FELIZ ANIVERSÁRIO, KENSHIN!
Em comemoração ao aniversário do personagem Kenshin Himura, que é hoje, dia 20/06 eu tragoa a vocês, minha primeira fic do fandom de Samurai X.
Faz tempo que a estou planejando, porém só hoje resolvi postar para fazer essa homenagem.
Espero que gostem. :D
Rurouni Kenshin e seus personagens não me pertencem, eu os tomei emprestado para escrever, não ganho nada com isso, além da minha satisfação e de alegrar a vida de quem lê! hehehehehe
01. Encontros e Reencontros.
Kenshin andava pelo gramado da escola de ensino secundário, sua faculdade havia promovido um dia de visita entre ela e essa escola, que ele não se importou em se informar do nome. Aliás, ele nem ao menos sabia o que estava fazendo ali. Quando chegou à universidade, naquela manhã foi informado que sua classe deveria ir visitar essa escola. De acordo com que lhe disseram, era uma forma de socialização, para que a nova geração soubesse escolher seu futuro.
Outro detalhe importante, sua universidade era caríssima, frequentada apenas por pessoas de alto nível social, e essa escola que visitavam era para alunos de classe média. A não ser que tentassem uma bolsa de estudos, ele duvidava que algum aluno ali pudesse pagar a matricula de sua faculdade, muito menos a mensalidade. Suspirou pesadamente, e sentou na grama, apoiando os cotovelos sobre os joelhos. Estava cansado, havia dormido pouco por culpa de um trabalho e não sentia nenhuma vontade de confraternizar com um bando de adolescentes.
Soltou o corpo para trás se deixando cair sobre o gramado, o cabelo longo, vermelho fogo, preso em um rabo de cavalo alto, espalhou ao redor. Devia admitir, o local era lindo: Um gramado bem cortado e cuidado, amplo, verde, com árvores frutíferas ao redor, proporcionando uma agradável sombra para relaxar. Ao longe, mas não tão longe, os prédios das aulas, onde era possível ver as pessoas em suas janelas, ouvir o burburinho da interação entre os alunos da faculdade com os do ensino médio, mas ao mesmo tempo, a distância proporcionava uma paz de espírito e calma inexplicáveis.
— Mas, ainda é uma escola…
Lembrou-se do fato, quando notou que já estava quase dormindo de tão a vontade que se sentiu naquele momento. Uma discussão perto o suficiente, o acordou de seu descanso. Abriu os olhos ao ouvir a irritação na voz de uma garota. Afinal, sabia muito bem distinguir a voz de uma garota, das outras duas vozes que eram de rapazes. Levantou, a contra gosto e procurou com os olhos pelo trio barulhento que o incomodava em seu momento de tranquilidade.
— Eu já disse que não vou sair com você… Me solta.
A moça era baixa, mais que ele, tinha o cabelo longo, preto, liso e brilhante, preso em um rabo de cavalo alto, assim como ele, seus olhos refletiam o brilho do sol, que pela distancia ele não pode ver a cor. Sua voz era irritada e ela estava quase gritando. Seu corpo estava em desenvolvimento, pela aparência, deveria ter por volta de treze anos, usava o uniforme da escola secundaria, camisa branca, com gravata, saia até o meio da coxa e um colete marrom como a saia, sobre a camisa. Os dois garotos também estavam com o uniforme da escola, eram idênticos, a diferença: no lugar de saia, calça.
— Como assim? Dê-nos uma chance… Podemos nos divertir muito…
— Não estou interessada.
A menina era audaz e isso agradou Kenshin ao assistir a cena. Seus olhos violetas com brilho dourado assistiam a cena, interessados. O olhar no rosto dos garotos era malicioso, um deles não deixava de percorrer o corpo dela, enquanto o outro a segurava pelo braço para ela não fugir. O ruivo pensou em interferir, mas ela parecia tão segura de si, que achou melhor, primeiro, observar.
— Eu quero só um beijinho… Você é tão linda.
— Me solta!
Os dois rapazes eram bem mais altos que ela, mas isso não a intimidou. A morena segurou o braço do rapaz que a mantinha presa no agarre, e aproveitando do fato dele tentar beijá-la, girou e dando impulso, fazendo uma alavanca com o ombro, jogou o rapaz por cima dela, fazendo com que ele caísse na grama, por culpa do golpe de judô. O outro arregalou os olhos ao ver a facilidade com a qual a menina que era mais nova que eles, derrubou o amigo.
— Como...? - indagou o que estava de pé.
— O estilo Kamiya Kasshin-ryu adere técnicas de judô em seu ensinamento. Gostaria de lembrá-los que eu sou a filha do mestre Koshijiro Kamiya.
E ela falou olhando por cima do ombro para o outro rapaz, que por sua vez se enfureceu e correu para cima dela, com o intuito de golpeá-la. Porém, para a surpresa da jovem ele foi rapidamente interceptado por um rapaz de cabelo vermelho como fogo, que torceu o braço do estudante de uma forma tão dolorida, que ele se contorceu, tentando encontrar uma posição um pouco menos desconfortável. A morena abriu um pouco mais os olhos azuis índigo, ao ver seu salvador. Seus olhos estavam dourados, frios, concentrados no agressor.
— Se dê por feliz de que não estou com minha espada. - o ruivo informou. - Pegue seu amigo e dê o fora.
Soltando o braço do rapaz de qualquer jeito, fez com que ele caísse pra frente tropeçando nas próprias pernas, tentando adquirir o equilíbrio para não ir de boca no chão. Olhou para trás e ao ver o olhar mortal no rosto do recém-chegado, chegando à conclusão de que era melhor não reclamar, foi até o amigo, e ajudando-o a levantar do chão, ambos seguiram seu caminho de volta ao prédio. O vento ali era forte, o que fazia o cabelo do ruivo e da jovem mover-se agressivamente. Seu olhar dourado aderiu, gradativamente, uma cor violeta suave e sua mirada amenizou para algo mais doce.
Ela por sua vez, passado o espanto inicial, esboçou um sorriso gentil e brilhante, surpreendendo o seu salvador.
— Obrigada por sua ajuda.
— Não há de que. Pelo visto esses rapazes estavam muito interessados em você…
— São idiotas.
Ela virou a cabeça para o lado em uma atitude altiva e fechou os olhos, superiora. O ruivo sorriu com a atitude dela.
— Qual seu nome?
— Kaoru Kamiya… E o seu?
— Kenshin Himura. É um prazer conhecê-la senhorita Kaoru.
A jovem se curvou em cumprimento.
— O prazer é meu Kenshin.
E sorriu amplamente de novo. O ruivo não pode deixar de notar as feições delicadas da moça e se perguntou como ela seria mais velha. O sinal tocou ao longe, forte o suficiente para todos no campus escutarem e ela se virou e começou a correr em direção ao prédio. Em meio ao caminho, ela parou como quem se lembra de algo importante e olhou para Kenshin, quem não tinha desviado o olhar dela, e após levantar a mão em um adeus, gritou que um dia eles se encontrariam de novo. Sem esperar a resposta ela retomou sua corrida, sob o olhar abismado do universitário.
— Kenshin… Kenshin… - a voz continuava a chamar o ruivo, e a cada tom, mais alta. - Kenshin!
E por fim Sanosuke gritou no ouvido do irmão, fazendo o ruivo quase cair da cama com o susto.
— Oro!
Falou Kenshin ao despertar, batendo a cabeça na cabeceira da cama. Ao notar que quem o acordou tão "gentilmente" foi seu irmão, pegou o despertador e jogou na cabeça do castanho, que infelizmente para o mais velho, conseguiu desviar. O que causou um fim trágico a seu despertador que se quebrou em mil pedaços ao ir de encontro com a parede. Sano começou a rir, descontroladamente.
— Que mania de me acordar assim.
Kenshin sentou na cama, estava apenas com uma calça de flanela, seu peitoral magro, porém, definido e forte de tanto treino a mostra. O cabelo agora um pouco mais longo que antes, chegando à cintura, solto e bagunçado, com a franja cortada em vários tamanhos, emoldurando sua face ainda jovial. Bonito, com feições suaves, só que denotando uma maior maturidade, mais homem, com seus vinte e oito anos de idade. Mas o ponto mais marcante daquela beleza exótica era uma fina cicatriz em forma de x na bochecha esquerda, que ao contrário de deixá-lo feio, causava uma estranha atração, completando-o.
— Você estava falando algo… O que era mesmo? Kaoru… Acho. - o mais novo olhou para o ruivo. - Quem é ela?
Sanosuke, o irmão caçula do ruivo, estava apenas com sua cueca boxer preta, deixando o corpo malhado, definido e bem desenhado a mostra por inteiro. O atual campeão do K1 WordMax era todo um garoto de espírito selvagem e brincalhão. Com seus vinte e dois anos era o mais novo dos três, e admirava Kenshin de forma impressionante. Para ele, o irmão mais velho era um herói, um exemplo a seguir. Cada um tinha um dom especial e Sano era o que trazia a diversão para a casa. Apesar de sua pouca idade, conseguiu ser um destaque no mundo das lutas, e conquistou o sonho de fazer parte do pequeno elenco seletivo do evento no qual lutava.
— Era alguém do passado… Há oito anos minha faculdade foi fazer uma visita em uma escola secundária e eu ajudei essa menina. Não sei mais nada dela… Mas, já faz alguns dias que tenho sonhado com esse episódio. Só não sei o motivo…
— Está apaixonado?
Sano ergueu uma sobrancelha e perguntou com um tom de deboche na voz. Kenshin revirou os olhos e resolveu ignorar o castanho. Levantou da cama e entrou no banheiro para começar a se arrumar para mais um dia de trabalho. Sano riu e imitou o ruivo, indo se arrumar em seu quarto.
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Seijuuro Hiko fechou o último botão - deixando os três primeiros superiores abertos - de sua camisa social slim fit cinza, que de tão justa marcava cada músculo do corpo de super-herói do CEO da Hiko's Enterprises. Sua calça social de microfibra também marcava suas pernas longas e grossas. Apesar de ser um executivo, o magnata nunca deixou de cuidar do próprio corpo e aos seus quarenta e três anos de idade, podia-se afirmar que continuava sendo um dos homens mais bonitos de todo o Japão. Seu rosto sem rugas aparentava uma idade muito inferior a que ele possuía. Seu cabelo preto, brilhante, longo e liso chegava até o meio de suas costas largas. Seus olhos negros como a noite, eram dominadores e na boca o sorriso irónico perdurava.
Colocou seu relógio de pulso de ouro branco da Cartier combinando com seu anel Chevalier com um diamante negro, que ficava sempre no dedo médio da mão esquerda. Prendeu o cabelo em um rabo de cavalo baixo, colocou seu sapato social italiano e passou seu perfume favorito. Após uma última olhada no espelho, se deu por satisfeito com sua aparência. Olhou para a gravata separada para combinar com a roupa e decidiu que a deixaria em casa naquele dia. Pegou seu blazer - conjunto da calça - e desceu as escadas, seguindo direto para sala de jantar, onde estava sendo servido o café da manhã. Seus três sobrinhos o cumprimentaram ao vê-lo.
— O que foi aquele barulho há pouco? Parecia de algo quebrando.
Perguntou enquanto ocupava seu lugar na cabeceira da mesa de dez lugares, com vidro fumê espelhado. Os assentos eram poltronas pretas extremamente confortáveis. A única diferença era que as das pontas tinham um formato diferente, uma releitura de poltronas vitorianas, algo mais moderno. A sala era sóbria, porém extremamente elegante. Decorada com quadros que faziam uma junção harmoniosa com o chão de mármore branco.
— Nada demais… O Ken matou mais um despertador dele, tentando acertar a cabeça do Sano no processo… Mas, novamente o despertador morreu em vão.
Aoshi Hiko Shinomori, o irmão do meio, informou o tio com seu típico olhar frio. O homem de vinte e seis anos era o segundo na sequência de nascimento. Era tão alto quanto o tio, perdendo por poucos centímetros. Dono de um corpo de modelo, assim como o rosto. Uma beleza incomparável. Seus olhos azuis, frios como o gelo, sua face sempre mantendo a característica seriedade. O cabelo preto, curto e liso, cortado na altura da nuca, com a franja dividida ao meio na altura da maça do rosto, um estilo sedutor. Alguém que costuma falar apenas com aqueles que têm verdadeira confiança, como sua família. Com os demais, sempre muito sucinto, para não dizer que quase mudo. Usava uma roupa social, porém sem blazer. A camisa preta slim fit com os primeiros botões abertos, a calça também preta, nenhum adorno a não ser seu relógio de prata no pulso esquerdo. O cabelo ainda molhado do banho lhe dava um ar selvagem.
— O Kenshin não sabe apreciar o favor que faço em acordá-lo.
Reclamou Sanosuke Hiko Sagara, o mais novo, com o sorriso de deboche no rosto, intercalando com o momento de mastigar. Sempre o mais faminto e descontraído do grupo. Nunca perdeu uma oportunidade de farrear e se divertir, se no processo puder arrastar os irmãos e o tio, melhor ainda. Seu cabelo castanho escuro arrepiado como sempre em seu corte curto, brilhava, com apenas uns fios rebeldes de sua franja caídos no rosto. Seus olhos castanhos escuros cheios de vitalidade e bom humor. Usava uma roupa casual, composta por uma camiseta branca justa ao corpo e calças jeans clara com alguns rasgos. O tênis de marca no pé e no pulso esquerdo uma pulseira de corrente prata. Poucos centímetros mais baixo que Aoshi, porém muito alto.
— É fácil… Pare de gritar no meu ouvido que paro de te atacar.
Informou Kenshin Hiko Himura, o mais velho dos três. Seu cabelo longo, vermelho como fogo, agora preso em um rabo de cavalo baixo, assim como o do tio, sua franja sempre incomodando um pouco o olho, mas emoldurando seu rosto de finos traços. É o mais baixo de todos, alias, bem baixo. Também o mais fraco fisicamente, porém seu corpo é tão malhado quanto os demais, só que mais magro. Possuía o mesmo olhar dominante que caracterizava os quatro a mesa.
Com um espírito mais tranquilo e acostumado a sorrir com frequência, se dava bem com todos, e sempre admirado pelos irmãos mais novos. Também extremamente cobrado pelo tio, não só por ser seu sucessor na empresa, como também seu discípulo número um na arte do kenjutsu, estilo Hiten Mitsurugi-ryu. Usava um conjunto social como do tio, só que sua camisa era rosa magenta e portava uma gravata preta. No pulso apenas um relógio dourado.
— Muito bem… Entendi. Vamos pedir pra secretária te comprar outro despertador. - Declarou Hiko. - E como está o dia de vocês?
— Eu tenho um caso novo para investigar na delegacia… Uma pessoa foi brutalmente assassinada.
Aoshi foi o primeiro a responder.
— Como foi?
O ruivo se interessou.
— Ainda não sei detalhes… Mas, pelo que informaram por telefone, deixaram-na sangrar até a morte… De cabeça para baixo.
— Agradável, não?
Sano se fez presente ao comentar o ocorrido, com uma sobrancelha levantada em uma mistura de surpresa e desgosto. Aoshi apenas assentiu, sabendo que o irmão na realidade estava querendo dizer o oposto do que a frase dita.
— Espero que descubram logo o culpado. - Informou Hiko. - E você galo de briga?
Perguntou se referindo ao mais novo da mesa, que por sua vez deu de ombros.
— Tenho treino… E irei conhecer o novo médico encarregado de mim. O Anji disse que eu precisava de alguém por perto a todo instante.
— Quem sabe assim você volta menos quebrado para casa.
O comentário do tio fez Kenshin rir baixinho e Aoshi esboçar um sorriso, porém desagradou por completo a Sano.
— Parem de pegar no meu pé.
— Muito bem… E você Kenshin?
— Tenho a reunião com o presidente da empresa de porcelana… Ainda quer comprá-la?
— Sim. Compre-a… Vou desmembrar ela.
— Como queira.
— Por fim… Eu quero todos vocês no restaurante Aoiya que fica no centro da cidade.
— Aquele antigo restaurante que parece que saiu da era Meiji?
O lutador perguntou surpreso, já que naquela família eles sempre frequentavam lugares caros e de alto padrão, no estilo mais moderno.
— Esse mesmo.
— E o que faremos lá?
Questionou o de olhos azuis, intrigado.
— O que se faz em um restaurante… Comer.
Hiko sorriu de canto, rindo de sua própria provocação e Kenshin resolveu tentar sua chance.
— Não sabia que você gostava de ir lá.
— Estou indo por dois motivos, primeiro: a comida de lá é ótima. E para quem não sabe, é um dos restaurantes mais famosos da cidade, que serve comida tradicional. Segundo: Quero visitar um velho amigo, que é o dono do estabelecimento.
— Ah ta… Agora entendemos.
Sano declarou de forma espalhafatosa, expressando o pensamento dos irmãos. O café da manhã não demorou muito mais para acabar. Com Sano liderando a conversa a mesa, comentando sobre seus treinos e com pontuações de seus irmãos e tio sobre os ocorridos. Logo, ao terminarem, se levantaram e tomaram seus caminhos apressadamente.
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Os sons dos golpes ecoavam pelo ginásio. Anji, um homem alto e extremamente musculoso, gritava instruções para seu pupilo, que em cima do ringue, se esquecia de tudo. Seu olhar era de um verdadeiro lutador, frio e agressivo, porém os lábios contrastavam deixando a mostra o sorriso de deboche, de seguridade onde ele provocava, em silêncio, ao seu parceiro de treino.
Com o peito nu e apenas uma bermuda branca colada, que ia até o meio da coxa destacando os glúteos e coxas bem trabalhados do castanho, que tinha uma faixa vermelha na testa, Sanosuke se divertia desferindo golpes firmes e certeiros a seu adversário. As mãos fechadas em forma de punho, eram marcadas pelas faixas brancas que as cobriam, impedindo do lutador torcer o pulso com os socos. Os pés descalços também possuíam faixas, que tinham o intuito de proteger os pontos de impacto do peito do pé e da canela.
Os golpes eram limpos, rápidos e eficazes, intercalados com alguns golpes plásticos, como giratórias bem executadas, feitas pelo cabeça de galo, com o intuito de se exibir. Atitude que deixava o treinador muito irritado. Esses eram os poucos momentos em que Anji queria subir no ringue e pessoalmente dar um corretivo em seu aluno, para tirar essa arrogante superioridade que ele demonstrava.
Mas, a verdade é que apesar de tudo, o treinador conhecia com perfeição o rapaz e sabia que aquilo não passava de fachada. Por mais confiante que o castanho fosse no combate corpo a corpo, a pretensão não fazia parte de sua verdadeira personalidade. Ele era bondoso demais em seu coração e só tinha o desejo de ajudar os outros. E era isso que o fazia admirar um dos maiores lutadores do Japão dos últimos tempos, e nunca desistir de passar para ele todos seus conhecimentos.
— Pare de brincar Sano… Ou seu próximo adversário serei eu!
Repreendeu o rapaz que apenas sorriu e erroneamente desviou o olhar de seu parceiro de treino para olhar o treinador, de forma divertida e desafiadora. Ato equivocado que o levou a um nocaute técnico, onde o careca com quem lutava, acertou uma joelhada no estômago do castanho que se curvou de dor caindo de joelhos, puxando o ar com força, tentando recuperar-se da agonia.
O adversário parou a luta imediatamente e se ajoelhou em frente do de cabelo espetado, perguntando como ele estava. Anji apenas revirou os olhos e calmamente e devagar, subiu atravessando as cordas do ringue, indo em direção ao castanho que tinha seus olhos escuros arregalados, a mão direita em volta do abdômen, a boca aberta puxando o ar, enquanto a mão esquerda o apoiava no chão.
— Bem feito… Espero que assim aprenda a não se distrair. Às vezes me pergunto se você é o campeão por competência ou sorte.
Esse comentário fez Sano se esquecer da dor momentaneamente e encarar com raiva o treinador, que sorriu satisfeito em atingir seu objetivo, provocar o rapaz.
— Você sempre reclamando, Anji…
Conseguiu falar e segurando em seu parceiro de treino se colocou em pé, ainda sentindo o incomodo do golpe, porém a dor em si já começava a desaparecer.
— Então esse é meu paciente a partir de hoje?
Os três homens se voltaram na direção da voz feminina, que pronunciou tal comentário. Sanosouke ficou abismado com a visão que teve da mulher. Ela era alta, tinha o cabelo longo, que chegava a lombar, preto brilhante e liso, com uma franja que caia levemente sobre seus olhos amendoados castanhos escuros. Um olhar que possuía um brilho esperto, cheio de significado, analítico. Os lábios bem desenhados, pintados de um vermelho intenso, marcado por um sorriso astuto. Seu corpo era extremamente desejável, bem torneado, com os quadris em uma harmonia perfeita com os ombros, os seios grandes e fartos, usava uma calça jeans branca e uma camisa social também branca, levemente transparente, ajustada ao corpo, deixando à vista a blusa de alça fina por baixo. As pernas longas e firmes. Ela o encarava com uma mão na cintura e o rosto erguido. Na outra mão uma maleta preta de couro.
— Quem… - Sano começou a falar, mas logo se calou, mudando o rumo de seu comentário e com um sorriso malicioso, após percorrê-la com um olhar nada discreto, se aproximou da corda do ringue e debruçou sobre ela. - Deseja alguma coisa, linda? Acaso quer um autógrafo ou uma foto comigo?
— Hum…
Foi a resposta da mulher, antes de jogar uma mecha de seu longo cabelo para trás, com empáfia. Anji que assistia a cena com atenção sorriu ao notar o inquestionável interesse do lutador pela moça, mas resolveu acabar com aquela guerra de olhares.
— É um prazer revê-la Megumi.
Sano olhou para o treinador, depois para seu parceiro de treino, quem deu de ombros demonstrando também não saber de nada e logo se voltou para a mulher, que por sua vez fez uma leve reverência em cumprimento ao treinador.
— Mais uma vez, agradeço essa oportunidade senhor Anji.
Sano a encarou, surpreso.
— Caramba… Você sabe ser gentil?
Perguntou em provocação e Megumi estreitou o olhar para ele. Algo dentro de ambos dizia que seria um relacionamento explosivo que teriam em convivência.
— Sano, cumprimente sua nova médica: Doutora Megumi Takani. Megumi, esse é Sanosuke Sagara seu paciente de hoje em diante.
O moreno se surpreendeu com a informação. Ele estava esperando um médico homem, daqueles velhos divertidos, ou do tipo jovem que seria um rosto a mais na hora de sair para farra. Mas em todas as imagens de possíveis médicos, em nenhuma delas, lhe veio à mente uma doutora sexy e linda que o deixasse com inúmeras imagens na cabeça, que não consistiam em ser curado de machucados ou cortes. Ela por sua vez o percorria com o olhar, sem nada a dizer. Depois de alguns segundos, que mais pareceram horas, ambos se cumprimentaram em silêncio com um aceno de cabeça.
— Megumi, me acompanhe… Vou te mostrar onde será sua sala. - Anji quebrou o clima que havia se formado entre médica e paciente. - E você... - apontou para Sano. - Vá calejar esse abdômen. Takeo - se dirigiu ao careca. - Quero que bata nele até que o local adormeça e ele não sinta mais nada.
Sano e Takeo assentiram e Anji desceu do ringue. Após uma última olhada do castanho em direção à doutora, ele e o amigo foram para o meio do ringue, onde Sano se posicionou com as mãos cruzadas atrás da nuca e Takeo colocou um par de luvas de boxe para em seguida começar a desferir vários socos no abdômen do campeão, com o intuito apenas de fortificar o local e não machucar.
Megumi seguiu Anji por um corredor, o ginásio era um verdadeiro show de arquitetura, as cores sempre claras, as portas de vidro transparente, com exceção das dos escritórios que eram de vidro fumê, quem estava dentro conseguia ver quem estava fora, mas não o inverso. Os vestiários e banheiros eram os únicos lugares que possuíam portas de madeira entalhada.
Para entrar no prédio ela teve que passar por um lindo jardim, logo uma recepção com moças educadas e uniformizadas para atendê-la. Então, após passar por um hall onde pode avistar a coleção de troféus, pôsteres, cinturões expostos em prateleiras de vidro, ela encontrou na academia de musculação, em seguida na parte de sacos de pancada, com tatame no chão e ao fundo o ringue, onde eram feitos os treinos de corpo a corpo. Nas laterais bonecos de madeira para treinar golpes.
A esquerda de quem entrava, uma porta automática que abria de lado dava acesso a um corredor com claraboia, que levava aos vestiários com chuveiro, banheiros era separados. Salas de descanso, sala de massagem, sauna, o escritório pessoal de Anji, o escritório de Seijuuro, que era usado quando o homem visitava o local para treinar ou conferir as contas, já que ele era o dono da academia. O escritório de outros treinadores e o consultório que seria, a partir daquele momento, de Megumi Takani. Ela atenderia qualquer um dos esportistas, porém sua verdadeira prioridade seria Sano. A mulher havia sido indicada pelo famoso doutor Genzai, um velho conhecido da família Hiko.
A médica ficou admirada com o local, que seria dela a partir daquele dia. Era todo claro e espaçoso, com um armário de vidro, com todo o tipo de material que ela pudesse necessitar. Uma mesa grande com um computador de última geração, uma poltrona preta de couro extremamente confortável, com duas cadeiras conjunto posicionadas do outro lado da mesa, uma janela ampla, onde ela tinha uma vista linda para o jardim de entrada, porém o vidro por fora era espelhado, então, quem entrava no prédio não a via em seu escritório. Ar condicionado ou aquecedor dependendo da época do ano, uma maca para o paciente, todos os utensílios tecnológicos que ela poderia pedir e uma decoração espartana, que pouco a pouco a mulher decidiu que mudaria para algo mais a cara dela.
— Se algo não estiver de seu agrado, tem total liberdade para mudar e se faltar qualquer coisa, não deixe de me informar que pedirei ao senhor Hiko que providencie.
— Não se preocupe senhor Anji… Creio que não me faltará nada. Está tudo perfeito.
Ela sorriu satisfeita, se sentia feliz por finalmente ter seu próprio espaço e que ele fosse tão agradável. Tudo bem que não era realmente seu consultório, construído com seu próprio dinheiro, porém, seria seu a partir daquele dia e ela esperava que por um longo tempo, já que o salário mensal era realmente convidativo e necessário para ela em sua atual situação. Anji estendeu a ela uma argola com algumas chaves e um controle.
— Aqui tem tudo que precisa: o controle de acesso ao estacionamento para funcionários e sócios da Hiten's, chave de acesso ao prédio pelo estacionamento, já que a entrada é só por conta das recepcionistas. Chave da sua sala e de tudo o que tem aqui dentro. Atrás daquela porta… - ele apontou uma porta de madeira branca que ela não havia notado até então. - É seu banheiro pessoal, pode usar o do ginásio também, mas como você terá que ter sempre acesso ao banheiro, um pessoal seria mais útil. Bem… Creio que você irá se familiarizando. Qualquer dúvida pode me chamar. Tome o dia para se instalar. Só verá o Sano hoje caso ele quebre a cabeça… Mas como é muito dura, creio que não o verá. Amanhã você começará com seu trabalho.
Ela sorriu em resposta e agradeceu ao treinador por tudo. Ele então se despediu e saiu, deixando-a sozinha para se habituar ao novo espaço. E a primeira coisa que a doutora fez ao ficar sozinha foi sentar relaxadamente em sua poltrona.
— Acho que finalmente as coisas começaram a melhorar para mim.
E a esperança começou a crescer no coração dela. Pegou o celular e ligou para Genzai, queria agradecê-lo mais uma vez por tê-la indicado para o trabalho.
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O local era escuro, frequentado por pessoas de índole e negócios duvidosos, a noite já havia tomado conta do céu, e apesar de ainda não ser muito avançada na hora - tendo acabado de escurecer -, mantendo o céu ainda naquele azul escuro de tom sobre tom, o local, que se situava em uma parte escondida entre vários prédios, sendo a porta dos fundos de uma boate, era mais escuro do que se podia esperar.
O cheiro de cigarro e lixo jogado no chão não era uma mistura agradável de sentir.
A mulher estava parada, encostada a parede do prédio, sozinha. Sua roupa consistia em uma calça colada, que destacava o quadril bem modelado, com glúteos firmes e arredondados, uma blusa de manga cumprida, também justa, destacava a cintura fina e os seios fartos em um tamanho médio. Nos pés pequenos, uma botina de cano médio e salto médio quadrado. O conjunto inteiro preto se camuflava na escuridão, acentuando o corpo feminino escultural. O longo cabelo tão negro quanto à noite, preso em um rabo de cavalo alto, ressaltava a pele alva da jovem e bela mulher que o único que deixava a mostra do rosto era seu atraente olhar azul intenso sob a franja irregular. A boca coberta com uma meia máscara de couro. Os braços cruzados sob os seios. As mãos enluvadas com couro preto. A direita segurava a empunhadura de sua katana na bainha.
Seu olhar era calmo, nada parecia perturbar sua paz interior. Na realidade ela se encontrava tão imóvel que poderia se passar por um manequim com toda facilidade. A porta a sua esquerda se abriu, deixando sair por ela um homem de meia estatura, do tipo boêmio e muito pervertido, que cada poro do corpo dele exalava sujeira, em todos os sentidos da palavra. Como ela se encontrava atrás da porta, ele não a notou. Os olhos azuis, antes fixos na parede a sua frente, se moveram e observaram aquele japonês que usava um terno caro com a camisa aberta e uma corrente de ouro. Do lado dele, dois homens grandes, daquele tipo que denominam armários, o flanqueando um de cada lado. Com a porta aberta, pode-se ouvir o som alto da boate e os gritos de diversão provenientes da pista de dança. Mas, logo o som sumiu com a porta voltando a ser fechada deixando aqueles três para fora.
— Você trouxe a informação que pedi?
O homem perguntou para o "armário" que estava a sua esquerda, quem por sua vez, nada respondeu, apenas tirou de dentro do paletó um pendrive e o entregou. Os olhos do homem brilharam de satisfação e aquele nojento sorriso malicioso se formou nos lábios grossos e feios dele, nauseando a jovem que os assistia.
— Ótimo! Com isso poderei chantagear aquele idiota do Makoto.
E essa foi a deixa. A mulher de estatura baixa se endireitou e desembainhou sua katana, deixando a lâmina brilhante à mostra e a segurou do lado do corpo, na vertical apontada para baixo. O movimento silencioso, apesar de lento e cadenciado, chamou a atenção dos homens que se viraram em sua direção. Os dois "armários" a observaram detenidamente, principalmente seus olhos. Já o homem, que tinha a total atenção dela, a percorreu deliberadamente, com um olhar acintoso. Essa atitude a irritou por dentro.
— Tanaka Yachi…
A voz doce não condizia com o olhar mortal da jovem. E aquela voz excitou o homem de seus quarenta e cinco anos.
— A seu dispor gracinha… Me procurava?
Sorriu debochado, não a levando a sério.
— Sim. Você foi descartado pelo Juppongatana!
E essa frase borrou por completo aquele sorriso altivo, fazendo com que ela sorrisse por baixo da máscara.
— Peguem-na!
Ele ordenou e os dois guarda-costas se lançaram sobre ela. A morena deu um pulo para trás e com um movimento rápido acertou o primeiro na lateral direita da costela dele, arrancando sangue o suficiente, para ele reclamar de dor, porém não profundamente para abri-lo ao meio. Logo veio o outro atacando pela direita dela e recebendo um corte em diagonal, de cima para baixo no peito, na mesma profundidade da do anterior. Então, aproveitando o fato deles estarem distraídos pela surpresa misturada com a dor, ela acertou a empunhadura da espada na nuca de ambos, no ponto certo, levando-os a um sono profundo imediato. O homem arregalou os olhos com o que viu. Na realidade o que mais o preocupou, foi o que não viu. Ela era rápida e certeira.
A morena começou a caminhar em direção a ele como uma leoa, que ao avistar sua presa, avança lentamente com passos contados, a fim de não errar o bote. A luta interna do traficante começou no momento em que ele não sabia se dava rédea solta a sua mente pervertida, observando o balançar do quadril dela ao andar, naquela forma que ele julgou tão sedutora, ou se ele se concentrava em achar uma saída para aquela situação. O desejo de sobrevivência ganhou.
— Eu posso pagar… Diga quanto você quer que eu te dê!
— Guarde seu dinheiro sujo para você. Não quero nada seu.
Sem demora ela avançou e com um golpe certeiro o atravessou com a espada no ombro direito, arrancando um grito agonizante do homem. Logo se dispôs a cortá-lo de fora a fora no estômago, mas não profundamente. Por fim, perfurou as duas coxas do homem. Nenhum golpe foi mortal, foram cortes limpos e bem planejados. Quando ele caiu de joelhos, chorando por piedade ela o colocou para dormir, como havia feito com os seguranças, deixando-o caído de bruços no chão sujo, com a cara sobre algo que poderia ser uma poça d'água ou algo mais… fisiológico. O que era ela não sabia e nem se importava.
A morena pegou o pendrive que ele recebeu do "armário" um - como ela havia apelidado os homens, "armário" um e dois - e se colocou em movimento. Com passos rápidos, caminhou em direção à rua principal, deixando os três sangrando e sozinhos. Quando estava prestes a sair do beco, olhou para todos os lados, e não vendo ninguém, retirou sua máscara para não chamar a atenção. Pegou um pano que havia deixado logo na entrada da viela e enrolou sua katana para disfarça-la. A jovem de feições delicadas e gentis, não demorou em se camuflar no enorme fluxo de pessoas que passavam pelo lugar, sem notar estar sendo vigiada de perto por um par de olhos verdes, femininos que a seguia com suma atenção.
Quando sentiu estar longe o suficiente do lugar, entrou em uma cabine telefônica e digitou o número da polícia, informando anonimamente, o paradeiro de três homens inconscientes e sangrando em um beco, precisando de socorro imediato ou poderiam morrer pela perda do líquido vital. Após a atendente anotar o endereço ela desligou o telefone sem se despedir. Suspirou fundo, engolindo as lágrimas. Ela odiava aquilo.
— Vamos Kaoru… Pense que é pelo bem dos demais…
Sussurrou para si mesma, como se fosse o suficiente para se convencer e sabendo que era inútil. Nada a faria se sentir melhor. Respirou fundo algumas vezes, olhou para o pendrive e o guardou no bolso. Abandonou a cabine e se dirigiu para a estação de metrô mais longe que suas pernas pudessem levá-la. Retirou as luvas e soltou o cabelo. Baixou um pouco o zíper da blusa, deixando-a o mais diferente do antes possível. Desejando voltar o mais rápido para a segurança de sua casa, seu dojo.
-/-/-
O restaurante Aoiya estava lotado, a aparência tradicional reinava. Adornado com lanternas japonesas, atraía a todos. Não só pela comida de excelente qualidade e extremamente saborosa, como também pelo perfeito cartão postal que era tirar uma foto com aquele exemplar da era Meiji de fundo. Subindo as escadas, a mescla entre o passado e a modernidade era surpreendente.
As mesas todas como antigamente, porém para facilitar a nova geração, que já não estava mais tão acostumada a ficar ajoelhada por tanto tempo, o chão possuía um espaço sob as mesas, para que os clientes pudessem se sentar no chão, acomodados como se fossem em cadeiras. Cada mesa era separada por biombos japoneses tradicionais, feitos por papel washi, madeira fina, folhas de ouro e todos pintados à mão, cada um possuindo uma pintura diferente da outra. E todas as mesas iluminadas por lanternas japonesas desenhadas, suspensas no teto, dando um clima aconchegante durante os jantares, que era o momento em que sua beleza melhor se destacava.
Diferente do salão, a cozinha era inteira moderna, com os utensílios da maior qualidade e de última geração, facilitando a vida dos cozinheiros. O balcão administrativo, também demonstrava os resquícios da tecnologia, contrabalanceando com uma aparecia totalmente antiga.
Em uma das mesas da área VIP - área destinada a grandes negócios e pessoas de alto padrão, mais reservadas e melhor localizadas do salão - A risada era alta, uma conversa animada, contagiava o ambiente ao redor. Na ponta da mesa de oito lugares, o magnata Seijuuro Hiko ria a gargalhadas de uma piada contada por seu amigo Nenji Kashiwazaki, mais conhecido por Okina. Um senhor de cabelo até o ombro, bigode e barba branca - com um lacinho na ponta dela -, média estatura e olhos escuros. O sorriso malicioso no rosto do velho era sua maior característica. Mas famoso por ser muito sábio e um ex-guerreiro admirável.
Okina era o dono do estabelecimento e avô materno da única herdeira do local. Ele estava sentado ao lado direito do amigo de longa data. Ao seu lado Kenshin observava a conversa com um sorriso bobo no rosto, de frente para o ruivo, seu irmão Aoshi - que estava surpreso com as piadas pervertidas que o velho contava para o tio - preferindo se manter ocupado com seu chá, enquanto ao seu lado, de frente para Okina, estava seu irmão mais novo, Sano que por sua vez, participava com gosto da diversão.
— Ai eu fui até ela… Ela era linda e sorri. Ela tentou se afastar… Mas quando eu disse que era o dono do Aoiya, ela se jogou aos meus pés!
O mais velho da mesa narrava alegremente um episódio, que de acordo com ele realmente havia ocorrido. Porém o moreno de cabelo comprido tinha sérias dúvidas da veracidade dos acontecimentos.
— E o que você fez com ela?
A pergunta de Kenshin calou a mesa inteira. Todos olharam para o ruivo, em uma mescla de surpresa e indignação pela questão. Foi quando o óbvio atingiu o ruivo após longos segundos, fazendo-o arregalar os olhos e soltar o seu famoso…
— Oro!?
E as gargalhadas começaram de novo, dessa vez até Aoshi foi obrigado a rir, claro que não na mesma intensidade que os outros três, aliás, bem longe disso, algo muito mais discreto, porém foi impossível de segurar. Kenshin coçou a nuca, sentindo-se ridículo pela pergunta. Possuía uma personalidade complexa com muitos aspectos, mas sempre que estava relaxado e reunido com sua família, à inocência parecia dominá-lo.
— Uau… O ambiente aqui está ótimo!
Os cinco homens se voltaram para o local de onde veio àquela voz feminina tão jovial. Puderam avistar uma moça de no máximo vinte anos, com um amplo sorriso encantador no rosto, seus olhos esmeralda brilhava de forma verdadeira, sua pele alva destacava o cabelo preto, sua franja longa emoldurava o rosto doce dela, o cabelo que chegava até a lombar, solto até o meio onde iniciava uma trança frouxa e simples, porém de uma forma tão graciosa e planejada, que parecia ter sido feita por um profissional. Ela era bem magra, mas não deixava de exibir curvas perfeitas, suas pernas fortes e torneadas, provenientes de treino, estavam expostas por causa do short preto curto. Nos pequenos pés um coturno feminino de salto médio e grosso. A cintura fina bem marcada acentuava os seios, que ficavam entre o tamanho médio e pequeno. A blusa de alcinha, justa ao corpo deixa claro que eram seios redondos, firmes e muito atrativos. Ela não possuía mais nada de adorno, a não ser um par de brincos pequenos. A maquiagem quase nula.
Aoshi a percorreu por inteira umas dez vezes seguidas, ficou sem fala ao ver a recém-chegada desconhecida, tanto suas pupilas se dilataram ao vê-la, quanto seu corpo inteiro se mostrou receptivo a moça. Porém, nem sequer uma sobrancelha se moveu no rosto de pedra do homem. Sano, Kenshin e Hiko também a julgaram linda, mas nem perto da intensidade com a qual o moreno de cabelo curto a julgou atrativa.
— Senhores, permitam-me apresentar, minha neta Misao Makimachi.
Okina quebrou o silêncio e todos a cumprimentaram. Ela por sua vez fez uma leve reverencia aos presentes enquanto os saudava.
— É um prazer conhecê-los… - sorriu sincera.
— Misao… Este é meu amigo Seijuuro Hiko, de quem havia comentado…
— O mestre!
A jovem interrompeu o avô ao ouvir o nome do homem apontado. Hiko alargou o sorriso arrogante ao notar a surpresa nos olhos verdes.
— Sim… Ele mesmo. - soltou Okina, fingindo enfado.
— É um prazer conhecê-lo… Sempre ouvi falar do senhor… É o grande mestre do estilo Hiten Mitsurugi-ryu… E tão famoso… E eu pensei que você fosse mais velho, mas não… É jovem forte e bonito e…
A gargalhada de Hiko a cortou. Misao quase não respirava para falar, de tão entusiasmada que ficou ao se encontrar frente aquela celebridade, que era como ela o julgava, mesmo que para o resto do mundo a fama de Hiko fosse apenas no âmbito dos negócios, para os amantes de artes marciais como ela era, seus feitos mais importantes eram quando ele empunhava sua espada.
— Caramba… Acho que você gosta de kendo.
Ele gracejou com ela e a vergonha por ter falado tão desesperadamente passou.
— Sim… Apesar de que minha verdadeira paixão é a arte dos ninjas. - ergueu o rosto com orgulho. - O ninjutsu, arte da qual domino.
— É mesmo? Talvez pudesse me mostrar isso depois… Meu sobrinho Aoshi - apontou o citado. - é conhecedor do ninjutsu e do kempo. Também é um exímio espadachim no manejo da técnica Kodachi Nito Ryu.
Misao olhou para o moreno ao seu lado e em sua mente veio à imagem dele numa época antiga, usando uma roupa ninja e observando seus alvos com aquele penetrante olhar azul, de forma fria e com uma velocidade sobre-humana, acabando com sua vitimas. As pupilas verdes se dilataram e ela sentiu o coração pular ao imaginar aquele lindo homem saído de uma capa de revista, tão imponente, se tornando o exemplo perfeito de um super-herói em sua mente.
— Bem… - o de cabelo branco resolveu continuar com as apresentações, desfazendo o encanto que prendeu o verde no azul. - Esse é Kenshin Himura - apontou o citado. - o sobrinho mais velho de Seijuuro. - olhou para o ruivo e ficou abobada com tamanha beleza exótica. - Aoshi Shinomori - apontou de novo para o moreno de cabelo curto. - o segundo e por fim, o mais novo dos três sobrinhos Sanosouke Sagara.
Okina apontou o último e Misao foi obrigada a deixar de observar a beleza do ruivo para olhar para o nomeado. E foi nesse momento em que ela teve certeza que a beleza era um requisito obrigatório de família. Todos, dês do tio ao mais novo dos rapazes eram todos lindos, pareciam modelos e com certeza homens de fazer qualquer garota trombar em um poste na rua, porque parou de olhar o caminho, para fixar o olhar neles. Após um longo silêncio incomodo, Okina voltou a falar.
— Fecha a boca Misao!
E no susto ela obedeceu, ficando tão vermelha quanto o cabelo de Kenshin ao notar que ficou admirando os quatro homens de boca aberta. Agachou a cabeça, sem graça e tanto Hiko, quanto Sano riram divertidos. Kenshin a olhava com carinho, havia simpatizado com ela logo que a viu e Aoshi soltava faíscas com o olhar. O fato dela visivelmente ter achado seu tio e irmãos bonitos não foi nada agradável para ele, mas como sempre, ocultou os sentimentos.
— Desculpe… - murmurou e Hiko riu mais alto.
— Por que não nos acompanha, pequena? - o mestre convidou. - Será bom ter um pouco de companhia feminina em meio a tanto macho…
E as palavras dele a trouxeram de volta ao normal. Sorrindo ela sentou ao lado de Aoshi, que podes sentir o cheiro doce que ela possuía, embriagando seu ser.
— Por onde estava, Misao?
Okina perguntou intrigado, observando atentamente a jovem, que perdeu o sorriso e ficou levemente tensa. Após titubear por uma fração de segundos, voltou a sorrir e informou que havia ido procurar a sua melhor amiga, Kaoru, para ir jantar no restaurante, junto com o Yahiko. Okina aceitou a explicação e deu por encerrado o assunto. Mas, não acreditou em nenhuma palavra da moça. Os quatro homens que estavam na mesa também notaram algo errado, porém por ser a primeira vez que a viam, imaginaram que pudesse ser apenas uma impressão.
Misao pode sentir o clima denso, mas tão denso que pensou que poderia corta-lo com uma faca. Engoli em seco, pensando que deveria treinar mais com Saitou, a arte da mentira. Mas, em absoluto ela poderia dizer a verdade. O que ela sabia, não poderia ser comentado com ninguém, nunca. Olhou novamente para os cinco homens que por uma estranha razão não deixaram de encará-la e sorriu. Um sorriso tímido, porém sincero. Desejava por dentro que deixassem o assunto morrer. Seu coração pulou de alivio ao ouvir uma voz gritando-a, virou a cabeça a tempo de ver quem chegava…
— Misao. Por que você esta aqui escondida?
Um garoto de quinze anos se aproximou da mesa, onde todos estavam reunidos, reclamando. Ele tinha o corpo magro e um estilo despojado, usando uma camiseta branca e uma calça jeans azul, com seu par de tênis preto nos pés. No pulso direito uma munhequeira e no esquerdo um relógio, desses simples e baratos. Seu cabelo preto totalmente espetado e seus olhos escuros demonstravam uma audácia admirável. Era baixo, talvez até um pouco mais que Kenshin, mas não era uma diferença gritante. Ele parou com as mãos na nuca e ao notar-se observado por quatro olhos diferentes, baixou os braços e corou um tanto envergonhado, atitude que arrancou uma gargalhada divertida de Misao e Okina. Os demais se contiveram.
— Yahiko… Você está atrasado. Onde está Kaoru?
A moça de trança indagou e se levantou para olhar em direção da porta de entrada. O rapaz se recuperou de sua timidez ao ouvir o nome de sua irmã de criação e mestra.
— Não sei… Ela ainda não tinha chego quando eu saí…
— Ah… - a garota baixou a cabeça, triste. Mas, logo meneou a cabeça e sorriu acolhedora. - Deixe-me te apresentar. - anunciou. - Senhores esse é Yahiko Myoujin. Ele é aluno do dojo Kamiya Kasshin e irmão de criação da mestra Kaoru Kamiya.
Kenshin estava dando um gole em sua bebida, ao mesmo tempo em que Misao apresentava o menino, e na hora que ouviu o nome da mestra, quase cuspiu todo o liquido na cara de seu irmão Aoshi. A forma com a qual o ruivo engasgou chamou a atenção de todos à mesa. O dono de olhos violetas ignorou os olhares de interrogação e perguntas sobre se ele estava bem e olhou surpreso para Misao, logo para Yahiko e de volta a Misao. Ambos o encaravam.
— Você disse… Kaoru Kamiya?
Ela e o garoto assentiram e quando Kenshin estava por falar algo mais, uma voz feminina pode ser ouvida.
— Misao… Desculpa o atraso… Acabo de encontrar a nota que Yahiko deixou, informando que deveria vir aqui…
E todos os rostos se voltaram ao ver a dona da voz entrar no campo de visão deles. E ela estava ali, em sua frente, como há oito anos, só que agora, não havia nada de infantil. Ela era um pouco mais alta que Misao, praticamente da altura de Yahiko, perdendo por uns dois centímetros no máximo. Seu rosto era lindo, delicado, alvo. Seus olhos como pedras preciosas azuis índigo. Seus lábios bem desenhados estavam levemente avermelhados, algo quase imperceptível, porém pecaminosamente atraente para o ruivo que a encavada minimalista. Seu cabelo longo, preto como a noite sem lua e liso, meio preso, sua franja média emoldurava seu rosto de princesa. Seu corpo extremamente bem desenvolvido e apetitoso, marcado por um vestido azul que a saia rodada parava quatro dedos acima do joelho e nos pés uma sandália preta de tiras.
A jovem recém-chegada passou os olhos por todos à mesa e sorriu amigavelmente, até que azul encontrou violeta. O ruivo que a percorria com o olhar, parou sua analise e se focou nos olhos que se arregalaram de surpresa ao vê-lo. Não houve dúvida… Ela o reconheceu, tão imediatamente quanto ele a ela. E aquilo o alegrou sem medidas. Não era a garotinha adolescente de antes, era uma mulher. E a mais linda de todas que ele já viu.
— Kenshin…?
Continua...
Então, devo continuar ou não? O.o
Já informo que não sou te atualizar muito rápido, porque tenho muitas fics para escrever, mas sempre termino o que começo, então, não se preocupem. :D
Quero reviews, muitas e muitas... Veremos se alguém já tem alguma hipótese do que estou tramando. :D
Quero mandar um beijão para Angelica Chibilua, não só por ser uma grande amiga minha, mas também por me dar animo e força em todos os momentos e me animar a continuar com essa fic. hehehe
Aqui me despeço e até breve pe-pessoal! :3
Revieeeews!
PS: Amo esse ruivinho lindo! Parabéns Ken. :*
20/06/2015
