Disclaimer: É fácil identificar o que me pertence nessa história. Se você nunca ouviu falar, então é meu.
Shippers: Aoi x Kai
Categoria: Romance, AU, Yaoi (Slash)
Classificação: +16
Beta Reader: Por enquanto ninguém.
Sinopse: Um compositor de singles perdido na vida, seu filho silencioso, uma mulher morta há tempos atrás. E uma babá bastante inusitada.
Notas: O titulo dessa fic foi inspirado na musica de "Wife" do the GazettE (Tsuma = Wife = Esposa). O plot foi inspirado no filme Corrina, Corrina (Whoopi Goldberg, Ray Liotta), que todo mundo já deve ter visto pelo menos uma vez na vida na Seção da Tarde. O personagem Tobikuma e sua mãe já haviam aparecido em outra fic minha, Tsubasa Tenshi, mas não precisa ler ela para entender isso aqui, são universos diferentes. Eu apenas queria escrever algo que fizesse mais jus ao Tobikuma-chibi. A cidade onde se passa a historia existe, mas eu dei uma "ligeira" distorcida em sua geografia, então ignorem as diferenças entre o que eu escrevi e o que vocês lêem na Wikipédia ou vêem do Google Earth. Todos os títulos de capítulos serão em japonês (na medida do possível), porém meu japonês ainda é muito iniciante, então aos que sabem nihongo direito, perdoem os erros e não hesitem em corrigi-los. O titulo do prólogo significa: Cheguei!
E novamente, escrevi uma nota gigante...
Tsuma – by Blodeu-sama
"A morte é a mãe da beleza" Wallace Stevens
Prólogo – Tadaima!
O homem que desembarcou no ultimo trem da tarde da estação de Tsushima - província de Nagasaki, parecia deslocado no ambiente da pequena cidade. Calças jeans gastas, regata branca em pior estado coberta apenas por um casaco largo escuro, cabelos espetados e compridos presos de qualquer jeito e um piercing negro no canto do volumoso lábio inferior. Trazia nas mãos duas malas de pano cheias e nas costas uma bolsa preta de guitarra.
Duas colegiais, um funcionário público e uma mulher de meia idade viraram o rosto sutilmente para olha-lo. As colegiais pensaram imediatamente que ele era lindo. A mulher de meia idade lembrou-se com desdém de músicos andarilhos. O funcionário público desejou que aquele homem passasse pouco tempo em sua cidade. O moreno apenas olhou em volta, ignorando estas reações, antes de voltar a cabeça novamente para o interior do vagão.
- Vamos, Tobikuma, temos que chegar lá antes de anoitecer.
Tobikuma demorou ainda alguns segundos para aparecer. Mas não era um outro rapaz desleixado e bonito carregado de malas, como esperavam aquela senhora de meia idade, as duas colegiais e o funcionário público. Era uma criança.
O garoto desceu do trem desajeitadamente, segurando com as duas pequenas mãos uma mala antiquada marrom e carregando nas costas uma mochilinha de criança. Tinha cabelos apenas um pouco mais curtos do que os do musico e igualmente arrepiados. Lábios grossos e olhos chineses. Parecia ter pouco mais de cinco anos de idade.
- Porque não mandamos isso com as outras coisas pai? – perguntou, num tom de voz ofendido que apenas crianças conseguem reproduzir.
- Você não queria deixar os homens levarem o Pyn nem seus bonecos, lembra? E nós não sabíamos se as roupas iam chegar a tempo. Vamos, deve ter algum táxi por aqui.
Atravessaram a plataforma aberta, o moreno alto com as malas e a guitarra e o pequenininho o seguindo, quase correndo, a luz amarelada do sol quente incidindo sobre eles. Precisaram atravessar todo o lugar para achar o que parecia ser o único táxi disponível, um carro velho e quadrado dirigido por um homem enrugado e careca, que pintava de negro os poucos fios de cabelo restantes e usava óculos de sol enormes. Quando o taxista sorriu para eles, ambos notaram como seus dentes eram mais amarelos do que o sol.
- Para onde? – perguntou, todo gorduroso, abrindo o porta-malas do idoso automóvel e ajudando o moreno a colocar lá suas malas e a do garoto. Foi Aoi quem abriu a porta traseira do carro para o filho, e este engatinhou para dentro torcendo o nariz diante do cheio de cigarros e aromatizador de pinho.
- Esse endereço, Kaminojima. – o moreno entregou um guardanapo amassado ao taxista e entrou no carro, porém o homem não o deixou fechar a porta.
- Eu só posso ir até um certo ponto. Tem quase meio quilometro inacessível para carros nessa região.
- Ahhhh....
O ruído de desagrado viera da criança. Tobikuma, com as pernas esticadas no banco, cruzara os braços em frente ao peito, bico armado no rosto. Aoi suspirou apenas, levando a mão aos cabelos do filho e fazendo um breve gesto de carinho.
- Né Tobii-chan...vamos ter que andar um pouco pra chegar em casa.
- Esse lugar é mais longe que os outros! Eu não gosto daqui... nem o Pyn.
- Você acabou de chegar Tobikuma... dê uma chance. – e voltando novamente o rosto para o motorista careca – nos leve até onde for possível.
Dando de ombros, o taxista careca contornou o carro e o pôs em movimento. O barulho do motor era incomodo, e parecia quase insuportável com o silencio e o calor mormacento que reinava ali.
- Então, vocês vieram passar as férias? – perguntou o careca gorduroso, tentando puxar assunto.
- Estamos nos mudando. – respondeu Aoi, simplesmente, num tom distraído de voz.
Ouviu-se um "ahh..." um tanto quanto constrangido do homem ao volante, e este logo ajeitou o retrovisor de modo que pudesse falar olhando para o garoto.
- E você, rapazinho, quantos anos tem?
Tobikuma lançou um longo e aborrecido olhar ao homem. Então abriu a mochila que ainda carregava e começou a puxar de dentro dela algo que se parecia com um cavalo alado azul de pelúcia.
- Ele tem seis. – respondeu Aoi, ainda distraído. – Mas ele não gosta muito de falar. Pelo menos não com gente.
E como que para comprovar o que Aoi havia dito, Tobikuma começou a conversar em voz baixa com seu cavalo de pelúcia.
- Eu sei Pyn, eu sei que você não gosta daqui, mas papai pediu pra gente dar uma chance. Não, nós não vamos voltar pra lá. Eu também gostava de lá, tinha panquecas e a tia Nina e tudo mas o papai disse que a tia Nina estava ficando intrometida.
Aoi desviara seus próprios olhos escuros para a janela, prestando pouca atenção às palavras do garoto. Conhecia bem as conversas de seu filho com aquele brinquedo, o bastante para saber que dispensar-lhes atenção só o faria aumentar sua sensação de que estava fazendo tudo errado com o garoto. Enquanto olhava a paisagem mudar para casas cada vez mais simples, Aoi preferia pensar que Tobikuma conseguiria ser um homem normal e descente apesar do pai irresponsável e confuso que ele era.
Porém bem antes que pudesse se afundar em pensamentos, o taxista anunciou que era havia chegado ao limite trafegável da estrada. Percebeu que haviam parado no sopé de uma montanha, incrustada de casinhas e casas grandes, varias escadas de pedra e caminhos estreitos entre elas. Um bairro quase feudal, dúbio e mormacento. Faltavam apenas os campos de arroz para completar a paisagem. E a pior noticia de todas, era que podia ver sua casa – reconhecível pelas fotos da imobiliária - sobrepondo-se a quase todas as outras, no alto daquele lugar íngreme de difícil acesso.
- Adivinha Tobii-chan, papai vai comprar uma moto... – disse, ajudando o garoto a descer. Definitivamente não seria um caipira a sobreviver naquele lugar sem um meio de locomoção moderno. A criança fez festa com a noticia, aparentemente incapaz de perceber o longo caminho que teria pela frente até chegar em casa. Aoi achou por bem levar todas as malas para não cansar o garoto, pagou o motorista e fez um sinal com a cabeça para que o menor o acompanhasse.
A forte luz alaranjada do céu começou a desaparecer aos seus primeiros passos. A pequena cidade de Tsushima preparava-se para mais uma noite tranqüila e quente, enquanto a maioria de seus moradores ignorava a súbita aparição daqueles dois seres discretos e diferentes do resto deles. Mas isto logo logo mudaria. Ao nascer do novo sol, Aoi viria a entender o que significava morar em um canto perdido de mundo.
Ou talvez, ele ainda precisasse de muitos outros sóis.
oOo
Antes que alguém pergunte ou exija, eu não sei quando ou se essa fic será atualizada. Meu projeto principal no momento é Kaleidoscope e vai continuar sendo até que eu termine toda aquela maluquice de lá. Aí eu vou me dedicar a essa maluquice aqui. Estou publicando porque quem sabe umas reviews não me dão umas idéias novas pra ela né?!
E o motorista de táxi é um tipo de "Zé Bonitinho japa" XD
