começou a sentir seu corpo inteiro formigar de prazer.- Sawyer!- gritou sentindo aquela sensação deliciosa invadir-lhe. Buscou por ar e instintivamente mordeu o ombro de Sawyer, fazendo ele delirar de prazer, gemendo bem alto o nome dela.
- Ana-Lucia!
Ao ouvi-lo pronunciar seu nome daquela forma tão íntima, sem apelidos ou provocações, Ana-Lucia foi ao céu mais uma vez, até que o sentiu explodindo dentro dela, e fechou os olhos de prazer, em uma expressão muito serena, que não passou desapercebida a Sawyer.
- Isso foi lindo!- ele falou.
- O quê?- ela indagou abrindo os olhos e desprendendo as pernas do corpo dele.
- Você ter fechado os olhos quando sentiu prazer, baby. Isso foi muito sexy.- ele respondeu beijando os lábios dela e enfiando os dedos nos cabelos dela.
Entretanto, Ana-Lucia não correspondeu, e o empurrou com rispidez de cima dela. Mas Sawyer estava feito bobo, ainda mergulhado nas deliciosas sensações que ela tinha lhe provocado. Ana-Lucia começou a se vestir, sem dizer nada, arrumou a calcinha, e vestiu a calça jeans mais rápido do que quando tinha tirado. Seu coração estava batendo descompassado e ao se levantar tão rápido do chão depois de ter sentido tanto prazer, sentiu a vista turva, mas manteve a frieza. Sawyer começou a se vestir também, mas numa velocidade muito menor que a dela, estava exausto. Puxou o boxer e a calça pra cima, fechando o zíper. Em seguida, ficou sentado no chão, com o cotovelo apoiado na grama, observando-a terminar de se vestir.
De costas pra ele, Ana-Lucia vestiu sua camiseta preta tentando não pensar no que acabara de fazer, sabia que tinha cometido uma loucura, uma loucura gostosa, mas não deixava de ser uma loucura, mas naquele momento isso não importava, tinha conseguido o que queria, a arma de Sawyer. Colocara a pistola enfiada em sua bota, por baixo do jeans e do jeito que ele estava, nem percebeu provavelmente levaria um tempo até que ele notasse que sua arma tinha sido surrupiada.
Voltou-se finalmente para ele, cujos olhos azuis brilhavam de satisfação. Embaraçada, perguntou: - O que foi?
Cínico, ele gracejou:
- Não quer o meu telefone?
Suspirando fundo, ela resolveu que aquilo tinha que terminar ali, não poderia ir além daquilo, por isso disse, enquanto tentava sem sucesso arrumar os cabelos negros que haviam ficado emaranhados:
- Se você contar isso pra alguém, eu te mato.
E sem mais uma palavra, saiu caminhando em direção à escotilha, pronta para executar o que tinha em mente, sua vingança pessoal contra Henry Gale. Ainda o ouviu dizendo, ao longe:
- Então eu acho que nossa relação acaba aqui, né?
Ignorou-o por completo. Sabia que não ia demorar muito para que sua pequena travessura com Sawyer na floresta lhe rendesse uma boa dor de cabeça, principalmente quando o texano descobrisse que ela só cometera aquela loucura para roubar-lhe a arma, embora desfrutar do corpo dele tivesse sido melhor do que ela imaginara. Mesmo assim, afastou esse pensamento, tinha coisas mais importantes em que pensar, como sua vingança pessoal contra Henry Gale. Por isso roubara a arma de Sawyer, para matá-lo. Henry a espancara logo cedo, quando Ana foi levar-lhe comida em sua cela. Isso a deixou tão furiosa que ela não pensou duas vezes em ir atrás de uma arma, voltar para a escotilha e assassiná-lo. Nenhum idiota mais poria as mãos nela, Jason, o homem que atirara nela em Los Angeles havia sido o único. Jamais seria uma vítima outra vez.
Caminhava em direção a escotilha, calculando passo a passo do que pretendia fazer. Quando lá chegou, encontrou Jack, Locke e Kate, os três reunidos ao redor de Michael no beliche. Ele contava ao grupo tudo o que descobrira sobre os Outros e os instigava a irem atrás deles, queria recuperar seu filho, Walt, de qualquer jeito. Ana-Lucia primeiramente só prestou atenção à conversa sem se pronunciar escorada no batente de entrada do quarto, depois fez algumas perguntas a Michael sobre ter visto crianças no acampamento dos Outros, ainda tinha esperanças de encontrar Zack e Emma com vida. Mas infelizmente, ele disse não ter visto nenhuma criança.
A tarde se arrastou, e Ana-Lucia permaneceu na escotilha esperando por uma oportunidade, até que esta surgiu. Aparentemente, tudo o que Michael dissera mexera com os brios de Jack, e ele resolveu finalmente tomar uma atitude drástica em relação aos Outros. Decidiu formar um grupo para ir atrás deles, mas para isso precisaria de armas, e a maioria estava com Sawyer, com exceção da que ele tinha consigo e da pistola que Ana-Lucia tinha surrupiado. O jeito seria ir exigi-las de Sawyer, Locke resolveu ir com ele e Kate por sua vez, foi intimada pelo doutor a ir, já que nas palavras dela mesma, Sawyer acreditava que ambos tinham uma "ligação", portanto, nada melhor do que levá-la com eles para convencê-lo a entregar as armas. No entanto, quem ficaria com Michael? Ela, claro, Ana-Lucia!
- Eu fico com o Michael! Mandem lembranças minhas a Sawyer!- disse, com uma ponta de cinismo que passou desapercebida a todos.
Recebeu um belo sorriso de Kate, o primeiro desde que chegara ao acampamento dos sobreviventes. Sorriu de volta, um sorriso discreto que disfarçava suas verdadeiras intenções sobre o por quê de querer ficar sozinha na escotilha. Uma vez que todos já tinham saído, ela olhou para a porta do depósito e respirou fundo, com resignação. Apoiou uma das pernas no sofá, e retirou a arma escondida da bota preta de cano alto. Carregou a pistola com a experiência de quem já fizera isso na vida dezenas de vezes. Depois a prendeu no cinto, na parte de trás.
Caminhou devagar até a porta do ex-depósito de armas. Girou os dedos com precisão na maçaneta, executando o código e liberando a porta. Henry Gale ainda estava amarrado, desde que a atacara mais cedo. Locke garantira que ele não tivesse como se soltar de jeito nenhum. Ao vê-la, Henry arregalou seus olhos azuis sombrios, mas nada disse. Ana-Lucia fitou-o com olhar de ódio e agachou-se diante da porta, tirando um canivete de seu bolso e jogando para ele:
- Pegue-a!
Com algum esforço devido às mãos amarradas ele fez o que ela disse. Ana-Lucia ergueu novamente o corpo e falou, mantendo suas sentenças monossilábicas:
- Solte-se!
- O quê?- ele indagou sem entender, se manifestando pela primeira vez.
- Apenas faça o que eu mando!- ela respondeu, ríspida.
- Por quê?
- Você sabe o por quê!- Ana-Lucia retorquiu.
Henry Gale começou a se soltar com o canivete, Ana-Lucia permaneceu de pé à porta, esperando que ele terminasse.
- Ele insistia que você era mal compreendida!- disse ele, enquanto terminava de se soltar.
- Do que está falando?
- Goodwin! Sim, ele nos contou tudo sobre você, Ana...- ele fez uma pausa antes de continuar. - ...o quanto ele achava que você valia e como ele podia mudá-la...mas ele estava errado...e isso custou a vida dele.
- Ele ia me matar!- justificou Ana-Lucia.
- Mesmo?- perguntou Henry Gale, querendo que a dúvida viesse a assombrá-la.
- Já terminou?- ela perguntou objetiva, querendo ir direto ao assunto que a levara até ali.
- Sim, Ana. Terminei.
Ela tirou a pistola de trás da calça, presa ao cinto de couro. Apontou a arma para ele.
- Então é isso?- perguntou Henry, temendo pelo pior.
- Sim, Henry, é isso!- ela respondeu engatilhando o dedo no disparador.
Porém, para sua própria surpresa, não conseguiu disparar a arma. Algo a estava impedindo, medo, dor na consciência, cansaço daquilo tudo. Fosse o que fosse, o fato é que realmente não pôde matar Henry Gale, por mais ódio que sentisse daquele homem. Olhou profundamente naqueles olhos frios, e sentiu o peito apertar.
- Ana?- ele indagou, percebendo a mudança clara de humor dela.
Sem dizer uma palavra, ela caminhou de costas para fora do depósito ainda apontando a arma para ele, e assim que se viu fora, trancou a porta de aço revestida rapidamente, executando novamente o código para lacrá-la. Começou a tremer convulsivamente, e largou-se no sofá caindo num pranto sem fim.
Naquele momento, sentiu-se infinitamente sozinha e sem rumo. Já não sabia mais quem era e nem do que seria capaz. Há algumas horas fez sexo com um homem somente para roubar-lhe uma arma que serviria para atirar em outro homem, o qual ela não tivera coragem suficiente para matar. E agora? O que seria dela? Sempre confiou em seus instintos, a vida inteira, nos piores momentos, porém ali ela se sentia simplesmente uma menina desprotegida que necessitava urgente do colo de sua mãe.
Chorou por vários minutos, que pareceram horas, até que o pranto se foi restando apenas a dor de se sentir um nada naquele lugar. Estava assim, remoendo a sua própria desgraça quando Michael acordou e se aproximou dela no sofá.
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- Se não fosse pelo Zé-manquinho aí...- bradou Sawyer se referindo a Locke que estava andando de muletas devido à uma perna machucada em um incidente anterior na escotilha. – Saberíamos desde o princípio sobre quais eram as intenções de Ana-Lucia e vocês na a teriam deixado sozinha na escotilha.
Jack balançou a cabeça negativamente:
- Sawyer, você adora culpar os outros, mas ainda não consegui entender como foi que a Ana-Lucia roubou sua arma.
- Isso agora não vem ao caso!- rebateu Sawyer.
Jack foi pra cima dele muito irritado:
- Cale-se Sawyer! Só abra sua boca quando tiver algo de realmente aproveitável pra dizer!
- Vem calar!- provocou Sawyer!
- Hey, parem com isso vocês dois!- pediu Kate se colocando no meio deles.
Já era noite escura, e os quatro caminhavam pela floresta em direção à escotilha. Depois de Jack ter ameaçado Sawyer com uma arma na praia, para que ele entregasse as outras juntamente com toda a munição, o texano resolveu se defender do médico com a arma que trazia consigo, foi quando descobriu que Ana-Lucia a havia roubado. Pronto, a confusão estava armada. Locke acabou confessando a Jack que mentira sobre o ferimento no rosto de Ana-Lucia, e que na verdade ela estava machucada porque Henry Gale a agredira. Assim, os quatro concluíram que o motivo pelo qual ela roubara a arma de Sawyer não era outro senão vingar-se de Henry Gale. Questionado sobre como ela fizera isso, Sawyer desconversou, jamais contaria que fora roubado enquanto se distraía transando com a "rambina".
Mesmo assim, Jack ficou furioso com tudo aquilo, com a mentira de Locke e principalmente com a falta de cuidado de Sawyer. Depois da intervenção de Kate, Jack e Sawyer pararam de brigar, continuando o resto do caminho em silêncio. Locke estava calado também, arrastando suas muletas. Não demorou muito, chegaram à entrada escura coberta de vegetação que levava à escotilha.
- Michael!- gritou Kate que vinha à frente do grupo, vendo-o caído à porta da escotilha.
Jack, Sawyer e Locke apressaram-se até ele e o médico amparou-o com seu corpo, antes de indagar:
- O que aconteceu? Você foi baleado? Mas como?
- Tinha um cara...-ele balbuciou com dificuldade, o sangue jorrando sem parar de um ferimento à bala no braço esquerdo. - ...dentro da escotilha, ele atirou em mim...
- Ana!- exclamou Sawyer, o coração batendo forte dentro do peito, de repente teve um mau pressentimento.
- Sawyer, me ajude a levá-lo pra dentro!- pediu Jack, mas Sawyer já tinha adentrado a escotilha em busca de Ana-Lucia, seguido por Kate.
Entretanto, nenhum deles estava preparado para a cena dantesca que presenciaram dentro da escotilha. Era algo digno de uma peça trágica de Shakspeare,ou ainda de um dos perturbadores poemas de Edgar Alan Poole. O cheiro acre de sangue fresco enchia o ambiente, junto com a mórbida visão de duas mulheres baleadas. Kate levou as duas mãos à boca e apressou-se até Libby, que jazia no chão de concreto, em meio a uma poça de sangue, enquanto Sawyer correu até Ana-Lucia, desfalecida no sofá.
- Mas o que aconteceu aqui?- bradou Jack, estupefato diante daquele quadro de horror.
Michael balbuciou: - Ele atirou nelas...não pude impedir, não pude!
Sawyer estava chocado, fitando o corpo inerte de Ana-Lucia. Há poucas horas ele a tivera bem viva em seus braços, e agora ela jazia ali, sem nenhum motivo. Seu coração apertou, e ele tocou os cabelos negros dela, até chegar à sua testa, estava fria.
- Sawyer, verifique o pulso dela!- ordenou Jack, como sempre sendo prático e objetivo em momentos como aquele.
O computador começou a apitar, Locke arrastou-se com suas muletas para digitar o código. Jack apoiou Michael em uma cadeira, enquanto observava Sawyer tomar o pulso de Ana-Lucia. Uma ansiedade cresceu no fundo de seu estômago ao sentir uma pulsação fraca, mas ritmada no pescoço dela. Pegou seu pulso, o ritmo continuava.
- Ela está viva!- exclamou, um sorriso de satisfação dançando em seus lábios.
Jack precipitou-se até Libby que estava tendo o pulso verificado por Kate.
- Eu não sei Jack...- Kate murmurou com o semblante triste. – Acho que ela está...
De repente, Libby inalou o ar com força, puxando-o direto para os pulmões, cuspindo muito sangue, o que assustou Jack e Kate momentaneamente.
- Oh meu Deus Jack ,temos que ajudá-la.- disse Kate.
Michael estancava o sangue de seu braço com o próprio dedo, receoso frente à sobrevivência das duas. Sabia em seu íntimo que ninguém jamais desconfiaria que ele fora o culpado em atirar em Ana-Lucia, e logo em seguida em Libby que adentrara na escotilha no momento em que ele cometia seu primeiro crime. Ficou observando Jack carregar Libby para o beliche com a ajuda de Kate, e rezou internamente para que a mulher morresse logo e não o denunciasse.
- Jackass, e quanto a Ana, você não vai dar uma olhada nela?- questionou Sawyer, visivelmente nervoso.
- Eu sou apenas um, Sawyer!- respondeu Jack irritado, tentando cuidar de Libby.
Locke retornou à sala, e indagou:
- Tem alguma coisa que eu possa fazer?
- Tem sim.- disse Jack. – Por favor, John, comece a limpar o ferimento do Michael com álcool.
Locke assentiu e foi buscar a garrafa de álcool. Sawyer segurou a mão de Ana-Lucia e começou a senti-la cada vez mais fria, verificou seu pulso mais uma vez e achou ainda mais fraco, impacientou.-se:
- Drog, Jack, ela vai morrer! Eu não sou médico, não sei o que fazer!
Foi quando Jack notou o quanto ele estava perturbado com o acontecimento. Resolveu atendê-lo.
- Kate, continue estancando ferimento da Libby com as mãos como eu estava fazendo. Preciso dar uma olhada na Ana.
Kate balançou a cabeça afirmativamente, e fez o que Jack pediu. Ele se aproximou de Sawyer e tomou o pulso de Ana.
- Está muito fraco!
Jack ergueu a camiseta preta dela e observou o ferimento no estômago. Sawyer fez uma careta ao vislumbrar o que a bala fizera com seu ventre delicado, o mesmo ventre macio no qual se perdera momentos atrás.
- Ela vai ficar bem?- Sawyer perguntou, preocupado. Depois de terem transado, o primeiro pensamento que lhe veio à cabeça foi que finalmente as coisas naquela ilha começariam a ter um pouco mais de graça, teria alguém, ainda que indiretamente e se sentiria menos sozinho. Mas naquelas circunstâncias, não tinha mais essa certeza.
- Eu não sei Sawyer, aparentemente o ferimento dela foi menos grave que o da Libby, mas não tenho como ter certeza da recuperação dela devido à falta de recursos que temos. Vou precisar de muita ajuda.
- Toda a ajuda que precisar!- respondeu Sawyer, solícito.
Libby começou a gemer alto de dor na cama, Kate fez cara de desespero. Jack disse a Sawyer:
- Se quer mesmo ajudar, vá até a praia, traga toda a heroína que tiver, vou dar a elas para a dor. Consiga também roupas limpas para as duas. Me chame a Sun e o Hurley, e volte logo, o mais depressa que puder.
Sawyer não queria deixar Ana-Lucia, nem por um minuto, mas concordou e saiu correndo, tropeçando pelo caminho. Ao chegar na praia, a primeira pessoa quem viu foi Hurley.
- Cara, você viu a Libby?- ele fez uma pausa observando a expressão no rosto de Sawyer. - O que é que foi cara, cê tá azul?
- Arranje roupas limpas pra Libby e leve pra escotilha, aconteceu uma coisa muito séria, Jack precisa de você lá.
Hurley arregalou os olhos.
- O que aconteceu com a Libby, ela tá bem né?
Ele balançou a cabeça negativamente. Hurley não o questionou mais e saiu imediatamente para fazer o que ele tinha dito. Sawyer saiu correndo, primeiro em direção à barraca de Ana, entrou lá e procurou roupas limpas entre as coisas dela. Para sua surpresa, encontrou um vestido fino de alcinhas, branco, pegou-o junto com uma calcinha da mesma cor que encontrou junto, embolou a roupa em um cobertor e saiu da barraca.
Sun passava bem na frente, nesse momento, e ergueu uma sobrancelha ao vê-lo saindo da barraca de Ana-Lucia.
- Vem comigo, Sun!- pediu Sawyer, puxando-a delicadamente pelo braço.
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Na escotilha, Hurley estava arrasado com a situação de Libby. Haviam se passado cerca de uma hora, e Jack tinha dado heroína a ela para aliviar sua dor, mas a possibilidade dela escapar com vida era quase nula. Nesse momento, Hurley estava sentado diante do beliche, segurando a mão de Libby. Michael sentado num canto, já com o braço enfaixado, perdido em seus próprios pensamentos. Locke na sala do computador, olhando fixamente para a tela do monitor.
Kate havia ido para o sofá e enterrado o rosto entre as mãos. Jack sentiu o coração partir ao vê-la tão triste, ele próprio também estava muito arrasado. Imaginou se em algum momento ela buscaria consolo em seu ombro, mas reparou que ela parecia esperar algo de Sawyer, e realmente achou que Sawyer fosse largar qualquer coisa para consolá-la, porém, estranhamente, desde o momento em que adentraram a escotilha e encontraram aquela cena de horror, ele não tinha feito outra coisa senão ficar ao lado de Ana-Lucia. Naquele instante mesmo, estava ajudando Sun a dar banho nela, Jack já tinha cuidado do ferimento à bala, havia conseguido extraí-la, e se tivessem sorte, Ana-Lucia sobreviveria sem seqüelas. Kate havia se oferecido para fazer essa tarefa com Sun, mas Sawyer veio com o argumento de que seria difícil para elas darem banho nela, desacorda, sem controle sobre o preso do próprio corpo, e que seria melhor um braço forte para executar essa tarefa.
Jack resolveu aproximar-se de Kate e sentou-se no sofá ao lado dela. Ela lançou-lhe um olhar angustiado e se atirou nos braços dele, sem dizer uma palavra. Jack acalentou-a, enquanto acariciava os seus cabelos, não sabia o que dizer, também se sentia muito triste.
No banheiro da escotilha, Sawyer enxugava Ana-Lucia com muita delicadeza. Sun estava estranhando o comportamento dele, mas não fez perguntas.
- A roupa dela está ali em cima!- avisou Sawyer, terminando de enxugar as coxas dela.
- Eu posso vesti-la enquanto você a segura.- disse Sun, percebendo que ele não estava nem um pouco embaraçado em segurar Ana-Lucia nua diante dela, pareceu a coreana que para ele aquele era um gesto natural.
Enquanto ele a segurava, Sun a vestiu e Sawyer carregou-a nos braços até o quarto, onde o colchão de cima do beliche havia sido posto no chão para acomodá-la melhor. Ele a colocou no colchão e a cobriu com o cobertor, puxou uma cadeira e ficou lá perto.
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As próximas horas foram as mais difíceis. Libby começou a piorar consideravelmente, e num único momento de lucidez tentou desesperadamente dizer alguma coisa a Hurley que ainda segurava sua mão, mas não conseguiu e faleceu com os olhos abertos e cheios de horror. Hurley começou a chorar convulsivamente. Jack apertou os ombros dele, tentando dar-lhe apoio.
Kate caiu no choro também, e buscou apoio em Sawyer, jogou-se nos braços dele, que limitou-se a dar alguns tapinhas nas costas dela, seu olhar não saía de cima de Ana-Lucia, estava com medo que ela sucumbisse como Libby.
Mas isso não aconteceu, o que deixou Michael muito preocupado. Depois da morte de Libby, o acampamento inteiro se mobilizou e fez uma linda cerimônia funeral para a terapeuta, presidida por Eko. Hurley ficou inconsolável, e recebeu todo o apoio de seu amigo Charlie. Enquanto estavam todos no funeral de Libby, Jack deixou Ana-Lucia aos cuidados de Sawyer, o texano fez questão de fazer isso, e o médico resolveu não fez nenhuma objeção. Michael continuava insistindo incansavelmente que deveriam formar um grupo, cujas pessoas ele já tinha escolhido para ir atrás de Walt. Sawyer recusou terminantemente, não deixaria Ana-Lucia por nada.
Depois de perguntar mais uma vez à Sawyer se ele iria com o grupo atrás de Walt, e recebido outra vez uma negativa, Michael ficou perambulando pela escotilha. Sawyer então, pediu a ele que gentilmente ficasse de olho em Ana enquanto ele ia até as redondezas apanhar algumas mangas para ela. Michael assentiu, e quando se viu sozinho com Ana-Lucia, aproximou da cama onde ela dormia tranqüila e pegou o travesseiro, pressionando-o sobre o seu rosto, o que ele não contava, era que ela ia despertar nesse exato momento.
Ao sentir o travesseiro sufocante sobre o seu rosto, Ana-Lucia se debateu e gritou tirando forças não sabia de onde:
- Sawyer! Sawyer!
Continua...
