Mesmo que por uma eternidade

Em um reino muito distante, próximo ao vilarejo a beira mar, existia belas ruinas de um grandioso e majestoso castelo, que em tempos antigos havia sido lar de reis, rainhas, príncipes e de outros nobres, mas nos dias de hoje, esse grande símbolo de poder era o lar das memorias de um par de enamorados, que por culpa da guerra de seu reino com o reino vizinho foram forçados a se separar.

Felicia, uma jovem de dezenove anos com cabelos de um loiro tão vivo que lembrava as pétala de um girassol, olhos pequenos e inocentes de cor chocolate, lábios como botões de rosa e nariz delicado, havia caído perdidamente apaixonada por Ludwig, seu amigo de infância que, quando houve uma baixa dos homens nos exércitos do rei, foi obrigado a se juntar aos soldados no campo de batalha. Ambos se conheciam desde que eram muito jovens, sendo ele filho de um artesão e ela a filha do padeiro, costumavam brincar na praia junto as ondas do mar, recolhendo conchas e comparando-as para achar a mais bonita e andar entre as velhas ruinas do castelo, jogando até o anoitecer. Como os anos foram se passando, estava cada vez maior seus sentimentos um pelo outro, ao ponto de quando fizeram dezessete anos perceberam que haviam deixar de ser somente amigos, descobriram que estavam apaixonados.

Em uma tarde de verão especialmente bonita Ludwig havia chamado Felicia para encontrá-lo na parte cheia de flores do campo do outro lado do velho castelo, onde planejava dizer a ela todos os seus sentimentos e rezava a Deus que fosse correspondido. Quando chegou o momento, cheio de timidez e nervosismo soltou todo o seu amor e carinho por ela, fechando os olhos e esperando por sua reação; dentre as opções do que poderia acontecer em seguida nunca havia se passado em sua cabeça a ideia de que ela o abraçaria e beijaria delicadamente nos lábios e deles ouvir sair as quatro palavras que mais ansiava ouvir vindo dela. Eu também te amo. Sua felicidade era infinita ao ter ouvido a voz doce da pessoa mais querida para ele dize-las com tanto carinho e sinceridade inegável que juntando com o brilho do sol poente e a suave brisa que movia seus cabelos, lhe fazia parecer um anjo.

Mas, chegou o dia em que ambos se viram forçados a se separar por culpa da convocação de seu rei para todos os jovens com idade acima de quinze anos se juntarem ao exercito; Felicia chorou tanto quando soube que seu amado iria embora, que, com somente com suas lagrimas, regou o campo de flores nas ruinas do castelo e jurou que jamais se apaixonaria por qualquer outro.

Já se passaram longos dois anos desde que seu amor junto com seu coração foi lutar na guerra, mas nunca deixou de esperar por ele, então, no topo de uma já velha coluna da ruinas do castelo, junto com a brisa do mar, o cheiro de sal e flores, olhando para o horizonte se encontrava Felicia vendo o divino movimento do sol naquele celeste crepúsculo, que trazia consigo o amanhecer de um novo dia e renovação de suas esperanças de que um dia Ludwig voltaria para ela. Mesmo que tivesse que esperar uma eternidade.