Contratada para Amar.

Capítulo 01- Lembranças de uma lua sangrenta.

Era uma noite fria cuja lua dominava o negro céu de uma sexta-feira. Sentada em uma confortável poltrona, onde a luz lunar quase não iluminava uma jovem de longos cabelos castanhos e olhos cor chocolate. Tinha ela sua mente possuída por dolorosos pensamentos.

Flash Back

Estava prestes a anoitecer na casa dos Yoshikawa. Na sala estavam as crianças da família, um menino de mais ou menos dez anos de idade e uma menina de apenas seis.

A mãe estava na cozinha concluindo seus afazeres tranquilamente.

O relógio marcava oito e quinze quando o patriarca da família retorna de mais um fatídico dia de trabalho.

Sem trocar nenhuma palavra, ele larga sua pasta pelo sofá da sala onde estava, cumprimentou os filhos com um beijo na cabeça de cada um. Estes não disseram nada, apenas não desgrudaram os olhos da televisão.

Rumou à cozinha. Assaltou a geladeira mas antes que pudesse degustar do pedaço de bolo, sua esposa, Sakura, impediu-o.

-Não seja apressado! O jantar de hoje está quase pronto! – Falou tirando o pedaço de bolo da mãe de seu marido, Matsui.

-Querida, eu estou morrendo de fome...!-Implorou com um tom dramático e brincalhão na voz.

-Oh! Que pena mas tenha paciência!- Rebateu ela ainda sorrindo e voltou-se a panela.

-Humpf.- Desistindo do bolo, Matsui foi para a sala ficar uma pouco com os filhos.

-Toshihiko, como foi seu dia na escola?

-Nada de mais pai, apenas mais aulas chatas que não me atraiam a atenção. - Respondeu o filho mais velho encarando o pai.

-Mas não é por isso que não vai prestar atenção.

-Sim, pai. -Respondeu voltando à televisão.

O pai voltou a atenção a filha caçula.

-E o seu Rin?

A menininha voltou-se para o pai com os olhinhos brilhando de felicidade.

-Nossa pai! Hoje desenhamos as letras do alfabeto! – Falou a pequena como se isso fosse à coisa mais interessante do mundo.

-Que bom minha linda! Fico feliz por você! – Respondeu o pai com o mesmo entusiasmo.

Aproximadamente cinco minutos depois, a mãe chamou a família para jantar.

Após vinte minutos de jantar, um barulho do lado de fora da residência chama a atenção dos quatro.

-O que foi isso?! – Indagou a mãe assustada.

-Espere aqui, eu vou lá ver. –Falou o pai.

Saindo da casa, Matsui foi até bem perto da calçada e virou em direção a casa. Daquele ponto, podia-se ter uma visão mais ampla do telhado da casa.

Ficou olhando por todos os ângulos mas nada de diferente foi detectado pelos olhos atentos dele.

Decidiu então retornar a cozinha e terminar o jantar, mas não foi isso que aconteceu.

Quando estava a menos de um metro da porta de casa, Matsui foi surpreendido por quatro homens encapuzados que o agarraram por traz e com um facão de jardineiro, cortaram-lhe a garganta.

Com o barulho causado pela ação, Sakura levantou. As crianças fizeram menção de ir com ela, mas ela ordenou.

-Subam agora para o meu quarto e não saiam de lá até que eu mande!

As crianças fora sem questionar.

Sakura não precisou nem sair de casa. Antes mesmo de tocar a maçaneta a porta se abriu de uma vez.

-O que é isso!?!?- Indagou a senhora completamente amedrontada.

O homem que havia entrado primeiro, sem dó e nem piedade, atorou a queima-roupa na senhora.

Quatro tiros, sendo um no peito e três na cabeça.

Toshihiko e Rin estavam escondidos debaixo da cama dos pais.

-Toshi-Kun...

-Shhh! Fique calma, vou ver o que esta acontecendo.

-Não! Mamãe mandou não sairmos do quarto!

-Ta quieto demais Rin! Acho q não tem mais perigo.

-Mas...

-Fique calminha Rin, eu volto já!

Toshihiko saiu debaixo da cama, e, vagarosamente saiu do quarto.

Não via nada por lá, continuou descendo as escadarias até chegar à sala.

-MAMÃE!!! – Gritou o garoto correndo em direção ao cadáver da mãe. –Mamãe...

Distraído como estava, não percebeu a aproximação de uma pessoa atrás de si.

-Ele vai mesmo matar o garoto? – Perguntou um dos quatro que estavam na cozinha olhando tudo.

-Lógico que vai! Não podemos deixar testemunhas. –Respondeu um outro.

Segundos depois o único barulho foi de um pescoço de criança sendo quebrado.

Em menos de cinco minutos os ladrões fugiram sem levai nada.

Rin ficou escondida por mais ou menos umas três horas até que criou coragem e saiu.

A cena que a menina presenciou foi horrível. Havia sangue por todo o lado, a casa estava toda desarrumada e os corpos de sua mãe e seu irmão estavam em estados deploráveis.

Rin jurou vingança.

Fim do Flash Back

Agora lá estava ela pensando nisso denovo.

Quantas vezes já jurou deixar tudo isso para trás? Milhares. Mas não era possível, isso estava encravado em sua alma de assassina.

-Tenho que deixar isso de lado. Agora não deve haver nada que possa ser meu ponto fraco. Sou uma assassina de sangue frio. Mato por dinheiro. É assim que minha vida deve ser! Sem nada! Somente eu e minha vontade assassina!

Rin segurou mais forte a sua Katana que estava em sua mão direita.

Agora, com seus vinte e um anos de vida, seu único lazer e fonte de renda, era a morte.