Noite de sexta-feira no centro de Tókio. A noite perfeita para se divertir um pouquinho. Pelo menos para aqueles seres detestáveis e repugnantes. Seres que ela tinha um prazer enorme em destruir e ver se transformarem em pequenas cinzas sem importância alguma. Olhou para os lados e percebeu um movimento estranho. Ah, a diversão estava para começar. Podia sentir seu coração pulsar e apertou melhor a estaca de madeira nas pequenas mãos.
"Com licença..." – a garota pediu cinicamente ao casal que se agarrava em um beco qualquer.
"Ahn..." – a garota de cabelo laranja se assustou e parecia extremamente envergonhada.
"Sabe, se eu fosse você escolheria melhor minhas companhias." – ela sorriu secamente e logo o homem a olhou de um jeito extremamente mortal. Seus olhos castanhos se transformaram no vermelho mais intenso e seus caninos saltaram para fora.
"Imbecil!" – ele murmurou e logo correu para cima da pequena garota a sua frente.
"Seus amiguinhos costumam ser mais educados, sabia?" – ela suspirou e com certa agilidade deu um soco no rosto manchado do homem.
"Mas o que...?" – a garota olhou assustada para tudo e saiu correndo.
"Desculpe, eu devo ter assustado sua presa, não é?" – ela falou ironicamente e em troca levou um tapa na cara, fazendo com que um filete de sangue aparecesse no canto de sua boca. – "Hey, garotão... Não se bate em mulheres!" – e partiu para cima dele com a estaca, dando um chute ou outro para se defender dos ataques do grande vampiro. Por fim o empurrou com força na parede e enfiou a estaca com força em seu peito.
"O senhor ficará em casa hoje?"
"Acho que sim." – o homem alto, com cabelos de cor chocolate totalmente bagunçados e olhar vazio respondeu ainda olhando para a cidade pela varanda de seu espaçoso apartamento.
"Mas por quê?" – o criado voltou a perguntar curioso.
"Não é da sua conta." – ele falou com a voz seca de sempre e suspirou. – "Alias, não é da conta de ninguém, entendeu?" – virou-se e lançou um olhar significativo ao criado.
"Sim, senhor... Qualquer coisa estarei à disposição. Com licença."
O homem voltou a olhar para a cidade abaixo de si. Sexta-feira à noite. Um dia de grande movimentação e alimento fácil, mas não queria participar daquilo esta noite. Estava preocupado demais e sabia que alguma coisa de errado estava para acontecer e tudo cairia em suas costas como sempre. Suspirou e sentiu o vento frio em seu rosto. Quando era humano as coisas pareciam ser tão fáceis e ao mesmo tão difíceis do que eram agora. Tudo era mais simples por um lado, mas agora as coisas eram mais complexas, ou talvez fossem... Ah, que porcaria de pensamentos! Ele era um dos maiores vampiros que se podia existir e agora ficava pensando em assuntos fúteis sobre como sua vida havia sido quando era um mísero ser sem poder algum. Tinha poder e respeito em suas mãos e porque não... Deu um sorriso malicioso... Todos seus desejos eram realizados, em todos os sentidos. Voltou para o quarto e notou a razão de não querer sair deitada em sua cama. Tão bela com seus longos cabelos pretos e olhos tão azuis que agora estavam apagados e sem vida. A pequena... Como era mesmo o nome dela? Ah, sim... Haruko. Dentro de mais algum tempo ela acordaria para sua nova vida. Ou se poderia dizer morte incompleta? Soltou uma gargalhada abafada e fez um leve carinho no rosto pálido da garota. É, não seria de todo mal mantê-la ao seu lado.
Voltava para casa cansada, porém muito satisfeita. A noite havia sido de todo proveitosa e bastante satisfatória. Estava com alguns machucados, mas em que noite não saía com algum arranhão pelo menos? Seria até fantasioso pensar em nunca levar pelo menos um chute ou coisa do tipo. Abriu a porta do apartamento que dividia com sua melhor amiga Tomoyo, no centro de Tókio e escutou alguns gemidos vindos de seu quarto. Deu um sorrisinho malicioso. Tomoyo só tinha aparência de santa e nada mais. Quando já estava abrindo a porta de seu quarto, alguém chamou seu nome e ela se virou assustada. A amiga estava com o cabelo negro bagunçado, pálida demais e haviam marcas de lágrimas em seu jovem rosto.
"O que aconteceu?" – ela se aproximou da amiga que se jogou em seus braços e começou a soluçar.
"Papai... Papai morreu."
"O quê?" – então o senhor Daidouji havia morrido? Tomoyo devia estar fantasiando ou algo do tipo. O senhor Daidouji era uma espécie de pai para Sakura também. – "Tomoyo... Você tem certeza disso?"
"Mas é claro que tenho certeza, Sakura!" - ela falou com uma voz embargada e meio furiosa pelo fato de a amiga ter feito uma pergunta tão sem fundamento.
"Como, Tomoyo?" – ela guiou a amiga até o sofá e sentiu os olhos arderem por segurar as lágrimas por tanto tempo.
"Foi assaltado e levou um tiro no peito quando tentou reagir."
"Não acredito nisso!" - Sakura suspirou e passou a mão no rosto da amiga sem jeito. Não era muito boa em demonstrações de carinho ou qualquer coisa do tipo.
"Eu também não acreditei! Como eu vou fazer Sakura? Tenho só vinte anos, meu pai era tudo que eu tinha... O único da minha família, meu porto seguro, meu tudo. Eu... Eu não sei se vou conseguir..." – ela olhou para o chão por vergonha das idéias que passavam por sua cabeça.
"Você não vai fazer absolutamente nada, Tomoyo." – a amiga falou ríspida e ainda segurando o choro. Teria que passar confiança e segurança para Tomoyo agora. Teria que ser a fortaleza de força que a amiga sempre fora com ela.
"Eu realmente não sei..." – Tomoyo falou seguidamente por um soluço.
"Tomoyo, por favor..." – sua voz começava a embargar e ela já não conseguia segurar as lágrimas. – "Por favor, me prometa! Nós vamos passar por isso juntas e eu vou te ajudar, está bem?"
"Obrigada!" – ela abraçou a ruiva com carinho, não prometendo nada. Não tinha certeza se poderia cumprir a promessa. Afinal, não tinha mais certeza de nada.
Deitou na cama sentindo todo o peso de seu corpo. Olhou pela janela a Tókio movimentada de sábado. Aliás, que dia Tókio não era movimentada? Aquele dia fora de longe o pior de sua vida. Havia demorado mais ou menos uma hora para acalmar Tomoyo e fazê-la pegar no sono. Teria que falar com Teruo logo, precisava ir para Tomoeda o mais rápido possível. Quem estava cuidando de tudo era a velha e prestativa Kenbai, vizinha de muito tempo da família Daidouji. Suspirou alto e sem mais nem menos lágrimas grossas caiam dos olhos esmeralda sob o rosto delicado da mulher. Era difícil acreditar que o senhor Daidouji não estava mais ali para sempre recebê-las de braços abertos todas as vezes que iam visitá-lo em Tomoeda, ou lhes explicar como a vida era boa e como cada coisa tinha um motivo para acontecer, ou até quando contava aquelas piadas sem graça e pedia sem jeito para que achassem pelo menos um pouco de graça, pois o dom de viver era isso... Achar graça nas pequenas coisas. Deu um soluço alto e esperou intimamente que Tomoyo não acordasse. Foi até a porta e a fechou com cuidado. Era melhor tomar um banho já que estava imunda e teria que cuidar de alguns arranhões logo.
Sentiu uma coisa se mexer ao seu lado e teve vontade de xingar quem quer que fosse. Odiava quando era acordado, ainda mais cedo daquele jeito. Olhou para o lado e viu a mulher olhar meio surpresa para o quarto e logo para ele.
"Olá, querida!" – ele sorriu maliciosamente e se sentou também.
"Onde é que eu estou, hein?" – ela virou furiosa para ele. Ótimo, já virara uma vampira nata. Reclamona e cheia de vontades. Suspirou e soltou uma gargalhada seca.
"Você está no meu mundo!" – e falando isso se aproximou da morena dando-lhe um beijo ardente.
"Mundo?" – ela sorriu secamente. – "O que se come no seu mundo?"
"Ah, será mesmo que você quer saber?" – Syaoran indagou misterioso e logo se aproximou do pescoço da jovem.
"Quero sim..." – ela respondeu com uma voz insinuante cheia de carga sedutora e sentiu uma pontada quando Syaoran enfiou os caninos em seu pescoço sugando alguma coisa. Não conseguia entender, mas aquilo era extremamente bom, uma sensação que nunca havia sentido. Quer dizer, espera um pouco... Flashs da noite anterior começaram e tomar sua mente e logo se viu empurrando o homem com ferocidade. – "Isso é horrível!"
"Por enquanto é sim, meu bem!" – ele sorriu sarcástico. – "Espere só mais um pouco que você vai se acostumar, aliás, não vai querer outro tipo de vida."
"Eu... Eu ainda estou viva?" – ela perguntou com a voz assustada enquanto comprimia o lençol contra seu corpo.
"Creio que não." – ele gargalhou alto e limpou um filete de sangue no canto dos lábios. – "Não no mundo dos seres normais."
"Existe alguma maneira de... Bom, de isso acabar?"
"Se entregue à algum caça-vampiros por aí. Com certeza terão o maior prazer de lhe matar de vez, mas garanto que não irá gostar de onde vai parar."
"Esse seu mundo é bom?" – ela recuou um pouco assustada, mas era tomada por uma curiosidade cada vez maior.
"Bom? Ele é perfeito, o melhor que se pode esperar e ao meu lado, querida! Você terá de tudo um pouco." – ele se aproximou mais da morena de olhos azuis que outrora transpareciam vida e felicidade e agora eram gélidos e sensuais. Ao perceber que ela estava se entregando não demorou nem mais um segundo e a beijou com vontade.
"Está pronta, Tomoyo?" – Sakura perguntou a amiga que ainda botava algumas coisas em sua mala.
"Quase." – a morena gritou do quarto e Sakura escutou alguém bater na porta... Ao abri-la deu de cara com Teruo e um homem alto, jovem, com cabelos negros e olhos azuis de um escuro que ela nunca havia visto. Parecia um desses gênios mal-entendidos com o mundo.
"Ahn... Entrem!" – ela falou por fim dando espaço aos dois.
"Sakura, esse é Eriol... Ele vai substituí-la enquanto estiver fora e quem sabe quando voltar vocês não poderão trabalhar juntos?" – Teruo falou com o bom humor de sempre e Eriol pegou a mão de Sakura com gentileza dando-lhe um beijo. – "Ele é inglês."
"Ah, prazer!" – ela ruborizou um pouco e virou-se com a desculpa de apressar Tomoyo que já estava chegando à sala de cabeça baixa.
"Senhorita..." – Eriol se aproximou de Tomoyo com um sorriso reconfortador e quando ela ergueu a cabeça sentiu uma leve fisgada no peito. Era de longe o ser mais lindo e frágil que já havia visto. – "Meus pêsames!"
"Obrigada!" – ela sentiu lágrimas virem aos olhos e sem pensar duas vezes se jogou nos braços do homem a sua frente. Esse era o jeito de Tomoyo, se aproximar de pessoas que ela não fazia a mínima idéia de quem eram sem motivo algum aparente, mas parecia ser diferente agora. Tomoyo estava frágil demais para sair por aí fazendo novos amigos, havia algo que Sakura não sabia explicar ao redor dos dois. Algo talvez que ela não viesse a acreditar.
"Ela é sempre assim?" – Teruo perguntou meio assustado. A morena era uma mulher muito simpática, mas nunca lhe dera um abraço sem mais nem menos.
"É, ela está frágil, Teruo! Tente entender." - Sakura falou rispidamente. – "Tomoyo, vamos logo! Não podemos demorar muito para chegar a Tomoeda."
"Vamos." – ela se soltou de Eriol e ao encarar os olhos azuis, sentiu uma imensa vergonha. – "Desculpe-me!"
"Não precisa se desculpar, senhorita!" – ele sorriu meigamente. – "Talvez a senhorita precisasse só disso para se sentir um pouco mais forte."
"Talvez." – ela murmurou e se virou para Sakura. – "Vamos!"
Continua...
Oi para todo mundo! Bom, eu resolvi voltar sorrindo amigavelmente Eu sei que ando em dívida com todos vocês, mas é que esses últimos tempos eu dei uma enjoada do mundo das fics e resolvi tentar fazer umas coisas novas, mas acabou que eu senti falta e agora estou voltando. Essa fic foi planejada totalmente na loucura e pode ser que esse primeiro capítulo não esteja lá muito bom, tanto que é mais para 'apresentar' as personagens e dar uma introdução à essa nova história. Bom, é a primeira vez que uso o mundo 'mágico e misterioso' para escrever, por isso tenham calma e paciência comigo, por favor! Bom, eu prometo que vou tentar ser o mais responsável possível com essa fic e atualizá-la o mais rápido que poder.
Ah sim, pode ser que esse primeiro capítulo esteja com alguns errinhos e coisa do tipo, porque eu estou sem revisor (a) por enquanto, tá bom?
Ah, é isso, gente...
Um beijo especial para a MeRRy-aNNe, Alexiel e Jenny- Ci
