- Gaara chegou ontem á Konoha. - Naruto informa à esposa na mesa do café da manhã. Um rapaz sentado ao lado do Hokage solta um gemido de desânimo. - Pai, posso passar as próximas semanas em uma missão bem longe?

-Não, não pode. - Sakura responde no lugar do marido. - Minato, eu e seu pai já estamos cansados dessas brigas entre você e Karura.

-Sua mãe tem razão, Minato. Karura é filha do meu melhor amigo e não gostaria de ter minha amizade com Gaara abalada por causa de uma briga de crianças. -Assim que acabou de falar, Naruto percebeu o erro que cometeu. Minato se levanta irritado e olha para o pai. - Acontece, Hokage-sama, que eu não sou mais uma criança, pertenço a ANBU de Konoha e a filha de seu melhor amigo é uma jovem mimada, insuportável e irritante.

Sakura olha para Naruto segurando o riso ao ver o marido sem saber o que dizer. Minato e Karura tinham dezessete anos, ela era sete meses mais velha que o filho deles. Ambos eram inteligentes, educados e gentis, porém bastava se enxergarem para começarem as discussões. Nenhum dos pais se importava com aquilo, deixando que os dois se entendessem como achassem melhor.

-Minato, por favor, tente não discutir com Karura desta vez.

-Só se ela ficar muda durante as próximas semanas. - Ele olha para o pai e solta um suspiro, voltando a se sentar. - Tudo bem, prometo que vou tentar, eu disse tentar, não discutir com a princesinha de Suna. Eu também gosto muito de Gaara-sama e da tia Ino e não quero que eles fiquem chateados comigo.

-Obrigado, Filho. - Naruto sorri para o rapaz, admirando a beleza de Minato. O rapaz era idêntico ao avô de quem tinha herdado o nome, com exceção dos olhos que eram bem verdes iguais aos de Sakura, e chamava muito a atenção das meninas de Konoha. Sempre alegre e sorridente, conquistava a admiração e o carinho de todos os moradores da vila. Sabia que ele tentaria ser educado com Karura, só esperava que a jovem fizesse o mesmo.

XXX

Karura olhava pela janela com um sorriso, ela amava Konoha. Ela e a família sempre passavam as festas de fim de ano ali, quando o pai tirava férias. A vila estava coberta de neve, o que a deixava mais linda ainda. Ela já tinha pedido aos pais que a deixassem ficar com o avô, para aprender a usar as habilidades mentais herdadas da mãe, porém o Kazekage não permitira. Karura e a família estavam na casa que pertencia a sua mãe, tinham chegado na noite anterior. Ela olha para o pai que estava sentado no sofá da sala e sem aviso se joga em cima dele.

-Karura. - Gaara a repreende, mas o sorriso desmentia a zanga. - Papai, vamos sair um pouco. Está lindo lá fora.

- Vamos pai, por favor. - Chihiro fala, também sentando no colo do pai. Os três filhos adoravam o pai, que era extremamente carinhoso com eles. Ino aparece na porta da cozinha.

- Karura, Chihiro, por que vocês não vão passear um pouco pela vila e deixam seu pai descansar? - Ela olha com carinho para o marido. Gaara continua sendo um homem lindo, os anos não mudaram em nada sua aparência. Ele olha para a esposa e seus olhos assumem um brilho diferente. Karura acompanhava a troca de olhares dos pais, com um sorriso. Ela levanta do colo do pai e chama a irmã. - Vamos maninha, acho que estamos sobrando aqui. - Ela fala, provocando os pais. Gaara a olha um pouco constrangido, mas Ino começa a rir junto com as filhas.

- Tem toda razão, Karura. Vamos procurar Minato. - Foi só a mais velha ouvir o nome do rapaz para seu sorriso sumir do rosto. - Se você queria estragar meu dia, conseguiu.

-Karura. - O pai a chama, sério. - Gostaria que você não discutisse com Minato, desta vez.

-Só se ele ficar mudo durante as próximas semanas. - Ela olha para o pai e solta um suspiro. - Tudo bem, prometo que vou tentar, eu disse tentar, não discutir com a reizinho de Konoha. Mas só vou fazer isso por que você me pediu e porque não quero que o tio Naruto e a tia Sakura se zanguem comigo.

-Filha, seu pai e Naruto são grandes amigos, tente compreender isso. - Ino fala olhando para a filha de dezessete anos. Karura era linda. Tinha os cabelos ruivos longos, os olhos do pai e os traços delicados da mãe. Mas não se considerava bonita. Era geniosa e agitada, bem diferente da irmã que era calma e observadora.

Chihiro era ruiva com olhos bem azuis. Ela era mais parecida com a mãe, mas o gênio com certeza era igual ao do pai. Enquanto Karura tinha herdado as habilidades mentais dos Yamanakas, Chihiro tinha a habilidade de manipular a areia. Gaara já lhe ensinara vários jutsus. Os três filhos do casal eram ninjas, já tinham se formado na academia. Karura e Chihiro eram chuunins e o filho Inoichi já era um jounin.

- Bem, eu vou procurar pelo Minato. Ele é muito gentil e engraçado, igual ao tio Naruto. - Chihiro chama o irmão, que estava na cozinha. Um menino alto e loiro chega à sala. Inoichi, de onze anos, tinha puxado as características físicas da família da mãe e as habilidades de manipulação da areia do pai. Sério e compenetrado parecia ter mais idade. Tinha demonstrado ser um prodígio, se tornando gennin com apenas sete anos e jounin aos dez. O conselho de Suna já havia pedido a Gaara que treinasse o filho caçula para assumir como o próximo Kazekage, o que trouxera muito orgulho aos pais.

Batidas na porta atraem a atenção na família. Chihiro atende e vê um garoto de olhos bem claros parado do lado de fora. - Oi Chihiro. Tudo bem? Meu pai me disse que vocês tinham chegado então eu vim chamá-los para irmos até a academia.

-Olá, Ayko. Tudo bem? - Inoichi se adianta e cumprimenta Hyuuga Ayko, filho de Hinata e Neji.

O menino entra e faz uma reverência ao Kazekage, que o cumprimenta com um aperto de mão. Um pouco mais velho que Chihiro, Ayko era chuunin também e grande amigo dos filhos de Gaara. Ele já tinha ido á Suna várias vezes para visitá-los.

-Olá Ayko. Como está o treinamento no hospital? - Ino cumprimenta o rapaz com um beijo. - Está ótimo, tia Ino. Estou adorando treinar com a tia Sakura. - Ele responde com um sorriso. Ele tinha decidido que queria se tornar médico ninja e já treinava com Sakura há quase um ano.

- E então, vamos? - Chihiro e Inoichi aceitam na mesma hora, mas Karura se senta um pouco irritada. Tinha certeza de que Minato estaria na academia àquela hora. - E você Karura, não vem? - Ayko pergunta a amiga, sem desviar os olhos de Chihiro. A menina fica ruborizada com o olhar do amigo.

-Não. Podem ir sem mim. - A jovem responde um pouco irritada. O rapaz sorri de leve. Em Konoha todos sabiam das brigas entre Minato e Karura. - Que pena. Minato também não vai.

Karura sorri e se levanta. - Mudei de idéia, vou com vocês. - Ayko e Inoichi disfarçam um sorriso e os quatro saem.

Gaara puxa Ino para seus braços e a beija de forma apaixonada. -Acho que teremos um tempo só para nós. Tem alguma idéia de como utilizá-lo? - Ela sorri e ele a pega no colo, levando-a para o quarto e depositando-a na cama, com carinho. Ela o puxa para seus braços e logo as roupas dela se juntam as dele no chão e eles fazem amor durante um longo tempo.

XXX

Ayko para e faz uma bola de neve, atirando em Chihiro. Ela se volta com um sorriso e joga outra no garoto. Logo os quatro estão fazendo uma guerra de bolas de neve. Karura está distraída e não vê que Minato se aproxima. Ele também não a vê, pois estava abaixando fazendo uma bola de neve para jogar em Inoichi. Não tinha reparado na ruiva que estava abaixada atrás do irmão. Inoichi vê a bola de neve na mão do amigo e se abaixa no momento em que Minato atira a bola e Karura se levanta. A bola a atinge em cheio no rosto.

Ayko, Chihiro e Inoichi se preparam para a explosão.

-Idiota, imbecil, estúpido. Por que fez isso? - Ela grita furiosa.

- Eu não a vi aí, rata da areia. Já estava feliz achando que Gaara-sama a tinha deixado na gaiola em casa.

-Ora seu animal. Você me paga. - Com raiva Karura começa a jogar tudo o que encontrava pela frente no rapaz que ria e desviava. - Francamente, Sabaku, sua pontaria não melhorou em nada.

Vendo que não conseguia acertar o outro, Karura avança correndo na direção dele para atingi-lo com um golpe, mas é barrada pelos irmãos que entram na frente dela e a seguram. - Pare com isso, Karura. Foi sem querer, Minato jogou a neve em mim, eu me abaixei e acertou você. Ela olha com raiva para o irmão e se vira voltando para casa, zangada.

XXX

Ino levanta a cabeça olhando para o marido que acariciava suas costas de olhos fechados. Ela beija o peito dele e Gaara a puxa para um longo beijo. - Eu já disse que te amo? - Ele pergunta com o semblante sério. Ino olha para ele e faz um biquinho, fingindo mágoa. - Hoje ainda não.

Ele volta a beijá-la. - Pois eu te amo cada dia mais. Obrigado por me amar e por ter me dado três filhos maravilhosos.

-Eu também te amo, e não precisa me agradecer por nada. Nossos filhos são frutos do nosso amor. É isso que os tornam tão especiais.

-Tem razão. Os três são lindos e perfeitos, iguais a mãe. - Ino ri e se levanta. - Aonde você vai?

-Esqueceu que meu pai deve chegar logo? Ele deve estar morrendo de saudade das crianças.

-Deixe Karura te ouvir chamando-a de criança. -Ambos riem e Ino se afasta em direção ao banheiro. Gaara se ergue em um braço e fica admirando a esposa. Com pouco mais de quarenta anos e após dar a luz a três filhos, Ino continuava maravilhosa. Ele se levanta também e se junta a ela no box, para tomarem banho juntos. Logo ambos estão na cozinha e Ino começa a preparar o almoço.

-Filhos, vocês estão aí? - A inconfundível voz de Yamanaka Inoichi chega até eles. Em seguida ele aparece na cozinha, acompanhado por Naruto.

-Papai, que bom vê-lo. - Ino abraça o pai com carinho e eles ficam um longo tempo nos braços um do outro. -Meu anjo, que saudade. - Ele se separa da filha para vê-la melhor. - Você está cada dia mais linda.

-Concordo com você, Inoichi. - Gaara fala, olhando para o dois. Ele sabia o quanto Ino sentia falta do pai. Ela se separa do pai e abraça Naruto que a beija com carinho. Ambos eram grandes amigos. Gaara e Naruto se cumprimentam também.

-Como vai , Inoichi?

Uma violenta batida da porta chama a atenção de todos. - Maldito Uzumaki. - Karura grita furiosa.

-Espero que não esteja falando de mim, Karura. - Naruto fala rindo e Karura aparece na cozinha.

-Tio Naruto. Vovô. - Ela grita e se joga em cima do avô que a abraça.

-Oi, Meu amor, quanto tempo. Como você está? Onde estão seus irmãos?

-Eles foram para a academia. - Ela beija o avô com carinho. - E eu? Também não ganho um abraço? - Naruto pergunta sorrindo e Karura lhe faz uma reverência, antes de abraçá-lo. - Tudo bem, tio Naruto?

-Comigo sim, mas parece que você e Minato já se encontraram. - Karura faz uma careta e se senta no colo do avô.

-Você e Minato já brigaram? Acho que temos um recorde desta vez. - Inoichi fala com humor, e os outros riem com ele, mas Karura fica mais zangada ainda.

- Ele é um idiota, estúpido, irritante. Me jogou uma bola de neve e acertou meu rosto em cheio.

-Não era uma guerra de bolas de neve? - Inoichi pergunta á neta que confirma. - Então, por que a irritação? Você não conseguiu acertá-lo? Talvez devesse treinar mais sua pontaria.

-Valeu vovô. Ouvir isso fez um bem enorme para o meu ego. - Ela fala séria, depois se vira para Naruto. - E a tia Sakura?

-Está ótima. Vim convidá-los para jantarem lá em casa hoje. Prometo que Minato não tentará envenená-la. - Naruto fala para Karura, rindo.

Gaara e Ino aceitam o convite. -Inoichi, você também está convidado. - O outro concorda e eles passam a conversar sobre Suna e Konoha. Ino senta no colo do marido e Inoichi olha com carinho para o casal. Gaara era como um filho para ele. Tinham tido um grave desentendimento no passado, mas já haviam superado e agora eram grandes amigos.

- Karura, já decidiu se vai ficar aqui para treinar suas habilidades? - Ele pergunta olhando para a neta.

-Meu pai não quer deixar, Vovô. Você poderia tentar convencê-lo, por favor. - Karura fala fazendo bico. Inoichi ri, mas Gaara fica tenso. - Inoichi, não gostaria de ficar longe de um dos meus filhos.

-Eu sei como se sente, Filho. - O homem mais velho responde, olhando para a filha. - Não é fácil abrir mão dos filhos, mas você tem que fazer o que é melhor para ela. Karura precisa aprender a usar suas habilidades e desenvolver outras.

-Eu já disse isso á ele. Às vezes acho que minha pontaria não melhora por causa disso. Eu treino diariamente, mas não consigo o mesmo índice de acertos que Chihiro e Inoichi. Eles conseguem acertar uma mosca de longe. E eu não consigo acertar nem um elefante á um palmo de distância.

Gaara olha para a filha. Sabia que Karura vinha tendo dificuldade com a pontaria e com a manipulação de chákra e já imaginara que isso estivesse ligado ás habilidades não desenvolvidas dela.

-Pai, pense como seria bom para Suna se você tivesse mais uma kunoichi com habilidades iguais as da mamãe. Por favor, deixa. - Karura fala com a voz triste. Gaara dificilmente negava um pedido dos filhos, mas era inflexível sobre aquele assunto e às vezes Karura achava que o pai tinha outros motivos para não permitir sua permanência em Konoha.

- Meu pai tem razão, Gaara. E será por um curto período de tempo. Nós não a estamos mandando para o outro lado do mundo para o resto da vida.

-Vou pensar, está bem. - Gaara corta a conversa, não gostava de falar sobre aquilo.

-O que quer dizer "Não". - Karura fala chateada e levanta do colo do avô. A porta abre e os outros filhos do casal entram, junto com Ayko. - Olá, Vovô. - Inoichi e Chihiro abraçam o avô e depois cumprimentam Naruto.

- Vocês já viram Minato? - Naruto pergunta aos dois. - Sim, mas ele disse que não queria vir até aqui para não arriscar ainda mais a vida. Karura jogou nele tudo o que encontrou pela frente, mas não acertou nada. Sua pontaria está cada vez pior, maninha. - Todos riem, menos Gaara. - Parem de falar sobre a pontaria da irmã de vocês. - Os filhos se assustam com a severidade que sentem na voz do pai e até os adultos olham para Gaara, preocupados. Era visível que Gaara estava desconfortável com algo.

- O almoço está quase pronto. Ayko, Naruto, vocês ficam para almoçar, certo? -Ambos concordam e Naruto faz um clone para chamar Sakura para se juntar a eles.

- Vocês gostariam de patinar no gelo após o almoço? - Ayko convida os amigos que concordam. Os irmãos ainda estão espantados com a reação do pai ao comentário sobre a pontaria de Karura, mas não tocam mais no assunto. Logo Sakura também chega.

-Naruto, onde está Minato?

-Ele foi até a academia, Kakashi o chamou para ajudá-lo e ele ia almoçar lá mesmo. - Sakura sorri e eles se acomodam para almoçar. Ayko olha para Karura e sorri. - Karura, porque você nunca nos disse que nasceu em Konoha?

A menina olha surpresa para o amigo e os adultos se entreolham tensos. - Ficou louco, Ayko? Acho que o éter está afetando seu cérebro. Como eu poderia ter nascido em Konoha? Só se minha mãe tivesse vindo grávida para cá, o que seria perigoso devido à distância.

-Minha mãe teria que ter vindo bem no começo da gravidez. - Chihiro fala olhando para Ayko. Os jovens ainda não tinham percebido o mal estar entre os adultos.

-O que seria impossível, pois papai não poderia ficar tanto tempo longe de Suna e ele jamais permitiria que minha mãe passasse a gravidez longe dele. - Inoichi completa.

-De onde você tirou essa idéia Ayko? - Karura pergunta olhando para o amigo com um sorriso.

-Eu vi seu nome nas listas de nascimento do hospital. Eu estava procurando a data de nascimento de um ninja e vi seu nome na lista do mesmo ano de nascimento do Minato. Sabaku no Karura, não tem ninguém aqui em Konoha com esse nome.

Karura olha para os pais, que ainda não tinham dito nada. Estava curiosa sobre o assunto, mas se assusta com a expressão do pai que olhava zangado para Ayko. - Eu acho que esse tipo de informação é confidencial, certo? Você não deveria estar divulgando-a dessa forma.

-Papai, Ayko deve ter se confundido, vamos esquecer isso. - Chihiro fala defendendo o amigo que tinha ficado chateado com o comentário do Kazekage. Logo eles terminam a refeição e os quatro amigos se levantam para saírem para patinar.

-Vocês não pretendem contar á ela? - Sakura pergunta olhando para o outro casal.

-Gaara não quer que Karura saiba sobre isso. - Ino responde colocando a mão sobre a mão do marido.

-Gaara, será pior se ela descobrir de outra forma. Conte a verdade á ela, tenho certeza de que Karura irá entender e perdoá-lo. - Inoichi fala para o genro.

-Não vou dizer a minha filha que eu não quis que ela nascesse, que fiquei furioso quando soube que Ino estava grávida e tentei forçar minha esposa á interromper a gravidez porque eu não queria o bebê. Karura só nasceu por que Ino fugiu para Konoha. Se dependesse de mim, ela não existiria.

Um pesado silêncio se faz no ambiente. Gaara coloca os cotovelos sobre a mesa e apóia a testa nas mãos, com os olhos fechados. Ino se levanta e o abraça.

- Sakura tire o nome de Karura das listas do hospital e destrua qualquer evidência sobre seu nascimento. Depois fale com Ayko, Gaara tem razão, ele não deve divulgar informações referentes á dados do hospital. Diga á ele que houve um engano em relação ao nome e tente descobrir se ele comentou sobre isso com mais alguém. - Naruto pede, preocupado com a tensão do amigo. Sakura concorda com o pedido do marido. Gaara abre os olhos, fitando Naruto agradecido.

XXX

Eles estavam do lado de fora da casa prontos com os patins na mão, mas Karura estava preocupada com a reação do pai ás palavras de Ayko e também curiosa sobre o que o amigo tinha dito. - Eu não vou, quero falar com o papai, ele precisa se desculpar com o Ayko.

-Deixe isso para lá, Karura, seu pai não deixa de ter razão, eu não devia ter dito nada.

-Assim mesmo, você é nosso amigo. Vão vocês, eu vou falar com ele. - Os outros saem e ela volta para a cozinha, mas para na porta ao ouvir as últimas palavras ditas pelo pai. Ela fica chocada, seu pai não a queria? Ela sente lágrimas nos olhos e sem pensar corre pra longe dali.

Ela sai da casa em direção as montanhas. Se sentia ferida pelas palavras do pai, que ainda ressoavam em seus ouvidos. "Tentei forçar minha esposa á interromper a gravidez porque eu não queria o bebê e Karura só nasceu porque Ino fugiu para Konoha. Se dependesse de mim, ela não existiria". Minato a vê correndo e a chama, mas Karura não o ouve.

A tarde passa rápida e logo os irmãos voltam para casa. - Mãe, pai, chegamos. - Inoichi avisa enquanto ele e a irmã retiravam os pesados casacos. O tempo estava carregado, com prenúncio de nevasca. Eles adoravam passar o Natal em Konoha por causa da neve, pois no País do Vento não nevava nunca. Ino e Gaara aparecem e o pai estava calmo e sereno novamente. Eles olham para os filhos e Ino se vira para Chihiro com um sorriso. -Sua irmã não veio com vocês? Onde ela está?

Inoichi e Chihiro se olham, sem entender. -Mãe, Karura não foi conosco. Ela voltou por que queria pedir ao papai para se desculpar com Ayko que estava muito chateado pela bronca.

Gaara olha para os filhos sem entender. - Esperem, vocês querem dizer que sua irmã não estava com vocês? - Eles confirmam e Gaara sente um frio no estomago. Se Karura tinha voltado para a cozinha podia ter ouvido a conversa deles. -Fiquem aqui, eu vou procurá-la. Se ela aparecer, não a deixem sair. Ino, se eu não voltar em uma hora, avise Naruto. - A esposa concorda e ele sai atrás da filha mais velha.

XXX

Karura tremia de frio, ela estava em uma gruta no alto de uma montanha, nas imediações de Konoha. Ainda estava chocada com o que tinha ouvido. Então ela tinha nascido em Konoha por que sua mãe fugira de seu pai que queria obrigá-la a interromper a gravidez. Como isso era possível? Seu pai sempre fora carinhoso e atencioso com ela e com os irmãos. Por que ele não queria que ela nascesse? O que ela tinha feito para que o pai a odiasse a esse ponto? Karura se sentia muito sozinha pela primeira vez na vida. E o frio aumentava de forma assustadora. Mas a jovem parecia alheia ao perigo que corria.

XXX

Várias pessoas se encontravam na frente da casa de Ino. Já tinham revirado a vila toda sem encontrar nenhuma pista do paradeiro da filha do Kazekage. Gaara estava desesperado, cada vez ele tinha mais certeza de que Karura tinha ouvido o que ele dissera e fugira por causa disso. Minato estava entre as pessoas e organizava uma equipe de busca junto com o pai. Não entendia porque mais sentia um medo imenso de que algo acontecesse a Karura.

-Muito bem, vamos nos dividir. Neji, por favor, organize seu clã e tentem localizar Karura. - O outro concorda e rapidamente vários Hyugas circulavam com o Byakugan ativado.

-Inoichi-sama. - Inoichi se vira e vê um membro do clã Yamanaka parado ao seu lado. - Nós podemos tentar fazer contato com Karura-hime.

-Não, não façam isso. Minha neta não aprendeu a usar suas habilidades, tentar contatá-la pode deixá-la assustada. Apenas tentem sondar o chákra dela. - O outro concorda e se afasta. Ino estava muito nervosa. A temperatura tinha caído muito e logo seria um perigo permanecer fora de casa. Sakura estava com ela. - É melhor entrarmos, está muito frio aqui. Venha Ino, logo a acharemos. - Ino olha para a amiga e concorda, entrando e desabando no sofá.

Naruto olha para os grupos de busca. Eles tinham mais umas duas horas de luz, no máximo, antes de escurecer. Se Karura não fosse encontrada antes disso, Naruto teria que interromper as buscas para continuar no dia seguinte, porém ele sabia que seria impossível a jovem sobreviver ao frio daquela noite, sem equipamentos adequados. Todos partem á procura dela. Logo uma forte nevasca começa a cair.

Minato sentia uma necessidade enorme de encontrar Karura. Ele chama Inoichi e Chihiro de lado. - Fiquem aqui com Gaara, ele está muito nervoso. É melhor que vocês fiquem por perto e evitem que ele faça alguma besteira. Eu vou encontrar aquela louca, podem ter certeza de que a trarei de volta. É uma promessa. - Ele se afasta em seguida. Tinha a impressão de que sabia onde a garota estava.

Os dois irmãos concordam e se aproximam do pai. Gaara estava em silêncio e sua tensão era visível. Ele olha para os filhos e os puxa para seus braços. - Fiquem com a mãe de vocês e não saiam de perto, por favor. - Eles concordam e entram, sentando ao lado da mãe. Duas horas depois Naruto chama Gaara, olhando-o seriamente.

-Já está escurecendo, daqui a pouco não teremos luz suficiente. O que você quer que façamos? - Gaara olha para o amigo. Entendia o que ele queria dizer, continuar as buscas no escuro debaixo de uma nevasca colocaria a vida de todos em perigo. Ele se encosta á parede e fecha os olhos. - Parem as buscas, Naruto. Retomaremos ao amanhecer. - Naruto coloca a mão sobre o ombro do outro. - Nós a encontraremos, Gaara.

Gaara concorda com a cabeça e Naruto começa a chamar os shinobis da Folha de volta. Gaara lhe dissera que tinha certeza de que Karura ouvira o que ele dissera sobre seu nascimento e Naruto podia imaginar como a menina devia estar magoada. Ele olha em volta e não vendo o filho, entra na casa á procura dele.

-Sakura, você sabe onde está Minato? - Sakura nega com a cabeça e Chihiro olha para os dois. - Tio, Minato disse que iria encontrar Karura e a traria de volta.

Os adultos olham para a menina, preocupados. Inoichi se vira para o pai. - Ele disse que iria atrás dela e a traria para casa, que era uma promessa. - Naruto senta ao lado de Sakura. - Só faltava essa, agora os dois estão por aí, correndo perigo.

-Naruto, a culpa de tudo isso é minha. Eu vou atrás dos dois. - Gaara fala já pegando a cabaça, mas rapidamente Naruto o segura. - Não faça isso. Está nevando e muito escuro, você não conhece o lugar bem o suficiente, vamos esperar amanhecer. Minato conhece bem Konoha e está acostumado ao inverno daqui, com certeza ele deve estar equipado.

-Naruto tem razão, Gaara. Minato conhece este lugar como ninguém, ele é um rastreador. Se ele disse que trará Karura de volta é porque ele tem alguma idéia do paradeiro dela. Vamos ficar aqui e amanhã pela manhã as equipes saem à busca novamente. E pare de se sentir culpado, tanto Karura quanto Minato já são grandes o suficiente para assumirem as conseqüências de seus atos. Ambos são shinobis e sabem que não devem agir sem pensar. - Sakura fala séria. Estava preocupada com o filho, mas confiava na capacidade de Minato.

Naruto concorda com a esposa e Gaara se senta ao lado de Ino puxando-a para seus braços, seria uma longa noite.

XXX

Minato subia a montanha com cautela, preocupado com Karura, não estava zangado com a garota, pois tinha certeza de somente algo muito grave a faria agir daquela forma. Ele levava bebida quente, cobertas e um saco de dormir amarrado ás costas e isso dificultava um pouco a subida, mas sabia que Karura iria precisar de tudo aquilo. A vida dela podia depender daqueles itens. Ele avança devagar, sentindo a temperatura cair cada vez mais. Só esperava que não fosse muito tarde.

Ele chega à entrada da gruta e acende a lanterna. Um pouco mais á frente ele vê um vulto encolhido no chão e suspira aliviado, ele a tinha encontrado. Rapidamente ele entra e se abaixa ao lado da garota. - Sabaku. -Ele chama, chacoalhando a garota. Ela não se move e por um momento o rapaz sente o coração apertado, achando que tinha chegado tarde. Ele a chacoalha novamente, desta vez Karura solta um gemido e ele sorri. Ela estava viva. Ele levanta a cabeça dela, pega a garrafa térmica com a bebida e a força de encontra aos lábios da jovem, que estavam arroxeados, Karura vira o rosto, mas ele a segura com força e a obriga a tomar um gole da bebida quente.

-Beba.

-Pare com isso, me deixe em paz. Vá embora daqui, Uzumaki.

- Bom, não preciso nem perguntar se você pode me ouvir ou falar, menos mal. Tome isso, vai aquecê-la. - Ele a ajuda a se sentar. Karura pega a garrafa e toma mais alguns goles do chocolate quente. Seu corpo começa a sentir os efeitos da bebida e ela se sente mais aquecida. Minato pega a coberta e a enrola com ela, sentando á sua frente em seguida.

- Por que está aqui?

-Porque uma idiota, irresponsável resolveu dar uma caminhada nas montanhas em pleno inverno, com uma nevasca caindo e no escuro. - Ele responde sério. - Tem idéia do que fez? Todos em Konoha estão a sua procura e seus pais estão quase mortos de preocupação.

Ela sorri, triste. - Minha mãe com certeza deve estar preocupada, mas meu pai deve estar feliz por ter conseguido se livrar de mim. - Karura fala com mágoa e tristeza.

-Que besteira é essa, Sabaku? Seu pai estava quase louco de desespero. Sabe como ele adora você e seus irmãos.

-Me adora? O grande Sabaku no Gaara me adora? - Ela grita com raiva e se levanta, andando de um lado para o outro na gruta. Minato acompanhava os movimentos da garota, sem entender.

-Sabia que eu nasci aqui em Konoha? - Ela pergunta, parando de andar e olhando para o rapaz, que nega com a cabeça. - É verdade, eu nasci aqui. Minha mãe fugiu de meu pai que queria obrigá-la a interromper a gravidez. Ele não me queria, se dependesse dele eu não teria nascido.

-Você bateu com a cabeça, ou enlouqueceu de vez? De onde tirou essa idéia? - Karura olha para Minato cansada e senta ao seu lado, se enrolando na coberta. Ela volta a chorar e Minato a puxa para seus braços, alisando os cabelos dela. - Me conte o que aconteceu, Karura. - Sem perceber, ele a chamava pelo nome, pela primeira vez em anos. A jovem encosta a cabeça no peito dele e entre soluços conta o que tinha acontecido na hora do almoço. Minato a ouve em silêncio, surpreso pela atitude de Gaara.

-Karura, você deve ter entendido mal, ou talvez não tenha ouvido tudo. Com certeza Gaara deve ter uma explicação para isso e você deveria ter falado com ele invés fugir desse jeito.

Ela se afasta um pouco e olha para ele. Minato pode ver que os olhos dela estavam cheios de mágoa e aquilo o fere de uma forma que não conseguia entender. -Falado com ele? Para que? Para ouvi alguma mentira? Ele não me queria, foi ele mesmo quem disse. E pelo jeito seus pais e meu avô já sabiam disso, pois ninguém pareceu surpreso com a declaração. - Ela volta a chorar de encontro ao peito do rapaz.

Minato olha para fora da gruta e vê que a tempestade continuava a cair forte. Eles não poderiam sair dali antes de amanhecer. Ele afasta Karura e pega o saco de dormir, estendendo-o no chão. Depois pega na mão da garota. - Venha, você está exausta, vamos tentar dormir um pouco e amanhã você pensa com calma. - Ela concorda e ambos se acomodam no saco, Karura coloca a cabeça no peito do rapaz, que acaricia seus cabelos. Os cabelos dela eram lindos, macios e perfumados. Ele aspira o perfume que o corpo delicado dela exalava. Cheiro de flores e chocolate.

Karura relaxa de encontro ao peito do rapaz. Minato era forte, ela podia sentir os músculos dele com as pontas dos dedos. Sem perceber, ela acaricia o peito do rapaz e soltando um suspiro, fecha os olhos.

-Obrigada. - Ela fala com uma voz rouca e baixa e ele a aperta mais junto de seu corpo. - Não precisa me agradecer, eu não a deixaria sozinha aqui. Não sei por que, mas tinha uma vaga idéia de onde você estava. - Ela levanta a cabeça e olha para ele com um sorriso. - Lembra de quando estivemos aqui, juntos? Eu, você, meus irmãos e Ayko? Faz tanto tempo. Era verão e nós tínhamos subido a montanha para ver Konoha do alto. Então começou a chover e nós nos abrigamos nesta gruta.

Ele sorri com a lembrança, eles eram menores, ambos tinham dez anos. Eles tinham brigado durante todo o tempo em que ficaram na gruta. - Eu me lembro de uma ruiva irritante gritando comigo por que eu deixei os fósforos caírem na água e nós não podíamos acender uma fogueira para nos secarmos. - Ele acariciava as costas dela e Karura sorri ainda mais. - Você me chamou de rata da areia e disse para eu usar a minha cabeça de fósforo para fazer fogo.

Os dois riem e Minato afasta os cabelos do rosto dela. Karura era linda, tinha um rosto delicado e um corpo perfeito. Ela encosta a cabeça no peito dele, novamente. - Nós éramos felizes naquela época.

-Ainda somos, Karura. - Ele passa os braços ao redor dela. - Tenho certeza de que seu pai deve ter uma explicação para o que aconteceu, ele ama você. Ele demonstra isso o tempo todo. Alias é por isso que você é tão irritante e mimada.

Karura apenas sorri. Geralmente ela ficava furiosa com ele por chamá-la assim, mas naquele momento estava se sentindo muito bem, ali deitada junto dele sentindo os braços fortes do rapaz á sua volta. - Acha mesmo que ele me ama, e que tudo não passou de um mal entendido?

-Tenho certeza. Gaara estava bem desesperado, não era fingimento. Amanhã voltaremos á vila e vocês poderão conversar. Agora você deveria tentar dormir. Ainda temos umas seis horas, antes do amanhecer. Descanse.

-Minato, por que você entrou na ANBU? - A pergunta surpreendeu o rapaz. Ninguém nunca tinha lhe perguntado isso. Seu pai ficará feliz quando ele dissera que queria fazer parte da ANBU de Konoha e sua mãe apenas lhe pedira que tivesse cuidado e tentasse voltar vivo e inteiro para casa.

-Há muitos ninjas renegados espalhados pelo mundo. Você já deve ter ouvido falar de Uchiha Sasuke, um nukenin de Konoha que tentou matar nossos pais. Meu pai e Gaara têm muitos inimigos por aí e eu queria ajudar a protegê-los.

-Meu pai disse que você é excelente. Ele sempre elogia você. - Minato sente uma ponta de ciúmes na voz dela. - Karura, você também é ótima.

-Não, não sou. Eu só consegui me tornar chuunin por que sou filha do Kazekage. Você precisa ver meus irmãos em ação, ambos são excelentes. Mas eu não sou boa em nada.

-Suas dificuldades se devem ao fato de você não ter desenvolvido suas habilidades mentais.

-Como você sabe sobre isso?

-Eu moro em Konoha e tenho muitos amigos do clã Yamanaka. Sempre achei interessantes as habilidades deles. Seu avô já me explicou vários dos jutsus que ele utiliza. São incríveis.

-Eu queria ficar com meu avô durante um tempo para aprender a usar minhas habilidades, mas meu pai não deixa. E agora eu sei por que. Ele não queria que eu descobrisse que eu nasci aqui em Konoha. Não queria que eu descobrisse que ele me odeia a ponto de ter querido me matar antes de eu nascer.

Minato ouve aquilo em silêncio. Seria possível que fosse verdade? Que Gaara tinha realmente tentado forçar a esposa a fazer uma monstruosidade dessas? Ele não diz nada e volta a acariciar as costas da garota, que se aconchega ainda mais á ele. - Não vou voltar para Suna, vou ficar aqui com meu avô, agora que sei a verdade, meu pai não poderá fazer nada para me impedir.

-Karura, não tome decisões precipitadas, pelo menos uma vez na vida tente pensar antes de agir.

-O que você quer dizer com isso? - Ela pergunta zangada, encarando-o. Ele volta a afastar os cabelos do rosto dela e acompanha seus traços com os dedos. - Você sempre foi muito geniosa e impulsiva, mas desta vez tente conversar sem gritar ou atirar coisas em alguém, até por que é inútil tentar acertar seu pai.

-Como se eu fosse conseguir. Esquece que minha pontaria é péssima? E eu nunca consegui controlar meu chákra de forma adequada. Eu sou uma ninja inútil e uma garota esquisita e estranha.

-Você se queixa demais. Talvez devesse se olhar melhor no espelho. Você não tem nada de esquisita ou estranha. Tem um rosto lindo e um sorriso luminoso. - Ele ia falando e tocando o rosto e os lábios dela com os dedos. - Seus olhos são maravilhosos e seus cabelos são macios e sedosos. E tem uma boca em forma de coração perfeita para ser beijada.

Ela olha surpresa para o rapaz que tinha parado de sorrir e colocado a mão na nuca dela, puxando-a para baixo. Ela fecha os olhos e encosta seus lábios nos lábios dele. Karura sente um arrepio no corpo e entreabre a boca, dando passagem á língua dele. Minato desce as mãos pelo corpo dela. Não sabia por que estava fazendo aquilo, Karura era filha do melhor amigo do seu pai e ele a conhecia desde que eram bebês. Porém naquele momento ele percebia que ela já era uma mulher, linda e sensual. Eles continuam se beijando, tinham mudado de posição e agora ele estava deitado sobre ela.

Ele abandona os lábios dela e beija seu pescoço, mordendo de leve. Karura acariciava as costas dele e fala seu nome baixinho, ele então volta a procurar seus lábios. Depois de alguns minutos eles se separam em busca de ar e ele olha para ela, Karura estava linda com os lábios inchados pelos beijos e os cabelos espalhados. Eles se encaram entre surpresos e felizes. -Eu não vou pedir desculpas por isso, não estou arrependido de ter te beijado, na verdade eu quero beijá-la novamente.

-Ainda bem que você não vai pedir desculpas, isso me deixaria muito constrangida. E acho ótimo que você queira me beijar de novo, estava pensando a mesma coisa. - Eles sorriem e voltam a se beijar.

XXX

Gaara olhava para fora pela janela da sala. Ele olhava a tempestade de neve que ainda não havia parado. Sua filha estava lá fora em algum lugar, achando que o pai era um monstro. Ele sente a presença da esposa e se vira para olhá-la. Ino tinha os olhos vermelhos e o rosto triste, Gaara a abraça, apertando-a de encontro ao corpo.

-Minato já deve tê-la encontrado. - Ino concorda e olha para o marido. Gaara estava muito triste. - Acha que ela ouviu o que disse sobre você não querê-la? - Ele concorda com a cabeça. - Sim, eu acho. Ela deve estar muito magoada. Droga, parece que eu tenho o dom de ferir as pessoas que mais amo.

-Não diga isso. Karura irá entender e te perdoar, tenho certeza. - Ela passa a mão no rosto do marido. - Gaara, ela anda muito triste por causa das dificuldades que tem tido. Karura tem treinado incessantemente, muitas vezes até a madrugada, mas não consegue melhorar sua pontaria ou a manipulação de chákra. Isso a tem deixado frustrada e ela decidiu que vai pedir que você a afaste da Força Ninja de Suna. - Ele a olha surpreso e Ino continua. - Ela ouviu os companheiros de equipe dizerem que você escolhe as missões mais fácies para o time deles por que sabe que ela é incompetente e tem medo que ela se machuque. - Gaara ouve aquilo zangado e dá um soco na parede. - Eu vou expulsar os dois da Força Ninja.

-Não Gaara, não faça isso. Eles estão certos. Karura não tem conseguido atingir as metas necessárias e ela só se tornou chuunin por que é sua filha.

-Ino, como você pode dizer isso?

-Eu digo isso porque é verdade. Karura se sente inferior aos irmãos, ela teme decepcionar você e se esforça ao máximo, mas não consegue bons resultados. Se as habilidades mentais não forem desenvolvidas podem se tornar um grande empecilho. Elas atrapalham a concentração do shinobi. Karura não consegue fazer nada direito por que perde o controle sobre as suas habilidades. Eu tentei treiná-la, mas ela não consegue se concentrar, somente meu pai e os anciões do clã conseguiriam dar o treinamento que ela necessita.

Gaara ouve tudo aquilo em silencio, não imaginava que sua filha estivesse sofrendo tanto. Ele volta a olhar pela janela. Tinha que fazer o que era melhor para Karura. Teria que contar toda a verdade e permitir que ela ficasse em Konoha com o avô para ser treinada.

-Está bem, pode dizer ao seu pai que Karura irá ficar com ele. Só espero que ela e Minato não se matem enquanto ela estiver aqui. - Ino sorri e abraça o marido. Sabia que era uma decisão difícil para ele, mas necessária.

XXX

Karura estava deitada ao lado de Minato que distribuía beijos por todo seu rosto e depois voltava a beijar seus lábios. Ela sorri e ele a olha curioso. -Espero que não esteja rindo de mim, senão ficarei muito zangado.

-Nossa, que medo. - Ela fala rindo e ele volta a beijá-la e depois beija o pescoço dela. - Pare de rir de mim, rata da areia, senão eu não vou parar de beijá-la.

-E quem disse que eu quero que você pare de me beijar, Uzumaki? - Ela fala e se encolhe de frio. O lugar estava gelado. Ele a olha preocupado. - Você está com frio, certo? - Ela confirma. - Sempre senti muito frio, desde que era bem pequena.

-Eu sei, me lembro de você sempre muito agasalhada, mas nem assim ficava longe da neve. Sempre foi muito teimosa. - Eles riem e se beijam novamente, depois ele ajeita as cobertas em cima de ambos e a puxa para bem perto dele, tentando aquecê-la. Eles ficam em silêncio durante um longo tempo e Minato já estava achando que ela tinha dormido, quando Karura volta a falar. -Minato, obrigada por ter ficado comigo e me ouvido. Você me ajudou muito esta noite.

-Por que tenho a impressão de que estou sendo dispensado? Pode esquecer, você não vai se livrar de mim assim tão fácil, não depois que eu provei a boca deliciosa que você tem.

Ela se vira e olha para o rapaz, séria. - Não precisa ficar com pena de mim.

-Eu não estou com pena de você. Estou dizendo a verdade, você é linda, doce e deliciosa.

Karura fica vermelha com os elogios do rapaz e o beija com carinho. Depois fecha os olhos, dormindo em seguida. Minato fica acordado, em vigília. Achava difícil que aparecesse algum ninja inimigo durante a nevasca, porém preferia não arriscar. Depois de duas horas, Karura começa a se agitar e falar durante o sono. - Não papai, por favor, não faça isso. - Minato ouve as palavras dela com raiva. Ela estava tendo um pesadelo, graças á atitude do pai. Seria possível que Gaara realmente tivesse tentado matar Karura antes que a filha tivesse nascido? Ele acaricia o rosto da jovem. - Não se preocupe, eu vou protegê-la, é uma promessa. - Ela parece ouvir as palavras dele, pois se acalma, encostando mais á ele.

O dia amanhece frio e bem claro, nem parecia que havia tido uma violenta tempestade de neve no dia anterior. Minato acorda e vê que Karura ainda dormia, tranqüila. Ela tivera vários pesadelos e acordara chorando durante a noite. Ele ficara ao lado dela durante todo o tempo.

Minato faz um clone e pede que ele vá até a vila avisar que estava tudo bem e que ele e Karura voltariam assim que a jovem acordasse.

XXX

Várias pessoas estavam na frente na casa de Ino naquela manhã. Gaara e Naruto estavam organizando as equipes de busca e resgate quando vêem o clone de Minato aparecer.

-Bom dia, o original me pediu para avisá-los que Karura-hime está bem e que eles voltaram assim que ela acordar. - Naruto agradece e o clone se desfaz. Ele dispensa as equipes e olha para Gaara. - Vou para minha casa, Sakura deve estar ansiosa por noticias. Assim que eles chegarem, peça que ele vá para casa imediatamente, por favor. - O outro concorda e Naruto parte.

Gaara entra em casa e passa para Ino a mensagem do clone. Chihiro ri da situação. - Pode imaginar Minato e Karura juntos uma noite inteira? Me espanta que eles ainda estejam vivos.

-Espero que Karura tenha uma boa justificativa para o que fez, ela causou um grande transtorno aqui em Konoha. - Inoichi fala sério, olhando para os pais e a irmã.

-Inoichi, seu pai falará com sua irmã, não quero você ou Chihiro comentando sobre o que ocorreu. Agora vão tomar café. - Eles obedecem a mãe e saem, Ino se vira para o marido. - Você está pronto para falar com ela? - Gaara concorda e ela o beija, com carinho. - Fique tranqüilo, vai dar tudo certo.

Karura acorda e olha em volta a procura do rapaz. Estava exausta, tivera pesadelos a noite inteira e não dormira bem, mas sentira o carinho de Minato durante todo o tempo. Ele não saíra de perto dela nenhuma vez. - Bom dia. Você está bem?

Ela se vira e vê o rapaz sorrindo para ela e aquele sorriso a aqueceu mais que as cobertas. - Bom dia, estou bem, sim. - Ele a beija com carinho. -Ótimo, então é melhor irmos antes que apareça um batalhão de ninjas para nos resgatar.

Ela concorda e rapidamente eles arrumam tudo e saem, descendo a montanha em direção á vila. Karura estava tensa e Minato tentava distraí-la com brincadeiras e lembranças do passado. Depois de duas horas de caminhada, eles chegam ao centro da vila, próximo a casa da garota. Minato a olha sério. - Quer que eu vá com você?

-Não, acho que não é uma boa idéia, com certeza meu pai deve estar muito nervoso e eu não quero que ele acabe de ofendendo como fez com o Ayko ontem. - Minato a abraça e a beija de leve, ignorando o fato de que ambos estavam sendo observados. - Karura, tente se lembrar do que eu te falei, pense antes de agir. - Ela concorda com a cabeça e ele lhe dá um beijo na testa.

- Eu passo aqui mais tarde. - A jovem sorri e o beija antes de se separarem, ela estava com medo de enfrentar o pai. Ela sempre o respeitara e nunca tivera medo dele antes, mas agora estava tremendo e sentia suas mãos suadas. Lembrava dos pesadelos que tivera onde o pai a perseguia querendo matá-la. Uma lágrima desliza por seu rosto e ela respira fundo antes de entrar em casa.

-Você viu o que eu vi? Minato e Karura estavam mesmo se beijando? - Chihiro pergunta ao irmão, completamente incrédula. O rapaz concorda com a cabeça. Eles estavam no quarto, na parte superior da casa. Tinham resolvido não ficar por perto do pai que parecia estar muito tenso. Gaara e Ino tinham passado a noite acordados.

A primeira pessoa que Karura vê quando entra na casa é a mãe que a abraça. - Filha, que loucura foi essa? Quase me matou de susto. - Ino chorava abraçada a filha. Karura se separa dela e a olha triste. - Mãe é verdade mesmo que ele não me queria? Que ele não queria que eu nascesse?

-Filha, isso é um assunto que você deve conversar com seu pai. Ele está no escritório com seu avô. Vá até lá.

-Isso quer dizer que é verdade. - Ela sente as lágrimas correndo por seus rostos e as enxuga antes de bater na porta do escritório e entrar. A primeira coisa que vê é seu pai sentado á mesa do escritório e seu avô na frente dele. Inoichi se levanta e a abraça, sentindo a menina trêmula. - Você está bem, meu anjo?

-Sim, vovô, estou. - As olheiras e a expressão cansada desmentiam as palavras dela, mas o avô não diz nada e sai, deixando Karura com o pai. Ela sentia as pernas tremendo e a boca seca. Estava com medo do pai. Gaara olhava para a filha e podia perceber o medo e a tristeza dela.

-Filha, você está bem? - Ele se levanta e Karura dá um passo para trás. Gaara percebe e sente uma pressão no peito, sua filha estava com muito medo dele. Ele volta a se sentar e pede que a filha faça o mesmo. Ele respira fundo e começa a falar.

-Você ouviu o que eu disse sobre não querer que você nascesse não é verdade? - Ele pergunta com delicadeza, Karura confirma com a cabeça e duas grossas lágrimas descem por seu rosto. Gaara observa o choro da filha, sentia uma vontade enorme de abraçá-la para acalmá-la, como fazia quando ela era bebê. Ele abaixa a cabeça e aguarda uns segundos antes de voltar a falar.

-Antes de qualquer coisa quero que você saiba que foi concebida com muito amor, e que sua mãe não teve culpa de nada do que aconteceu. - Karura acena com a cabeça, sem olhar para o pai e ele volta a falar. - O que você sabe sobre o meu nascimento, filha?

-O que isso tem a ver comigo e com o fato de você não me querer? - Ela pergunta com a voz baixa e abafada.

-Na verdade, tem tudo a ver. Antes de eu nascer, tive a Shukaku selada no meu corpo, meu pai queria que eu fosse uma arma. Minha mãe morreu logo após o parto. - Karura concorda com a cabeça, ela já sabia sobre aquilo, tinha lido em livros em Suna. - Eu fiquei com um tio, irmão de minha mãe. Ele me odiava e me considerava culpado pela morte de minha mãe. Quando eu era pequeno, ele tentou me matar a mando do meu pai. Foi a primeira vez que meu pai mandou que me eliminassem. - Karura olha para o pai, ainda sem entender. Sabia que o pai tinha tido uma infância infeliz, mas não entendia o que aquilo tinha a ver com ela. Ele observa as emoções no rosto da filha. Karura tinha um rosto expressivo, como o da mãe.

-Depois de tentar me matar várias vezes, sem sucesso, eu ameacei destruir Suna caso ele tentasse de novo e ele me deixou em paz. Eu era um assassino, matei várias vezes sem nenhum remorso, apenas obedecendo a ordens de meu pai. Isso me tornou frio, cruel. Só mudei depois de conhecer Naruto. Ele me fez ver o valor da amizade e da vida. - Ele fecha os olhos por alguns segundos e depois volta a abri-los. - Mas eu ainda me sentia culpado pela morte de minha mãe. Se não fosse por mim, ela ainda estaria viva.

- Depois de alguns anos eu me tornei Kazekage e sempre me dediquei ao máximo para fazer o melhor para minha vila e meu povo. Antes de conhecer sua mãe eu tive uma noiva. Uma kunoichi de Suna chamada Matsuri. - Karura o olha surpresa, não sabia que seu pai tivera uma noiva antes da mãe. - Nós já estávamos juntos á quatro anos quando decidimos nos casar. Foi uma decisão racional, não envolvia nenhum tipo de emoção. Ela nunca me amou e nem eu amei. Apenas queria alguém que agradasse o conselho e a população de Suna e ela queria o status que ser a esposa do Kazekage lhe traria. Com o tempo eu comecei a perceber que ela sempre fugia quando o assunto era ter filhos.

- Um dia eu a coloquei contra a parede e ela desabafou. Disse que não queria ter filhos comigo, que tinha medo, pois meu sangue era amaldiçoado e ela não queria correr o risco de morrer durante o parto, como tinha acontecido com minha mãe. Que um filho meu seria tão amaldiçoado quanto eu. Eu achei que ela estava certa, afinal eu tinha mesmo matado a minha mãe, meu filho poderia fazer o mesmo com a mulher que tentasse trazê-lo ao mundo, meu sangue era maldito e ele deveria terminar comigo.

Karura olha espantada para o pai e novas lágrimas deslizam por seu rosto. - Você achou que eu era amaldiçoada? - Ela pergunta com mágoa. - Como pôde pensar isso de mim?

- Filha, por favor, deixe-me terminar. - Ela abaixa a cabeça, abafando um soluço e Gaara sentia que uma faca atravessava seu coração, sabia que aquela conversa seria difícil, mas não imaginara que seria tanto. Queria abraçar sua filha, mas tinha certeza de que ela não o deixaria se aproximar. Ele limpa a garganta e volta a falar.

-Depois disso eu comecei a ter pesadelos. Eu me via ainda criança, correndo pelas ruas de Suna, sendo perseguido por várias pessoas que me chamavam de monstro. Então meu tio aparecia e me arrastava para dentro de uma casa, eu não queria ir, pois sabia o que iria encontrar lá dentro. Mas ele me obrigava e eu via uma sala grande, com uma cama no meio. Eu via uma mulher deitada, agonizando e coberta de sangue. Havia sangue para todo o lado. Era minha mãe, ela me perguntava por que eu tinha feito aquilo com ela. Por que eu a tinha matado, se fora ela quem tinha me dado a vida. Meu tio me segurava pelo braço e me obrigava a olhar para minha mãe. Ele dizia que eu ia pagar por aquilo. Então eu fugia e corria até o penhasco. Eu sempre acordava antes de pular. - Ele para de falar e respira fundo.

-Os pesadelos passaram a ser freqüentes. Eu dormia uma ou duas horas no máximo e isso começou a afetar meu comportamento. Eu vivia irritado e me tornei muito agressivo. Depois de algum tempo, Matsuri me deixou, disse que estava com medo de mim e foi embora. A essa altura dos acontecimentos eu já corria o risco de ser afastado do cargo, pois vinha cometendo muitos erros. Temari então tomou uma atitude que iria mudar minha vida para sempre. Ela pediu ajuda para Naruto. Mandou uma mensagem relatando o que estava acontecendo e implorando que ele fizesse algo para me ajudar. Ela temia que eu acabasse me matando.

Karura olha para o pai. Podia perceber o quanto aquelas lembranças lhe faziam mal. Ele estava virado para a janela, sem olhar para ela.

- Naruto mandou sua mãe á Suna, para que ela tentasse resolver meu problema. Seu avô tinha desenvolvido um jutsu para ex-combatentes de guerra que passavam por problemas semelhantes ao meu, mas os efeitos colaterais dele eram perigosos demais e eu não concordei que ela o utilizasse. Ela então decidiu usar outras formas para tentar me ajudar. Começamos a conversar e ela me induzia a relaxar e meditar. Mas o que me ajudava mesmo era vê-la todos os dias.

- Uma semana depois que ela tinha chegado a Suna, estávamos apaixonados um pelo outro e eu sabia que só seria feliz ao lado dela. Menos de três meses depois estávamos casados. Eu já tinha dito a Ino que não queria filhos, pois tinha medo de perdê-la durante o parto e ela tinha concordado. Sabia que estava sendo egoísta demais e exigindo um grande sacrifício dela, mas Ino disse que não se importava de abrir mão de ser mãe se fosse para viver comigo.

Ele se vira para a filha e percebe que as palavras dele tinham surpreendido a garota. Ela o olhava séria. - Eu não acredito nisso. Como é possível que mamãe tenha concordado com você?

-Karura, não julgue sua mãe. Ela queria viver comigo, nós nos amávamos muito e acho que ela faria qualquer sacrifício para ficar ao meu lado. - Karura volta a baixar a cabeça. Entendia as palavras do pai, ela era testemunha de quanto os pais se amavam.

-Estávamos casados há dois anos e eu me sentia o homem mais feliz deste mundo. Adorava sua mãe e era capaz de morrer por ela. Foi quando ela me surpreendeu com a notícia de que estava grávida. Aquilo me assustou, eu fiquei furioso com ela. Eu nunca tinha sequer gritado com sua mãe e quase a agredi naquela noite. Eu a acusei de ter planejado aquela gravidez mesmo contra minha vontade.

-Mamãe jamais faria isso. - Karura defende Ino com raiva do pai.

-Karura, eu estava apavorado. Eu e ela discutimos e eu exigi que ela interrompesse a gravidez. Não queria aquele bebê. Ela se negou, disse que não iria matar o nosso filho. Então eu disse a ela que teria que escolher entre eu e a criança. Em seguida eu saí e a deixei sozinha. Naquela noite eu realmente me comportei como um monstro. Ameacei, ofendi e quase agredi a mulher que eu amava e que carregava meu filho em seu ventre, mas eu não estava pensando de forma coerente. Quando me acalmei o suficiente percebi que tinha me excedido com sua mãe e voltei para falar com ela, iria convencê-la a fazer um aborto. Eu não podia nem pensar em perder Ino. Eu achava que ela tinha feito de propósito e esse foi meu primeiro erro.

Karura soluçava sem parar, com as mãos sobre o rosto. Gaara fazia um grande esforço para não se aproximar dela, sabia que ela não aceitaria que ele a tocasse. Ele espera que ela se acalme. Ela deveria estar muito magoada pelas palavras do pai, mas Gaara sabia que teria que contar toda a verdade á filha. Assim que a jovem se acalma um pouco Gaara volta a falar.

-Quando eu voltei para casa não encontrei sua mãe. Ela já tinha fugido para Konoha. Aqui ela teria o apoio de Inoichi e dos nossos amigos. Eu tinha certeza de que ela estava aqui, mas não vim atrás dela, estava furioso achando que ela tinha planejado aquela gravidez e que tinha escolhido o bebê. Eu deveria ter vindo buscá-la, mas eu sabia que ela não concordaria com o aborto e eu não queria aquela criança, pois achava que ela poderia matar Ino, matar a mulher que eu amava. Então eu simplesmente deixei sua mãe aqui e esse foi meu segundo erro.

Ino estava parada próxima a porta do escritório e ouvia os soluços da filha. Tinha vontade de entrar e pegar sua menina no colo, porém sabia que Gaara e Karura precisavam conversar. Ele encosta a testa na porta e sente os braços de Inoichi a sua volta, ela então começa a chorar encostada ao peito do pai.

-Eu e sua mãe ficamos separados por quatro meses. Foi um tempo longo para mim. Os pesadelos voltaram piores do que antes, agora era sua mãe que eu via agonizando e me culpando pela morte dela, me acusando de tê-la engravidado, sabendo que seria arriscado. Eu não tinha contado a ninguém em Suna sobre a gravidez de sua mãe, não queria que meus irmãos ficassem tentando me convencer a vir buscá-la. Apenas disse a eles que sua mãe tinha me traído e que eles não deveriam falar o nome dela na minha frente. Não que eu a odiasse, eu jamais conseguiria odiá-la, mas simplesmente não suportaria falar dela.

Karura olhava para o pai como se visse um estranho. Ela nunca poderia imaginar que ele era capaz de agir de forma tão fria e cruel. Gaara sabia o que a filha estava pensando e continua falando.

- Fazia quatro meses que sua mãe tinha me deixado quando Temari descobriu sobre a gravidez e ela viu o que eu me neguei a enxergar. Que Ino jamais engravidaria de propósito. Ela procurou pela médica de sua mãe que confirmou que a gravidez não fora planejada. Ino estava se prevenindo corretamente, a gestação acontecera de forma imprevista. A médica afirmou que isso era raro, mas não impossível e que Ino tinha ficado muito preocupada com a possível reação que eu teria á noticia. - Gaara se cala para controlar as emoções e volta a falar.

-Temari invadiu minha sala em Suna, me chamando de estúpido e idiota. Ela tinha entendido que a gravidez tinha sido o motivo da separação e gritou muito comigo, dizendo que eu era um tolo por não ter confiado em Ino. Me contou sobre a visita a médica de sua mãe e partiu para cá, ela veio para buscar Ino, algo que eu deveria ter feito, mas eu estava com muita raiva dela, achando que ela havia traído minha confiança. Decidi falar com a médica também e ela confirmou tudo o que havia dito a sua tia. Você pode imaginar o tamanho do meu desespero. Eu tinha sido injusto com Ino, a tinha ameaçado e assustado, fazendo-a fugir para proteger nosso filho e a afastado no momento que ela mais precisava de mim. No mesmo dia eu parti de Suna para Konoha, precisava pedir perdão á ela e tentar salvar nosso casamento. Durante todo esse tempo eu evitei pensar no bebê, não queria me envolver com a criança de jeito nenhum.

Karura olha para o pai e podia sentir o desespero pelo qual ele passara, ela começa a entender as razões das atitudes dele. Ele tinha sentido medo de perder sua mãe, não que isso justificasse o que ele tinha feito, mas ela podia entendê-lo.

- Cheguei aqui e consegui que sua mãe me perdoasse e nós nos reconciliamos. No dia seguinte a minha chegada eu acompanhei sua mãe á uma consulta de pré-natal e tudo começou a mudar. Sakura estava acompanhando a gestação de sua mãe e naquele dia ela iria fazer um ultrassom para saber o sexo do bebê. Foi quando eu vi você pela primeira vez. Sakura me explicou a imagem e então você passou a ser algo real para mim. Eu lembro que sai de lá me sentindo sufocado. Eu não queria saber nada sobre o bebê, mas era tarde. Aos poucos você foi fazendo parte de minha vida, quando eu me aproximava de sua mãe, você ficava mais agitada, e eu passei a gostar da idéia de ser pai. Me sentia orgulhoso quando Sakura dizia que você era perfeita e saudável.

-Era ótimo andar com Ino por Konoha e receber os cumprimentos dos amigos. Todos diziam que ela estava linda, e tinham razão. Adorava encostar o rosto na barriga de sua mãe e sentir seus movimentos. Dois meses depois que eu tinha me reconciliado com sua mãe eu já amava você. Eu não podia nem pensar em perder uma de vocês duas. Eu ia e voltava de Suna para ver sua mãe e acompanhá-la no pré-natal.

Karura parecia mais calma e um sorriso começava a se insinuar em seus lábios ao ouvir que o pai passara a amá-la. Gaara percebe que a filha está mais receptiva e se aproxima dela, sentando na sua frente e pegando a mão dela. - Filha eu amo muito você. Sei que está muito magoada comigo, eu errei em não ter contado isso a você á mais tempo. - Ela concorda e ele volta a contar sobre o nascimento dela.

- Na última consulta de pré-natal, Sakura nos disse que o parto estava previsto para dali duas semanas. Sua mãe estava exausta, o que era normal para a final da gravidez, mas eu me sentia agoniado. Ela vinha sentindo dores de cabeça, cansaço, dores nas costas, falta de ar, mas não me dizia nada para não me deixar preocupado. Eu já tinha dito á ela que não poderia estar aqui por ocasião do parto, mas vê-la tão frágil me deixou assustado.

- Eu tinha uma reunião com o Senhor Feudal para a mesma época do parto, mas quando vi sua mãe dormindo, a barriga parecendo muito grande para alguém tão delicada eu decidi que ficaria em Konoha até você nascer. Deixaria o Daimyo esperando, ele poderia até me afastar do cargo que eu não me importava. Você e sua mãe precisavam de mim e eram mais importantes que qualquer outra pessoa.

- Me deitei ao lado de sua mãe com essa decisão em mente e dormi. Eu só conseguia dormir ao lado dela, quando estava em Suna tinha pesadelos cada vez piores. Bem, eu adormeci e acordei algumas horas depois com um gemido alto de sua mãe, ela estava entrando em trabalho de parto. Lembro que fiquei apavorado, mas ao olhar para ela vi que Ino estava assustada e então tentei controlar minha ansiedade para poder dar o apoio que ela precisava naquele momento e que eu tinha negado no início da gravidez.

- O parto levou seis horas, foi rápido, mais rápido do que os dos seus irmãos. Mas para mim parecia que estava demorando uma eternidade. A cada gemido da sua mãe, a cada contração eu me sentia um inútil. Sua mãe estava sofrendo para trazer nosso filho ao mundo e eu não podia fazer nada para ajudá-la, a não ser ficar ao seu lado. Sakura pediu que ela empurrasse mais uma vez e Ino disse que não conseguia mais e eu vi imagens do meu pesadelo na minha frente, em seguida eu ouvi um som lindo, o mais lindo que eu já tinha ouvido. O som do seu choro. Eu não conseguia acreditar, você tinha nascido e tudo correra bem. Tanto você quanto a sua mãe estavam bem.

Gaara parou de falar e sorriu, ainda se lembrava de sua alegria ao ver a filha logo após o parto.

-Sakura a trouxe e eu vi o quanto você era linda. Tão linda quanto sua mãe. Eu toquei sua mão e você segurou meu dedo, abrindo os olhos em seguida. Eu pensei que meu coração fosse explodir de tanta felicidade. Voltei a tocá-la e você abriu os olhos novamente. Eu nunca pensei que podia sentir tanto amor por um bebê. Sabia que não poderia viver sem você. Seu sorriso era a coisa mais linda do mundo. Você ficava nervosa e chorona quando eu não estava por perto. Tínhamos uma ligação especial, o que demonstrava que você tinha herdado as habilidades de sua mãe. Você me fez perder o medo de ter filhos e quando voltamos para Suna eu perguntei a Ino se ela gostaria de ter outros. E então tivemos Chihiro e Inoichi. Mas eu fiquei com medo de que você não me perdoasse e decidi que você não deveria ficar sabendo sobre os fatos relacionados ao seu nascimento. Não pretendia contar nada a você. Não queria correr o risco de perder o seu amor.

Karura se joga sobre o pai e o abraça bem apertado, beijando-o em seguida. Amava o pai e agora sabia que ele a tinha amado mesmo antes dela nascer. Tudo o que ele fizera fora por medo de perder sua mãe.

Gaara sente um grande alivio ao ver que sua filha o perdoara. Ele a abraça e sente as lágrimas dela se misturando ás dele. Eles ficam ali durante um longo tempo.

XXX

Minato chega á sua casa e não vendo ninguém, ele sobe para o seu quarto, estava exausto e queria descansar um pouco. Toma um banho e deita, mas a imagem de uma garota ruiva não o deixava dormir. Estava surpreso por se ver sentindo uma grande atração por Karura. Nunca pensara nela de outra forma que não fosse sendo a filha mimada e irritante do Kazekage, mas agora ele a via como alguém sensível, meiga e doce e ele sentia uma grande necessidade de protegê-la. Estava furioso com Gaara por ter magoado alguém tão frágil quanto ela. Minato fecha os olhos e dorme durante algumas horas, acordando com alguém o puxando e ao abrir os olhos encontra o pai olhando-o sério. Pelo jeito ele estava encrencado.

-Oi, pai, tudo bem?

-Eu tinha dito que as buscas estavam suspensas. Como você pode desacatar minhas ordens? Sabe que como meu filho deve dar o exemplo. - Naruto parecia bem irritado e Minato solta um suspiro. - Pai, Karura não iria sobreviver à noite. Ela estava gelada e apresentando sinais de hipotermia quando eu a encontrei. Sei que está zangado, mas não me arrependo de ter ajudado minha amiga. - Minato sorri de leve, Karura era mais que uma amiga, mas aquele não era o melhor momento para dizer isso.

-Então você me desobedeceu apenas para ajudar um amigo? - Naruto continuava olhando sério para o filho. Minato se levanta.

-Sim, Hokage-sama, sei que cometi um grave erro e estou pronto para aceitar minha punição, mas não podia deixar Karura sozinha naquela montanha.

Naruto sorri e abraça o filho, que fica sem entender. - Não está zangado comigo?

-Eu sempre tive muito orgulho de você, Minato. Não esperava que agisse de outra forma. Você fez muito bem, com certeza salvou a vida da filha do meu amigo. - Naruto olha para o filho. - Desde quando você a chama de Karura? - Minato sorri e decide contar ao pai o que estava acontecendo entre ele e a garota, ele e o pai sempre foram grandes amigos e ele nunca escondia nada de Naruto.

XXX

-Então estou perdoado?- Gaara pergunta olhando sério para a filha, que sorri. - Está sim, se mamãe pode perdoá-lo, com certeza eu também posso. Vocês não deveriam ter escondido isso de mim. Posso imaginar o quanto ambos devem ter sofrido. Mas agora sei que você me ama e é isso que importa. Minato tinha razão, eu deveria ter conversado com você ao invés de ter fugido.

Gaara estranha ouvir a filha chamar o filho de Naruto pelo nome. - Agora me diga, o que aconteceu esta noite. Onde você estava?

Karura fica vermelha e Gaara a olha sem entender. Ela desvia o olhar e conta ao pai que Minato a tinha encontrado na gruta e fora graças a ele que ela não morrera de frio. Ele suspeita de algo havia acontecido entre os dois, mas não diz nada e volta a puxar a filha para seus braços. Eles ouvem alguém bater na porta e em seguida ela se abre e Ino entra, olhando séria para os dois. - Está tudo bem?

Karura sorri e abraça a mãe com carinho, se Ino não tivesse tido coragem de fugir para Konoha, ela não existiria. -Sim mãe, está tudo ótimo, eu não tinha percebido ainda o quanto meu pai era cabeça dura. - Ino sorri e aperta a menina em seus braços. Gaara olhava para as duas com um sorriso.

-Você deve estar faminta e exausta. Vá tomar um banho que eu levo um lanche para você. - Karura concorda e sai do escritório, deixando os pais a sós. Ino olha para o marido. - Você está bem?

-Sim, estou. Lembrar aquilo foi muito penoso, mas ela me entendeu e perdoou. - Ino sorri e abraça o marido. - Você já falou com seu pai sobre o treinamento dela?

-Sim, ele ficou muito feliz. Disse que você não precisa se preocupar, pois vai cuidar bem da nossa garotinha.

-Acho que ele terá uma ajuda extra para isso. - Ino olha o marido sem entender e ele lhe conta suas suspeitas. Ino sorri. - Isso me deixaria muito feliz, Minato é um ótimo rapaz e nós o conhecemos desde que ele nasceu.

-Concordo. Ele salvou a vida dela e eu serei eternamente grato por isso.

-Gaara, acho que devemos fazer algo para agradecê-lo, afinal você é o Kazekage de Suna e Minato salvou a vida de sua filha mais velha e a protegeu durante a noite toda. Que tal convidar Minato e os pais para jantarem aqui? Você poderia ir lá para convidá-los. - O marido concorda e a beija, saindo em seguida. Ino vai preparar um lanche para Karura. Ela encontra os outros filhos na cozinha, junto com Ayko. Eles param de falar assim que a mãe entra o que faz Ino sorrir disfarçadamente. Tinha certeza de que eles falavam sobre Minato e Karura. Ela sai com a bandeja nas mãos e sobe em direção ao quarto da filha, entrando depois de bater. Karura estava deitada, mas se senta assim que a mãe entra.

-Você está bem, meu amor? - Ino pergunta com carinho para Karura, sabia que ela devia ter ficado magoada quando ouviu as palavras do pai no dia anterior.

-Estou sim, mãe. Não foi fácil ouvir tudo aquilo, mas eu posso entender como deve ter sido difícil para você e para o papai tudo o que aconteceu. Eu tinha medo de que ele não me amasse de verdade, mas Minato me disse que eu estava errada e que era visível o quanto papai me ama e aos meus irmãos.

-Posso saber desde quando você chama o filho do Hogake de Minato? - Karura dá um sorriso para mãe e conta o que tinha acontecido aquela noite, ela nunca tinha escondido nada de Ino, sempre foram boas amigas. Ino a ouve feliz.

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-Filho, fico feliz com o que você me contou, mas um pouco preocupado. Gaara não é uma pessoa muito fácil.

-Eu sei, mas eu gosto da Karura e quero namorar com ela. Espero que Gaara-sama entenda e autorize.

-Já está autorizado. - Eles se viram e vêem Gaara parado na porta do quarto. Minato faz uma reverência. Não podia deixar de sentir um pouco de raiva pela magoa que Gaara tinha causado em Karura. Gaara parece perceber o que o rapaz estava sentindo e olha sério para ele.

- Minato, devo a vida de minha filha a você. Imagino que Karura tenha lhe contado porque fugiu. Depois ela vai lhe contar o que aconteceu e espero que você não me odeie. Não gostaria que começássemos um relacionamento de sogro e genro com raiva e ressentimento.

-Se ela o perdoou, eu não tenho nada a dizer sobre o ocorrido. Fico feliz que concorde em me aceitar como namorado de sua filha.

-Como é? Você e Karura estão namorando e eu sou a última a saber? - Sakura entra no quarto e olha para os três, muito zangada o que faz com que Gaara e Naruto saiam de lá rapidamente. Minato olha para mãe, com um sorriso. - Calma, mãe, eu ia lhe contar, mas papai entrou aqui para saber o que tinha acontecido e enquanto eu estava falando com ele Gaara apareceu para me agradecer por ter salvado Karura.

Sakura abraça o rapaz feliz e depois sai. Minato para de sorrir. Tudo tinha acontecido rápido demais. Ele e Karura não tinham falado nada sobre namorarem seriamente, no entanto ele já tinha a permissão do pai da garota. Esperava que Karura não ficasse zangada com ele por causa disso.

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Ino olha para a filha com um sorriso. - Estou muito feliz com isso e acho que seu pai também.

-Ele falou algo a respeito?

-Sim, ele desconfiou que tinha acontecido algo entre você e Minato. Ele está muito feliz também, afinal Minato é um ótimo rapaz e salvou sua vida. Ele foi até a casa de Naruto para agradecê-lo. Pretendemos oferecer um jantar á Minato e aos pais aqui em casa esta noite e seu pai foi lá para convidá-los. - Karura termina de comer e a mãe sai com a bandeja. Ela volta a deitar, mas está muito preocupada. Ela e Minato não tinham falado nada sobre namoro, no entanto seus pais já tinham aprovado o relacionamento entre os dois. Esperava que Minato não ficasse zangado com ela por causa disso.

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-Sakura, Gaara nos convidou para jantarmos lá essa noite em agradecimento á Minato. - Ele olha para o filho sentando ao lado deles. -Acho que Gaara está querendo agradar o futuro genro. - Minato fica um pouco tenso ao ouvir aquilo e Sakura percebe.

- O que houve, filho? Você não parece feliz com a aprovação de Gaara.

-Mãe, eu e Karura não falamos nada sobre namorarmos sério. E se ela não quiser? O pai dela já concordou, mas eu não sei se ela vai concordar.

-Então acho que você deveria ir lá falar com ela, antes do jantar. - Sakura fala, sorrindo para o filho. Minato era lindo e havia muitas garotas atrás dele ali em Konoha, mas ele não parecia perceber. Ele sai em direção á casa de Karura. Iria falar com a garota, antes que aquilo virasse um grande desastre. Gaara poderia achar que ele estava se divertindo à custa da filha dele e ficar furioso.

Ele chega a casa e bate á porta que se abre em seguida. Karura tinha visto Minato se aproximando e descera para falar com ele. Ela se sente um pouco tímida com o olhar do rapaz. - Oi, tudo bem?

-Sim. Karura, eu queria falar com você. - Ela concorda e eles saem em direção ao lago gelado. Ela vê seus irmãos e Ayko patinando e ambos se sentam em um banco próximo. - Como foram as coisas com seu pai? - Ela olha para ele e lhe fala o que o pai lhe tinha contado. Minato ouve sem interrompê-la nenhuma vez e depois que ela termina, ele passa o braço por seus ombros. - E como você se sente agora?

-Eu estou bem. Você tinha razão, meu pai me ama. Ele tinha muito medo de perder minha mãe, mas ele já me amava antes de eu nascer. Não foi fácil ouvir tudo o que ele tinha para me falar, eu posso imaginar o quanto ele e minha mãe sofreram, mas eles conseguiram superar o problema antes de eu nascer.

-Fico feliz por você. Seu pai esteve lá em casa. Ele foi lá me agradecer e nos convidar para jantar.

-Minha mãe me falou. - Karura abaixa a cabeça. - Karura, Gaara chegou quando eu estava falando sobre você para meu pai.

-O que você estava dizendo para o seu pai? - Ela pergunta curiosa e ele sorri. - Eu disse á ele que gostaria de namorar com você. - Karura fica vermelha. - Você deveria ter falado comigo primeiro, não acha?

-Concordo, e é por isso que eu vim falar com você. -Ele pega mão da garota e a puxa para seus braços, beijando-a em seguida. - Sabaku no Karura, você aceitaria namorar comigo?

Karura fica séria e abaixa a cabeça e Minato aguarda a resposta um pouco preocupado.

-Minato, eu moro a três dias daqui, acha que daria certo?

-Eu posso ir até lá quando estiver de folga e você pode fazer o mesmo. Acho que pode dar certo, eu gostaria de tentar. E você?

Ela lhe dá um lindo sorriso e Minato a beija com carinho. Eles ficam ali namorando durante um longo tempo. Ayko, Inoichi e Chihiro olhavam para eles, espantados. - Eu não consigo acreditar. Os dois estão namorando? Mas como? Eles mal se suportavam. - Chihiro fala, séria.

- Talvez Minato tenha escorregado em alguma pedra na montanha e batido a cabeça com força. - Inoichi responde e os outros riem. Estava escurecendo e Minato olha para a namorada. - Vamos, já é quase hora do jantar, meus pais devem estar me esperando para ir á sua casa.

-Tem razão, eu ainda tenho que me arrumar para ficar linda para o meu namorado. - Ela fala e os dois riem. Minato a acompanha até a porta da casa dela e depois se dirige para a sua, se sentia muito feliz. Karura era maravilhosa.

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-Esse também não serve. - Karura atira o vestido que usava em cima de uma enorme pilha de roupas que estava sobre sua cama. Ino e Chihiro olhavam para ela, sorrindo. Fazia uma hora que Karura tentava encontrar uma roupa que gostasse.

-Filha, o azul escuro ficou lindo em você. - Ino fala, pegando o vestido. Karura olha para a peça nas mãos da mãe, em dúvida. - Acha mesmo?

-Francamente, Karura, você é linda. Qualquer roupa fica bem em você. -Chihiro fala olhando para a irmã. Karura olha para ela sorrindo. - Está bem, vou colocar esse então. - Ela coloca o vestido azul escuro de manga longas e sandálias de salto alto. Estava terminando de se arrumar quando escutam vozes no andar de baixo. Ino sai e deixa as duas filhas no quarto. - Estou surpresa por papai ter deixado você e o Minato namorarem. Pensei que ele tentaria matar qualquer que se aproximasse de nós.

-Acho que ele queria me agradar, depois do que aconteceu. - Chihiro e Inoichi já sabiam o que tinha acontecido. - Acho que tem razão. - Ela se levanta da cama da irmã. - Vamos descer? Quero ver como Minato vai se comportar perto do papai. Será no mínimo muito divertido.

Minato e os pais se encontravam na sala junto com Ino, Gaara e Inoichi e, ao contrário do que ele esperava, se sentia muito confortável com a situação. Ele vê Karura entrar na sala e fica admirado de como ela estava linda. Ela sempre se apresentava muito elegante em qualquer ocasião e Minato sempre a provocara por causa disso, mas naquele momento se sentia orgulhoso de ver a namorada tão bonita

-Olá, meu pai ainda não tentou matá-lo? - Ela pergunta e todos riem. - Ainda não, mas por precaução, tia Ino trancou a cabaça no escritório. - Eles riem novamente e Karura se senta ao lado dele, que beija sua mão de forma delicada. Ino e Sakura olhavam para os dois, extremamente felizes.

-Eu nunca poderia imaginar que um dia vocês viessem a se tornar namorados.

-Eu ainda acho que Minato caiu e bate a cabeça. - Inoichi brinca, fazendo o casal rir.

-Agora não será mais tão interessante vir para Konoha, como antes. -Chihiro fala e os outros olham para ela sem entender e ela sorri. - Era sempre divertido ver vocês dois brigando, era uma distração á parte.

-Não se preocupe Chihiro, depois de vê-los juntos no lago hoje, acho que teremos outro tipo de show daqui para frente. - Inoichi provoca e Minato olha preocupado para Karura. Gaara fica sério. Naruto percebe a mudança no humor do amigo e olha para Sakura, segurando a risada. - Posso saber de que tipo de show vocês estão falando? - Gaara pergunta parecendo muito zangado.

-Muito bem, chega de provocar Karura e Minato. Venham, vamos nos sentar para jantar. Depois você pode matá-lo, Amor. - Ino fala para o marido que se vira para ela e sorri, deixando Minato um pouco mais tranqüilo.

O avô de Karura chega e abraça a neta com carinho, podia ver que ela estava mais tranqüila e com um sorriso segura sua mão. - E então, podemos começar o seu treinamento depois do Ano Novo? - Ela olha pra o avô sem entender e Gaara explica. - Você ficará aqui em Konoha para aprender a usar suas habilidades. - Ela olha para o pai sem acreditar e o abraça, agradecida. Ele beija a testa da filha e depois todos se dirigem para a sala de jantar.

-Então você vai ficar aqui, rata da areia? Konoha já foi um bom lugar. - Minato provoca a namorada que sorri e o beija de leve no rosto - Pois agora vai ficar melhor ainda.

-Pai, acho que teremos que fechar uma área para Karura treinar sua pontaria, ou ninguém estará seguro aqui em Konoha. - Minato fala para Naruto e recebe um soco da namorada no braço. - Ai Ruiva, isso doeu. - Ele fala sorrindo e ela o beija novamente.

-Ainda me parece impossível vê-los juntos sem brigarem. Depois de anos quase se matando os dois decidem começar a namorar. Francamente, Gaara, como você pode permitir isso? - Naruto pergunta ao amigo.

-Eu estou me perguntando a mesma coisa. - Gaara responde com a expressão séria.

-Gaara, antes de decidir matar o Minato, lembre-se que ele é meu filho. - Sakura fala para o ruivo, rindo.

-Esse é o único motivo para ela ainda estar vivo. - Gaara responde com humor. - Mas estou pensando seriamente em buscar a cabaça.

-Você sabe correr depressa, Minato? - O avô de Karura pergunta, sorrindo para o rapaz.

-Não sou tão rápido quanto á areia de Gaara-sama. Mas tenho esperança de que ele decida me matar bem rápido e sem sofrimento. - O rapaz responde sorrindo. Ele e avô de Karura eram bons amigos.

-Sakura, lembra da quantidade de fotos que Gaara mandava todos os dias da Karura? Acho que nunca uma criança foi tão fotografada. Tinha fotos dela dormindo, comendo, brincando, tomando banho. Eu já estava me preocupando com a sanidade mental do ruivo. - Karura olha para pai com carinho, enquanto os outros riam.

-Vocês precisavam ver o primeiro dia de aula da Karura. Gaara a levou no colo até lá, depois ele ia de hora em hora para ver se estava tudo bem com ela. Os senseis já estavam neuróticos com a presença do Kazekage. Eu deixei Chihiro com Kankuro e fui atrás de Gaara, para convencê-lo a ficar longe da academia. - Ino fala rindo. Karura estava tão vermelha quanto o seu cabelo.

- Com Minato foi pior. Naruto fez um clone e o deixou no gabinete no seu lugar e passou o dia todo dentro da academia usando um henge. Genma descobriu e foi atrás de mim para tirar o Hokage de lá. - Sakura conta e agora era Minato quem estava vermelho.

-Ótimo, nossas próprias mães se viraram contra nós. - Minato fala provocando risadas. -Acho que eles estão se vingando pelos anos em que nós ficamos brigando o tempo todo.

-Hoje eu aprendi uma lição muito preciosa. - Chihiro fala rindo. - Nunca, jamais trazer um namorado para casa. A situação é extremamente constrangedora com mamãe e tia Sakura juntas. - Minato olha para Karura e fica feliz em vê-la rindo. Ele a beija no rosto, próximo ao ouvido e ela se vira para ele sorrindo.

-Tia Sakura, meu pai me contou que foi você quem fez o meu parto.

-Sim é verdade. Você foi o bebê mais lindo que eu já vi. O hospital inteiro ficou encantado quando te viu. E seu pai só faltava explodir de orgulho, cada vez que alguém dizia que você era muito parecida com ele. - Karura sente os olhos úmidos. Realmente o pai a amava quando ela nascera.

-Naruto tirou fotos suas na maternidade. Estão lá em casa se você quiser ver. - Karura confirma com a cabeça. Ela nunca tinha visto fotos dela recém-nascida e agora sabia por que. - Eu adoraria, tia Sakura. Posso ir lá amanhã?

-Claro, querida. Que tal se jantássemos lá em casa amanhã? Poderemos continuar deixando os dois constrangidos. Tenho muitas fotos do Minato bebê, também.

O rapaz geme e encosta a cabeça na mesa, provocando risadas. - É sério, estou começando a achar que namorar com a filha dos melhores amigos dos pais é mais perigoso que uma missão da ANBU.

-Lição numero dois, Chihiro. Nunca, jamais namorar com alguém que seja filho de alguma amiga da mamãe.

Chihiro fica sem graça e Minato começa a rir, a menina olha zangada para ele. - Pare com isso, Uzumaki Minato.

-E perder a oportunidade de desviar a atenção de todos de mim e da Karura? Seu irmão não poderia ter dado uma dica melhor.

-Do que vocês estão falando? - Ino pergunta olhando para Chihiro e Minato. O rapaz se encosta á cadeira e continua encarando a cunhada. Chihiro sorri de leve e se vira para o pai. - Pai, eu já contei o que eu vi no lago hoje, enquanto estávamos patinando?

Inoichi começa a rir olhando para as duas irmãs. Karura olha zangada para Chihiro. - Você não se atreveria.

-Acho que ela se atreveria sim, Karura. - Inoichi fala, olhando para a irmã mais velha. Karura olha para o namorado, ele cochicha algo em seu ouvido e ela sorri.

-Chihiro, por que você não chamou o Ayko para jantar conosco? - Chihiro olha assustada para a irmã e Minato e Karura começam a rir, junto com Inoichi. Gaara olha para Ino sem entender, mas ela e Sakura riam junto com os mais jovens.

-Alias, eu não vi Ayko hoje o dia todo. Ele estava patinando com você Chihiro? - Minato pergunta e ri junto com a namorada. Chihiro olha séria para os dois. - Que tal um trégua?

-Aceito. - Minato e Karura respondem juntos.

-Fazia tempo que eu não me divertia tanto. - Sakura fala e olha para o filho. - Você nunca está por perto. Desde que entrou na ANBU é raro você participar de um algum evento com nossos amigos. -Minato olha para a mãe com carinho. -Desculpe mãe. Realmente, eu tenho saído em muitas missões. Mas vou tentar ficar mais em Konoha agora.

- Posso imaginar o motivo. - Sakura responde e Minato sorri feliz.

Eles tinham terminado o jantar e estavam conversando tranquilamente. Minato estava sentado ao lado de Karura e mantinha um braço em volta dos ombros da jovem, que parecia muito feliz. Gaara se sentia um pouco enciumado, mas estava muito contente pela filha. Parecia que o casal se entendia bem.

-Naruto, está ficando tarde. Já deixamos Minato e Karura constrangidos o suficiente por uma noite.

-Concordo mãe. Com certeza eu tenho sorte de Karura ainda querer namorar comigo depois de hoje. - Ele sorri para a garota e se levanta junto com os pais, depois de se despedir de todos, ele e Karura se olham e Ino faz sinal para Sakura que entende. - Ino, Gaara, até amanhã.

Ino pega na mão do marido. - Venha Amor, vamos subir. - Gaara olha sorrindo para a esposa e depois se vira para os filhos. - Boa noite e até amanhã. - Eles saem em seguida. Minato olha para os cunhados. - O que vocês estão esperando para sumirem?

-Até amanhã, Minato. Foi muito divertido deixá-lo sem graça. Espero que mamãe e tia Sakura estejam bem inspiradas amanhã. - Chihiro dá um beijo em Minato e sobe junto com o irmão, deixando o casal a sós. Minato puxa Karura para seus braços e a beija com intensidade. - Estava louco para beijá-la. Como eu não tinha percebido ainda o quanto você é deliciosa?

-Você não conseguia prestar atenção em mim enquanto desviava das coisas que eu atirava em você.

- Acho que tem razão. - Ele volta a beijá-la, enquanto a jovem acariciava os músculos das costas e do pescoço dele. Minato abandona seus lábios e passa a distribuir beijos pelo rosto dela, depois desliza a boca pelo pescoço dela, até a orelha que ele morde de leve, voltando aos lábios da jovem, que apenas suspira de prazer. Com esforço ele se afasta. - Eu já vou também, tenho sorte de ainda estar vivo, não quero abusar.

Ela ri e o acompanha até a porta, subindo para o quarto após a partida do namorado.

-Tudo bem? - Ino pergunta ao marido que a abraça e a beija. - Sim tudo bem. Me sinto leve de ter contado a verdade a Karura.

- Eu sempre lhe disse que ela iria entendê-lo e perdoá-lo. - Ino sorri.- Eu estou feliz em vê-la com Minato.

-Eu também. Confesso que senti ciúmes de ver minha filha com o namorado, mas tenho que reconhecer que Minato é um excelente rapaz.

Ino sorri e puxa para o marido para cama, beijando-o com sensualidade. Gaara solta um gemido rouco e começa a despir a esposa, despindo-se em seguida. Logo eles esquecem todo o resto e fazem amor com muita paixão e desejo, depois dormem abraçados e completamente saciados.