Disclaimer: Saint Seya e seus personagens relacionados pertencem ao mestre Masami Kurumada e às editoras licenciadas.
Fic nova, mas antes que pensem assim "ah, mais uma que a Sheila vai começar e abandonar por falta de tempo ou idéias", esta aqui tem três capítulos e está totalmente escrita. Um lapso de inspiração depois de um fim de semana cheio de atribulações, até meu emprego arrisquei por causa de algo que aconteceu comigo, mas agora está tudo em paz e seguindo seu curso perfeito.
Ah, sim, esta fic é também uma pequena "oferenda" para a senhorita Tenshiaburame, que faz aninhos neste dia 18... Parabéns, mocinha!
E uma boa leitura a todos!
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Capítulo I – Para onde foi a primavera?
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Find me there,
And speak to me
I want to feel you
I need to hear you
You are the light
That's leading me to the place
Where I find peace… Again
Me encontre aqui,
E fale comigo
Eu quero te sentir
Eu preciso te ouvir
Você é a luz
Que está me guiando para o lugar
Onde encontrarei paz... Novamente
Vazio. Frio. Ganidos de algum animal ferido, que agonizava ante a morte iminente. O sangue parecia congelar em suas veias, assim como toda aquela água à sua volta. Cristais de gelo formavam-se em sua pele e armadura destruída, o coração aos poucos parava de bater e a mente, de pensar ou tentar resistir.
Restaria apenas o longo caminho até o palácio de Valhalla, à morada de Odin. Mas seria ele, digno de poder adentrar por suas portas de ébano e reverenciar seu deus face a face?
Um leve perfume de flores lhe veio às narinas, tentou abrir os olhos para ver de onde vinha. Um cheiro suave, que acabou por acalmar seu coração em sua última batida. Certamente eram das flores que enchiam o jardim de Odin que vinha aquele perfume suave e inebriante. Seu deus o aceitara em seus domínios, poderia então descansar em paz.
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Uma sensação acolhedora. Quente. O barulho de madeira estalando enquanto é queimada. E aquele mesmo perfume no ar. Abriu os olhos âmbar e após alguns segundos de visão desfocada, deparou-se com o teto de madeira e cheio de poeira de uma velha cabana. Remexeu-se um tanto e percebeu que estava deitado em uma cama envolta por tecidos leves em seu dossel, o colchão era macio e os lençóis, muito brancos.
Ergueu-se até se sentar e a colcha de peles e lã que o cobria escorregou até sua cintura, ele então notou que estava sem camisa, usava apenas suas calças. Procurou por algum sinal de sua armadura, mas não a encontrou. Coçou a cabeça, os dedos percorrendo toda a extensão das raízes de seus longos cabelos azuis claros.
Foi então que viu um vulto em frente à lareira, havia mais alguém naquele cômodo. Lentamente, para não fazer nenhuma espécie de ruído, ele se esgueirou até a beirada da cama e abriu uma fresta por entre os tecidos e pô-se a observar a tal pessoa.
Uma garota, de costas para si e que mexia em um caldeirão na lareira. Usava roupas simples, a fuligem da lenha queimada enegrecia aos poucos a pele branca de seus braços. Os longos cabelos loiros estavam trançados em meio à fios de couro e caíam até a linha de sua cintura, bem fina e de curvas definidas. E aquele doce perfume de flores, constatou, vinha daquela misteriosa garota.
-Vejo que acabou de acordar, Fenrir de Alioth... – ela disse, mas sem se virar para ele.
Fenrir tomou um susto, como ela sabia seu nome e sua estrela protetora? A garota, então, voltou-se para ele, encarando-o com os belos olhos azuis tão claros feito diamantes. Mas sem nenhum traço de brilho ou vida, pelo contrário, pareciam feitos de tristeza e trevas.
-Quem é você? – foi tudo o que o guerreiro deus conseguiu questionar perante aquela bela figura.
-As pessoas costumam me chamar de Helena.
Fenrir não entendeu aquela colocação, como assim as pessoas costumavam chama-la de Helena? A garota nada percebeu, voltou-se novamente para o caldeirão e tratou de se ocupar com o que cozinhava.
-Sua luta contra Shiryu de Dragão não foi fácil... Seus amigos lobos foram mortos, eu o encontrei já próximo ao estreito limite que separa a vida e a morte...
-Como sabe de minha luta?
-Sei de muitas coisas... Como por exemplo, que deve estar com fome agora. Vista-se, eu irei servir o cozido.
Afastou-se até um outro canto do cômodo, o único que havia na cabana. Enquanto Helena se ocupava de pratos, talheres e copos, Fenrir encontrou uma camisa sobre uma cadeira capenga e a vestiu, notou que sua armadura estava em um canto próximo à cama. Totalmente destruída. Sentiu uma dor se formar no peito, King e os outros estavam mortos. Por que ele estava vivo? Por que aquela garota o salvara da morte?
Desconfiado, ele se aproximou de Helena e interrompeu o que ela fazia, impedindo-a de pegar o caldeirão na lareira. A garota apenas o fitou, ele desviou seu olhar para o chão. Por que aqueles olhos tão cheios de trevas o incomodava tanto?
-Não confio em humanos... Porque deveria confiar em você?
-Não precisa confiar em mim se não quiser... Mas saiba que talvez eu não seja exatamente humana...
-O que quer dizer com isso?
-O cozido... – ela disse, como se Fenrir não tivesse lhe perguntado nada e lhe oferecendo um prato – Vai esfriar se não o comer logo.
Confuso, ele aceitou e se sentou á mesa, pequena e bamba. Passaram a comer em silêncio e o guerreiro deus tinha que admitir que estava bom. E que precisava daquilo.
You are the strength
That keeps me walking
You are the hope
That keeps me trusting
You are the life
To my soul
You are my purpose
You're everything
Você é a força
Que me faz andar
Você é a esperança
Que me faz confiar
Você é a vida
Pra minha alma
Você é meu propósito
Você é tudo
Enquanto comia, observava tudo ao seu redor, embora não houvesse muito o que ver. Além da cama, da lareira e da mesa, uma cadeira no canto esquerdo, um baú velho na parede onde ficava a única janela, um armário cujas portas estavam caindo próximo à porta e um aparador na outra extremidade.
Notou que não havia sobre nenhum daqueles móveis algum tipo de perfume ou loção. Mas o suave perfume de flores era real e vinha de Helena. Como podia ser tão fresco e agradável assim?
Ela logo terminou de comer, deixando o prato sobre a mesa. Empurrou-o mais para o meio, apoiando os cotovelos sobre o tampo, fitando o guerreiro deus. Fenrir, sentindo-se novamente incomodado, parou de comer, pigarreando.
-Você... –ele tentou caçar algum assunto e acabou se surpreendendo consigo mesmo, desde quando gostava de manter algum diálogo com outras pessoas – Você é daqui mesmo? De Asgard?
-Não... Na verdade, sou de qualquer lugar que precise de mim. Ou não.
-Não entendi... – o rapaz foi sincero e notou que as trevas no olhar de Helena tornaram-se mais profundas.
-Existem lugares que não precisam da minha presença. Lugares onde ninguém se pergunta para onde foi a primavera...
Helena baixou a cabeça. E finalmente Fenrir entendeu porque aquela pele branca e que parecia ter uma textura tão macia exalava um perfume tão suave de flores...
And how can I stand here with you
And not be moved by you
Would you tell me how could it be any better than this
E como eu poderia ficar aqui com você
E não ser movido por você?
Me diga, como isso poderia ficar melhor?
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Continua...
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Ah, primeiro capítulo no ar! E com base em uma lenda russa que há muito queria contar em um fic e cuja oportunidade surgiu agora...
Espero que tenham gostado, principalmente você, Tenshi, a grande homenageada com esta história... Beijos e feliz aniversário!
E beijos a todos os demais!!
