Harry Potter não é meu.

Loucuras de Uma Garota Quase Anônima


Segunda-feira, Entrada do Edifício onde Moro.

Eu odeio meu irmão.

Não que a culpa tenha sido dele, mas motivo foi ele, então eu acho que dá na mesma. Veja bem, esse é o meu primeiro dia de aula em Hogwarts. E não é o primeiro dia na sexta ou na oitava serie. É o meu primeiro dia no ensino médio. E, olhe, Rony já é um veterano em Hogwarts. Ele conhece praticamente todo mundo, e quem ele não conhece o conhece. Certo, a fama dele não é exatamente "boa", mas ninguém nunca faz nada para perturbar o Rony. Além disso, ele namora a chefe das lideres de torcida, Amanda Andrews, que é provavelmente a garota mais popular de Londres. Ele tem seu próprio bando de amigos e é irritantemente bonito.

Bem diferente de mim.

Eu sou provavelmente a maior esquisitona de Londres. Meu cabelo é vermelho e sem graça, que nunca parece querer ficar longe da minha cara, de modo que eu sempre tenho que usa-lo preso num rabo-de-cavalo para poder enxergar as coisas, e nem assim ele fica parado no lugar. Eu sou muito alta para minha idade, meus pés são enormes e nenhuma roupa parece ficar bem em mim. A chance que eu tenho de ser popular na Hogwarts é zero em nenhuma. Minhas únicas amigas são Luna Lovegood e Hermione Granger. E eu definitivamente não puxei a beleza da família.

Mas só porque eu não vou ser popular na escola não quer dizer que eu não quero ter uma vida social normal. Eu quero sair com as garotas, ir ao cinema, ao shopping e a galeria. Mas eu vou poder fazer isso?

Claro que não!

E sabe por quê?

Porque eu vou ter de tomar conta do meu irmãozinho (mais velho) encrenqueiro!

Tudo começou logo pela manhã. Estávamos todos à mesa, papai, mamãe, Rony e eu, desfrutando de um café delicioso quando o assunto veio à tona.

Rony: -"Hei, mãe, durante o fim de semana vai ter um festival no Travessa do Tranco e...".

Mamãe interrompeu: -"Travessa do Tranco não é aquela espelunca horrorosa perto da casa de Ellie Jordan?". Antes que Rony pudesse dizer algo ela olhou para papai:-"Querido, não foi lá que você separou uma briga de adolescentes?".

Papai é policial. Ele não é o pai biológico do Rony, que é filho do primeiro casamento da mamãe com um tal de Adam. Por isso ele não gosta de se meter muito nas decisões dela quando se trata dele. Então ele preferiu deixar a cara enfiada no jornal e respondeu o que todo homem responde quando quer ser evasivo: -"Hum.".

Mamãe bufou irritada para ele. E voltou a falar com Rony.

Mamãe:- "Aquele lugar é muito violento, Rony. E eles vendem bebidas alcoólicas a quem é menor de idade".

Ele, claro, não iria desistir tão fácil assim.

Rony:- "Aquela briga não foi no Travessa do Tranco, mãe, foi do outro lado da rua. E os envolvidos não estavam bêbados, eles brigaram por causa de uma garota. Sirius Black não vende bebidas a crianças, ele demitiu o cara que fazia isso. E lá não é tão horrível assim depois que você vê como é.".

Mas mamãe não pareceu convencida.

Mamãe:- "E como você sabe disso?".

Rony: -"Os caras eram lá da escola. E a garota era Jessy Lios. Quando Sirius demitiu o cara, saiu no jornal.".

Mamãe: -"Eu não estou falando disso. Como é que você sabe que lá não é ' tão ruim assim'?".

Sabe, isso também me deixou curiosa. Travessa do Tranco não é um lugar que eu costumo frequentar. Na verdade, Travessa do Tranco não é um lugar que qualquer garota respeitável frequenta. Isso não as impede de imaginar como é lá dentro, é claro. Eu soube que Ellie Jordan deixou a filha QUATRO MESES de castigo só porque a garota OLHOU para a entrada. Dizem que as garotas que frequentam Travessa do Trancosão, como posso dizer, "velozes". Acho que foi por isso que o Rony todo ficou vermelho antes de responder: -"Ora, mãe. Eu não sou mais criança.".

Mamãe apertou os olhos para ele:- "Você foi lá com aquele Draco Malfoy, não foi?".

Rony rolou os olhos antes de responder:- "Mãe, o Draco não tem nada haver com isso.".

Mas tinha. Veja bem, Rony era praticamente um santo antes de conhecer Draco Malfoy, na sétima série. Ele ajudava velhinhas a atravessar a rua, passeava com o cachorro da vizinha e cantava no coral da igreja.

Um santo.

Então, os Malfoy chegaram à cidade.

Quando eu coloquei meus olhos naquele demônio loiro eu soube que ele era encrenca. E das grandes. Por isso não foi surpresa nenhuma quando alguns dias depois fiquei sabendo que ele foi suspenso da escola por ter estourado algumas bombinhas no banheiro. Mamãe, claro, ficou horrorizada e proibiu Rony de manter qualquer contato com "aquele Draco Malfoy". Só que já era um pouquinho tarde demais para isso. Rony e Draco nunca mais se desgrudaram, e logo em seguida Harry, Blaise e Theodore se juntaram a eles, formando a "gang"*, como são conhecidos pelas redondezas.

Pobre mamãe. Quase perdeu os cabelos.

Mamãe: -"Querido, você tem que para de andar com esse menino. Ele é sinônimo de encrenca. Veja bem, existem tantos meninos que seriam melhores amizades para você. Kevin Baston, por exemplo.".

Tipo, apesar de achar que o Rony é grande o bastante para escolher as próprias amizades, eu concordei totalmente com a mamãe. Kevin Baston é, sem duvidas, muito melhor para ser amigo do Rony por vários motivos, como:

A) Ele sempre tira A ou B em tudo.

B) Ele é bom nos esportes.

C) Ele nunca passou a noite na cadeia.

D) Ele é, tipo assim, muito lindo.

E) Ele é do tipo sensível e adorável.

F) Eu sou loucamente, totalmente, desesperadamente afim dele e sendo amigo do Rony seria muito mais fácil uma aproximação.

Mas o Rony nunca pareceu muito interessado nas notas de Kevin (o que bastante compreensível, uma vez que ele não liga nem para as próprias notas). E não é muito fã de futebol americano, (Kevin é o capitão do time da escola) ele prefere o basquete (ele, Draco Malfoy, Blaise Zabini e Harry Potter jogam pela escola), e todos sabem da rincha entre os jogadores de basquete e de futebol americano que rola em Hogwarts. E, eu tenho uma séria suspeita, de que Rony acha DIVERTIDO o fato de Theodore Nott ter passado uma noite "no xadrez" quando eles estavam no primeiro ano.

Rony ficou irritado: -"Mãe, eu nem vou discutir isso com a senhora".

Mamãe: -"Então está fora de questão. Você não vai a Travessa do Tranco ou a qualquer outro bar nojento.".

Por um momento eu achei que ele fosse reclamar, mas então ele pareceu lembrar de algo e fechou a boca.

Rony: - "Certo."

Mamãe deve ter ficado tão desconfiada quanto eu, pois ergueu uma sobrancelha e perguntou: "Vai desistir assim tão fácil?". A resposta de Rony foi o sorriso que sempre precede uma catástrofe. Quando viu que ele não iria responder de forma verbal, mamãe bufou mais uma vez e voltou a comer.

Os bufos e olhares desconfiados da mamãe perseguiram Rony durante o resto do café, mas ele fingiu que não era com ele e continuou a comer igual a um monstro sedento, como se nada tivesse acontecido. Depois de devorar a OITAVA panqueca e tomar QUATRO copos de vitamina, ele levantou-se, jogou a mochila preta sobre os ombros, deu um sonoro "Até mais tarde" para papai, um beijo na testa franzida da mamãe, um "Anda logo se não te deixo aí" para mim e saiu da cozinha.

Quando todos nós ouvimos a porta da frente bater, mamãe disse a frase que acabou com a minha alegria de está ingressando no ensino médio e me fez detestar o Rony:

-"Fique de olho nele, Gina.".

É isso ai: Fique de olho nele, Gina.

Ora, francamente!

Eu me mostrei escandalizada, é claro. Por que, por favor, eu tinha mais o que fazer. Não queria ter de me preocupar em não parecer tão esquisita na escola E AINDA tomar conta do meu irmão mais velho. Mas mamãe não ligou para meu drama pessoal e acabou a conversa com um "Até mais tarde Gina.".

Que ótimo.

Quando desci pelo elevador, aquela vizinha estranha do 408 olhou fixamente para minhas pernas, mas eu estava muito irada para me tocar que estava sendo paquerada pela lésbica ainda não assumida do prédio.

Rony tinha acendido um cigarro e estava do lado de fora do prédio esperando por mim. Ele também não pareceu muito interessado quando disse a ele que graças ao sorrisinho dele na cozinha, agora eu era a sua mais nova babá. Na verdade, Rony apenas ergueu a sobrancelha esquerda, saltou a fumaça do cigarro e disse: - "Ah é? Boa sorte então.".

Cara, eu quis meter a mão na cara dele.

Mas, ao invés de fazer isso, eu respirei fundo e perguntei: - "O que a estamos fazendo esperando aqui, Rony?".

Eu realmente não entendia o porquê de estarmos ali, parados. Eu sempre vou à escola metrô com Hermione e Luna. Nós três nos encontramos em frente à banca de revistas, que fica do outro lado da rua.

Hermione é sempre a primeira a chegar, porque a casa dela é bem perto da estação. Então quando eu e Luna chegamos lá sempre a encontramos sentada na frente da banca, na calçada, com uma revista de nerd na mão e um café em outra. Ela sempre reclama que nós a fazemos esperar. Então Hermione manda a Sra. Finng colocar o café e a revista na conta.

O que é muito estranho, se você quer saber.

Hermione é a única garota que faz isso que eu conheço. Ela pega um café todo dia e a cada quinze dias compra uma revista que usa mais termos científicos que bulas de remédio. Eu olhei a tal revista uma vez, e não entendi nada.

Mas Hermione Granger entende.

Ela é provavelmente a garota mais inteligente de Londres, mas não é esnobe por isso. (Ok, ela É um pouco esnobe sim, mas se eu tivesse aquele Q.I também seria.) Pelo menos não com a Luna e comigo, que não consigo acertar nenhum problema de física, por mais simples que ele seja. Ela sempre se esforça muito para me passar cola em química, apesar de detestar passar cola.

Ela é realmente legal comigo, se você quer saber.

Então depois que a Sra. Finng anota algo em um caderninho, nós atravessamos a rua e vamos até a estação.

A estação de metrô de Londres é realmente esquisita, mas de um jeito divertido. Primeiro porque há milhares de pessoas atrasadas por lá. Segundo porque tem sempre algumas pessoas que se vestem de forma extremamente extravagante. Como aquela mulher loira que usa sempre um vestido azul cintilante de veludo, uma bolsa Dulce e tamancos cor de rosa. Eu acho que ela tem um sério problema com senso de moda. Luna acha que ela quer chamar atenção para si, uma vez que obviamente é uma ex-modelo frustrada, que provavelmente dormiu com alguém com quem não deveria ter dormido. Luna acha que nós deveríamos falar mais baixo. Mas nós a ignoramos porque Hermine é tão chatinha as vezes.

Coisa de nerd, como diz Rony.

Luna Lovegood é a pessoa mais gentil que eu conheço. Ela vai à igreja todo domingo e ajuda o pai, que é escritor, em casa. Ela participa de vários grupos voluntários e toma conta dos filhos das vizinhas. Ela simplesmente não tem inimigos e não tem pessoa no mundo que não goste da Luna assim que a conhece melhor. E eu digo "melhor" porque a primeira vista Luna é um tanto... Esquisita.

Mas eu continuo achando que ela parece um anjinho.

De qualquer forma, Rony olhou para mim como se eu tivesse perguntado se o céu é azul: - "Estamos esperando Theo, é claro.".

E foi ai que eu me lembrei. Agora eu estudo em Hogwarts, onde meu irmão e os amiguinhos encrenqueiros dele estudam. E o Rony sempre vai de carona no furgão velho Theodore Nott, o cara mais assustador de toda Londres. E eu não podia ir embora de metrô simplesmente porque tinha que ficar de olho no Rony.

Ótimo. Realmente ótimo. Eu ainda nem cheguei à escola e o dia já esta assim.

Obrigada, Rony. Realmente obrigada.


Oi!

Minha primeira AU e DG.

Comentem, sim?

Beijão!