Disclaimer: Simple Plan, infelizmente, não me pertence, assim como as músicas usadas também não pertecem. Até onde eu sei, isso aqui é tudo fruto da minha imaginação doentia, e a última vez que chequei minha conta bancária – inexistente -, eu não recebo nada por isso, além de satisfação pessoal.
Iniciada em: 18/03/2007 Concluída em: 17/07/2007
Prólogo
O silêncio era tenso. O julgamento se aproximava cada vez mais do seu final e a cada segundo tornava-se mais e mais violento.
-Promotoria, apresente suas considerações finais. – a voz autoritária do juiz quebrou o silêncio que seguia as palavras da defesa e, suspirando, David ergueu-se de sua cadeira, fechando alguns botões de seu terno, antes de caminhar até a bancada do júri, apoiando ambas as mãos sobre a pequena "mureta" que o separava das pessoas que ali estavam. Sentia, durante todo o caminho, o olhar mortal que o réu lhe lançava, mas não se importou realmente com isso.
Encarou cada um dos jurados rápida e profundamente, sendo devolvido em cada olhar.
-Eu sei que todos estão cansados e, arrisco dizer, entediados, após as considerações finais da Defesa, mas eu não pretendo me estender muito, de modo que peço um pouco de paciência dos senhores. – ficou alguns segundos em silêncio organizando os pensamentos, antes de puxar o ar com força e, finamente, iniciar: - Bill Gibson é acusado de pedofilia, homicídio, formação de quadrilha, falsidade ideológica e tráfico de drogas, mas, infelizmente, julgado apenas por homicídio.
Lançou um olhar rápido ao réu, o qual não parava de lhe encarar e isso estava começando a lhe incomodar. Puxou o ar com força mais uma vez.
-A defesa insistiu em perguntar o quão justo seria prender um homem que tem três filhos e é o único que sustenta a família. – continuou, ignorando os vários resmungos que Bill começava a soltar. – A promotoria só deseja que vocês pensem sobre três coisas: quão justo seria permitir que um pedófilo more com três meninas de oito, nove e dez anos? Quão justo seria deixar uma esposa continuar vivendo ao lado de um assassino? E, por fim, quão justo seria com a sociedade em geral, permitir que uma pessoa com tal passado, continue livre?
Silêncio.
-Todas as provas já foram apresentadas aos senhores, bem como as testemunhas, de modo que não há necessidade que eu fique repetindo tudo o que já foi dito nessas oito semanas. Portanto, pensem bem antes de decidirem. – lançou mais um olhar para os jurados, antes de girar sobre os calcanhares e começar a caminhar em direção ao seu próprio lugar. – Sem mais, Excelência.
Aquele recesso parecera ser o mais longo de toda a sua vida; preferira não sair do tribunal para comer: seu estômago não parava de se revirar em nervosismo, fazendo-o acreditar que qualquer coisa que entrasse, sairia imediatamente.
Portanto, ao invés de sair, ele ficara em seu lugar, fuçando em sua pasta, até encontrar o seu celular de última geração, o qual ligou, não demorando muito em ser avisado pela pequena máquina de que tinha cinco ligações perdidas. Pierre.
Sorrindo, discou o número do celular do outro, levando o próprio ao ouvido e ouvindo chamar uma, duas, três vezes, antes de ser atendido.
-Bouvier. – o tom sério e impessoal, totalmente profissional, deixou David saber que o homem mais velho não havia olhado no visor do celular antes de atendê-lo.
-Ocupado, baby? – perguntou, mordiscando o lábio inferior. Pierre riu.
-Esses formulários ainda me matam. – riram. – Mas que seja... Eu nunca estou ocupado para você, chuchu.
Por muito pouco, David conseguiu conter a alta gargalhada que quisera lhe escapar pelos lábios. Contentou-se com uma risada normal.
-Volte para a construção, que é seu lugar, Bouvier. – riram mais uma vez e, então, o silêncio.
David suspirou baixinho, apoiando aos cotovelos na mesa e rabiscando uma folha qualquer.
-Como você está, pequeno? – Pierre quebrou o silêncio, no que David sabia que ele estava se referindo ao processo. Sorriu.
-Um pouco nervoso. – respondeu baixinho, os olhos fixos num ponto qualquer da mesa lisa e lustrosa. – Mas confiante; as provas que juntamos eram boas. – Pierre concordou com um barulho qualquer, apenas para dizer que estava ouvindo, embora David soubesse que ele estava distraído. – E você? Está muito quieto.
O outro riu baixinho.
-Só estou um pouco cansado, não se preocupe. – David abriu a boca para perguntar quanto tempo fazia que Pierre não dormia, mas antes que pudesse abrir a boca, o mais velho já mudava de assunto: -O que acha de sairmos para jantar hoje?
-Parece ótimo. – o fato de o barulho ao seu arredor estar aumentando gradativamente, deixava David saber que o recesso chegara ao seu fim. – Tenho que desligar, anjo. Te ligo de volta assim que terminar.
-Tudo bem. Boa sorte, meu bem. – David sorriu ao ouvir o tom doce na voz do outro.
-Te amo, Pie. – murmurou simplesmente e sabia que o maior sorrira ao ouvir isso.
-Amo mais. – e desligaram.
Não demorou muito para que o juiz voltasse e o júri lhe entregasse um envelope, onde David sabia estar o veredicto.
-Por voto unânime... – a voz autoritária ecoou pelo tribunal silencioso. – Esse júri decidiu que Bill Gibson é culpado pelo assassinato do agente de campo do FBI, Jack Sullivan, sendo condenado à dez anos na prisão de segurança máxima; ao término desse prazo, o acusado deverá ser executado.
Após essas palavras, seguiu-se um silêncio pesado, o qual não demorou em ser quebrado por um urro de fúria, lançado por Bill, o qual erguera-se num pulo e fizera menção de correr até onde David estava; Bill foi segurado pelos braços pelos policiais do tribunal e, enquanto era arrastado para fora da sala principal, ele berrou:
-Eu vou te matar, Desrosiers. Não importa o quanto demore, eu vou te matar. Guarde bem as minhas palavras. Eu juro que...
Aos poucos, sua voz ia ficando mais e mais abafada, mas David não prestava real atenção ás ameaças que lhe eram berradas.
Tinha vencido, afinal.
