It's not that we don't talk... it's just no one really listens and honesty fades.
Faltava convicção, Lily pensou. Faltava convicção em Scorpius e isso era como uma névoa densa que o impedia de enxergar. Ele era sério, era cético, e se tornaria amargo como o pai.
Lily abraçava as causas como se fossem raios de sol aconchegantes. Gostava de passar o tempo livre junto de Hagrid, tratando dos animais, ou nas estufas, cuidando das plantas, ou até mesmo na Ala Hospitalar, distraindo os primeiranistas que para lá eram mandados após lesões em duelos infantis ou aulas experimentais. Gostava de acreditar que o mundo brilharia, resplandecente, e que o mal havia, de fato, partido, na noite em que seu pai derrotara Lord Voldemort.
Scorpius, por outro lado, não tinha em seu coração o amor por cuidar, e muito menos o positivismo quanto ao mundo. Seu pai não era um herói, vivera outro lado da guerra, e as cicatrizes ficam. Ficaram em Draco. Era um homem silencioso e rigoroso, e em Scorpius depositava todos os seus desejos silenciosos e resoluções que, na verdade, nunca chegaram a ser resolvidas. O jovem era introspectivo e, apesar de interagir com frequência com seus colegas sonserinos, era algo superficial.
Ele julgava Lily como uma revolucionária sem causa, vivendo num mundo imaginário, com amores e alegrias imaginárias. Tinha a veia do heroísmo, como seu pai. Era uma Potter, e isso parecia ricochetear em sua cabeça toda vez que tentava compreendê-la.
E mesmo assim, como se o destino unisse dois fios em um laço apertado, Lily e Scorpius de fato se encontraram em meio a um emaranhado de clichês e também situações atípicas. Eram choques constantes: entre o ceticismo dele e a doçura dela, e no entanto as crenças que diferiam tão imensamente não pareciam um problema para os dois jovens. Lily continuava cuidando do mundo, e aceitando que Scorpius não fizesse o mesmo. Scorpius continuava absorto em seu pessimismo e aceitando as palavras doces e ilusórias de Lily, sem realmente absorvê-las.
Mas todos amadurecem um dia, e certas coisas se impõem no caminho de relacionamentos como muralhas. As crenças, então, finalmente tornaram-se um empecilho, e os dois se viram discutindo até mesmo pela guerra que ocorrera há mais de vinte anos. Eram lados opostos, unidos levianamente, e que talvez devessem ficar separados (O coração dela – e dele – gritava para que isso não acontecesse, mas talvez fosse preciso).
As discussões abrandaram e a percepção adentrou o espaço entre os dois corpos, ao mesmo tempo em que as vozes tornaram-se baixas e Lily balbuciou um pedido de desculpas. Não havia como unir a causa e um outro espaço totalmente diferente de seu coração, afinal, e Scorpius sabia que tampouco podia sustentar seu realismo se continuasse se entregando a ela por completo.
Os olhos se encontraram, compreensivos, e com um suave aceno de cabeça, ambos seguiram caminhos separados.
Like a politician lost in the course, all smiles and no one remembers our names.
N/A: Música da fic: Alexithymia – Anberlin. Não revisei nem nada, então mil perdões se houver algum erro muito catastrófico de português. xD. Enjoy!
