Aviso legal: I do not own Hawaii Five-O; Hawaii 5.0 e suas personagens não me pertencem.
Summary/Resumo: Realidade Alternativa – No hospital, Steven aprende de forma fantástica que a vida não acaba com a morte daqueles que amamos, ela segue até que possamos amar novamente.
Categoria: RA; McDanno; hurt/comfort; Bromance; sobrenatural; tragédia.
Realidade Alternativa: Steven não se tornou um SEAL e Danny deixou a polícia, os dois não se conhecem. John McGarrett não foi assassinado, não há qualquer envolvimento de Wo Fat ou a criação do "5.0".
Advertências: Bromance; homossexualidade.
N.A.: Fanfiction dedicada à minha diva YvarlCris, que é maravilhosa de todas as maneiras possíveis e imagináveis. Sei que esta fic é triste, mas é meu presente para você! Te amo, Cris!
Redenção (T)
[1ª parte]
Aquele era o início do fatídico dia. O sol de Honolulu ainda era o mesmo; brilhante, quente e generoso na medida certa para combinar com a paisagem estonteante; e também sossegar a mente revoltada do marinheiro ao volante da picape escura, que atravessava a ilha na pior hora possível. Steven nunca tivera, antes, a chance de testemunhar um engarrafamento como este nas ruas tranquilas do paraíso do Pacífico Norte. Imaginou, ignorando propositalmente a pessoa ao seu lado, se os nova-iorquinos haviam repovoado o local durante sua ausência e tornado as rodovias mera faixa de asfalto para a exposição de automóveis estáticos.
― Não está sequer prestando atenção – a voz resmungou do lado do carona. Steven espiou de leve o homem à sua direita e voltou a atenção novamente para as janelas; estavam no carro há apenas quinze minutos, e as críticas de seu pai já haviam conseguido acabar com toda sua expectativa de voltar para a terra natal depois da longa temporada na África.
― Eu estou prestando atenção, embora seja inútil, já que você só fala a mesma coisa desde que cheguei.
― Estou pensando em seu futuro, Steven... – o som irritante da buzina do carro atrás da picape rasgou o ar, interrompendo o McGarrett mais velho. Steven olhou pelo retrovisor, suspirando cansadamente; o motorista da van não era o único incomodado com a situação e deveria aguardar a sua vez, assim como todos os outros, aquilo estava parecendo cada vez mais com Nova Iorque!
― Abandonei a chance de me tornar um SEAL por que você me aconselhou, pai. Não pode querer me obrigar a também deixar a Marinha.
― É isso o que tem a me dizer? É o que vai estar escrito na carta, quando você não voltar para casa?
O trânsito foi liberado, os carros começaram a se deslocar ordenadamente. Steven deu a partida no veículo: ― Estou cansado de discutir sobre isso. Vamos simplesmente visitar a mãe, como pai e filho normais fariam... – a van rubra buzinou novamente, e o fuzileiro naval continuou arrancando com calma; viu pelo retrovisor que o veículo tentara avançar bruscamente, mas o motor apagou e o carro vermelho acabou ficando para trás. ― Ainda tenho quinze dias para você me perturbar com esse assunto – arrematou.
John encarou-o seriamente, mostrando que não gostara do tom do filho, mas não disse nada. Seguiram acompanhando a velocidade do tráfego, descobrindo que houvera um acidente num trecho logo adiante. Os carros desviavam devagar, guiados pelos guardas de trânsito, e alcançavam a rodovia livre logo depois da curva fechada, que acompanhava o litoral. Steven fez a passagem, quase subindo sobre a calçada abarrotada de pedestres vindos da praia, que observavam o trabalho dos bombeiros, policiais e paramédicos. Seguiu, satisfeito que o caminho estava mais calmo a partir dali e que o acidente não parecia ter sido tão violento. Dirigiu pela via que circundava o mar, e ouviu o barulho alto do ronco de um motor em aceleração, seguido pelo guincho assustador de pneus sobre o asfalto, logo atrás.
Sirenes estridentes, e o marinheiro não teve tempo de ver muito pelo espelho retrovisor além da cor vermelha do carro que vinha desgovernado em sua direção seguido por viaturas policiais. O automóvel rubro havia perdido o controle; quase não conseguindo fazer a curva, tentou permanecer sobre a estrada, mas estava rápido demais e colidiu na traseira da picape de Steven. Os dois veículos subiram no meio-fio em direção aos carros de raspadinha que ficavam sobre a grama. O marinheiro tentou controlar a direção de seu carro para não atropelar as pessoas ali. No desespero de não passar por cima de um dos carrinhos, onde uma família comprava refresco, forçou o volante para o outro lado; isso o fez desviar, mas a picape deitou para a esquerda e rolou algumas vezes antes de aterrissar em cima dos carros estacionados do outro lado da quadra. Steven forçou os olhos a se manterem abertos, mas só enxergou vidros quebrados e sangue. ― ... Pai... – a palavra escapou debilmente dos lábios ensanguentados do moreno, que apagou imediatamente...
Conversas ao longe e um som repetido atordoaram o sono do moreno.
Steven acordou vagarosamente, sentindo a claridade agradável retornar ao seu mundo e interromper o terrível sonho que acabara de ter. Prestou atenção: o bipe de um aparelho à sua esquerda, um gesso enorme em sua perna direita, uma tala apertada em seu ombro, o cheiro forte de antissépticos; ele estava em um quarto de hospital. Viu a porta aberta e pessoas passando pelo corredor claro; lembrou-se do acidente, e agitou-se. Acionou o botão pendurado à sua cabeceira. Em vez de uma enfermeira, um médico havaiano apareceu.
Quando o doutor começou a falar, Steven não queria mais ter acordado. As coisas ruins realmente aconteceram? – Steven considerou, confirmando cada detalhe daquela desgraça. Alguns arranhões e uma perna quebrada lhe haviam sido suficientes, mas para seu pai... Por que o destino dele fora tão pior? O moreno ouviu as notícias do médico letargicamente, como que em transe, passando e repassando em sua mente o amaldiçoado momento em que decidira virar o volante. Tentara salvar aquela família, e acabou destruindo a sua própria.
― E como eles estão?
O doutor pareceu surpreso com o retorno repentino do paciente, que parecia ter entrado em choque ao saber da morte de seu pai. ― De quem o senhor está falando?
― A família que estava na calçada. Tenho quase certeza de que consegui desviar... – sua voz sumiu ao ver a expressão do médico. O homem de jaleco balançava a cabeça gravemente.
― O outro veículo que causou o acidente não conseguiu parar a tempo. Eu sinto muito.
O moreno sentiu o ar sumindo, o ambiente embaçando, a razão escapando. Não conseguira salvar ninguém, nem seu pai, nem a família. Era só isto o que lhe restava: saber que deixara seu pai morrer em vão?
O moreno não queria falar, não queria comer ou dormir, e permaneceu assim por dois dias.
Na terceira noite, contudo, os medicamentos e o cansaço foram mais fortes e obrigaram-no a rememorar o que não queria. Steven despertou do sonho indesejado e repleto de lembranças na manhã seguinte; ele ainda estava no hospital, e os devaneios sobre o acidente aparentemente nunca deixariam de atormentá-lo. Ouviu a zoeira no canto oposto do quarto e decidiu que fingiria continuar dormindo, tentaria permanecer mudo e imóvel, exatamente como já fizera nos últimos três dias internado naquele lugar.
― Não me interessa! É a minha carne, é em mim que esta agulha monstruosa está entrando, então deixe a parte de "não vai doer nada" a meu critério, sim? E para registro: ESTÁ DOENDO COMO UM INFERNO!
Steven ajeitou melhor o lençol sobre sua cabeça, ainda deitado de costas para a maca que ocupava o outro lado do quarto. Ela estava vazia até aquela manhã, mas agora um paciente barulhento e falador ocupava espalhafatosamente o local. Era impossível ouvir a voz de enfermeiros ou de qualquer outra pessoa, apenas o tom irônico e irritante do ser inquieto sobre o outro leito. O moreno decidiu não fazer contato visual, pois conhecia este tipo de gente: ele iria puxar conversa. Era certo que o outro não teria um pingo de noção do humor do marinheiro e começaria a falar, falar e falar até que Steven decidisse definitivamente por enforcar-se na mangueira do soro. Não seria uma má ideia, ele já havia pensado nisso nas noites que passara ali, nas horas mais sombrias, quando a culpa lhe corroía as entranhas mais fortemente que seu espírito de luta. Mas se ele o fizesse, não poderia ser durante o dia, enquanto o outro estivesse acordado e testemunhando o ato; de qualquer maneira, a única saída era ignorar o inconveniente colega de quarto até que a noite chegasse.
Ruídos de lençóis, fungadas, suspiros, dedos tilintando sobre a lateral da maca, mais suspiros, agora batidas no metal da cama; Steven não suportou mais. O marinheiro levantou o rosto e virou-se na direção da outra maca, lançando o olhar mais ameaçador que conseguira.
― Finalmente! Por acaso, estão dopando você? Pensei que iria dormir o dia inteiro! – o outro paciente disse sorrindo. Era um loiro, atlético, talvez não muito alto, mas que parecia incrivelmente saudável para alguém internado. Estava sentado na cama, com o lençol cobrindo suas pernas, e continuou observando o moreno com uma expressão divertida. Steven manteve a fisionomia séria para mostrar que estava irritado com as perturbações no ambiente que deveria ser mórbido e entediante, como qualquer outro hospital:
― Eu estou tentando dormir, será que pode fazer silêncio?
― Ah, desculpe, amigo. É que já estava me assustando, pensei que tivesse entrado em coma.
― Não me importaria, se fosse a única maneira de conseguir dormir com todo o barulho que você está fazendo no quarto.
― Nossa! Você não precisa ser rude, eu só estava preocupado.
― Você não me conhece e não precisa se preocupar. Apenas me deixe em paz! – o moreno repreendeu. Retornou para a posição anterior, dando as costas para o loiro abusado e barulhento.
― Ah, mas eu te conheço! – Steven continuou quieto após ouvir isso; não iria puxar conversa, independentemente do que o outro falasse. ― Eu vi o que você fez naquela tarde, você salvou aquelas pessoas – o marinheiro respirou devagar e profundamente, apertando os olhos. Aquele imbecil não sabia de nada! ― E eu soube o que aconteceu com o seu pai. Sinto muito – o loiro completou com pesar.
E a conversa morreu ali, no silêncio do quarto. O fuzileiro naval continuou deitado pelo resto da manhã, evitando encarar novamente o colega. E o loirinho não causou mais nenhum ruído, quase tão silencioso como se não estivesse ali.
[continua]
N.A.: Beijoooooos, Cris! E agora acabei de me dar conta que não respondi aos reviews da S.I.M! OMGGG, ficwriter relapsa!
Até mais!
