Nós éramos jovens, loucos e tínhamos todo o tempo do mundo. Na verdade nós tínhamos o mundo. Gostávamos de fazer nosso rock e gostávamos das garotas.

Oh todas aquelas garotas...

Todos aqueles seios fartos que apareceram em nossa frente, todos eles que aproveitamos – e os que não conseguimos abocanhar.

Todas as festas, as bebidas que vomitamos e as noites que não dormimos.

Ah sim, todas aquelas noites...

As suas mãos calejadas de guitarra. Seus dedos habilidosos nas cordas traziam arrepios até meu corpo. Minha pele suada e pecadora só sabia pedir por mais e você... Bom, você nunca decepcionava.

Nunca dispensamos as mulheres e nunca dispensamos um ao outro.

A confusão de seus cabelos – eu gostava de segurá-lo – ainda faz cócegas na minha mão. Eu quase posso senti-lo quando fecho os olhos. Todo o seu corpo rígido, os movimentos bruscos e o barulho que causávamos.

Todo aquele sexo bruto, sexo sujo, sexo sem balela.

Na maioria das vezes coxas femininas estavam entre a gente.

Sexo a dois, sexo a três, sexo sem limites de praticantes.

E no fim de todos aqueles movimentos - quando o último se deitava no colchão, banco do carro, poltrona ou o que estivesse disponível – você acendia o cigarro.

Sexo.

A fumaça pairava no ar e grudava nos nossos cabelos. Todo aquele cheiro de garotas e tabaco.

Drogas.

Na maioria das vezes íamos embora pelas ruas vazias, deixando para trás groupies que sonhavam engravidar de um de nós dois.

Nas costas você carregava o violão enquanto meus lábios assobiavam melodias.

Rock N' Roll.

Assim voltávamos para a realidade de um sonho.

Íntimos, porém não unidos - não de mãos dadas.

Eu nunca me incomodei – nunca nos incomodamos – éramos jovens, loucos e tínhamos um mundo.