Título: A Teoria do Caos
Autora:
Lab Girl
Categoria: TBBT, Shamy, 6a temporada, romance
Advertências: Spoiler do episódio 6x01 (The Date Night Variable)
Classificação: PG-13
Capítulos: + - 7
Resumo: O que poderia ter acontecido caso Amy não tivesse aceitado as palavras ditas por Sheldon por não serem vindas do coração? E se ela tivesse saído furiosa daquele restaurante? O que isso poderia ter alterado no curso dos eventos seguintes?
Disclaimer: Trabalho de ficção feito de fã para fã, sem fins lucrativos. Todos os direitos reservados aos criadores e donos dos personagens aqui apresentados. Proibida a comercialização sem a expressa autorização dos representantes legais dos mesmos, bem como a reprodução, no todo ou em parte, sem a expressa autorização do(a) autor(a) desta ficção.

N/A: Na época da gravação desse episódio, Mayim Bialik (intérprete de Amy) tinha sofrido um acidente no qual machucou a mão. Tal ocorrido não foi usado na série, porém, na época fiquei imaginando como teriam feito se não optassem em esconder a mão machucada da Mayim, incorporando-a à personagem. Pois bem, baseei-me na taping report (resumo de uma gravação) que li na internet de uma fã que acompanhou as gravações desse episódio - e, para quem não sabe, o 6x01 teve dois desfechos distintos para o encontro Shamy, que chegaram a ser filmados. O que foi ao ar é o que consta do 6x01 como o assistimos. Já o que foi descartado, a Labzinha aqui reciclou em forma de fanfic, afinal, na natureza nada se perde, tudo se transforma.

Embora eu tenha começado a escrever isto naquela época, empaquei no meio e com tanta fanfic e outras coisas pra fazer, fui empurrando com a barriga. Agora, porém, acho que tenho a desculpa perfeita para publicá-la - ajudar a passar por mais um hiatus até a 9a temporada! Espero que gostem e manifestem-se. Boa leitura!


A Teoria do Caos

A ideia central da teoria do caos é que uma pequenina mudança no início de um evento qualquer pode trazer consequências enormes e absolutamente desconhecidas no futuro. Por isso, tais eventos seriam praticamente imprevisíveis - caóticos, portanto.


"Já chega! Ou você me diz alguma coisa vinda do coração ou nós terminamos!" Amy exclama em um ultimato.

Sheldon fica realmente sério.

"Ok, sente-se aqui" ele aponta a cadeira ao lado dele, onde Raj estava sentado antes.

Ela faz como pedido. Então, ele a encara.

"Amy, quando eu olho nos seus olhos, e você nos meus, eu não me sinto normal. Eu me sinto mais forte e mais fraco ao mesmo tempo. Eu me sinto excitado e amedrontado e, honestamente, eu não sei o que sinto, mas eu sei o tipo de homem que eu quero ser."

"Sheldon, isso é lindo!" ela mal consegue disfarçar a emoção causada pelas palavras que acaba de ouvi-lo dizer.

Ele sorri. "Deve ser mesmo, é do filme do Homem Aranha."

Amy, então, olha para o namorado com ar incrédulo.

Sheldon rapidamente se justifica, "Você disse que eu tinha que dizer algo do coração. Você não disse do coração de quem. Viu só? Brecha!" Ele sorri, triunfante.

Amy, porém, se levanta, furiosa. "Pra mim já chega!"

Ela vira as costas e começa a andar na direção da saída, mas é interrompida pela voz de Sheldon.

"Você não pode ir. Eu preciso de você!"

Ela olha para trás, comovida. "Mesmo? Você precisa de mim?"

"Claro. Quem é que vai me levar pra casa?"

Os olhos dela se estreitam com raiva. "Pegue o ônibus!"

E Amy gira nos calcanhares e retoma o passo em direção à porta do estabelecimento. Ela sai bufando do restaurante.

Sheldon se desespera e se levanta, correndo atrás dela.

"Ok, eu falo algo do coração! Nossos corações batem como um só!" ele ainda tenta, "Seu suéter é bonito!"

Mas Amy continua a seguir em frente na calçada, mexendo no celular e ignorando-o por completo, deixando-o cada vez mais desesperado.

"Você cheira a sabonete!"

Não adianta. Ela já está atravessando a rua.

Sheldon para, ofegante e rendido, observando-a entrar no carro estacionado do outro lado e arrancar com o veículo. Mas Amy mal tem tempo de ir muito longe, um carro em alta velocidade, na contramão, vem na direção dela, que parece não ver...

"AMY!" Sheldon grita, tentando alertá-la.

Porém, é tarde demais.

.

.

Amy abre os olhos devagar, zonza. Ela acorda numa cama de hospital sentindo dedos acariciando seus cabelos. Confusa, vira a cabeça para a pessoa que está ao seu lado e, mesmo sem os óculos, vê que se trata de Sheldon. Ao vê-la desperta, ele rapidamente afasta a mão de sua cabeça, levando-a ao próprio peito.

"Amy! Graças a Deus você finalmente acordou."

"O que aconteceu?" ela pergunta, sem saber direito como foi parar ali. "Onde estão meus óculos?"

Surpreendendo-a, Sheldon coloca a armação no rosto dela com cuidado, reclinando-se na cadeira ao lado da cama em seguida.

"Você sofreu um acidente. Quando saía com o carro da rua do restaurante, um motorista vinha da contramão e a acertou. Mas não se preocupe, a polícia já cuidou de multá-lo e rebocá-lo."

Ela, então se lembra, levando a mão à cabeça e gemendo de dor. Mal termina de assimilar os últimos acontecimentos, e a porta do quarto se abre e o ambiente se enche com o burburinho causado pela entrada de Penny e Leonard.

Amy vê a amiga ir direto na direção de Sheldon e atingi-lo com uma bolsada.

"Ai! Ficou maluca? Por que isso?" o Físico protesta, massageando o braço atingido.

"Isso é por ser um namorado mané!"

Ainda massageando o braço, Sheldon faz cara de desentendido. Penny se aproxima e sussurra, "Raj me contou tudo."

Mesmo assim, não é o bastante para esclarecer a confusão do cientista, mas antes que ele possa perguntar à vizinha a que ela se refere, a voz de Amy faz os presentes desviarem as atenções à paciente na cama.

"Alguém pode me dar um pouco de água?"

"Claro" Leonard se oferece, começando a se mover para pegar o copo ao lado da cama, porém, Sheldon é mais rápido.

Ele estende o copo com água para Amy, que o recebe com a mão esquerda sem sequer encará-lo nem agradecer.

Penny para aos pés da cama. "Como está se sentindo?"

"Zonza" Amy murmura, estendendo o copo, agora quase vazio, que Sheldon prontamente pega, recolocando-o sobre a mesinha ao lado da cama. "E meu braço direito dói muito!"

Ela mal termina de se queixar e percebe que a mão direita está imobilizada.

Leonard se manifesta, solidário. "Você fraturou essa mão. Mas já foi medicada."

Amy levanta a tala diante dos olhos, observando o resultado e gemendo baixinho.

É nesse instante que o médico entra no quarto para checar a paciente e pede que todos esperem do lado de fora. Sheldon, no entanto, insiste em ficar.

"Sou o namorado dela e, por contrato, tenho a obrigação de cuidar dela em casos de emergências médicas como esta."

O médico olha para ele sem entender a referência. Amy, por sua vez, olha para Sheldon com cara de poucos amigos. Então agora ele se lembra do Acordo de Relacionamento?

"Eu não preciso que cuide de mim porque assinou uns papéis que dizem que deve fazer isso" ela diz diretamente para Sheldon, que abre a boca para responder, mas é impedido pelo corte que ela faz em seguida. "Por favor, doutor, continue" Amy volta sua atenção completamente para o médico parado ao lado da cama.

"Pois bem, Srta. Fowler, com a batida, você sofreu alguns hematomas. Sofreu ainda uma fratura na mão direita, como pode ver. Mas nada grave. Já fizemos o que precisava ser feito. Agora, seu estado exige cuidados básicos como a tomada de medicamentos e o retorno daqui a uma semana para verificarmos a evolução da recuperação da fratura."

"Isto significa que não preciso ficar aqui em observação?"

"Não. Poderá sair daqui..." o médico checa o relógio de pulso, sorrindo "...agora mesmo. Vim justamente lhe dar alta."

"Que bom" ela dá um sorriso fraco, sentindo um cansaço repentino apoderar-se de seu corpo.

"Bem, vou passar uma lista com os medicamentos e cuidados necessários, basta seguir as orientações que tudo ficará bem."

Sheldon, que até então esteve em silêncio, apenas ouvindo, manifesta-se.

"Pode me passar o receituário, doutor. Providenciarei tudo de que Amy precisar."

"Ótimo. Ela precisará mesmo de cuidados nas próximas semanas" o homem arranca a folha de uma prancheta depois de assiná-la, entregando-a a Sheldon.

"Obrigada, doutor" Amy murmura.

"Cuide-se" o médico sorri, meneando a cabeça antes de sair "Boa recuperação."

Quando estão a sós novamente, Sheldon vê a namorada tentando sentar-se na cama, sem sucesso, e se apressa em ajudá-la, estendendo os braços, mas seu gesto é impedido por uma palavra cortante.

"Não."

Surpreso, Sheldon mal tem tempo de recolher os braços quando os amigos, Leonard e Penny, entram novamente no quarto.

E é Leonard quem oferece ajuda, que não é rechaçada, para espanto e desgosto de Sheldon.

"Deixe-me ajudá-la, Amy" o físico baixinho diz, estendendo os braços.

Sheldon vê a namorada apoiar as mãos nos ombros do amigo, que a coloca sentada na beirada da cama.

"Obrigada, Leonard" ela diz com um sorriso apertado de dor.

A indignação de Sheldon é abafada pela voz de Penny.

"Você está se sentindo bem, Amy?"

"Só um pouco zonza ainda, e cansada."

"É natural" Leonard diagnostica "Afinal, sofreu um pancada forte. E também o medicamento deve estar começando a perder o efeito.

Rapidamente Sheldon corre os olhos pelo receituário em mãos.

"Uma combinação de analgésicos é recomendada de duas em duas horas."

Leonard olha para o amigo antes de voltar a encarar Amy, meneando a cabeça.

"Já devem estar perdendo o efeito mesmo."

Amy faz uma leve careta, sentindo uma fisgada na mão engessada, "Desconfio disso."

Penny se aproxima mais da cama, solícita. "Vamos providenciar os remédios."

"O médico acaba de me dar alta."

"Por que não vem para o meu apartamento?" a amiga oferece, "Você não pode ficar sozinha em casa desse jeito."

"Não!" a voz de Sheldon Cooper enche o ambiente, fazendo todos olharem em sua direção. "Nada disso, Penny. Eu sou o responsável por cuidar da Amy num caso como este."

Leonard intervém, "Tem certeza de que pode cuidar da Amy nesse estado?"

"E por que não poderia?" Sheldon questiona com ar de ofensa.

"Porque você mal consegue tocar outro ser humano e tudo de Amy vai precisar agora é de alguém que a ajude em tudo praticamente" Leonard responde.

Sheldon parece, pela primeira vez, considerar as implicações daquilo. Com a mão machucada, especialmente a direita, considerando que ela é destra, Amy vai precisar de auxílio nas tarefas mais básicas do cotidiano. Como para vestir-se... e tomar banho. Ele engole em seco. Ao erguer os olhos, vê a mão de Penny pousada estrategicamente sobre a bolsa - a mesma que o atingiu minutos atrás.

A loira ergue uma sobrancelha. "É uma ótima ideia. Assim, quem sabe, Sheldon pode compensar a noite desastrosa que ele proporcionou à namorada."

Sheldon fica sem graça e sem argumentos. No fundo, ele se sente responsável por não ter alcançado Amy antes que ela começasse a arrancar com o carro...

"Eu só quero sair daqui agora" ela murmurou.

Sem pensar, Shledon corre para o lado dela, na intenção de ajudá-la a se levantar. Seus olhares se encontram e o protesto de Amy morre na garganta. É a primeira vez em muito tempo que ele a toca. E é a primeira vez que toca partes inéditas de seu corpo, como sua cintura. Ela sente um arrepio, esquecendo-se momentaneamente da fraqueza e da dorzinha insistente na mão.

.

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"Se precisar de alguma coisa, já sabe, Amy. É só chamar" Penny reforça, olhando, em seguida, para a figura de Sheldon, parado no meio da pequena sala do apartamento da neurocientista. "Vou manter o celular do lado e o chicote de rodeio júnior preparado."

Tal comentário aguça a mente zonza de Amy, que só consegue pensar em um tipo de rodeio com Sheldon, um que a envolve vestida numa saia de couro vermelha bem apertada.

"Ihá!" ela grita, deixando todos confusos.

"Boa noite, Amy" Leonard também se despede, saindo com Penny em direção à porta. "Ah, e não se preocupe. Já acionei o seguro do seu carro e ele já foi rebocado para uma oficina. Melhoras."

A cientista ri e acena em despedida com a mão boa, sentindo a cabeça mais leve e a fisgada na mão direita parece ter desaparecido.

Assim que os amigos deixam o apartamento, Sheldon olha para a namorada, preocupado. Ela o encara de volta e solta uma risada. Deve ser o efeito dos remédios recém tomados, ele conclui, pois logo em seguida, ela deixa a cabeça cair contra o encosto do sofá e cai no sono.


continua