Capítulo 01
Hogsmead
Maio 1976
– Liberdade! Finalmente!
Era o que mais se ouvia dos alunos de Durmstrang e Hogwarts naquela tarde.
Depois de tanto insistirem, finalmente os alunos do 5º ano de ambas escolas conseguiram convencer os professores de que mereciam um fim-de-semana de folga antes dos exames finais. O destino escolhido por eles: Hogsmead.
– Justo no NOSSO fim-de-semana de folga, aparece essa gente pra lotar o povoado! – ouvia-se um rapaz de cabelos pretos arrepiados comentar com outros três rapazes, todos sentados em uma mesa num abarrotado Três Vassouras.
– Se está ruim pra você, retire-se. Uma fuça a menos pra termos que encarar e latidos a menos para agüentarmos. – retrucou uma aluna da Durmstrang que estava na mesa ao lado, sentada com mais cinco pessoas.
Os rapazes pareciam ter sido estuporados pelas palavras dela, nem mesmo o moreno, James Potter, retrucou imediatamente. Quando "voltaram a si" a linda moça e sua turma já haviam desaparecido.
Estavam Nott, Avery, Crabbe, Goyle, Snape e Malfoy sentados numa mesa no Três Vassouras, rindo muito da cara dos marotos quando a garota os colocou em seus devidos lugares.
– Mas quem é ela? – perguntou Lucius.
– Durmstrang. – respondeu Avery.
– Sério, Avery? – ironizou Malfoy. – Eu jamais teria percebido se não fosse você me contar! Imbecil! Se ela está com o uniforme de Durmstrang é óbvio que ela estuda lá!
– Eles vieram para conhecer o povoado e vão jantar em Hogwarts essa noite, antes de voltarem para Durmstrang. – disse Nott.
Snape apenas os ouvia e a olhava.
Ela era linda. Longos cabelos castanhos, brilhosos, cacheados, que lhe caíam por sobre os ombros até as costas. E quando ela se levantou, junto com os amigos, Snape pôde ver seus olhos, eram de um verde escuro, como a mais escura e hipnotizante esmeralda.
Todos rapazes ficaram atônitos quando ela passou pela mesa deles, em direção à porta.
– O que f-foi isso? – perguntou Nott.
– Ela é veela! – disse Malfoy.
– Veela? Então ela é francesa? – perguntou Avery.
– Francesa e veela, em Durmstrang? – perguntou Snape.
– Muito estranho, não é? – pontuou Lucius.
– Muito. – concordou Snape.
No resto da tarde, no caminho até o castelo, Snape não conseguia tirar ela da cabeça. O momento em que os olhos dela se encontraram com os dele, por mínimos segundos, o hipnotizara. E o perfume que ela deixara no ar ao passar por ele, não havia como esquecer.
À noite em Hogwarts...
– Boa noite, crianças! – falou o diretor, Albus Dumbledore, se levantando de sua cadeira. – Antes de iniciarmos nosso banquete quero convidar a entrar no Salão os alunos de Durmstrang que nos farão companhia no jantar dessa noite. Por favor, que entrem nossos convidados!
E as grandes portas de carvalho se abriram e 42 alunos, em fila e uniformizados, entraram no Salão, encabeçados pela bela garota que havia colocado James Potter em seu devido lugar.
– Sejam bem-vindos, espero que apreciem nosso banquete! – encerrou Dumbledore, correndo os olhos pelos alunos de Durmstrang, parando por alguns segundos na garota da frente, pensando onde já havia visto aquela expressão, curioso. – Que inicie a comilança!
E belos pratos apareceram sobre as grandes mesas.
Alguns alunos de Durmstrang sentaram à mesa da Sonserina. Os demais espalharam-se pelo Salão.
– Então, acho que concordamos que é impossível comparar Hogwarts à Durmstrang, certo? Pelo que ouvi, lá vocês realmente aprendem as coisas... – disse um rapaz muito loiro, sentado à frente da veela.
– Não entendo o que o senhor...?
– Malfoy, Lucius Malfoy.
– Certo. Tire minha dúvida, Sr. Malfoy, por que você está sentado com os alunos se nem está com as vestes da escola? – desdenhou ela.
– Já me formei. – disse ele, pomposo. – Estávamos, meu pai e eu, de passagem por Hogsmead quando fomos convidados pelo diretor, Dumbledore, a nos juntar para o banquete desta noite, meu pai não quis vir, mas eu não perderia jamais uma oportunidade de me sentar com alunos de uma grande instituição como Durmstrang.
A garota apenas olhou para o loiro, encerrando a conversa. Ela se virou de volta à mesa dos professores, olhando para o diretor. Lembrava de tudo o que seu pai já lhe dissera a respeito do velho Dumbledore: "Poderoso, mas caduco." "Amante da ralé." "Um mentiroso e um manipulador excepcional, mas fraco demais para aceitar a glória de seus próprios feitos.".
"Bem... ele não parece ser bem certo da cabeça mesmo... eu esperava mais..." – pensou ela.
Mas, tirando o decepcionante diretor, Hogwarts era magnífica. Não que ela não gostasse de Durmstrang, bem pelo contrário, ela adorava tudo o que era ensinado lá: Artes das Trevas, Venenos, Duelos. Mas estava encantada pelo castelo, pela grande propriedade, pela estranha calma que parecia existir dentro daquelas paredes.
E calma era algo que ela pouco conhecia, calma não existia nos lugares de onde ela vinha.
Decidida a se transferir para Hogwarts, naquela mesma noite, ela saiu mais cedo do banquete, rumo ao corredor.
Junto com ela levantou um interessante rapaz, alto, de cabelos e olhos negros. Ela já o tinha reparado no bar, esta tarde.
No corredor, em frente às portas do grande salão, ela se aproximou dele e, graciosamente, pediu ajuda.
– Por favor, saberia me informar com quem eu falo para poder usar a rede de Floo
do castelo?
Snape pareceu confuso por um momento, respondendo em seguida.
– Creio que com qualquer um dos professores. – e deu as costas à garota, escondendo as mãos que suavam.
Esperando um tempo no corredor, observando o rapaz se afastar, ela avistou uma professora e foi até ela.
– Com licença, sou aluna de Durmstrang e preciso urgentemente ir até em casa. Quero saber se há possibilidade de eu usar a rede de Floo do castelo.
– Bem, se é urgente... falarei com o diretor para irmos até a sala dele. A única lareira autorizada do castelo é a dele. Me espere aqui. – e Minerva McGonagall voltou a entrar no Grande Salão.
Tudo conversado, e a garota foi conduzida até o escritório do diretor. E, entrando na lareira, desapareceu em meio às chamas.
Ao abrir os olhos, passado o terrível incômodo que sentia sempre que usava a rede de Floo, ela notou que a casa parecia vazia. Luzes da sala e dos corredores estavam apagadas, nenhum barulho se ouvia e não havia criados à vista.
Caminhando até a escadaria que dava para o segundo piso, ela passou pela porta de acesso do que chamava de Sala de Treinamento, – local aonde aprendia, com seu pai, noções avançadas de Duelos e Feitiços e outras matérias as quais ele chamava de "coisas que nenhuma escola vai lhe ensinar" – ela viu que havia movimento no interior da Sala, empurrou a porta devagar e o que ela viu e ouviu alterou todo o rumo dessa história...
Dentro da sala havia umas vinte pessoas sentadas ao redor de uma grande mesa, em silêncio, e um grande baú ao canto. Mais próximo à lareira, havia um vulto em pé de frente à alguém sentado numa grande poltrona
– Não se preocupe, Milorde, Hogsmead não será verificada esta noite. – disse uma voz baixa que nitidamente tremia.
– Espero que assim seja, Avery. Faça por merecer a marca que lhe foi concedida. – respondeu outra voz, suave.
E ela reconheceu, temerosa, como sendo seu pai sentado na poltrona.
Ela sabia que era sempre perigoso quando ele sibilava suave daquele jeito.
– Agora abra esse baú atrás de você e livre-se do corpo da sua trouxa que eliminamos pra você. – continuou Lord Voldemort.
Congelado, Avery abriu o baú e o que viu fez ele desabar em lágrimas.
– Crucio. – e Avery estava caído no chão, agonizando.
– Perdão, Milorde... – murmurou Avery, encolhido no chão.
– Há coisas que Lord Voldemort perdoa, meu servo. Outras, não. Espero que você não mais misture–se com sujeiras desse tipo.
– Si-sim, Mestre... não, nunca mais. – e, tremendo, Avery levantou-se do chão e foi em direção ao baú. Ele pegou o corpo da esposa morta e ia em direção à porta quando ouviu:
– E antes que você morra sem saber, a cadela trouxa estava grávida. – uma leve pausa, as pessoas ao redor da mesa prenderam a respiração, e Voldemort as olhou. – Eu não preciso lhes lembrar qual é o nosso objetivo, preciso?
E ela já não pôde mais ficar ali. Correu escada acima quando ouviu Avery se aproximar da porta. Estava com o coração aos pulos, sem querer compreender o que havia se passado.
Mas ela sabia o que significava tudo o que ouviu... ele era aquele-que-não-deve-ser-nomeado. Seu pai.
"Por Merlin... eu não consigo acreditar."
Está certo que ele nunca foi de demonstrações de afeto ou do que quer que fosse, nem mesmo lembrava se algum dia ele a abraçara por vontade própria, geralmente era ela quem tomava a iniciativa e os abraços não duravam mais de 2 segundos. Mas... daí a ele ser Voldemort é outra coisa!
Entrou no seu quarto e sentou na cama, em choque.
Já ouvira falar sobre ele, se auto-intitulava Lord, e estava organizando um exército de seguidores para "purificar" a raça bruxa, tomar o poder do Ministério e outras loucuras do tipo...
Bem, ela não tinha qualquer opinião sobre os trouxas, mas não queria que eles fossem dizimados!
Rapidamente, ela juntou a maior parte de suas coisas numa mala e a reduzira, guardando-a no bolso.
Entrara em casa sem que ninguém a visse, iria sair da mesma maneira.
Sem fazer barulho, ela desceu as escadas, passou pela Sala de Treinamento, chegou à sala principal, entrou na lareira, e chamou pelo primeiro lugar mais próximo de Hogwarts de que se lembrava:
– Três Vassouras!
Nota da autora:
Revisando e repostando!
Tinha cada erro grotesco na fic que eu me obriguei a tirar ela do ar e revisar tuudo enquanto eu traduzia.
Nada da cronologia original foi modificado. Algumas cenas inúteis foram deletadas e outras cenas foram acrescentadas.
Pra quem está aqui pela primeira vez, deixe explicar: esta é a minha versão da história do Snape, ao longo da fic você acompanhará mais ou menos 30 anos da vida dele. Aqui também está a história da garota chamada Florence que aparece no quinto livro, citada pela Berta da Penseira do Dumbledore.
Coloco nos capítulos o mês e o ano da história. A maioria das datas são verdadeiras, mantive a cronologia original da J.K., sem alterar datas importantes, como a morte dos Potter, a volta de Voldemort, os anos deles em Hogwarts, etc. Mas há mudanças drásticas como a data do casamento dos Potter – alterada em quase um ano –, a tomada do Ministério por Voldemort e as mortes de alguns personagens.
Esta fic é separada em três partes:
Primeira Parte: de Maio 1976 até Novembro 1981 (capítulos 01–36)
Segunda Parte: toda em Dezembro de 1981 (capítulos 37–45)
Terceira Parte: apartir de Agosto de 1991 a Agosto de 1998 (capítulos 46–86)
Epílogo: Julho de 2002 – capítulo 87.
TUDO QUE VOCÊ RECONHECER NÃO ME PERTENCE.
HARRY POTTER E TUDO O QUE O ENVOLVE PERTECEM À J.K. ROWLING E À WARNER BROS.
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