1 de Novembro de 1999
Hermione Granger acordou no seu quarto, na mais completa escuridão. Abriu os olhos, e voltou a fechá-los com força.
Queria adormecer, pois só quando dormia esquecia a escuridão que preenchia não só o seu quarto, mas a sua vida. Ficou o que lhe pareceram horas na mesma posição, suplicando para o sono voltar, mas não teve sorte.
Dada por vencida, levantou-se e dirigiu-se à janela, que abriu de par em par. A rua movimentada de Londres, já cheia de vida, estava repleta de pessoas atarefadas e de carros barulhentos. O dia estava frio e chuvoso, como seria de esperar de um dia de outono.
Sentou-se à secretaria e olhou novamente para o envelope que tinha recebido no dia anterior. Não o abrira com medo, medo de confirmar o que já sabia que continha, medo de ter que dar uma resposta que só podia ser uma, e que não queria dar, por saber o quanto ia sofrer com ela. Por fim, acabou por ganhar coragem e abriu o envelope.
Cara Menina Granger
Venho por este meio anunciar que ano lectivo terá início excepcionalmente no dia 1 de Dezembro. Junto enviamos uma lista dos livros necessários.
Queira enviar-nos a sua resposta até dia 10 de Novembro.
Atenciosamente,
Minerva McGonagall
Directora
Hermione suspirou profundamente. Confirmava-se o seu maior receio. Teria que voltar para Hogwarts. Todos teriam que voltar.
Tinha, segundo o Profeta Diário, sido considerado que já era uma grande excepção aceitarem alunos que tinham saído ou não comparecido na escola no ano anterior, o que era uma excepção em todos os séculos de história da escola. Por isso não seriam abertas excepções relativamente a empregos e futuros sem a educação obrigatória concluída.
Desta forma, que hipóteses tinha ela se não voltar a? O que seria dela sem a escolaridade obrigatória concluída, mesmo sendo ela quem era?
Afinal, ela não queria viver de quem era, queria conquistar a própria vida. Mas isso implicava voltar a encontrá-lo, ter que o encontrar todos os dias, em todas as aulas. Implicava reviver os momentos maravilhosos passados todos juntos, dentro e fora de Hogwarts. E ela não se sentia com coragem para tal. Toda a sua força tinha ido embora se não com a guerra, certamente com tudo o que acontecera depois dela.
Com outro suspiro decisivo, fechou os olhos enquanto a sua resposta positiva aparecia no pergaminho enquanto a pena se movia sozinha. Sorriu levemente, dentro em breve teria que usar novamente a sua mão para escrever.
1 de Dezembro de 1999
Hermione saiu da carruagem. Fora uma sorte realmente não o ter encontrado, até agora. Pura sorte, que sabia que ia acabar. Lentamente, entrou no castelo, e dirigiu se ao Salão e à sua mesa. Ele já lá estava. Com o seu cabelo flamejante, era impossível não reparar nele. Ele também a viu. Ou melhor, sentiu, porque estava de costas para ela e, de repente, virou-se e encarou-a.
Por uns escassos segundos, foi como se o mundo tivesse parado. Foi como se todas as pessoas que os rodeavam tivessem deixado de existir e ficassem apenas eles os dois. Os seus olhares encontraram-se, azul e castanho, querendo dizer tanta coisa, mas não conseguindo dizer nada.
Por um momento, quis correr para ele e abraçá-lo, beijá-lo com força e esquecer tudo. Por um momento louco quis gritar que o amava e que não lhe interessava que ele fosse um idiota que não confiava nela. Tudo o que interessava na vida dela era ele, e se ficassem juntos nada mais importaria, bastar-lhe-ia ele para voltar a ser feliz, para poder haver de novo um sol na sua vida. Por um segundo, sentiu o seu corpo a movimentar-se para a frente, na direcção dele, os seus lábios a começarem a formar um sorriso. Por um segundo, teve a certeza, tudo ficaria bem.
Mas de repente o olha azul céu dele tornou se cor de tempestade, endureceu e ele voltou-lhe as costas, desprezando-a, ignorando-a, fingindo que ela não estava lá, que nunca tinha sequer existido para ele, muito menos importado.
Sentindo-se como se tivessem partido novamente o seu coração, Hermione sentou-se no canto mais afastado da mesa, sentido apenas vontade de correr para a torre e chorar até esquecer tudo. Por um breve momento tinha tido esperança de poder voltar a sorrir, a ser feliz, a ter a sua vida de volta, pois Ron era a sua vida. Mas tudo não passara de uma ilusão. Entre eles não havia mais nada, e ele deixara isso bem claro.
N.A. - Esta é a minha primeira Fic! Espero que gostem, e comentem, porque se não tiver comentários não sei se tenho leitores, e se não tiver leitores para mim não faz sentido continuar a escrever.
Beijos.
